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Q2497107 Português
Leia com atenção o texto a seguir para responder à questão.

Texto 1

Tentação 

       Ela estava com soluço. E como se não bastasse a claridade das duas horas, ela era ruiva.
       Na rua vazia as pedras vibravam de calor - a cabeça da menina flamejava. Sentada nos degraus de sua casa, ela suportava. Ninguém na rua, só uma pessoa esperando inutilmente no ponto do bonde. E como se não bastasse seu olhar submisso e paciente, o soluço a interrompia de momento a momento, abalando o queixo que se apoiava conformado na mão. Que fazer de uma menina ruiva com soluço? Olhamo-nos sem palavras, desalento contra desalento. Na rua deserta nenhum sinal de bonde. Numa terra de morenos, ser ruivo era uma revolta involuntária. Que importava se num dia futuro sua marca ia fazê-la erguer insolente uma cabeça de mulher? Por enquanto ela estava sentada num degrau faiscante da porta, às duas horas. O que a salvava era uma bolsa velha de senhora, com alça partida. Segurava-a com um amor conjugal já habituado, apertando-a contra os joelhos.
       Foi quando se aproximou a sua outra metade neste mundo, um irmão em Grajaú. A possibilidade de comunicação surgiu no ângulo quente da esquina, acompanhando uma senhora, e encarnada na figura de um cão. Era um basset lindo e miserável, doce sob a sua fatalidade. Era um basset ruivo.
       Lá vinha ele trotando, à frente de sua dona, arrastando seu comprimento. Desprevenido, acostumado, cachorro.
       A menina abriu os olhos pasmada. Suavemente avisado, o cachorro estacou diante dela. Sua língua vibrava. Ambos se olhavam.
       Entre tantos seres que estão prontos para se tornarem donos de outro ser, lá estava a menina que viera ao mundo para ter aquele cachorro. Ele fremia suavemente, sem latir. Ela olhava-o sob os cabelos, fascinada, séria. Quanto tempo se passava? Um grande soluço sacudiu-a desafinado. Ele nem sequer tremeu. Também ela passou por cima do soluço e continuou a fitá-lo.
       Os pêlos de ambos eram curtos, vermelhos.
       Que foi que se disseram? Não se sabe. Sabe-se apenas que se comunicaram rapidamente, pois não havia tempo. Sabe-se também que sem falar eles se pediam. Pediam-se com urgência, com encabulamento, surpreendidos.
       No meio de tanta vaga impossibilidade e de tanto sol, ali estava a solução para a criança vermelha. E no meio de tantas ruas a serem trotadas, de tantos cães maiores, de tantos esgotos secos - lá estava uma menina, como se fora carne de sua ruiva carne. Eles se fitavam profundos, entregues, ausentes de Grajaú. Mais um instante e o suspenso sonho se quebraria, cedendo talvez à gravidade com que se pediam.
       Mas ambos eram comprometidos.
       Ela com sua infância impossível, o centro da inocência que só se abriria quando ela fosse uma mulher. Ele, com sua natureza aprisionada.
       A dona esperava impaciente sob o guarda-sol. O basset ruivo afinal despregou-se da menina e saiu sonâmbulo. Ela ficou espantada, com o acontecimento nas mãos, numa mudez que nem pai nem mãe compreenderiam. Acompanhou-o com olhos pretos que mal acreditavam, debruçada sobre a bolsa e os joelhos, até vê-la dobrar a outra esquina.
       Mas ele foi mais forte que ela. Nem uma só vez olhou para trás.

Fonte: (LISPECTOR, Clarice. Tentação. In Felicidade Clandestina. Rio de Janeiro: Rocco, 1998, p. 46-48.) 
No fragmento: “Sabe-se apenas que se comunicaram rapidamente, pois não havia tempo. Sabe-se também que sem falar eles se pediam. Pediam-se com urgência, com encabulamento, surpreendidos”. Observe o emprego dos pronomes oblíquos átonos no fragmento e assinale o emprego CORRETO, de acordo com as normas gramaticais referentes ao uso da colocação pronominal: 
Alternativas
Q2497106 Português
Leia com atenção o texto a seguir para responder à questão.

Texto 1

Tentação 

       Ela estava com soluço. E como se não bastasse a claridade das duas horas, ela era ruiva.
       Na rua vazia as pedras vibravam de calor - a cabeça da menina flamejava. Sentada nos degraus de sua casa, ela suportava. Ninguém na rua, só uma pessoa esperando inutilmente no ponto do bonde. E como se não bastasse seu olhar submisso e paciente, o soluço a interrompia de momento a momento, abalando o queixo que se apoiava conformado na mão. Que fazer de uma menina ruiva com soluço? Olhamo-nos sem palavras, desalento contra desalento. Na rua deserta nenhum sinal de bonde. Numa terra de morenos, ser ruivo era uma revolta involuntária. Que importava se num dia futuro sua marca ia fazê-la erguer insolente uma cabeça de mulher? Por enquanto ela estava sentada num degrau faiscante da porta, às duas horas. O que a salvava era uma bolsa velha de senhora, com alça partida. Segurava-a com um amor conjugal já habituado, apertando-a contra os joelhos.
       Foi quando se aproximou a sua outra metade neste mundo, um irmão em Grajaú. A possibilidade de comunicação surgiu no ângulo quente da esquina, acompanhando uma senhora, e encarnada na figura de um cão. Era um basset lindo e miserável, doce sob a sua fatalidade. Era um basset ruivo.
       Lá vinha ele trotando, à frente de sua dona, arrastando seu comprimento. Desprevenido, acostumado, cachorro.
       A menina abriu os olhos pasmada. Suavemente avisado, o cachorro estacou diante dela. Sua língua vibrava. Ambos se olhavam.
       Entre tantos seres que estão prontos para se tornarem donos de outro ser, lá estava a menina que viera ao mundo para ter aquele cachorro. Ele fremia suavemente, sem latir. Ela olhava-o sob os cabelos, fascinada, séria. Quanto tempo se passava? Um grande soluço sacudiu-a desafinado. Ele nem sequer tremeu. Também ela passou por cima do soluço e continuou a fitá-lo.
       Os pêlos de ambos eram curtos, vermelhos.
       Que foi que se disseram? Não se sabe. Sabe-se apenas que se comunicaram rapidamente, pois não havia tempo. Sabe-se também que sem falar eles se pediam. Pediam-se com urgência, com encabulamento, surpreendidos.
       No meio de tanta vaga impossibilidade e de tanto sol, ali estava a solução para a criança vermelha. E no meio de tantas ruas a serem trotadas, de tantos cães maiores, de tantos esgotos secos - lá estava uma menina, como se fora carne de sua ruiva carne. Eles se fitavam profundos, entregues, ausentes de Grajaú. Mais um instante e o suspenso sonho se quebraria, cedendo talvez à gravidade com que se pediam.
       Mas ambos eram comprometidos.
       Ela com sua infância impossível, o centro da inocência que só se abriria quando ela fosse uma mulher. Ele, com sua natureza aprisionada.
       A dona esperava impaciente sob o guarda-sol. O basset ruivo afinal despregou-se da menina e saiu sonâmbulo. Ela ficou espantada, com o acontecimento nas mãos, numa mudez que nem pai nem mãe compreenderiam. Acompanhou-o com olhos pretos que mal acreditavam, debruçada sobre a bolsa e os joelhos, até vê-la dobrar a outra esquina.
       Mas ele foi mais forte que ela. Nem uma só vez olhou para trás.

Fonte: (LISPECTOR, Clarice. Tentação. In Felicidade Clandestina. Rio de Janeiro: Rocco, 1998, p. 46-48.) 
Os termos em destaque: “Ela olhava-o sob os cabelos, fascinada, séria. [...] ela passou por cima do soluço e continuou a fitá-lo” pertencem a classe de palavras pronomes e, neste contexto, são usados para:
Alternativas
Ano: 2024 Banca: APICE Órgão: Prefeitura de Salgado de São Félix - PB Provas: APICE - 2024 - Prefeitura de Salgado de São Félix - PB - Médico Cardiologista | APICE - 2024 - Prefeitura de Salgado de São Félix - PB - Médico Ginecologista/Obstetra | APICE - 2024 - Prefeitura de Salgado de São Félix - PB - Médico Pediatra | APICE - 2024 - Prefeitura de Salgado de São Félix - PB - Médico Endocrinologista | APICE - 2024 - Prefeitura de Salgado de São Félix - PB - Médico do Trabalho | APICE - 2024 - Prefeitura de Salgado de São Félix - PB - Terapeuta Ocupacional | APICE - 2024 - Prefeitura de Salgado de São Félix - PB - Fonoaudiólogo - NASF | APICE - 2024 - Prefeitura de Salgado de São Félix - PB - Psicólogo | APICE - 2024 - Prefeitura de Salgado de São Félix - PB - Bibliotecário | APICE - 2024 - Prefeitura de Salgado de São Félix - PB - Assistente Social | APICE - 2024 - Prefeitura de Salgado de São Félix - PB - Farmacêutico | APICE - 2024 - Prefeitura de Salgado de São Félix - PB - Fisioterapeuta - NASF | APICE - 2024 - Prefeitura de Salgado de São Félix - PB - Fisioterapeuta Plantonista | APICE - 2024 - Prefeitura de Salgado de São Félix - PB - Procurador | APICE - 2024 - Prefeitura de Salgado de São Félix - PB - Auditor Fiscal | APICE - 2024 - Prefeitura de Salgado de São Félix - PB - Odontólogo - PSF | APICE - 2024 - Prefeitura de Salgado de São Félix - PB - Enfermeiro - PSF | APICE - 2024 - Prefeitura de Salgado de São Félix - PB - Nutricionista - NASF |
Q2496250 Português

Analise o uso da vírgula nos períodos a seguir.



I- Maria Helena Moura Neves, a autora do livro, fez graduação em grego.


II- Eu estudei, professor, toda a aula de ontem.


III- Fui homenageado, ontem à noite, por alguns alunos e amigos.


IV- Devemos observar a simplicidade, a clareza, a objetividade e a concisão na redação oficial.


V- Levantava-me de manhã, entrava no chuveiro, organizava as ideias na cabeça...



Assinale a alternativa que apresenta, na sequência correspondente, a explicação para o uso das vírgulas nas frases.

Alternativas
Q2495606 Português
ERRO na utilização da vírgula em:
Alternativas
Q2495344 Português
Transporte movido a energia limpa tem a
necessidade de investimento para o
combate às mudanças climáticas





GONÇALVES, D. Revista Fórum Brasil de Gestão Ambiental.
Disponível em: https://revistafbga.com.br/transporte-movido-a-
-energia-limpa/. Acesso em: 2 mar. 2024. Adaptado.
A vírgula está empregada plenamente de acordo com as exigências da norma-padrão da língua portuguesa em:
Alternativas
Respostas
121: B
122: A
123: C
124: B
125: B