Questões de Concurso Comentadas por alunos sobre denotação e conotação em português

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Ano: 2023 Banca: FGV Órgão: MPE-SP Prova: FGV - 2023 - MPE-SP - Oficial de Promotoria |
Q2105449 Português
Um dos problemas da escrita está no emprego de palavras desnecessárias devido ao fato de seu significado já estar expresso em outra palavra da mesma frase.
Assinale a opção em que isso não ocorre.
Alternativas
Q2105038 Português
Leia o texto para responder à questão. 


   Éramos quatro escritoras em volta de uma mesa, num restaurante. A conversa não podia estar mais divertida. Até que um sujeito passou por nós, nos reconheceu, cumprimentou e disse: “Posso imaginar o papo cabeça que está rolando aí”. E saiu de perto com uma cara de “Deus me livre”.
   O simpático cidadão ficaria corado se escutasse um pedacinho do nosso “papo cabeça”. Logo nos perguntamos: será mesmo que as pessoas pensam que a gente se reúne para falar sobre filósofos e que tentamos desvendar o significado de cada verso dos Lusíadas enquanto dividimos uma pizza marguerita?
   Não abro mão de conversas inteligentes, mas, para longas dissertações, existe hora e lugar. Eu mesma, podendo, corro para o outro lado quando alguém começa uma conferência didática-enciclopédica em mesa de bar. Numa sala de universidade, é estimulante. Em meio a uma palestra num auditório, empolga. Escutar um sábio falar durante um jantar, na casa de alguém, salva a noite. Mas num boteco barulhento, em meio a bolinhos de bacalhau, copos de chope e cercado por amigos da adolescência, quem vai querer escutar sobre a profundidade poética de um brilhante cineasta polonês?
  E se for um primeiro jantar a dois, romântico, aí o papo cabeça funciona mais ou menos como um ex que entrou no recinto para quebrar o clima. Dá aquela vontade súbita de pedir a conta.
  Em nosso último encontro, minhas amigas e eu conversamos sobre as vantagens triunfais da maturidade, sobre a diferença da nossa geração para a de nossos filhos, sobre a viagem que uma de nós fez aos Lençóis Maranhenses, sobre a Anitta, sobre uma fofoca que aconteceu na cidade, sobre uma exposição que ainda está em cartaz em São Paulo, sobre paixões infernais, sobre amores inventados e mais outras coisas porque os assuntos são sempre múltiplos e vêm acompanhados de muitas gargalhadas. Somos criaturas trágicas, mas isso a gente deixa para debater na consulta com o analista. Fora do horário do expediente, nosso papo cabeça desce a linha do pescoço, ronda o coração e onde mais a alma alcança — enquanto isso, o cérebro descansa.


(Martha Medeiros. Papo cabeça. https://oglobo.globo.com, 24.09.2022. Adaptado)
Um vocábulo empregado em sentido figurado, no contexto em que se encontra, está destacado em: 
Alternativas
Ano: 2022 Banca: FCC Órgão: PGE-AM Prova: FCC - 2022 - PGE-AM - Analista Procuratorial |
Q2104802 Português
Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.

1.    Quando me acontecer alguma pecúnia, passante de um milhão de cruzeiros, compro uma ilha; não muito longe do litoral, que o litoral faz falta; nem tão perto, também, que de lá possa eu aspirar a fumaça e a graxa do porto. Minha ilha ficará no justo ponto de latitude e longitude que, pondo-me a coberto de ventos, sereias e pestes, nem me afaste demasiado dos homens nem me obrigue a praticá-los diuturnamente. Porque esta é a ciência e, direi, a arte do bem viver; uma fuga relativa, e uma não muito estouvada confraternização.
2.    De há muito sonho esta ilha, se é que não a sonhei sempre. Se é que a não sonhamos sempre. Objetais-me: “Como podemos amar as ilhas, se buscamos o centro mesmo da ação?” Engajados; vosso engajamento é a vossa ilha, dissimulada e transportável. Por onde fordes, ela irá convosco. Significa a evasão daquilo para que toda alma necessariamente tende, ou seja, a gratuidade dos gestos naturais, o cultivo das formas espontâneas, o gosto de ser um com os bichos, as espécies vegetais, os fenômenos atmosféricos.
3.    E por que nos seduz a ilha? As composições de sombra e luz, o esmalte da relva, a cristalinidade dos regatos – tudo isso existe fora das ilhas, não é privilégio delas. A mesma solidão existe nos mais diversos locais, inclusive os de população densa, em terra firme.
4.    A ilha me satisfaz por ser uma porção curta de terra (falo de ilhas individuais, não me tentam aventuras marajoaras), um resumo prático dos estirões deste vasto mundo, sem os inconvenientes dele, e com a vantagem de ser uma ficção sem deixar de constituir uma realidade. A casa junto ao mar, que já foi razoável delícia, passou a ser um pecado, depois que se desinventou a relação entre homem, paisagem e morada. O progresso técnico teve isto de retrógrado: esqueceu-se do fim a que se propusera. Acabou com qualquer veleidade de amar a vida, que ele tornou muito confortável, mas invisível. Fez-se numa escala de massas, esquecendo-se do indivíduo, e nenhuma central elétrica será capaz de produzir aquilo de que cada um de nós carece na cidade excessivamente iluminada: certa penumbra. O progresso nos dá tanta coisa, que não nos sobra nada nem para desejar nem para jogar fora. Tudo é inútil e atravancador. A ilha sugere uma negação disto.
5.    Serão admitidos poetas? Em que número? Se foram proscritos das repúblicas, pareceria cruel bani-los também da ilha de recreio. Contudo, devem comportar-se como se poetas não fossem: pondo de lado o tecnicismo, a excessiva preocupação literária, o misto de esteticismo e frialdade que costuma necrosar os artistas. Sejam homens razoáveis, carentes, humildes, inclinados à pesca e à corrida a pé. Não levem para a ilha os problemas de hegemonia e ciúme.
6.   Por aí se observa que a ilha mais paradisíaca pede regulamentação, e que os perigos da convivência urbana estão presentes. Tanto melhor, porque não se quer uma ilha perfeita, senão um modesto território banhado de água por todos os lados e onde não seja obrigatório salvar o mundo.
7.    A ideia de fuga tem sido alvo de crítica severa nos últimos anos, como se fosse ignominioso, por exemplo, fugir de um perigo, de um sofrimento, de uma chateação. Como se devesse o homem consumir-se numa fogueira perene.
8.    Estas reflexões descosidas procuram apenas recordar que há motivos para ir às ilhas.

(ANDRADE, Carlos Drummond de. “Divagação sobre as ilhas”. In: Passeios na ilha. São Paulo: Companhia das Letras, 2020, p.15-19)
Está empregado em sentido figurado o termo sublinhado em:
Alternativas
Q2104692 Português
Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.



1.      Fernando Pessoa é não apenas um dos maiores poetas modernos, mas um dos maiores poetas da modernidade, ou seja, um dos poetas que mais longe levaram a experiência tanto das possibilidades quanto do desencanto do mundo moderno. Não que ele esteja próximo das veleidades contemporâneas. A modernidade a que me refiro não se confunde com a mera contemporaneidade. Deixemos de lado nosso provincianismo temporal. A modernidade consiste em primeiro lugar na época da desprovincianização do mundo: aquela que, do ponto de vista temporal, abre-se com o humanismo que, voltando os olhos para o mundo clássico, relativiza o mundo contemporâneo; e que, do ponto de vista espacial, abre-se com as descobertas geográficas, celebradas pelo próprio Pessoa, quando diz, por exemplo, no altíssimo poema “O infante”, inspirado em d. Henrique, o Navegador:

Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma,

E a orla branca foi de ilha em continente,
Clareou, correndo, até o fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.

Quem te sagrou criou-te português.
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal! 

2.    O processo de cosmopolitização que produziu o mundo moderno não se restringiu às descobertas dos humanistas e dos navegadores, pois também incluiu explorações científicas, artísticas etc. Ora, a abertura de novos horizontes tornou possível a compreensão do caráter limitado dos antigos horizontes. As ideias e as crenças tradicionais puderam ser postas em questão.
3.    A filosofia moderna se formou a partir do ceticismo mais radical que se pode imaginar: a dúvida hiperbólica de Descartes, segundo a qual é possível que tudo o que pensamos saber não tenha consistência maior que a de sonhos, alucinações, ataques de loucura etc. Com razão, Alexandre Koyré afirmou que essa dúvida foi “a mais tremenda máquina de guerra contra a autoridade e a tradição que o homem jamais possuiu”.
4.      Pode-se dizer então que o homem moderno é aquele que viu desabarem, ao sopro da razão, os castelos de cartas das crenças tradicionais: o homem que caiu em si. Em última análise, é isso que o obriga a instaurar, por exemplo, os procedimentos jurídicos modernos como processos abertos à razão crítica, públicos, e cujos resultados estão sempre, em princípio, sujeitos a ser revistos ou refutados.

(Adaptado de: CÍCERO, Antonio. A poesia e a crítica: Ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, edição digital)
O termo empregado em sentido figurado está sublinhado em:
Alternativas
Q2104119 Português
A nuvem

        — Fico admirado como é que você, morando nesta cidade, consegue escrever uma semana inteira sem reclamar, sem protestar, sem espinafrar!

         E meu amigo falou da água, telefone, Light em geral, carne, batata, transporte, custo de vida, buracos na rua etc. etc. etc. Meu amigo está, como dizem as pessoas exageradas, grávido de razões. Mas que posso fazer? Até que tenho reclamado muito isto e aquilo. Mas se eu for ficar rezingando todo dia, estou roubado: quem é que vai aguentar me ler? Acho que o leitor gosta de ver suas queixas no jornal, mas em termos.

        Além disso, a verdade não está apenas nos buracos das ruas e outras mazelas. Não é verdade que as amendoeiras neste inverno deram um show luxuoso de folhas vermelhas voando no ar? E ficaria demasiado feio eu confessar que há uma jovem gostando de mim? Ah, bem sei que esses encantamentos de moça por um senhor maduro duram pouco. São caprichos de certa fase. Mas que importa? Esse carinho me faz bem; eu o recebo terna e gravemente; sem melancolia, porque sem ilusão. Ele se irá como veio, leve nuvem solta na brisa, que se tinge um instante de púrpura sobre as cinzas de meu crepúsculo.

        E olhem só que tipo de frase estou escrevendo! Tome tenência, velho Braga. Deixe a nuvem, olhe para o chão – e seus tradicionais buracos.
(Rubem Braga. Ai de ti, Copacabana. Rio de Janeiro: Edições Best Bolso, 2011)
Assinale a alternativa em que o termo destacado foi empregado em sentido figurado.
Alternativas
Respostas
276: B
277: D
278: A
279: A
280: C