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Q2496389 Português

Barata entende


    Nesta casa, quando vim para cá, havia muitas baratas. Grandes, lentas, parecidas umas com as outras. Eram vistas à noite saindo da cozinha e passavam por mim, muitas vezes, aos pares, como as mulheres amigas que passeiam conversando.

    Havia uma que não se juntava com as outras e era diferente. Um pouco mais clara, talvez. Mais alazã. Essa, quando eu estava escrevendo, se punha defronte, em cima da Antologia poética, de Vinicius de Moraes, e ficava me olhando. A princípio, a testemunha, a vigilância, sua simples presença me causava um certo desconforto. Depois, já não me fazia o menor mal. Ao contrário, quando parava para pensar, fitava-a e as ideias me vinham mais depressa.

    Uma noite, demorou a aparecer e, enquanto a esperei, confesso, não estivesse sossegado. Imaginei que lhe houvesse acontecido alguma coisa. Tivesse comido um pó errado. Encontrado uma dessas gatas lascivas, que matam as baratas aos pouquinhos, brincando com elas. Só sei que, quando levantei os olhos e a vi, outra vez, em cima da Antologia Poética, não contive o grito:

    — Onde é que você andava!?

    A barata desceu do livro e começou a caminhar, na direção do banheiro. Parou, na porta, e voltou-se para mim, como que pedindo que a seguisse. Não me custava nada. Era a primeira vez. No banheiro, no canto onde se guardavam as vassourinhas e o desentupidor, parou. Ficou parada. Com um ar de “olhe para isso”. Lá, havia um pó amarelo, que a cozinheira, sem me consultar e absolutamente certa de que estava prestando um grande serviço, comprara. Eu precisava fazer qualquer coisa para minha barata saber que não era eu, que não fora eu, que não seria eu, nunca…

    Abaixei-me e, quando ia começar a varrer o veneno, descobri que a pobrezinha, antes, tinha ido no pó. Estava com as patinhas e a boca sujas de amarelo. Além disso, já se punha mal nas pernas. Ia morrer, como de fato morreu, minutos depois, erguendo-se sobre o traseiro e caindo, pesadamente, de barriga para cima. Então, eu lhe gritei, com toda voz e toda inocência:

    — Olha, barata, não fui eu, não!

    No dia seguinte, porque as outras não me interessavam, ou temendo que viesse, um dia, a me interessar por outra, telefonei para Insetisan e pedi que mandassem dedetizar a casa.


(Vento vadio: as crônicas de Antônio Maria. Pesquisa, organização e introdução de Guilherme Tauil, Todavia, 2021, pp. 391-392. Publicada originalmente em: O Jornal, de 10/11/1962.)

Considere o termo sublinhado em “No dia seguinte, porque as outras não me interessavam, ou temendo que viesse, um dia, a me interessar por outra, telefonei para Insetisan e pedi que mandassem dedetizar a casa.” (8º§). É correto afirmar que os termos dispostos nas alternativas a seguir poderiam adequadamente substituí-lo de modo a exprimir causa, EXCETO:
Alternativas
Q2496381 Português

Barata entende


    Nesta casa, quando vim para cá, havia muitas baratas. Grandes, lentas, parecidas umas com as outras. Eram vistas à noite saindo da cozinha e passavam por mim, muitas vezes, aos pares, como as mulheres amigas que passeiam conversando.

    Havia uma que não se juntava com as outras e era diferente. Um pouco mais clara, talvez. Mais alazã. Essa, quando eu estava escrevendo, se punha defronte, em cima da Antologia poética, de Vinicius de Moraes, e ficava me olhando. A princípio, a testemunha, a vigilância, sua simples presença me causava um certo desconforto. Depois, já não me fazia o menor mal. Ao contrário, quando parava para pensar, fitava-a e as ideias me vinham mais depressa.

    Uma noite, demorou a aparecer e, enquanto a esperei, confesso, não estivesse sossegado. Imaginei que lhe houvesse acontecido alguma coisa. Tivesse comido um pó errado. Encontrado uma dessas gatas lascivas, que matam as baratas aos pouquinhos, brincando com elas. Só sei que, quando levantei os olhos e a vi, outra vez, em cima da Antologia Poética, não contive o grito:

    — Onde é que você andava!?

    A barata desceu do livro e começou a caminhar, na direção do banheiro. Parou, na porta, e voltou-se para mim, como que pedindo que a seguisse. Não me custava nada. Era a primeira vez. No banheiro, no canto onde se guardavam as vassourinhas e o desentupidor, parou. Ficou parada. Com um ar de “olhe para isso”. Lá, havia um pó amarelo, que a cozinheira, sem me consultar e absolutamente certa de que estava prestando um grande serviço, comprara. Eu precisava fazer qualquer coisa para minha barata saber que não era eu, que não fora eu, que não seria eu, nunca…

    Abaixei-me e, quando ia começar a varrer o veneno, descobri que a pobrezinha, antes, tinha ido no pó. Estava com as patinhas e a boca sujas de amarelo. Além disso, já se punha mal nas pernas. Ia morrer, como de fato morreu, minutos depois, erguendo-se sobre o traseiro e caindo, pesadamente, de barriga para cima. Então, eu lhe gritei, com toda voz e toda inocência:

    — Olha, barata, não fui eu, não!

    No dia seguinte, porque as outras não me interessavam, ou temendo que viesse, um dia, a me interessar por outra, telefonei para Insetisan e pedi que mandassem dedetizar a casa.


(Vento vadio: as crônicas de Antônio Maria. Pesquisa, organização e introdução de Guilherme Tauil, Todavia, 2021, pp. 391-392. Publicada originalmente em: O Jornal, de 10/11/1962.)

Considere a frase que dá início ao texto “Nesta casa, quando vim para cá, havia muitas baratas.” (1º§). Sobre o uso do verbo “haver” em sua flexão no singular nesse contexto, pode-se afirmar que está:
Alternativas
Ano: 2024 Banca: APICE Órgão: Prefeitura de Salgado de São Félix - PB Provas: APICE - 2024 - Prefeitura de Salgado de São Félix - PB - Médico Cardiologista | APICE - 2024 - Prefeitura de Salgado de São Félix - PB - Médico Ginecologista/Obstetra | APICE - 2024 - Prefeitura de Salgado de São Félix - PB - Médico Pediatra | APICE - 2024 - Prefeitura de Salgado de São Félix - PB - Médico Endocrinologista | APICE - 2024 - Prefeitura de Salgado de São Félix - PB - Médico do Trabalho | APICE - 2024 - Prefeitura de Salgado de São Félix - PB - Terapeuta Ocupacional | APICE - 2024 - Prefeitura de Salgado de São Félix - PB - Fonoaudiólogo - NASF | APICE - 2024 - Prefeitura de Salgado de São Félix - PB - Psicólogo | APICE - 2024 - Prefeitura de Salgado de São Félix - PB - Bibliotecário | APICE - 2024 - Prefeitura de Salgado de São Félix - PB - Assistente Social | APICE - 2024 - Prefeitura de Salgado de São Félix - PB - Farmacêutico | APICE - 2024 - Prefeitura de Salgado de São Félix - PB - Fisioterapeuta - NASF | APICE - 2024 - Prefeitura de Salgado de São Félix - PB - Fisioterapeuta Plantonista | APICE - 2024 - Prefeitura de Salgado de São Félix - PB - Procurador | APICE - 2024 - Prefeitura de Salgado de São Félix - PB - Auditor Fiscal | APICE - 2024 - Prefeitura de Salgado de São Félix - PB - Odontólogo - PSF | APICE - 2024 - Prefeitura de Salgado de São Félix - PB - Enfermeiro - PSF | APICE - 2024 - Prefeitura de Salgado de São Félix - PB - Nutricionista - NASF |
Q2496247 Português
Sabendo que, de acordo com Pestana (2013, p.712), “Predicativo é o termo sintático que expressa estado, qualidade ou condição do ser ao qual se refere, ou seja, é um atributo”, analise e classifique os predicativos das orações abaixo como predicativo do sujeito, predicativo do objeto direto ou predicativo do objeto indireto.

I- Meu filho se tornou um grande médico.
II- O povo elegeu-o presidente pela segunda vez.
III- Eles assistiram nervosos à partida.
IV- Eu preciso do meu marido consciente, doutor!

Após análise das orações acima, conclui-se que temos a seguinte ordem de classificação dos predicativos:
Alternativas
Ano: 2024 Banca: APICE Órgão: Prefeitura de Salgado de São Félix - PB Provas: APICE - 2024 - Prefeitura de Salgado de São Félix - PB - Médico Cardiologista | APICE - 2024 - Prefeitura de Salgado de São Félix - PB - Médico Ginecologista/Obstetra | APICE - 2024 - Prefeitura de Salgado de São Félix - PB - Médico Pediatra | APICE - 2024 - Prefeitura de Salgado de São Félix - PB - Médico Endocrinologista | APICE - 2024 - Prefeitura de Salgado de São Félix - PB - Médico do Trabalho | APICE - 2024 - Prefeitura de Salgado de São Félix - PB - Terapeuta Ocupacional | APICE - 2024 - Prefeitura de Salgado de São Félix - PB - Fonoaudiólogo - NASF | APICE - 2024 - Prefeitura de Salgado de São Félix - PB - Psicólogo | APICE - 2024 - Prefeitura de Salgado de São Félix - PB - Bibliotecário | APICE - 2024 - Prefeitura de Salgado de São Félix - PB - Assistente Social | APICE - 2024 - Prefeitura de Salgado de São Félix - PB - Farmacêutico | APICE - 2024 - Prefeitura de Salgado de São Félix - PB - Fisioterapeuta - NASF | APICE - 2024 - Prefeitura de Salgado de São Félix - PB - Fisioterapeuta Plantonista | APICE - 2024 - Prefeitura de Salgado de São Félix - PB - Procurador | APICE - 2024 - Prefeitura de Salgado de São Félix - PB - Auditor Fiscal | APICE - 2024 - Prefeitura de Salgado de São Félix - PB - Odontólogo - PSF | APICE - 2024 - Prefeitura de Salgado de São Félix - PB - Enfermeiro - PSF | APICE - 2024 - Prefeitura de Salgado de São Félix - PB - Nutricionista - NASF |
Q2496242 Português
Leia o texto abaixo e responda a questão.

A (IN)EXISTÊNCIA DA EMPATIA EM UMA SOCIEDADE LÍQUIDA E SUPERFICIAL

“[...] Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.”
Fernando Pessoa

       Das palavras de Fernando Pessoa, ecoam, em minha mente, os versos “Tudo vale a pena, se a alma não é pequena”. Isso me faz pensar na importância de agirmos não apenas mecanicamente, mas, sobremaneira, espiritualmente. Será que nossas ações diárias visam o bem-estar, também, dos outros? Ou será que nossa alma é pequena a ponto de pensarmos apenas em nosso benefício próprio? Infelizmente, diante da globalização, parece-me que as pessoas estão, cada vez mais, mecânicas e menos humanas, uma vez que é priorizado o bem material, bem de consumo, em detrimento do bem espiritual. Nessa linha de raciocínio, como brasileira, por meio de evidências presentes em nossa realidade social, reflito sobre a “invisibilidade pública” (COSTA, 2004) decorrente de ações oriundas de uma sociedade moderna e líquida (BAUMAN, 2001), cuja fluidez nos consome diariamente.
       Em primeiro lugar, percebo, no dia a dia, a supervalorização de umas funções, como, por exemplo, a de médico, engenheiro, advogado, em detrimento de outras, não menos importantes, tais como: gari, pedreiro, eletricista, dentre tantas outras. Como comprovado por Costa (2004), nossa sociedade tende a invisibilizar essas profissões cujos cidadãos são da classe trabalhadora, como se eles tivessem a obrigação de servir os grupos privilegiados. Pessoas que possuem este pensamento, como diria o poeta português Fernando Pessoa, parecem apresentar a alma pequena, pois não conseguem enxergar a semelhança e dependência que todos nós, cidadãos, temos em comunidade, independentemente da posição social que ocupamos. O que seria de nós, por exemplo, sem o advogado, o médico, o engenheiro e o professor? Mas, também, o que seria de nós sem o gari que higieniza nossas vias públicas, o pedreiro que constrói nossas casas e o eletricista que nos possibilita a luz elétrica para que possamos ter mais conforto e, até mesmo, cumprir nossas funções diárias?
       Essas reflexões me fazem compreender, em segundo lugar, que essa supervalorização e, por conseguinte, a invisibilidade pública (COSTA, 2004) é decorrente de uma modernidade líquida, conforme aponta Bauman (2001), a qual tem como prioridade os bens de consumo; bens esses que chegam às mãos dos pobres com muito mais dificuldade. Uma sociedade que cultiva ações materiais, em detrimento de ações de compaixão e solidariedade. Enxergo, como fruto desta realidade, pessoas que constroem suas mansões em alicerces superficiais e vazios, uma vez que, embora possuam os materiais de construção mais caros e luxuosos, não possuem sentimentos simples e imprescindíveis, tais como: o amor e a empatia. 
      Portanto, concluo que essas pessoas priorizam tanto os bens concretos que esquecem os mais importantes, aqueles que não são visíveis aos nossos olhos, mas que sentimos (SAINT-EXUPÉRY, 1987). São sentimentos que nos propiciam alicerçar a nossa moradia da maneira mais forte possível, propiciando-nos a capacidade de sermos empáticos; em outras palavras, segundo o psicólogo norte-americano Carl Rogers, é importante procurarmos enxergar o mundo com os olhos do outro, em vez de enxergarmos o nosso mundo como um reflexo nos olhos dele (ROGERS, 2017). Defendo, dessa maneira, que nem as melhores tecnologias ou lentes do mundo são capazes de nos fazer enxergar com os olhos do outro, quando temos a alma pequena, uma vez que compreendo que é procurando edificar ações mais coerentes e empáticas, em meio a uma sociedade alicerçada em superficialidades, que tornaremos visíveis as necessidades e angústias do próximo, em prol da “visibilidade pública” e grandeza de nosso espírito.

Fonte: <https://www.revistadobiu.org/
publica%C3%A7%C3%B5es/v-1-n-2-2021 [editado].
Assinale, abaixo, a alternativa que apresenta um antônimo para o termo em destaque no seguinte excerto do texto: “[...] cuja fluidez nos consome diariamente.”.  
Alternativas
Q2495868 Português
Assinale, a seguir, a alternativa que apresenta um período composto por subordinação e coordenação
Alternativas
Respostas
161: C
162: A
163: B
164: D
165: E