Questões de Concurso Comentadas por alunos sobre funções morfossintáticas da palavra que em português

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Ano: 2021 Banca: IDECAN Órgão: PEFOCE Prova: IDECAN - 2021 - PEFOCE - Auxiliar de Perícia |
Q1789350 Português
Assinale a alternativa em que o QUE seja classificado de forma distinta da das demais.
Alternativas
Q1788768 Português
TEXTO I

GPS

  Entrei no táxi e falei o meu destino.
  – Rua Araribóia, por favor.
  – Araribóia? Espera um minuto!…– rebateu o homem.
  Programou então seu GPS e arrancou.
  – Não precisa de GPS, amigo. Sei mais ou menos onde fica. Posso lhe orientar.
  – Ah, não. Não saio mais de casa sem isto – declarou.
  Resmunguei em silêncio. E lá se foi o taxista seguindo seu brinquedinho falante – “vire à esquerda”; “a 50 metros você vai virar à direita”; “daqui a 300 metros faça o retorno à esquerda”…
  De repente, entre uma e outra prosa, vi ele se afastando da direção que eu julgava ser a correta.
  – Amigo, acho que você está na direção contrária. Tinha que ter entrado naquela rua à direita, melhor fazer o retorno na frente.
  – Não, não, olha aqui – apontou pra geringonça, orgulhoso como ele só. É esse mesmo o caminho.
  Cocei a cabeça irritado. Embora eu não soubesse exatamente qual o trajeto a seguir, sabia que aquele caminho que ele fazia era estupidamente mais longo e complexo.
  Argumentei mais uma vez, já na iminência de explodir.
  – Moço, desculpe, mas tenho quase certeza de que você está fazendo um caminho muito mais longo do que devia.
  – Não esquenta a cabeça não, companheiro. Tá aqui no GPS, ó. Não vou discutir com a tecnologia, né, amigo?
  “Não vou discutir com a tecnologia.” Sim, eu havia ouvido aquilo. E mais que uma frase de efeito de um chofer de praça, aquilo era uma senha que explicava muita coisa, talvez explicasse até toda uma época.
  O sujeito deixava de lado sua inteligência (se é que a tinha), a experiência de anos perambulando a bordo do seu táxi pelas quebradas da cidade e o próprio poder de dedução para seguir uma engenhoca surda e cega – mas “tecnológica” – sem questioná-la, e sem que eu também pudesse fazê-lo.
  Não quero parecer um dinossauro (embora por vezes eu inevitavelmente pareça), mas sempre defendi um uso inteligente, comedido e crítico dos apetrechos eletrônicos. Conheço pessoas que, por comodidade, condicionamento ou deslumbramento com o novo mundo cibernético, não se deslocam mais à esquina para comprar pão sem que façam uso de GPS, Google Maps e o escambau.
  Tenho um sobrinho, um pensador irreverente de botequim, que gosta de dizer o seguinte:
  – As rodas de bar ficaram muito chatas depois do iPhone. Ninguém mais pode ter dúvida alguma. Se alguém perguntar: “como é o nome daquele cantor que cantava aquela música?”; ou então: “quem era o centroavante da seleção de 86?”, logo algum bobo alegre vai acessar a internet e buscar a resposta. E aí acabar com a graça, a mágica e o mistério… Não sobra assunto pro próximo encontro.
  Outro amigo, filósofo de padaria, tem uma tese/profecia tenebrosa sobre o uso sem critério dos tecnobreguetes: Diz ele:
  – Num futuro próximo, as pessoas deixarão de ter memória. Para que lembrar, se tudo caberá num HD externo?
  É. Faz bastante sentido a tese do meu amigo. Aliás, há tempos não o vejo, o… o… Como é mesmo o nome dele, gente? Aníbal, não. Átila, não… É um nome assim, meio histórico… Desculpem aí, vou ter que espiar na agenda do meu celular.
Zeca Baleiro
Disponível em https://istoe.com.br/133775_GPS/
Em “Tenho um sobrinho, um pensador irreverente de botequim, que gosta de dizer o seguinte:...”, a partícula “que” está exercendo função gramatical de
Alternativas
Q1786803 Português

Fonte: Adaptada da Folha de São Paulo, 31 de julho de 2000. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq3107200024.htm


Com base no Texto I, responda à questão.


“... gostaria de dizer que, talvez por ser escritor, não considero a defesa e a preservação do nosso idioma um problema sem importância.” (l. 41-42). O termo sublinhado na passagem em destaque tem igual classificação daquele sublinhado em:
Alternativas
Q1785677 Português
    Antigamente a vida era outra aqui neste lugar onde o rio, dando areia, cobra-d’água inocente, e indo ao mar, dividia o campo em que os filhos de portugueses e da escravatura pisaram.
    Couro de pé roçando pele de flor. Mangas engordando, bambuzais rebentando vento, uma lagoa, um lago, um laguinho, amendoeiras, pés de jamelão e o bosque de Eucaliptos. Tudo isso do lado de lá. Do lado de cá, os morrinhos, casarões mal-assombrados, as hortas de Portugal Pequeno e boiada pra lá e pra cá na paz de quem não sabe da morte.
    Em diagonal, os braços do rio, desprendidos lá pela Taquara, cortavam o campo: o direito ao meio; o esquerdo, que hoje separa os Apês das casas e sobre o qual está a ponte por onde escoa o tráfego da principal rua do bairro, na parte de baixo. E, como o bom braço ao rio volta, o rio totalmente abraçado, ia ziguezagueando água, esse forasteiro que viaja parado, levando íris soltas em seu leito, deixando o coração bater em pedras, doando mililitros para os corpos que o ousaram, para as bocas que morderam seu dorso. Ria o rio, mas Busca-Pé bem sabia que todo rio nasce para morrer um dia. 
    Um dia essas terras foram cobertas de verde com carro de boi desafiando estradas de terra, gargantas de negros cantando samba duro, escavação de poços de água salobra, legumes e verduras enchendo caminhões, cobra alisando o mato, redes armadas nas águas. Aos domingos, jogo de futebol no campo do Paúra e bebedeira de vinho sob a luz das noites cheias.
    [...]
    Os dois filhos de portugueses tratavam das hortas de Portugal Pequeno nas terras herdadas. Sabiam que aquela região seria destinada à construção de um conjunto habitacional, mas não que as obras estavam para começar em tão pouco tempo.

(LINS, Paulo. Cidade de Deus. São Paulo.
Companhia das Letras, 2002. p.15)
Em todas as alternativas abaixo o vocábulo “que” encontra-se destacado. Assinale a opção em que sua classificação morfológica é diferente da dos demais.
Alternativas
Q1785588 Português

A SUA SUPERDESENVOLVIDA HABILIDADE DE LER MENTES

Renato Caruso Vieira

   Você é encarregado de conduzir uma reunião com quatro diretores de filiais da sua empresa: a Srª A., o Sr. B., a Srª C. e o Sr. D. Dirigindo-se à sala de reuniões, você é saída, ainda no corredor, por um de seus assessores, com quem trava o seguinte diálogo:

   Você: — Todos os diretores chegaram?

   Assessor: — Alguns chegaram.

  Adentrando a sala, você avista, já acomodados e preparados, a Srª A., o Sr. B., a Srª C. e o Sr. D. Confuso, você interpela discretamente o assessor:

  — Por que você disse alguns que dos diretores anteriores chegado se todos eles já chegaram?

 — Tudo o que eu disse foi que alguns dos diretores chegados chegados. A Srª A. e o Sr. B são alguns dos diretores e eles chegaram. Portanto, eu falei a verdade.

   Apesar de reconhecer uma consistência lógica irretocável da justificativa, você dificilmente absolveria seu assessor da culpa de ter feito mau uso da linguagem. [...]

  A correta interpretação de uma sentença proferida por um falante depende da habilidade de reconhecimento das intenções que ele pretendeu comunicar com aquela escolha de palavras. E a escolha de palavras do falante depende da avaliação que ele faz da habilidade do ouvinte de reconhecer as intenções comunicadas por ele. Assim, a culpa pelo mau uso da linguagem que atribuímos ao assessor, na narração ilustrativa que introduziu este texto, adveio de sua incapacidade de reconhecer a indução à inferência de “somente alguns [diretores chegaram], mas não todos” provocada pela escolha de palavras que fez naquele contexto particular.

   [...] Podemos identificar as interações conversacionais como constantes exercícios de metarrepresentação (representação mental da representação mental do outro) sustentados pela superdesenvolvida habilidade humana de “leitura de mentes” [...].
   A “leitura de mentes”, que conceitualmente se confunde com a capacidade de reconhecimento das intenções alheias, é uma adaptação humana com participação em todas as grandes conquistas evolutivas da nossa espécie em termos de cognição social. Não se observa no reino animal capacidade comparável à humana de comunicação, de cooperação, de compartilhamento de informações, de negociação. [...]


Adaptado de: <http://www.roseta.org.br/pt/2020/03/16/a-suasuperdesenvolvida-habilidade-de-ler-mentes/>. Acesso em 13 jul.2020.

A respeito dos itens destacados em “Por que você disse que alguns dos diretores haviam chegado se todos eles já chegaram?”, assinale a alternativa correta.
Alternativas
Respostas
366: C
367: C
368: A
369: E
370: C