Questões de Concurso

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Q2446667 Português

Julgue o item subsequente.


Em relação à regência nominal, o verbo ASPIRAR, com sentido de desejar ardentemente, de pretender, é transitivo indireto, regendo a preposição “a”, assim, é correto dizer que: O projeto aspira à estabilidade econômica da sociedade. 
Alternativas
Q2446592 Português

Julgue o item subsequente. 


Nas regras de concordância verbal da Língua Portuguesa, quando o sujeito é representado por expressões partitivas (A MAIORIA DE, PARTE DE, UMA PORÇÃO DE, METADE DE) acompanhadas por nome, o verbo concorda somente com o nome, como ocorre em: Pesquisa mostra que metade dos brasileiros se protegem da radiação solar. 

Alternativas
Q2446343 Português
Sobre simplicidade e sabedoria



      Pediram-me que escrevesse sobre simplicidade e sabedoria. Aceitei alegremente o convite sabendo que, para que tal pedido me tivesse sido feito, era necessário que eu fosse velho.

      Os jovens e os adultos pouco sabem sobre o sentido da simplicidade. Os jovens são aves que voam pela manhã: seus voos são flechas em todas as direções. Seus olhos estão fascinados por dez mil coisas. Querem todas, mas nenhuma lhes dá descanso. Estão sempre prontos a de novo voar. Seu mundo é o mundo da multiplicidade. Eles a amam porque, nas suas cabeças, a multiplicidade é um espaço de liberdade. Com os adultos acontece o contrário. Para eles, a multiplicidade é um feitiço que os aprisionou, uma arapuca na qual nunca caíram. Eles a odeiam, mas não sabem como se libertar. Se, para os jovens, a multiplicidade tem o nome de liberdade, para os adultos, a multiplicidade tem o nome de dever. Os adultos são pássaros presos nas gaiolas do dever. A cada manhã dez mil coisas os aguardam com as suas ordens (para isso existem as agendas, lugar onde as dez mil coisas escrevem as suas ordens!). Se não forem obedecidas haverá punições.

    No crepúsculo, quando a noite se aproxima, o voo dos pássaros fica diferente. Em nada se parece com o seu voo pela manhã. Já observaram o voo das pombas no fim do dia? Elas voam numa única direção. Voltam pra casa, o ninho. As aves, ao crepúsculo, são simples. Simplicidade é isso: quando o coração busca uma coisa só.

   Na multiplicidade nos perdemos: ignoramos o nosso desejo. Movemo-nos fascinados pela sedução das dez mil coisas. Acontece que, como diz o segundo poema do Tao-Te-Ching, “as dez mil coisas aparecem e desaparecem sem cessar”. O caminho da multiplicidade é um caminho sem descanso. Cada ponto de chegada é um ponto de partida. Cada reencontro é uma despedida. É um caminho onde não existe casa ou ninho.

     O caminho da ciência e dos saberes é o caminho da multiplicidade. Não há fim para as coisas que podem ser conhecidas e sabidas. O mundo dos saberes é um mundo de somas sem fim. É um caminho sem descanso para a alma. Não há saber diante do qual o coração possa dizer: “Cheguei, finalmente, ao lar”. Saberes não são lar.

      Diz o Tao-Te-Ching: “na busca do conhecimento a cada dia se soma uma coisa. Na busca da sabedoria a cada dia se diminui uma coisa”. Sabedoria é a arte de degustar. A arte de degustar, distinguir, discernir. O homem dos saberes, diante da multiplicidade, “precipita-se sobre tudo o que é possível saber, na cega avidez de querer conhecer a qualquer preço”. Mas o sábio está à procura das “coisas dignas de serem conhecidas”. A sabedoria é a arte de reconhecer e degustar a alegria. Nascemos para a alegria.

        A saudade é o bolso onde a alma guarda aquilo que ela provou e aprovou. Aprovadas foram as expectativas que deram alegria. O que valeu a pena está destinado à eternidade. A saudade é o resto da eternidade refletido no rio do tempo.

    Ando pelas cavernas da minha memória. Há muitas coisas maravilhosas. Mas essas memórias, a despeito do seu tamanho, não me fazem nada. Não sinto vontade de chorar. Não sinto vontade de voltar.

       Aí eu consulto o meu bolso da saudade. Lá se encontram pedaços do meu corpo, alegrias. Observo atentamente, e nada encontro que tenhas brilho no mundo da multiplicidade. São coisas pequenas, que me nem foram notadas por outras pessoas.

        Diz Guimarães Rosa que “felicidade só em raros momentos de distração...” Certo. Ela vem quando não se espera, em lugares que não se imagina. Dito por Jesus: “É como o vento: sopra onde quer, não sabe donde vem nem para onde vai...”. Sabedoria é a arte de provar e degustar a alegria, quando ela vem. Mas só dominam essa arte aqueles que têm a graça da simplicidade. Porque a alegria só mora nas coisas simples.



(ALVES, Rubem. In Concerto para Corpo e Alma. Adaptado.)
A partir dos conhecimentos sobre a função sintática que os termos exercem nas orações, assinale a alternativa cuja expressão destacada diferencia‐se das demais.
Alternativas
Q2446300 Português
Pelo ralo


        Os pratos estão empilhados de um dos lados da pia numa torre irregular, equilibrando-se uns sobre os outros de forma precária, como os destroços de um prédio bombardeado ameaçando cair. Estão sujos. Muito sujos. Foram deixados ali já faz algum tempo e os pedaços de detritos sobre eles se cristalizaram, tomando formas absurdas, surreais. Há grãos e lascas, restos de folhas, amontoados de uma indefinida massa de cor acinzentada. Copos e tigelas de vidro, também empilhados num desenho caótico, exibem a superfície maculada, cheia de nódoas, e o metal das panelas, chamuscado e sujo em vários pontos, lembra a fuselagem de um avião incendiado. Mas há mais do que isso. Há talheres por toda parte, lâminas, cabos, extremidades pontiagudas que surgem por ente os pratos, em sugestões inquietantes. E há ainda a cratera da pia, onde outros tantos pratos e travessas, igualmente sujos, estão quase submersos numa água escura, como se, num campo de batalha, a chuva tivesse caído sobre as cinzas. O cenário é desolador.

          A mulher se aproxima, os olhos fixos na pia. Suas mãos, cujos dedos exibem dobras ressecadas, resultado de muitos anos de contato com água e detergente, movem-se em torno da cintura e caminham até as costas, levando as tiras do avental vermelho e branco. Com gestos rápidos, ágeis, faz-se a laçada, que ajusta o avental em seu lugar. E a mulher abre a torneira. Encostada à pia, espera, tocando a água de vez em quando com a ponta dos dedos. Ligou o aquecedor no máximo, pois sabe que precisará dela fumegante, para derreter as crostas formadas depois de tantas horas. Logo o vapor começa a subir. Emana da pia, primeiro lentamente, depois numa nuvem mais encorpada, quase apocalíptica, enquanto o jato d’água chia contra a superfície da louça suja. A mulher despeja algumas gotas de detergentes na esponja e começa a lavar. Esfrega com vigor, começando pelas travessas que estavam imersas na água parada, pegando em seguida os copos e, por fim, a pilha de pratos. Vai acumulando-os, já envoltos em espuma, de um dos lados da pia, num trabalho longo, árduo. E só depois se põe a enxaguá-los, deixando que a água escoe, levando consigo o que resta dos detritos.

         De repente, a mulher sorri. As pessoas não acreditam, mas ela gosta de lavar louça. Sempre gostou. A sensação da água quente nas mãos, seu jato carregando as impurezas, são para ela um bálsamo. “É bom assistir a essa passagem, à transformação do sujo em limpo”, ouviu dizer um dia um poeta, que também gostava de lavar louça. Ficara feliz ao ouvir aquilo. Só então se dera conta do quanto havia de beleza e poesia nesses gestos tão simples. Mas agora a mulher suspira. Queria poder também lavar os erros do mundo, desfazer seus escombros, apagar-lhe as nódoas, envolver em sabão todos os ódios e horrores, as misérias e mentiras. Porque, afinal, do jeito que as coisas andam, é o próprio mundo que vai acabar – ele inteiro – descendo pelo ralo.


(SEIXAS, Heloisa. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 23 set. 2001. Revista de Domingo, Seção Contos Mínimos.)
Os termos destacados a seguir podem ser identificados exercendo a mesma função sintática na frase, tal fato só não pode ser constatado em: 
Alternativas
Respostas
386: C
387: E
388: D
389: A
390: D