Questões de Concurso Comentadas por alunos sobre funções morfossintáticas da palavra se em português

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Q1109424 Português

Leia o texto abaixo, escrito pela educadora e poeta Cecília Meirelles, e responda à questão.


                      

Caso se faça, em ordem direta, a reescrita em prosa da passagem “Se desmorono ou se edifico, se permaneço ou me desfaço, — não sei, não sei.” (linhas 9-11), poder-se-ia verificar que o conectivo "se" teria a classificação de conjunção subordinativa
Alternativas
Q1107501 Português

                O monge budista que ficou bilionário esnobando os investidores


Se esse bilionário de 83 anos estiver certo, uma das principais lições ensinadas nas faculdades de Administração está errada.

Sabe toda aquela insistência em se concentrar nos acionistas? Esqueça, diz Kazuo Inamori, empreendedor, guru de gestão e monge budista. Em vez disso, invista seu tempo na alegria dos funcionários. Ele utilizou essa filosofia para estabelecer a gigante dos eletrônicos Kyocera Corp. há mais de cinco décadas, criar a operadora de telefonia que agora é conhecida como KDDI Corp., avaliada em US$ 64 bilhões, e resgatar a Japan Airlines Co. de seu pedido de falência.

Na sede da Kyocera, com vista para as colinas e os templos da antiga capital Kyoto, Inamori manifesta dúvidas sobre os modos capitalistas ocidentais. Sua perspectiva é um lembrete de que muitos setores fortes da indústria japonesa não acreditam nos planos propostos pelo primeiro-ministro Shinzo Abe para que as empresas se dediquem mais aos acionistas.

“Se você quer os ovos, cuide bem das galinhas”, disse Inamori em uma entrevista no dia 23 de outubro. “Se você maltratar ou matar as galinhas, não vai dar certo”.

Essa perspectiva tem seu peso devido ao sucesso de Inamori. A KDDI e a Kyocera têm juntas um valor de mercado de aproximadamente US$ 82 bilhões. Quando Inamori foi nomeado CEO da Japan Airlines em 2010, ele estava com 77 anos e não tinha nenhuma experiência no setor. No ano seguinte, ele conseguiu que a empresa aérea voltasse a lucrar e tirou-a da falência. Em 2012, ele a listou novamente na bolsa de Tóquio.

Mudança de mentalidade

O segredo, segundo Inamori, foi modificar a mentalidade dos funcionários. Após assumir o cargo de CEO sem remuneração, ele imprimiu para cada funcionário um pequeno livro sobre suas filosofias, onde afirmava que a empresa se dedicava ao crescimento deles. Ele também explicava o significado social do trabalho que eles realizavam e delineava princípios inspirados no budismo, que os funcionários deveriam adotar em suas vidas, como ser humilde e fazer o correto. Isso fez com que os empregados sentissem orgulho da empresa aérea e estivessem prontos para se empenhar mais para que ela tivesse sucesso, disse Inamori.

Essa doutrina conquistou adeptos, em parte porque a linha que separa a vida profissional e a vida pessoal no Japão é mais tênue que nos EUA. Mas nem todas as táticas de Inamori são tão espirituais. Seu sistema de “administração ameba” dividiu os funcionários em unidades minúsculas que elaboram seus próprios planos e monitoram a eficiência por hora usando um sistema contábil original. A recuperação promovida por ele também eliminou quase um terço da força de trabalho da empresa aérea, cerca de 16.000 pessoas.

“Os empresários devem fazer com que todos os seus funcionários estejam felizes, tanto material como intelectualmente”, disse Inamori. “Esse é o objetivo. O objetivo não deveria ser trabalhar para os acionistas”.

Funcionários felizes

Talvez isso não impressione alguns investidores, mas esse homem não vê nenhuma contradição nisso. Se os funcionários estão felizes, eles trabalham melhor e os lucros melhoram, disse ele. As empresas não deveriam sentir vergonha de obter benefícios se ao mesmo tempo elas beneficiam a sociedade, disse Inamori.

As empresas que Inamori liderou não estão conectadas apenas pelo estilo de gestão. A Kyocera era a maior acionista da KDDI até o dia 30 de setembro, com 13,7 por cento dos direitos de voto, de acordo com o site da empresa telefônica. Essa participação vale US$ 8,2 bilhões, quase metade do valor de mercado da Kyocera. A Kyocera possui 2,1 por cento da Japan Airlines, mostram dados compilados pela Bloomberg.

O capitalismo menos extremo de Inamori é produto da sociedade japonesa, que, segundo ele, está menos disposta que as economias ocidentais a aceitar as diferenças entre ricos e pobres. Os executivos precisam levar isso em consideração, disse ele.

“As empresas realmente pertencem aos acionistas, mas centenas ou milhares de funcionários também estão envolvidos”, disse Inamori. “As galinhas precisam estar saudáveis”.

REDMOND, Tom; TANIGUCHI, Takako. O monge budista que ficou bilionário esnobando investidores. MSN; Bloomberg. Disponível em:<http://zip.net/bqsmRt> . Acesso em: 10 nov. 2015. 

Releia o trecho a seguir.


Se esse bilionário de 83 anos estiver certo, uma das principais lições ensinadas nas faculdades de Administração está errada.”


Assinale a alternativa em que a partícula “se” desempenha a mesma função da do trecho anterior.

Alternativas
Q1104026 Português
INSTRUÇÃO: Leia o texto I a seguir para responder à questão.

Texto I

Quem vive no interior está mais satisfeito com a vida, segundo pesquisa

Se até pouco tempo atrás as pessoas costumavam sair das cidades pequenas para viver nas grandes metrópoles, isso vem mudando cada vez mais. Muita gente tem feito o caminho inverso, em busca de maior qualidade de vida. E, segundo uma pesquisa feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que calcula o índice de satisfação das pessoas com a vida, quem mora no interior é realmente mais feliz!
Em uma escala que vai de 0 a 100, o índice atingiu os 66,9 pontos para quem vive no interior, 64,7 pontos para quem vive nas capitais e 62 pontos para quem reside nas periferias. Além do mais, quem vive no interior tem menos medo de perder seu emprego, segundo essa mesma pesquisa.
Para algumas pessoas, viver no interior e nas cidades menores não é possível, por causa de seus empregos, mas cada vez mais as pessoas vêm mudando de vida, encontrando soluções e indo em busca de uma vida mais simples, mais saudável, barata e feliz!

Disponível em: <http://razoesparaacreditar.com/cidadania/quem-vive-interior-satisfeito-vida-pesquisa/>. Acesso em: 15 jan. 2017. 
Analise o trecho a seguir.
Se até pouco tempo atrás as pessoas costumavam sair das cidades pequenas para viver nas grandes metrópoles, isso vem mudando cada vez mais.”
A palavra destacada foi utilizada no trecho para indicar uma:
Alternativas
Q1102860 Português

Sobre a banalização do próprio corpo

Recentemente, num café da manhã entre confrades, ao sugerir – destaco “sugerir” – a uma amiga atriz que fechasse um dos botões de sua camisa, pois um de seus seios poderia ficar exposto ao movimentar-se, obtenho a resposta: “Mas é só um peito como todos os outros. Como aquele das mães que amamentam. É só mais um peito”.

Um pouco confuso com a reação, me calo e reflito… “É só mais um peito”? Mal da Filosofia: faço da afirmação um problema, uma questão.

A pergunta me remói por dias, até que assisto ao espetáculo Ziggy, homenagem prestada a David Bowie pela Cisne Negro Cia. de Dança, de Hulda Bittencourt. Ao mergulhar minha visão – e meu ser, portanto – nos corpos em gesto dos bailarinos e nas suas extensões, isto é, o belo e inspirado figurino de Fabio Namatame, uma pletora de pensamentos me invade, dentre eles, e sobretudo, a reflexão do filósofo francês Maurice Merleau-Ponty.

Merleau-Ponty teve um papel importantíssimo ao recuperar a importância da percepção para a Filosofia. Suas teses de doutorado – a complementar, A estrutura do comportamento, e a principal, Fenomenologia da percepção – são consagradas a permutar, no modo como concebemos a consciência, o ego cogito (“eu penso”), tal como o compreendemos até então, pelo ego percipio (“eu percebo”). Numa direção diversa daquela de Descartes, Merleau-Ponty não funda o modo de ser singular do homem em sua capacidade de pensar, mas em sua percepção.

A partir das reflexões de Edmund Husserl, MerleauPonty alerta que não há uma consciência pura, tal como o defendia Descartes, isto é, o homem não pode ser simplesmente uma “coisa pensante” (res cogitans). Ele é necessariamente uma consciência aberta para o mundo. Sua consciência é sempre consciência de alguma coisa. E aquilo que possibilita a ele estar no mundo em consciência é seu corpo. E aqui temos uma marca importantíssima.

Em diálogo com Husserl e com toda uma série de pensadores franceses – dentre eles Malecranche, Maine de Biran e Bergson –, Merleau-Ponty evoca a noção de corpo-próprio. Podemos compreendê-la melhor por meio de uma distinção que faz a língua alemã. Dentre as palavras usadas para se referir a “corpo”, destacam-se duas: Körper e Leib. Körper designa qualquer corpo posto no espaço. Leib designa um corpo animado, um corpo vivo, o corpo próprio a um dado sujeito ou, se se preferir, a uma dada subjetividade.

Mas por que desta distinção? Responder a esta pergunta nos auxilia a responder à questão que nos colocamos de início. Nosso próprio corpo, ou, se se preferir, nosso corpo-próprio – como se traduz usualmente em português a palavra Leib – não é como qualquer outro corpo posto no espaço. Ele é dotado de vida: vida única, singular e que nos constitui. Sem ele, não estaríamos presentes no mundo, não o perceberíamos e não faríamos a sua experiência (a do corpo e a do mundo).

Nosso corpo não se desloca no espaço, ele realiza gestos. Uma cadeira não realiza gestos, um automóvel ou uma máquina tampouco. Minha mão, seus olhos, os braços de um dançarino, o corpo de um ator se movimentam no espaço de uma maneira totalmente diversa daquela de qualquer outro corpo. O corpo próprio percebe tudo aquilo que o envolve no ato em que se move, percebendo a si próprio. Mais que isso, na e pela percepção ele cria, inventa e transforma o espaço que se abre para acolher seu gesto.

Como diria Merleau-Ponty em sua tese principal, “O corpo-próprio está no mundo como o coração no organismo: ele mantém continuamente com vida o espetáculo visível, ele o anima e o nutre interiormente, forma com ele um sistema”.

Regressemos ao espetáculo Ziggy. Nele, o figurino expunha partes dos corpos dos bailarinos sem qualquer excesso, sem qualquer possibilidade de banalização. Lá havia seios à mostra: em alguns casos um; noutros, eram vistos parcialmente. Mas tudo sem excesso. O figurino valorizava os movimentos de cada um dos corpos que se ofereciam ao espaço, que eram por ele acolhidos e que, simultaneamente, o faziam se abrir a seus gestos. Na dança, por exemplo, é possível captar esta bela dimensão em que se percebe a criação como o encontro entre o movimento e o espaço, e não somente como fruto do movimento de um sujeito num espaço inerte. Não é possível um sem o outro.

Fechando o círculo constituído por esta reflexão, retomo, então, a questão: “É só mais um peito”? Não se tratava, ali, de “só um peito”, mas de um seio único que não é simplesmente algo à parte, um conjunto de pontos localizáveis no espaço que o constituem como um corpo isolado. Ele é necessariamente parte de um corpo inteiro que, por sua vez, põe a pessoa em contato com o mundo e a faz, por esta situação, transformar o próprio mundo por seus gestos. Como o seio da dançarina, aquele dito “só mais um peito” se movimenta com o corpo todo. Dizia Merleau-Ponty que as partes do corpo “se reportam umas às outras de uma maneira original: não estão dispersas umas ao lado das outras, mas envolvidas umas nas outras”.

Ao tomar o seio, por exemplo, como “só mais um peito”, é desprezado o corpo inteiro da bailarina que se expressa no movimento, compondo um gesto singular que cria a cena, que abre um horizonte de percepção. Ao banalizar o corpo-próprio, seu gesto – a dança, o atuar, o canto, por exemplo – perde sentido. Os seios nus das combatentes do “Femens” deixariam de ter o mesmo impacto e de, em sua densidade, constituir ato político. E assim será se banalizarmos qualquer parte de nosso corpo ou mesmo quaisquer de seus gestos: punhos erguidos, palmas, vaias, o beijo.

Não se trata, aqui, de debater a ocasião em que a frase sugerida para discussão – “Mas é só um peito […]” – fora enunciada. Tampouco de renegar as lutas políticas pelas quais passamos nas últimas décadas, de que somos devedores, que possibilitaram liberações em dimensões diversas de nossa vida em sociedade, e de nos recolhermos na redoma conservadora que, nos anos recentes, se ergue em torno de nós e nos sufoca tal qual clausura. É preciso defender o espaço

Trata-se apenas de um convite a pôr em questão a frase proferida, de modo a manter-nos despertos e atentos a cada gesto realizado, não para perscrutar a própria consciência ou mesmo o inconsciente, como se ambos escondessem alguma verdade à espera da decifração, mas para, por meio desta atenção sobre nós mesmos, vivermos intensamente cada gesto realizado pelo próprio corpo, pelo corpo inteiro – pelo corpo-próprio –, em sua singular complexidade.conquistado.


Francisco Alessandro. Revista cult. Disponível em:

<https://bit.ly/2LHLa1P>. Acesso em: 6 ago. 2018 (Adaptação).

Releia o trecho a seguir.

[...] o corpo próprio a um dado sujeito ou, se se preferir, a uma dada subjetividade. [...]”

A primeira palavra “se” desse trecho pode ser classificada como

Alternativas
Q1102424 Português
A lua quadrada de Londres

     Eu vinha voltando para casa, dentro da noite de Londres. Uma noite fria, nevoenta, silenciosa – uma noite de Londres. Noite de inverno que começa às quatro horas da tarde e termina às oito da manhã. Noite de navio perdido em alto-mar, de cemitério, de charneca, de fim de ano, de morro dos ventos uivantes. Noite de vampiros, de lobisomens, de fantasmas, de assassinos, de Jack, o Estripador. Eu vinha vindo e apressava o passo, querendo chegar depressa, antes que aquela noite tão densa me dissolvesse para sempre em suas sombras. De espaço a espaço, a luz amarelo-âmbar dos postes pontilhava a rua com seu pequeno foco, como olhos de pantera a seguir-me os passos na escuridão.
    Foi quando a neblina se esgarçou, translúcida, e a lua apareceu.
    Uma lua enorme, resplendente, majestosa – e quadrada.
   Os meus olhos a fitavam, assombrados, e eu não podia acreditar no que eles viam. Quadrada como uma janelinha aberta no céu. Mas amarela como todas as luas do mundo, flutuando na noite, plena de luz, solitária e bela.
  As luas de Londres... Ah, Jayme Ovalle, Manuel Bandeira! A lua de Londres era quadrada!
  Pensei estar sonhando e baixei os olhos humildemente, indigno de merecê-la, tendo bebido mais do que imaginava. Entrei em casa bêbado de lua e fui refugiar-me em meu quarto, refeito já do estranho delírio, no ambiente cálido e acolhedor do meu tugúrio, cercado de objetos familiares.
  Mas foi só chegar à janela, e lá estava ela, dependurada no céu em desafio: uma lua deslumbrante que a neblina não conseguia ofuscar, cubo de luz suspenso no espaço, de contornos precisos, nítido em seus ângulos retos, a desafiar-me com seu mistério. A lua quadrada de Londres!
  Evitei olhá-la outra vez, para não sucumbir ao seu fascínio. Corri as cortinas e fui dormir sob seus eflúvios – enigma imemorial a zombar de todas as astronomias através dos séculos, da mais remota antiguidade aos nossos dias, e oferecendo unicamente a mim a sua verdadeira face. É possível que um sábio egípcio, há cinco mil anos, do alto de uma pirâmide, a tenha vislumbrado uma noite e tentado perquirir o seu segredo. É possível que em Babilônia um cortesão de Nabucodonosor se tenha enamorado perdidamente de uma princesa, na moldura quadrada de seus raios. É possível que na China de Confúcio um mandarim se tenha curvado reverente no jardim, entre papoulas, sob o império de seu brilho retilíneo. É possível que na África, numa clareira das selvas, um feiticeiro da tribo lhe tenha oferecido em holocausto a carcaça sangrenta de um antílope. É possível que nos mares gelados do Norte um viking tenha há 12 séculos levantado os olhos sob o elmo de chifres, e contemplado aquela surpreendente forma geométrica, procurando orientar por ela o seu bergantim. É possível que na Idade Média um alquimista tenha aumentado, sob a influência de sua radiância quadrangular, o efeito milagroso de um elixir da longa vida. É possível que, no longo dos anos, mais de uma donzela haja estremecido em sonhos ao receber no corpo a carícia estranhamente angulosa do luar. Mas, nos dias de hoje, somente a mim a lua se oferecia em toda a sua nudez quadrada. Dormi sorrindo, ao pensar que os astronautas modernos se preparam para ir à Lua em breve – sem ao menos desconfiar que ela não é redonda, mas quadrada como uma janela aberta no cosmo – verdade celestial que só um noctívago em Londres fora capaz de merecer.
    Lembro-me de uma história – história que inventei, mas que nem por isso deixa de ser verdadeira. Era um marinheiro dinamarquês, de um cargueiro atracado no porto do Rio de Janeiro por uma noite apenas. Saíra pela cidade desconhecida, de bar em bar, e vinha voltando solitário e bêbado pela madrugada, quando se deu o milagre: nas sujas águas do canal do Mangue, viu refletida uma claridade difusa – ergueu os olhos e viu que as nuvens se haviam rasgado no céu, e o Cristo surgira para ele, de braços abertos, em todo o seu divino esplendor. Fulminado pela visão, caiu de joelhos e chorou de arrependimento pela vida de pecado e impenitência que levara até então. De volta à sua terra, converteu-se, tornou-se místico, acabou num convento. E anos mais tarde, depois de uma vida inteira dedicada a Deus, o monge recebe a visita de um brasileiro. Aquele homem era da cidade em que se dera o milagre da sua conversão.
     – O que o senhor viu foi a estátua do Corcovado – explicou o carioca. Não diz a história se o religioso deixou de sê-lo, por causa da prosaica revelação. Não diz, porque me eximo de acrescentar que, na realidade, depois de viver tanto tempo uma crença construída sobre o equívoco, este equívoco passava a ser mesmo um milagre, como tudo mais nesta vida.
     O milagre da lua quadrada de Londres não me foi desfeito por nenhum londrino descrente do surrealismo astronômico nos céus britânicos. Bastou olhar de manhã pela janela e pude ver, recortado contra o céu, o gigantesco guindaste no cume de uma construção, e numa das pontas da armação de aço atravessada no ar, junto ao contrapeso, o quadrado de vidro que à noite se acende. A minha lua quadrada de Londres.
    Quadrado que talvez simbolize todo um sistema de vida, mais do que anuncia a pequena palavra Laig nele escrita, marca de fabricação do guindaste. De qualquer maneira, os ingleses ganharam, pelo menos na minha imaginação, o emblema do seu modo de ser, impresso nessa visão de uma noite, que foi a lua quadrada de Londres.
(SABINO, Fernando, 1923-2004 – As melhores crônicas – 14ª ed. – Rio de Janeiro: Record, 2010. 224 p.)
Em todas as alternativas a seguir as palavras sublinhadas possuem o mesmo valor semântico, EXCETO: 
Alternativas
Respostas
416: B
417: C
418: D
419: C
420: C