Questões de Concurso Para fadesp

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Q2717267 Português

EXCERTO 3- QUESTÕES 11 a 15


  1. Ser multitarefa, uma outra dimensão do mesmo fenômeno, é visto como uma
  2. capacidade neste momento histórico, uma espécie de ganho evolutivo que tornaria a pessoa
  3. mais bem adaptada à sua época. É pergunta de questionários, qualidade apresentada por
  4. pessoas vendendo a si mesmas, exigência apontada pelos gurus do sucesso. Logo se
  5. tornará altamente subversivo, desorganizador, alguém ter a ousadia de afirmar: “Não, eu não
  6. sou multitarefa. Me dedico a uma coisa de cada vez”.
  7. Han, assim como outros filósofos contemporâneos, discorda dessa ideia – ou dessa
  8. propaganda. Ou, ainda, dessa armadilha. Para ele, a técnica temporal e de atenção
  9. multitarefa não representa nenhum progresso civilizatório. Trata-se, sim, de um retrocesso.
  10. excesso de positividade se manifesta também como excesso de estímulos, informações e
  11. impulsos. Modifica radicalmente a estrutura e a economia da atenção. Com isso, fragmenta e
  12. destrói a atenção. A técnica da multitarefa não é uma conquista civilizatória atingida pelo
  13. humano deste tempo histórico. Ao contrário, está amplamente disseminada entre os animais
  14. em estado selvagem: “Um animal ocupado no exercício da mastigação da sua comida tem de
  15. ocupar-se, ao mesmo tempo, também com outras atividades. Deve cuidar para que, ao
  16. comer, ele próprio não acabe comido. Ao mesmo tempo ele tem que vigiar sua prole e manter
  17. o olho em seu/sua parceiro/a. Na vida selvagem, o animal está obrigado a dividir sua atenção
  18. em diversas atividades. Por isso, não é capaz de aprofundamento contemplativo – nem no
  19. comer nem no copular. O animal não pode mergulhar contemplativamente no que tem diante
  20. de si, pois tem de elaborar, ao mesmo tempo, o que tem atrás de si”.
  21. A contemplação é civilizatória. E o tédio é criativo. Mas ambos foram eliminados pelo
  22. preenchimento ininterrupto do tempo humano por tarefas e estímulos simultâneos. Você
  23. executa uma tarefa e atende ao celular, responde a um WhatsApp enquanto cozinha, come
  24. assistindo à Netflix e xingando alguém no Facebook, pergunta como foi a escola do filho
  25. checando o Twitter, dirige o carro postando uma foto no Instagram, faz um trabalho enquanto
  26. manda um email sobre outro e assim por diante. Duas, três... várias tarefas ao mesmo tempo.
  27. Como se isso fosse um ganho – e não uma perda monumental, uma involução.
  28. Voltamos ao modo selvagem. Nietzsche (1844-1900), ainda na sua época, já
  29. chamava a atenção para o fato de que a vida humana finda numa hiperatividade mortal se
  30. dela for expulso todo elemento contemplativo: “Por falta de repouso, nossa civilização
  31. caminha para uma nova barbárie”.


Disponível em:<http://brasil.elpais.com/brasil/2016/07/04/politica/1467642464_246482.html>.

Acesso em: 12 abr. 2017.

Releia o trecho em que a autora enumera as tarefas realizadas hoje

Você executa uma tarefa e atende ao celular, responde a um WhatsApp enquanto cozinha, come assistindo à Netflix e xingando alguém no Facebook, pergunta como foi a escola do filho checando o Twitter, dirige o carro postando uma foto no Instagram, faz um trabalho enquanto manda um email sobre outro e assim por diante. Duas, três... várias tarefas ao mesmo tempo (l. 22 a 26).

Quanto aos mecanismos de coesão, é correto afirmar que o

Alternativas
Q2717265 Português

EXCERTO 3- QUESTÕES 11 a 15


  1. Ser multitarefa, uma outra dimensão do mesmo fenômeno, é visto como uma
  2. capacidade neste momento histórico, uma espécie de ganho evolutivo que tornaria a pessoa
  3. mais bem adaptada à sua época. É pergunta de questionários, qualidade apresentada por
  4. pessoas vendendo a si mesmas, exigência apontada pelos gurus do sucesso. Logo se
  5. tornará altamente subversivo, desorganizador, alguém ter a ousadia de afirmar: “Não, eu não
  6. sou multitarefa. Me dedico a uma coisa de cada vez”.
  7. Han, assim como outros filósofos contemporâneos, discorda dessa ideia – ou dessa
  8. propaganda. Ou, ainda, dessa armadilha. Para ele, a técnica temporal e de atenção
  9. multitarefa não representa nenhum progresso civilizatório. Trata-se, sim, de um retrocesso.
  10. excesso de positividade se manifesta também como excesso de estímulos, informações e
  11. impulsos. Modifica radicalmente a estrutura e a economia da atenção. Com isso, fragmenta e
  12. destrói a atenção. A técnica da multitarefa não é uma conquista civilizatória atingida pelo
  13. humano deste tempo histórico. Ao contrário, está amplamente disseminada entre os animais
  14. em estado selvagem: “Um animal ocupado no exercício da mastigação da sua comida tem de
  15. ocupar-se, ao mesmo tempo, também com outras atividades. Deve cuidar para que, ao
  16. comer, ele próprio não acabe comido. Ao mesmo tempo ele tem que vigiar sua prole e manter
  17. o olho em seu/sua parceiro/a. Na vida selvagem, o animal está obrigado a dividir sua atenção
  18. em diversas atividades. Por isso, não é capaz de aprofundamento contemplativo – nem no
  19. comer nem no copular. O animal não pode mergulhar contemplativamente no que tem diante
  20. de si, pois tem de elaborar, ao mesmo tempo, o que tem atrás de si”.
  21. A contemplação é civilizatória. E o tédio é criativo. Mas ambos foram eliminados pelo
  22. preenchimento ininterrupto do tempo humano por tarefas e estímulos simultâneos. Você
  23. executa uma tarefa e atende ao celular, responde a um WhatsApp enquanto cozinha, come
  24. assistindo à Netflix e xingando alguém no Facebook, pergunta como foi a escola do filho
  25. checando o Twitter, dirige o carro postando uma foto no Instagram, faz um trabalho enquanto
  26. manda um email sobre outro e assim por diante. Duas, três... várias tarefas ao mesmo tempo.
  27. Como se isso fosse um ganho – e não uma perda monumental, uma involução.
  28. Voltamos ao modo selvagem. Nietzsche (1844-1900), ainda na sua época, já
  29. chamava a atenção para o fato de que a vida humana finda numa hiperatividade mortal se
  30. dela for expulso todo elemento contemplativo: “Por falta de repouso, nossa civilização
  31. caminha para uma nova barbárie”.


Disponível em:<http://brasil.elpais.com/brasil/2016/07/04/politica/1467642464_246482.html>.

Acesso em: 12 abr. 2017.

Julgue as afirmações abaixo.

I. O advérbio “ainda” (l. 8) expressa a ideia de tempo presente.

II. O futuro do pretérito, no verbo “tornar” (l. 2), marca também o distanciamento da autora em relação àquilo que é afirmado.

III. As palavras “propaganda” e “armadilha” (l. 8) revelam a falta de adesão da autora quanto à importância da técnica temporal e de atenção multitarefa.

IV. O pronome “você” (l. 22) é utilizado pela autora para estabelecer uma interlocução mais próxima com o leitor, como uma estratégia de convencimento.

Está correto o que se afirma em

Alternativas
Q2717264 Português

EXCERTO 3- QUESTÕES 11 a 15


  1. Ser multitarefa, uma outra dimensão do mesmo fenômeno, é visto como uma
  2. capacidade neste momento histórico, uma espécie de ganho evolutivo que tornaria a pessoa
  3. mais bem adaptada à sua época. É pergunta de questionários, qualidade apresentada por
  4. pessoas vendendo a si mesmas, exigência apontada pelos gurus do sucesso. Logo se
  5. tornará altamente subversivo, desorganizador, alguém ter a ousadia de afirmar: “Não, eu não
  6. sou multitarefa. Me dedico a uma coisa de cada vez”.
  7. Han, assim como outros filósofos contemporâneos, discorda dessa ideia – ou dessa
  8. propaganda. Ou, ainda, dessa armadilha. Para ele, a técnica temporal e de atenção
  9. multitarefa não representa nenhum progresso civilizatório. Trata-se, sim, de um retrocesso.
  10. excesso de positividade se manifesta também como excesso de estímulos, informações e
  11. impulsos. Modifica radicalmente a estrutura e a economia da atenção. Com isso, fragmenta e
  12. destrói a atenção. A técnica da multitarefa não é uma conquista civilizatória atingida pelo
  13. humano deste tempo histórico. Ao contrário, está amplamente disseminada entre os animais
  14. em estado selvagem: “Um animal ocupado no exercício da mastigação da sua comida tem de
  15. ocupar-se, ao mesmo tempo, também com outras atividades. Deve cuidar para que, ao
  16. comer, ele próprio não acabe comido. Ao mesmo tempo ele tem que vigiar sua prole e manter
  17. o olho em seu/sua parceiro/a. Na vida selvagem, o animal está obrigado a dividir sua atenção
  18. em diversas atividades. Por isso, não é capaz de aprofundamento contemplativo – nem no
  19. comer nem no copular. O animal não pode mergulhar contemplativamente no que tem diante
  20. de si, pois tem de elaborar, ao mesmo tempo, o que tem atrás de si”.
  21. A contemplação é civilizatória. E o tédio é criativo. Mas ambos foram eliminados pelo
  22. preenchimento ininterrupto do tempo humano por tarefas e estímulos simultâneos. Você
  23. executa uma tarefa e atende ao celular, responde a um WhatsApp enquanto cozinha, come
  24. assistindo à Netflix e xingando alguém no Facebook, pergunta como foi a escola do filho
  25. checando o Twitter, dirige o carro postando uma foto no Instagram, faz um trabalho enquanto
  26. manda um email sobre outro e assim por diante. Duas, três... várias tarefas ao mesmo tempo.
  27. Como se isso fosse um ganho – e não uma perda monumental, uma involução.
  28. Voltamos ao modo selvagem. Nietzsche (1844-1900), ainda na sua época, já
  29. chamava a atenção para o fato de que a vida humana finda numa hiperatividade mortal se
  30. dela for expulso todo elemento contemplativo: “Por falta de repouso, nossa civilização
  31. caminha para uma nova barbárie”.


Disponível em:<http://brasil.elpais.com/brasil/2016/07/04/politica/1467642464_246482.html>.

Acesso em: 12 abr. 2017.

Para fortalecer sua argumentação, a autora vale-se de
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Q2717263 Português

EXCERTO 3- QUESTÕES 11 a 15


  1. Ser multitarefa, uma outra dimensão do mesmo fenômeno, é visto como uma
  2. capacidade neste momento histórico, uma espécie de ganho evolutivo que tornaria a pessoa
  3. mais bem adaptada à sua época. É pergunta de questionários, qualidade apresentada por
  4. pessoas vendendo a si mesmas, exigência apontada pelos gurus do sucesso. Logo se
  5. tornará altamente subversivo, desorganizador, alguém ter a ousadia de afirmar: “Não, eu não
  6. sou multitarefa. Me dedico a uma coisa de cada vez”.
  7. Han, assim como outros filósofos contemporâneos, discorda dessa ideia – ou dessa
  8. propaganda. Ou, ainda, dessa armadilha. Para ele, a técnica temporal e de atenção
  9. multitarefa não representa nenhum progresso civilizatório. Trata-se, sim, de um retrocesso.
  10. excesso de positividade se manifesta também como excesso de estímulos, informações e
  11. impulsos. Modifica radicalmente a estrutura e a economia da atenção. Com isso, fragmenta e
  12. destrói a atenção. A técnica da multitarefa não é uma conquista civilizatória atingida pelo
  13. humano deste tempo histórico. Ao contrário, está amplamente disseminada entre os animais
  14. em estado selvagem: “Um animal ocupado no exercício da mastigação da sua comida tem de
  15. ocupar-se, ao mesmo tempo, também com outras atividades. Deve cuidar para que, ao
  16. comer, ele próprio não acabe comido. Ao mesmo tempo ele tem que vigiar sua prole e manter
  17. o olho em seu/sua parceiro/a. Na vida selvagem, o animal está obrigado a dividir sua atenção
  18. em diversas atividades. Por isso, não é capaz de aprofundamento contemplativo – nem no
  19. comer nem no copular. O animal não pode mergulhar contemplativamente no que tem diante
  20. de si, pois tem de elaborar, ao mesmo tempo, o que tem atrás de si”.
  21. A contemplação é civilizatória. E o tédio é criativo. Mas ambos foram eliminados pelo
  22. preenchimento ininterrupto do tempo humano por tarefas e estímulos simultâneos. Você
  23. executa uma tarefa e atende ao celular, responde a um WhatsApp enquanto cozinha, come
  24. assistindo à Netflix e xingando alguém no Facebook, pergunta como foi a escola do filho
  25. checando o Twitter, dirige o carro postando uma foto no Instagram, faz um trabalho enquanto
  26. manda um email sobre outro e assim por diante. Duas, três... várias tarefas ao mesmo tempo.
  27. Como se isso fosse um ganho – e não uma perda monumental, uma involução.
  28. Voltamos ao modo selvagem. Nietzsche (1844-1900), ainda na sua época, já
  29. chamava a atenção para o fato de que a vida humana finda numa hiperatividade mortal se
  30. dela for expulso todo elemento contemplativo: “Por falta de repouso, nossa civilização
  31. caminha para uma nova barbárie”.


Disponível em:<http://brasil.elpais.com/brasil/2016/07/04/politica/1467642464_246482.html>.

Acesso em: 12 abr. 2017.

Quanto à visão de Eliane Brum sobre a “técnica temporal de atenção multitarefa”, só não é correto afirmar que
Alternativas
Q2717262 Português

EXCERTO 3- QUESTÕES 11 a 15


  1. Ser multitarefa, uma outra dimensão do mesmo fenômeno, é visto como uma
  2. capacidade neste momento histórico, uma espécie de ganho evolutivo que tornaria a pessoa
  3. mais bem adaptada à sua época. É pergunta de questionários, qualidade apresentada por
  4. pessoas vendendo a si mesmas, exigência apontada pelos gurus do sucesso. Logo se
  5. tornará altamente subversivo, desorganizador, alguém ter a ousadia de afirmar: “Não, eu não
  6. sou multitarefa. Me dedico a uma coisa de cada vez”.
  7. Han, assim como outros filósofos contemporâneos, discorda dessa ideia – ou dessa
  8. propaganda. Ou, ainda, dessa armadilha. Para ele, a técnica temporal e de atenção
  9. multitarefa não representa nenhum progresso civilizatório. Trata-se, sim, de um retrocesso.
  10. excesso de positividade se manifesta também como excesso de estímulos, informações e
  11. impulsos. Modifica radicalmente a estrutura e a economia da atenção. Com isso, fragmenta e
  12. destrói a atenção. A técnica da multitarefa não é uma conquista civilizatória atingida pelo
  13. humano deste tempo histórico. Ao contrário, está amplamente disseminada entre os animais
  14. em estado selvagem: “Um animal ocupado no exercício da mastigação da sua comida tem de
  15. ocupar-se, ao mesmo tempo, também com outras atividades. Deve cuidar para que, ao
  16. comer, ele próprio não acabe comido. Ao mesmo tempo ele tem que vigiar sua prole e manter
  17. o olho em seu/sua parceiro/a. Na vida selvagem, o animal está obrigado a dividir sua atenção
  18. em diversas atividades. Por isso, não é capaz de aprofundamento contemplativo – nem no
  19. comer nem no copular. O animal não pode mergulhar contemplativamente no que tem diante
  20. de si, pois tem de elaborar, ao mesmo tempo, o que tem atrás de si”.
  21. A contemplação é civilizatória. E o tédio é criativo. Mas ambos foram eliminados pelo
  22. preenchimento ininterrupto do tempo humano por tarefas e estímulos simultâneos. Você
  23. executa uma tarefa e atende ao celular, responde a um WhatsApp enquanto cozinha, come
  24. assistindo à Netflix e xingando alguém no Facebook, pergunta como foi a escola do filho
  25. checando o Twitter, dirige o carro postando uma foto no Instagram, faz um trabalho enquanto
  26. manda um email sobre outro e assim por diante. Duas, três... várias tarefas ao mesmo tempo.
  27. Como se isso fosse um ganho – e não uma perda monumental, uma involução.
  28. Voltamos ao modo selvagem. Nietzsche (1844-1900), ainda na sua época, já
  29. chamava a atenção para o fato de que a vida humana finda numa hiperatividade mortal se
  30. dela for expulso todo elemento contemplativo: “Por falta de repouso, nossa civilização
  31. caminha para uma nova barbárie”.


Disponível em:<http://brasil.elpais.com/brasil/2016/07/04/politica/1467642464_246482.html>.

Acesso em: 12 abr. 2017.

O exemplo do comportamento dos animais corrobora a tese de que “ser multitarefa”
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Q2717261 Português

EXCERTO 2- QUESTÕES 7 a 10


  1. Talvez parte do que consideramos ativismo seja um novo tipo de passividade. Há
  2. tanta informação disponível, mas talvez estejamos nos imbecilizando. Porque nos falta
  3. contemplação, nos falta o vazio que impele à criação, nos falta silêncios. Nos falta até o tédio.
  4. Sem experiência não há conhecimento. E talvez uma parcela do ativismo seja uma ilusão de
  5. ativismo, porque sem o outro. Talvez parte do que acreditamos ser ativismo seja, ao
  6. contrário, passividade. Um novo tipo de passividade, cheia de gritos, de certezas e de pontos
  7. de exclamação. Os espasmos tornaram-se a rotina e, ao se viver aos espasmos, um
  8. espasmo anula o outro espasmo que anula o outro espasmo. Quando tudo é grito não há
  9. mais grito. Quando tudo é urgência nada é urgência. Ao final do dia que não acaba resta a
  10. ilusão de ter lutado todas as lutas, intervindo em todos os processos, protestado contra todas
  11. as injustiças. Os espasmos esgotam, exaurem, consomem. Mas não movem. Apaziguam,
  12. mas não movem. Entorpecem, mas será que movem?
  13. Sobre esse tema há um pequeno livro, precioso, chamado sugestivamente de
  14. Sociedade do Cansaço. (...) Sobre nossa nova condição, Han diz: “A sociedade do trabalho e
  15. a sociedade do desempenho não são sociedades livres. Elas geram novas coerções. A
  16. dialética do senhor e escravo está, não em última instância, naquela sociedade na qual cada
  17. um é livre e capaz também de ter tempo livre para o lazer. Leva, ao contrário, a uma
  18. sociedade do trabalho, na qual o próprio senhor se transformou num escravo do trabalho.
  19. Nessa sociedade coercitiva, cada um carrega consigo seu campo de trabalho. A
  20. especificidade desse campo de trabalho é que somos ao mesmo tempo prisioneiro e vigia,
  21. vítima e agressor. Assim, acabamos explorando a nós mesmos. Com isso, a exploração
  22. é possível mesmo sem senhorio”.
Pode-se afirmar que a autora imprime um tom informal em seu texto por
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Q2717259 Português

EXCERTO 2- QUESTÕES 7 a 10


  1. Talvez parte do que consideramos ativismo seja um novo tipo de passividade. Há
  2. tanta informação disponível, mas talvez estejamos nos imbecilizando. Porque nos falta
  3. contemplação, nos falta o vazio que impele à criação, nos falta silêncios. Nos falta até o tédio.
  4. Sem experiência não há conhecimento. E talvez uma parcela do ativismo seja uma ilusão de
  5. ativismo, porque sem o outro. Talvez parte do que acreditamos ser ativismo seja, ao
  6. contrário, passividade. Um novo tipo de passividade, cheia de gritos, de certezas e de pontos
  7. de exclamação. Os espasmos tornaram-se a rotina e, ao se viver aos espasmos, um
  8. espasmo anula o outro espasmo que anula o outro espasmo. Quando tudo é grito não há
  9. mais grito. Quando tudo é urgência nada é urgência. Ao final do dia que não acaba resta a
  10. ilusão de ter lutado todas as lutas, intervindo em todos os processos, protestado contra todas
  11. as injustiças. Os espasmos esgotam, exaurem, consomem. Mas não movem. Apaziguam,
  12. mas não movem. Entorpecem, mas será que movem?
  13. Sobre esse tema há um pequeno livro, precioso, chamado sugestivamente de
  14. Sociedade do Cansaço. (...) Sobre nossa nova condição, Han diz: “A sociedade do trabalho e
  15. a sociedade do desempenho não são sociedades livres. Elas geram novas coerções. A
  16. dialética do senhor e escravo está, não em última instância, naquela sociedade na qual cada
  17. um é livre e capaz também de ter tempo livre para o lazer. Leva, ao contrário, a uma
  18. sociedade do trabalho, na qual o próprio senhor se transformou num escravo do trabalho.
  19. Nessa sociedade coercitiva, cada um carrega consigo seu campo de trabalho. A
  20. especificidade desse campo de trabalho é que somos ao mesmo tempo prisioneiro e vigia,
  21. vítima e agressor. Assim, acabamos explorando a nós mesmos. Com isso, a exploração
  22. é possível mesmo sem senhorio”.
Segundo os princípios da norma culta, ocorre desvio de concordância verbal na oração
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Q2717257 Português

EXCERTO 2- QUESTÕES 7 a 10


  1. Talvez parte do que consideramos ativismo seja um novo tipo de passividade. Há
  2. tanta informação disponível, mas talvez estejamos nos imbecilizando. Porque nos falta
  3. contemplação, nos falta o vazio que impele à criação, nos falta silêncios. Nos falta até o tédio.
  4. Sem experiência não há conhecimento. E talvez uma parcela do ativismo seja uma ilusão de
  5. ativismo, porque sem o outro. Talvez parte do que acreditamos ser ativismo seja, ao
  6. contrário, passividade. Um novo tipo de passividade, cheia de gritos, de certezas e de pontos
  7. de exclamação. Os espasmos tornaram-se a rotina e, ao se viver aos espasmos, um
  8. espasmo anula o outro espasmo que anula o outro espasmo. Quando tudo é grito não há
  9. mais grito. Quando tudo é urgência nada é urgência. Ao final do dia que não acaba resta a
  10. ilusão de ter lutado todas as lutas, intervindo em todos os processos, protestado contra todas
  11. as injustiças. Os espasmos esgotam, exaurem, consomem. Mas não movem. Apaziguam,
  12. mas não movem. Entorpecem, mas será que movem?
  13. Sobre esse tema há um pequeno livro, precioso, chamado sugestivamente de
  14. Sociedade do Cansaço. (...) Sobre nossa nova condição, Han diz: “A sociedade do trabalho e
  15. a sociedade do desempenho não são sociedades livres. Elas geram novas coerções. A
  16. dialética do senhor e escravo está, não em última instância, naquela sociedade na qual cada
  17. um é livre e capaz também de ter tempo livre para o lazer. Leva, ao contrário, a uma
  18. sociedade do trabalho, na qual o próprio senhor se transformou num escravo do trabalho.
  19. Nessa sociedade coercitiva, cada um carrega consigo seu campo de trabalho. A
  20. especificidade desse campo de trabalho é que somos ao mesmo tempo prisioneiro e vigia,
  21. vítima e agressor. Assim, acabamos explorando a nós mesmos. Com isso, a exploração
  22. é possível mesmo sem senhorio”.
Um dos paradoxos da “sociedade do desempenho”, apontado pela autora, consiste no (na)
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Q2717256 Português

EXCERTO 2- QUESTÕES 7 a 10


  1. Talvez parte do que consideramos ativismo seja um novo tipo de passividade. Há
  2. tanta informação disponível, mas talvez estejamos nos imbecilizando. Porque nos falta
  3. contemplação, nos falta o vazio que impele à criação, nos falta silêncios. Nos falta até o tédio.
  4. Sem experiência não há conhecimento. E talvez uma parcela do ativismo seja uma ilusão de
  5. ativismo, porque sem o outro. Talvez parte do que acreditamos ser ativismo seja, ao
  6. contrário, passividade. Um novo tipo de passividade, cheia de gritos, de certezas e de pontos
  7. de exclamação. Os espasmos tornaram-se a rotina e, ao se viver aos espasmos, um
  8. espasmo anula o outro espasmo que anula o outro espasmo. Quando tudo é grito não há
  9. mais grito. Quando tudo é urgência nada é urgência. Ao final do dia que não acaba resta a
  10. ilusão de ter lutado todas as lutas, intervindo em todos os processos, protestado contra todas
  11. as injustiças. Os espasmos esgotam, exaurem, consomem. Mas não movem. Apaziguam,
  12. mas não movem. Entorpecem, mas será que movem?
  13. Sobre esse tema há um pequeno livro, precioso, chamado sugestivamente de
  14. Sociedade do Cansaço. (...) Sobre nossa nova condição, Han diz: “A sociedade do trabalho e
  15. a sociedade do desempenho não são sociedades livres. Elas geram novas coerções. A
  16. dialética do senhor e escravo está, não em última instância, naquela sociedade na qual cada
  17. um é livre e capaz também de ter tempo livre para o lazer. Leva, ao contrário, a uma
  18. sociedade do trabalho, na qual o próprio senhor se transformou num escravo do trabalho.
  19. Nessa sociedade coercitiva, cada um carrega consigo seu campo de trabalho. A
  20. especificidade desse campo de trabalho é que somos ao mesmo tempo prisioneiro e vigia,
  21. vítima e agressor. Assim, acabamos explorando a nós mesmos. Com isso, a exploração
  22. é possível mesmo sem senhorio”.
O novo tipo de passividade que, segundo a autora, caracteriza a nossa época, traduz-se por um(a)
Alternativas
Q2717252 Português

As questões abaixo baseiam-se em excertos do texto “Exaustos-e-correndo-e-dopados”, de Eliane Brum. Leia-os, com atenção, para assinalar a opção correta.


EXCERTO 1- QUESTÕES 1 a 5


Exaustos-e-correndo-e-dopados

Eliane Brum



  1. Nos achamos tão livres como donos de tablets e celulares, vamos a qualquer lugar
  2. na internet, lutamos pelas causas mesmo de países do outro lado do planeta, participamos de
  3. protestos globais e mal percebemos que criamos uma pós-submissão. Ou um tipo mais
  4. perigoso e insidioso de submissão. Temos nos esforçado livremente e com grande afinco
  5. para alcançar a meta de trabalhar 24 x 7. Vinte e quatro horas por sete dias da semana.
  6. Nenhum capitalista havia sonhado tanto. O chefe nos alcança em qualquer lugar, a qualquer
  7. hora. O expediente nunca mais acaba. Já não há espaço de trabalho e espaço de lazer, não
  8. há nem mesmo casa. Tudo se confunde. A internet foi usada para borrar as fronteiras
  9. também do mundo interno, que agora é um fora. Estamos sempre, de algum modo,
  10. trabalhando, fazendo networking, debatendo (ou brigando), intervindo, tentando não perder
  11. nada, principalmente a notícia ordinária. Consumimo-nos animadamente, a o ritmo de
  12. emoticons. E, assim, perdemos só a alma. E alcançamos uma façanha inédita: ser senhor e
  13. escravo ao mesmo tempo.
  14. Como na época da aceleração os anos já não começam nem terminam, apenas se
  15. emendam, tanto quanto os meses e como os dias (...). Estamos exaustos e correndo.
  16. Exaustos e correndo. Exaustos e correndo. E a má notícia é que continuaremos exaustos e
  17. correndo, porque exaustos-e-correndo virou a condição humana dessa época. E já
  18. percebemos que essa condição humana um corpo humano não aguenta. O corpo então virou
  19. um atrapalho, um apêndice incômodo, um não-dá-conta que adoece, fica ansioso, deprime,
  20. entra em pânico. E assim dopamos esse corpo falho que se contorce ao ser submetido a uma
  21. velocidade não humana. Viramos exaustos-e-correndo-e-dopados. Porque só dopados para
  22. continuar exaustos-e-correndo. Pelo menos até conseguirmos nos livrar desse corpo que se
  23. tornou uma barreira. O problema é que o corpo não é um outro, o corpo é o que chamamos
  24. de eu. O corpo não é limite, mas a própria condição. O corpo é.
  25. Os cliques da internet tornaram-se os remos das antigas galés. Remem remem
  26. remem. Cliquem cliquem cliquem para não ficar para trás e morrer. Mas o presente, nessa
  27. velocidade, é um pretérito contínuo. Se a internet parece ter encolhido o mundo, e milhares
  28. de quilômetros podem ser reduzidos a um clique, como diz o clichê e alguns anúncios
  29. publicitários, nosso mundo interno ficou a oceanos de nós. Conectados ao planeta inteiro,
  30. estamos desconectados do eu e também do outro. Incapazes da alteridade, o outro se tornou
  31. alguém a ser destruído, bloqueado ou mesmo deletado. Falamos muito, mas sozinhos.
  32. Escassas são as conversas, a rede tornou-se em parte um interminável discurso
  33. autorreferente, um delírio narcisista. E narciso é um eu sem eu. Porque para existir eu é
  34. preciso o outro.
A generalização expressa nas ações descritas no primeiro parágrafo do texto é marcada pelo uso de
Alternativas
Q2717247 Português

As questões abaixo baseiam-se em excertos do texto “Exaustos-e-correndo-e-dopados”, de Eliane Brum. Leia-os, com atenção, para assinalar a opção correta.


EXCERTO 1- QUESTÕES 1 a 5


Exaustos-e-correndo-e-dopados

Eliane Brum



  1. Nos achamos tão livres como donos de tablets e celulares, vamos a qualquer lugar
  2. na internet, lutamos pelas causas mesmo de países do outro lado do planeta, participamos de
  3. protestos globais e mal percebemos que criamos uma pós-submissão. Ou um tipo mais
  4. perigoso e insidioso de submissão. Temos nos esforçado livremente e com grande afinco
  5. para alcançar a meta de trabalhar 24 x 7. Vinte e quatro horas por sete dias da semana.
  6. Nenhum capitalista havia sonhado tanto. O chefe nos alcança em qualquer lugar, a qualquer
  7. hora. O expediente nunca mais acaba. Já não há espaço de trabalho e espaço de lazer, não
  8. há nem mesmo casa. Tudo se confunde. A internet foi usada para borrar as fronteiras
  9. também do mundo interno, que agora é um fora. Estamos sempre, de algum modo,
  10. trabalhando, fazendo networking, debatendo (ou brigando), intervindo, tentando não perder
  11. nada, principalmente a notícia ordinária. Consumimo-nos animadamente, a o ritmo de
  12. emoticons. E, assim, perdemos só a alma. E alcançamos uma façanha inédita: ser senhor e
  13. escravo ao mesmo tempo.
  14. Como na época da aceleração os anos já não começam nem terminam, apenas se
  15. emendam, tanto quanto os meses e como os dias (...). Estamos exaustos e correndo.
  16. Exaustos e correndo. Exaustos e correndo. E a má notícia é que continuaremos exaustos e
  17. correndo, porque exaustos-e-correndo virou a condição humana dessa época. E já
  18. percebemos que essa condição humana um corpo humano não aguenta. O corpo então virou
  19. um atrapalho, um apêndice incômodo, um não-dá-conta que adoece, fica ansioso, deprime,
  20. entra em pânico. E assim dopamos esse corpo falho que se contorce ao ser submetido a uma
  21. velocidade não humana. Viramos exaustos-e-correndo-e-dopados. Porque só dopados para
  22. continuar exaustos-e-correndo. Pelo menos até conseguirmos nos livrar desse corpo que se
  23. tornou uma barreira. O problema é que o corpo não é um outro, o corpo é o que chamamos
  24. de eu. O corpo não é limite, mas a própria condição. O corpo é.
  25. Os cliques da internet tornaram-se os remos das antigas galés. Remem remem
  26. remem. Cliquem cliquem cliquem para não ficar para trás e morrer. Mas o presente, nessa
  27. velocidade, é um pretérito contínuo. Se a internet parece ter encolhido o mundo, e milhares
  28. de quilômetros podem ser reduzidos a um clique, como diz o clichê e alguns anúncios
  29. publicitários, nosso mundo interno ficou a oceanos de nós. Conectados ao planeta inteiro,
  30. estamos desconectados do eu e também do outro. Incapazes da alteridade, o outro se tornou
  31. alguém a ser destruído, bloqueado ou mesmo deletado. Falamos muito, mas sozinhos.
  32. Escassas são as conversas, a rede tornou-se em parte um interminável discurso
  33. autorreferente, um delírio narcisista. E narciso é um eu sem eu. Porque para existir eu é
  34. preciso o outro.
O título do texto resume a crítica que faz Eliane Brum à condição de vida do homem do século XXI, caracterizada pelo(a)
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Q2717245 Português

As questões abaixo baseiam-se em excertos do texto “Exaustos-e-correndo-e-dopados”, de Eliane Brum. Leia-os, com atenção, para assinalar a opção correta.


EXCERTO 1- QUESTÕES 1 a 5


Exaustos-e-correndo-e-dopados

Eliane Brum



  1. Nos achamos tão livres como donos de tablets e celulares, vamos a qualquer lugar
  2. na internet, lutamos pelas causas mesmo de países do outro lado do planeta, participamos de
  3. protestos globais e mal percebemos que criamos uma pós-submissão. Ou um tipo mais
  4. perigoso e insidioso de submissão. Temos nos esforçado livremente e com grande afinco
  5. para alcançar a meta de trabalhar 24 x 7. Vinte e quatro horas por sete dias da semana.
  6. Nenhum capitalista havia sonhado tanto. O chefe nos alcança em qualquer lugar, a qualquer
  7. hora. O expediente nunca mais acaba. Já não há espaço de trabalho e espaço de lazer, não
  8. há nem mesmo casa. Tudo se confunde. A internet foi usada para borrar as fronteiras
  9. também do mundo interno, que agora é um fora. Estamos sempre, de algum modo,
  10. trabalhando, fazendo networking, debatendo (ou brigando), intervindo, tentando não perder
  11. nada, principalmente a notícia ordinária. Consumimo-nos animadamente, a o ritmo de
  12. emoticons. E, assim, perdemos só a alma. E alcançamos uma façanha inédita: ser senhor e
  13. escravo ao mesmo tempo.
  14. Como na época da aceleração os anos já não começam nem terminam, apenas se
  15. emendam, tanto quanto os meses e como os dias (...). Estamos exaustos e correndo.
  16. Exaustos e correndo. Exaustos e correndo. E a má notícia é que continuaremos exaustos e
  17. correndo, porque exaustos-e-correndo virou a condição humana dessa época. E já
  18. percebemos que essa condição humana um corpo humano não aguenta. O corpo então virou
  19. um atrapalho, um apêndice incômodo, um não-dá-conta que adoece, fica ansioso, deprime,
  20. entra em pânico. E assim dopamos esse corpo falho que se contorce ao ser submetido a uma
  21. velocidade não humana. Viramos exaustos-e-correndo-e-dopados. Porque só dopados para
  22. continuar exaustos-e-correndo. Pelo menos até conseguirmos nos livrar desse corpo que se
  23. tornou uma barreira. O problema é que o corpo não é um outro, o corpo é o que chamamos
  24. de eu. O corpo não é limite, mas a própria condição. O corpo é.
  25. Os cliques da internet tornaram-se os remos das antigas galés. Remem remem
  26. remem. Cliquem cliquem cliquem para não ficar para trás e morrer. Mas o presente, nessa
  27. velocidade, é um pretérito contínuo. Se a internet parece ter encolhido o mundo, e milhares
  28. de quilômetros podem ser reduzidos a um clique, como diz o clichê e alguns anúncios
  29. publicitários, nosso mundo interno ficou a oceanos de nós. Conectados ao planeta inteiro,
  30. estamos desconectados do eu e também do outro. Incapazes da alteridade, o outro se tornou
  31. alguém a ser destruído, bloqueado ou mesmo deletado. Falamos muito, mas sozinhos.
  32. Escassas são as conversas, a rede tornou-se em parte um interminável discurso
  33. autorreferente, um delírio narcisista. E narciso é um eu sem eu. Porque para existir eu é
  34. preciso o outro.

Não há característica do sistema de trabalho “24 x 7” no enunciado

Alternativas
Q2717244 Português

As questões abaixo baseiam-se em excertos do texto “Exaustos-e-correndo-e-dopados”, de Eliane Brum. Leia-os, com atenção, para assinalar a opção correta.


EXCERTO 1- QUESTÕES 1 a 5


Exaustos-e-correndo-e-dopados

Eliane Brum



  1. Nos achamos tão livres como donos de tablets e celulares, vamos a qualquer lugar
  2. na internet, lutamos pelas causas mesmo de países do outro lado do planeta, participamos de
  3. protestos globais e mal percebemos que criamos uma pós-submissão. Ou um tipo mais
  4. perigoso e insidioso de submissão. Temos nos esforçado livremente e com grande afinco
  5. para alcançar a meta de trabalhar 24 x 7. Vinte e quatro horas por sete dias da semana.
  6. Nenhum capitalista havia sonhado tanto. O chefe nos alcança em qualquer lugar, a qualquer
  7. hora. O expediente nunca mais acaba. Já não há espaço de trabalho e espaço de lazer, não
  8. há nem mesmo casa. Tudo se confunde. A internet foi usada para borrar as fronteiras
  9. também do mundo interno, que agora é um fora. Estamos sempre, de algum modo,
  10. trabalhando, fazendo networking, debatendo (ou brigando), intervindo, tentando não perder
  11. nada, principalmente a notícia ordinária. Consumimo-nos animadamente, a o ritmo de
  12. emoticons. E, assim, perdemos só a alma. E alcançamos uma façanha inédita: ser senhor e
  13. escravo ao mesmo tempo.
  14. Como na época da aceleração os anos já não começam nem terminam, apenas se
  15. emendam, tanto quanto os meses e como os dias (...). Estamos exaustos e correndo.
  16. Exaustos e correndo. Exaustos e correndo. E a má notícia é que continuaremos exaustos e
  17. correndo, porque exaustos-e-correndo virou a condição humana dessa época. E já
  18. percebemos que essa condição humana um corpo humano não aguenta. O corpo então virou
  19. um atrapalho, um apêndice incômodo, um não-dá-conta que adoece, fica ansioso, deprime,
  20. entra em pânico. E assim dopamos esse corpo falho que se contorce ao ser submetido a uma
  21. velocidade não humana. Viramos exaustos-e-correndo-e-dopados. Porque só dopados para
  22. continuar exaustos-e-correndo. Pelo menos até conseguirmos nos livrar desse corpo que se
  23. tornou uma barreira. O problema é que o corpo não é um outro, o corpo é o que chamamos
  24. de eu. O corpo não é limite, mas a própria condição. O corpo é.
  25. Os cliques da internet tornaram-se os remos das antigas galés. Remem remem
  26. remem. Cliquem cliquem cliquem para não ficar para trás e morrer. Mas o presente, nessa
  27. velocidade, é um pretérito contínuo. Se a internet parece ter encolhido o mundo, e milhares
  28. de quilômetros podem ser reduzidos a um clique, como diz o clichê e alguns anúncios
  29. publicitários, nosso mundo interno ficou a oceanos de nós. Conectados ao planeta inteiro,
  30. estamos desconectados do eu e também do outro. Incapazes da alteridade, o outro se tornou
  31. alguém a ser destruído, bloqueado ou mesmo deletado. Falamos muito, mas sozinhos.
  32. Escassas são as conversas, a rede tornou-se em parte um interminável discurso
  33. autorreferente, um delírio narcisista. E narciso é um eu sem eu. Porque para existir eu é
  34. preciso o outro.
Para a autora, a Internet tem-nos distanciado de nós mesmos. Essa ideia só não está evidente no seguinte fragmento de texto:
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Q2717224 Português

As questões abaixo baseiam-se em excertos do texto “Exaustos-e-correndo-e-dopados”, de Eliane Brum. Leia-os, com atenção, para assinalar a opção correta.


EXCERTO 1- QUESTÕES 1 a 5


Exaustos-e-correndo-e-dopados

Eliane Brum



  1. Nos achamos tão livres como donos de tablets e celulares, vamos a qualquer lugar
  2. na internet, lutamos pelas causas mesmo de países do outro lado do planeta, participamos de
  3. protestos globais e mal percebemos que criamos uma pós-submissão. Ou um tipo mais
  4. perigoso e insidioso de submissão. Temos nos esforçado livremente e com grande afinco
  5. para alcançar a meta de trabalhar 24 x 7. Vinte e quatro horas por sete dias da semana.
  6. Nenhum capitalista havia sonhado tanto. O chefe nos alcança em qualquer lugar, a qualquer
  7. hora. O expediente nunca mais acaba. Já não há espaço de trabalho e espaço de lazer, não
  8. há nem mesmo casa. Tudo se confunde. A internet foi usada para borrar as fronteiras
  9. também do mundo interno, que agora é um fora. Estamos sempre, de algum modo,
  10. trabalhando, fazendo networking, debatendo (ou brigando), intervindo, tentando não perder
  11. nada, principalmente a notícia ordinária. Consumimo-nos animadamente, a o ritmo de
  12. emoticons. E, assim, perdemos só a alma. E alcançamos uma façanha inédita: ser senhor e
  13. escravo ao mesmo tempo.
  14. Como na época da aceleração os anos já não começam nem terminam, apenas se
  15. emendam, tanto quanto os meses e como os dias (...). Estamos exaustos e correndo.
  16. Exaustos e correndo. Exaustos e correndo. E a má notícia é que continuaremos exaustos e
  17. correndo, porque exaustos-e-correndo virou a condição humana dessa época. E já
  18. percebemos que essa condição humana um corpo humano não aguenta. O corpo então virou
  19. um atrapalho, um apêndice incômodo, um não-dá-conta que adoece, fica ansioso, deprime,
  20. entra em pânico. E assim dopamos esse corpo falho que se contorce ao ser submetido a uma
  21. velocidade não humana. Viramos exaustos-e-correndo-e-dopados. Porque só dopados para
  22. continuar exaustos-e-correndo. Pelo menos até conseguirmos nos livrar desse corpo que se
  23. tornou uma barreira. O problema é que o corpo não é um outro, o corpo é o que chamamos
  24. de eu. O corpo não é limite, mas a própria condição. O corpo é.
  25. Os cliques da internet tornaram-se os remos das antigas galés. Remem remem
  26. remem. Cliquem cliquem cliquem para não ficar para trás e morrer. Mas o presente, nessa
  27. velocidade, é um pretérito contínuo. Se a internet parece ter encolhido o mundo, e milhares
  28. de quilômetros podem ser reduzidos a um clique, como diz o clichê e alguns anúncios
  29. publicitários, nosso mundo interno ficou a oceanos de nós. Conectados ao planeta inteiro,
  30. estamos desconectados do eu e também do outro. Incapazes da alteridade, o outro se tornou
  31. alguém a ser destruído, bloqueado ou mesmo deletado. Falamos muito, mas sozinhos.
  32. Escassas são as conversas, a rede tornou-se em parte um interminável discurso
  33. autorreferente, um delírio narcisista. E narciso é um eu sem eu. Porque para existir eu é
  34. preciso o outro.

A autora do texto, Eliane Brum, refuta a tese de que

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Q2639622 Saúde Pública

As doenças diarreicas agudas (DDA) fazem parte de um grupo de doenças infecciosas gastrointestinais e caracterizadas por uma síndrome, na qual ocorre a diminuição da consistência das fezes, o aumento do número de evacuações (mínimo de 3 episódios em 24 horas) e, em alguns casos, há presença de muco e sangue (disenteria) (MS, 2022). Dentre as principais bactérias que causam as DDA está a

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Q2639620 Saúde Pública

A cada 15 segundos, um trabalhador morre no mundo por acidente de trabalho ou doença laboral. De 2012 a 2020, 21.467 desses profissionais eram brasileiros — o que representa uma taxa de 6 óbitos a cada 100 mil empregos formais nesse período. Entre as ocupações mais informadas nos registros estão técnicos de enfermagem (9%), faxineiros (5%), auxiliares de escritório (3%), vigilantes (3%), vendedores de comércio varejista (3%) e alimentadores de linha de produção (3%) (https://g1.globo.com, em /01/05/2021). Torna-se necessária a adoção de medidas de prevenção de doenças e de agravos e proteção da saúde do trabalhador. Considerando a hierarquia de controle de risco, a medida de proteção coletiva que apresenta a maior eficiência no controle dos fatores de risco nos ambientes de trabalho é a

Alternativas
Q2639616 Saúde Pública

Um menino de 11 anos de Urubici, na Serra Catarinense, morreu de hantavirose. A secretaria estadual de saúde está tomando todas as providências para o controle dos casos e prevenção dessa doença. A hantavirose é mais comum no meio rural e as pessoas que podem se contaminar com mais facilidade são agricultores, pescadores, trabalhadores em áreas de reflorestamento, pessoas que vivem ou trabalham no campo e que varrem locais fechados, como galpões, paióis, armazéns e casas de campo fechadas e pouco ventiladas (www.g1.globo.com, em 20/09/2022). Constitui-se medida de prevenção e controle dessa doença, pela população em geral,

Alternativas
Q2639613 Saúde Pública

Dona Raimunda, de 60 anos, gostava de preservar bons hábitos alimentares. Primava pelos alimentos saudáveis e sem agrotóxicos e frequentava semanalmente uma feira de produtos orgânicos. Comprou morangos para fazer suco para sua netinha de 6 anos. Em casa, higienizou-os cuidadosamente e preparou o suco. Após 4 horas do consumo, a criança começou a sentir-se mal, sendo comprovado caso de intoxicação por agrotóxico, proveniente dos morangos contaminados. Nesse caso, uma das consequências para a saúde da criança seria

Alternativas
Q2639609 Saúde Pública

A dengue é uma doença viral transmitida por mosquitos que nos últimos anos se espalhou rapidamente por todas as regiões da Organização Mundial da Saúde (OMS). O vírus da dengue é transmitido por mosquitos fêmea, principalmente da espécie Aedes aegypti. Os insetos vetores da dengue no Brasil são mosquitos da família

Alternativas
Q2639606 Saúde Pública

De acordo com o Ministério da Saúde, a febre tifoide está diretamente associada a baixos níveis socioeconômicos, principalmente em regiões com condições precárias de saneamento básico e higiene. Se não for tratada adequadamente, a febre tifoide pode matar (CNN, São Paulo, em 21/06/2022). Com relação às manifestações clínicas, essa doença é caracterizada, dentre outros sintomas, por

Alternativas
Respostas
1541: B
1542: B
1543: B
1544: B
1545: A
1546: D
1547: A
1548: B
1549: C
1550: C
1551: B
1552: B
1553: C
1554: C
1555: C
1556: B
1557: A
1558: D
1559: A
1560: C