Questões de Concurso Comentadas por alunos sobre modernismo em literatura
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I. A perífrase é a substituição de uma ou mais palavras por outra que a identifique como, por exemplo: “o rugido do rei das selvas é ouvido a uma distância de 5 quilômetros” (o rugido do leão é ouvido a uma distância de 5 quilômetros).
II. A catacrese representa o uso privilegiado de um termo específico devido a uma obrigação retórica ou à imposição do estilo. Um exemplo de catacrese pode ser visto em: embarcou há pouco no avião, pois o termo “embarcar” é colocar-se a bordo de um barco, sendo esse o termo específico também para o avião.
III. Uma metáfora representa uma sobreposição de termos técnicos com o objetivo de provocar no leitor uma miscelânea de sentimentos, como se pode perceber nos seguintes exemplos: a vida é um moinho / você fala como uma arara.
Marque a alternativa CORRETA:
I. A sinestesia acontece pela associação de sensações por órgãos de sentidos diferentes, como, por exemplo: “Com aqueles olhos frios, disse que não gostava mais da namorada” (a frieza está associada ao tato e não à visão).
II. A hipérbole corresponde ao exagero de uma ideia feito de maneira intencional, como, por exemplo: quase morri de estudar.
III. A metonímia é a omissão de significados de palavras compostas, feita através da substantivação de um verbo no infinitivo. Um exemplo de metonímia pode ser visto em: costumava ler Shakespeare / aprecio a sua voz.
Marque a alternativa CORRETA:
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Resolvo-me a contar, depois de muita hesitação, casos passados há dez anos. Não conservo notas: algumas que tomei foram inutilizadas, e assim, com o decorrer do tempo, ia-me parecendo cada vez mais difícil, quase impossível, redigir esta narrativa. Além disso, julgando a matéria superior às minhas forças, esperei que outros mais aptos se ocupassem dela. Não vai aqui falsa modéstia, como adiante se verá. Também me afligiu a ideia de jogar no papel criaturas vivas, sem disfarces, com os nomes que têm no registro civil. Repugnava-me deformá-las, dar-lhes pseudônimo, fazer do livro uma espécie de romance; mas teria eu o direito de utilizá-las em história presumivelmente verdadeira? Que diriam elas se se vissem impressas, realizando atos esquecidos, repetindo palavras contestáveis e obliteradas? Restar-me-ia alegar que o DIP, a polícia, enfim, os hábitos de um decênio de arrocho, me impediram o trabalho. Isto, porém, seria injustiça. Nunca tivemos censura prévia em obra de arte. Efetivamente se queimaram alguns livros, mas foram raríssimos esses autos de fé. Em geral a reação se limitou a suprimir ataques diretos, palavras de ordem, tiradas demagógicas, e disto escasso prejuízo veio à produção literária. Certos escritores se desculpam de não haverem forjado coisas excelentes por falta de liberdade — talvez ingênuo recurso de justificar inépcia ou preguiça. Liberdade completa ninguém desfruta: começamos oprimidos pela sintaxe e acabamos às voltas com a Delegacia de Ordem Política e Social, mas, nos estreitos limites a que nos coagem a gramática e a lei, ainda nos podemos mexer. Não será impossível acharmos nas livrarias libelos terríveis contra a república novíssima, às vezes com louvores dos sustentáculos dela, indulgentes ou cegos. Não caluniemos o nosso pequenino fascismo tupinambá: se o fizermos, perderemos qualquer vestígio de autoridade e, quando formos verazes, ninguém nos dará crédito. De fato ele não nos impediu escrever. Apenas nos suprimiu o desejo de entregar-nos a esse exercício.
Graciliano Ramos. Memórias do cárcere. Editora Record.
Tendo o texto precedente como referência inicial, julgue o item subsecutivo, relacionados ao Modernismo e a tendências contemporâneas da literatura brasileira.
Embora a obra de Graciliano Ramos seja caracterizada como
realista, ou seja, contrária às concepções românticas da arte,
as Memórias do Cárcere começaram a ser redigidas em um
momento de mudança de padrões literários, que colocou em
segundo plano o realismo e foi considerado pela crítica e
pela história da literatura um divisor de águas na literatura
brasileira moderna.