Questões de Concurso Para fapems

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Ano: 2012 Banca: FAPEMS Órgão: UEMS Prova: FAPEMS - 2012 - UEMS - Técnico Administrativo |
Q824624 Direito Administrativo

Tal como consta na Constituição Federal, inciso V do art. 37, o Plano de Cargos e Carreiras da UEMS instituído pela Lei n° 2.230/01, em seu artigo 18, reserva cerca de _______dos cargos em comissão para provimento privativo de servidores de carreira.

A alternativa que completa corretam ente a lacuna é:

Alternativas
Ano: 2012 Banca: FAPEMS Órgão: UEMS Prova: FAPEMS - 2012 - UEMS - Técnico Administrativo |
Q824623 Direito Administrativo
José, Técnico de Nível Superior integrante dos quadros da UEMS, é habilitado em curso graduação e programa de mestrado na sua área de atuação. Esse funcionário, portanto, em conformidade com o Plano de Cargos e Carreiras da UEMS, encontra-se no nível de habilitação:
Alternativas
Ano: 2012 Banca: FAPEMS Órgão: UEMS Prova: FAPEMS - 2012 - UEMS - Técnico Administrativo |
Q824621 Direito Administrativo

Em conformidade com o que determina o Regimento Interno da UEMS, relacione as colunas abaixo:

I- Conselho Universitário

II- Câmara de Administração

III- Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão 

IV- Câmara de Ensino

V- Colegiado de Curso


( ) Órgão responsável, dentre outros, pela aprovação do Regimento Acadêmico, contendo as diretrizes gerais da organização, gerenciamento, execução e desenvolvimento do ensino de graduação e pós-graduação ofertados pela UEMS.

( ) Órgão responsável, dentre outros, pela apreciação de acordos e convênios firmados pela Instituição.

( ) Órgão responsável, dentre outros, pela aprovação da estrutura organizacional da Instituição, com as respectivas atribuições e competências dos órgãos integrantes da referida estrutura.

( ) Órgão responsável, dentre outros, pela aprovação dos projetos pedagógicos dos cursos de graduação.

( ) Órgão responsável, dentre outros, por elaborar e aprovar o planejamento das atividades do curso.

A sequência correta é: 

Alternativas
Ano: 2012 Banca: FAPEMS Órgão: UEMS Prova: FAPEMS - 2012 - UEMS - Técnico Administrativo |
Q824620 Noções de Informática
Um dos recursos do Microsoft PowerPoint é chamado de Temas. A sequência usada para inserir ou alterar temas nos slides é:
Alternativas
Ano: 2012 Banca: FAPEMS Órgão: UEMS Prova: FAPEMS - 2012 - UEMS - Técnico Administrativo |
Q824619 Noções de Informática
As teclas de atalho utilizadas no Mozilla Firefox para adicionar uma página no recurso chamado Favorito é:
Alternativas
Ano: 2012 Banca: FAPEMS Órgão: UEMS Prova: FAPEMS - 2012 - UEMS - Técnico Administrativo |
Q824616 Redes de Computadores
O aplicativo que utiliza a própria Internet para trafegar sinais que se assemelham à telefonia convencional, ou seja, torna possível ouvir-se a voz em tempo real é:
Alternativas
Ano: 2012 Banca: FAPEMS Órgão: UEMS Prova: FAPEMS - 2012 - UEMS - Técnico Administrativo |
Q824615 Noções de Informática
Backup é uma operação de segurança para copiar pastas e arquivos em um local diferente. Geralmente são copiados para outro disco rígido. A sequência para executar o programa de Backup no Windows XP é:
Alternativas
Ano: 2012 Banca: FAPEMS Órgão: UEMS Prova: FAPEMS - 2012 - UEMS - Técnico Administrativo |
Q824614 Noções de Informática
O programa de navegação que vem instalado junto com o Windows 7 é:
Alternativas
Ano: 2012 Banca: FAPEMS Órgão: UEMS Prova: FAPEMS - 2012 - UEMS - Técnico Administrativo |
Q824613 Noções de Informática
A Internet é uma rede de computadores mundial. Dos serviços que oferece, o que possibilita serem fornecidos comentários, notícias ou informações particulares e, também, funciona como diários online é:
Alternativas
Ano: 2012 Banca: FAPEMS Órgão: UEMS Prova: FAPEMS - 2012 - UEMS - Técnico Administrativo |
Q824612 Noções de Informática
Um funcionário da UEMS acessou um site de um determinado banco e verificou que a URL do banco tem um sistema de segurança. Para esse acesso, ele digitou:
Alternativas
Ano: 2012 Banca: FAPEMS Órgão: UEMS Prova: FAPEMS - 2012 - UEMS - Técnico Administrativo |
Q824610 Português

                               ESTE É O MEU CORPO

      Caro leitor: você está contente com o seu corpo? Pense bem. Olhe-se bem. Os ingleses não estão. Informa* a BBC Brasil que um grupo de deputados auscultou a população nativa a respeito.

      As conclusões do estudo, intitulado "Reflections on Body Image" ("reflexões sobre a imagem do corpo”), são dramáticas: ninguém gosta da respectiva carcaça.

      Nas escolas, o cenário é particularmente aterrador: um em cada cinco meninos de 10 anos despreza a própria figura; uma em cada três meninas também.

      A situação é tão extrema que os deputados sugerem aulas de imagem e expressão corporal para combater a insatisfação com o corpo. É preciso mais "autoestima", dizem os especialistas. A saúde psíquica de uma nação depende disso.

      Boa sorte, rapazes. Mas posso explicar por que motivo o projeto educacional está destinado ao fracasso? Deixo ficar a teoria para mais tarde. Prefiro a prática por agora.

      Moro em frente a uma academia de ginástica. E todos os dias, manhã cedo, contemplo através do vidro exércitos de infelizes que marcham lá para dentro em busca das formas perfeitas.

      O cortejo é deprimente, concedo: a angústia plasmada no rosto de cada um dos peregrinos faria as delícias de Hieronymus Bosch. Mas o essencial da experiência está na propaganda da academia - duas frases escritas em inglês e com cores berrantes, logo na entrada: "One life. Live it well."

      Nem mais. Durante séculos, a civilização ocidental - corrijo: a civilização judaico-cristã que forjou o Ocidente - tinha uma singular visão do corpo que se alterou com a modernidade.

      Simplificando, o corpo tinha a sua importância como guardião da alma divina. Mas só a alma era eterna; só a alma viajava para o outro lado, o que concedia ao corpo um estatuto perecível e secundário.

      Quando existe um horizonte de eternidade pela frente, e quando a eternidade se assume como prolongamento da existência terrena e compensação de suas misérias, é normal que o olhar humano não atribua ao corpo e às suas imperfeições o lugar histérico de hoje.

      Esse horizonte de eternidade perdeu-se. Para usar as palavras de Thomas Hardy em poema célebre sobre o "funeral de Deus”, a divindade podia ser uma projeção que os homens modernos não conseguiram mais manter viva. 

      Mas existem consequências desse enterro. Se não existe nenhuma continuidade pós-terrena, se tudo que resta é esta passagem breve e incompleta que termina entre quatro tábuas, o olhar humano recentra-se sobre a matéria.

      Pior: coloca a matéria no altar das antigas divindades e troca as orações e as penitências do passado pelo calvário tangível da malhação matinal.

      Só existe uma vida. Só existe uma oportunidade para vivê-la bem. As frases promocionais da academia podem ser lidas como grito festivo e obviamente narcísico.

      Mas também são a expressão de uma angústia e terror bem profundos: a angústia e o terror de quem sabe que não terá uma segunda oportunidade.

      Todas as fichas do jogo estão cá embaixo, não íá em cima. Aliás, não existe mais "lá em cima”.

      Os deputados ingleses, sem originalidade, acreditam que a insatisfação com o corpo tem origem nas imagens de perfeição irreal que a moda ou o cinema cultivam. O clichê de um clichê. 

      Erro crasso. Essas imagens de perfeição irreal são apenas a consequência, e não a causa, de uma cultura que concedeu ao corpo uma fatídica importância.

      E "fatídica" pela razão evidente de que condena os homens a adorar um deus falível por definição. Um deus caprichoso e inconstante, sujeito às inclemências da velhice, da doença e da morte. Se existem causas perdidas, o corpo é a primeira delas. Alimentar causas perdidas é um sintoma de demência.

      É por isso que a nossa obsessão com a carcaça não se corrige com as tais aulas de imagem e expressão corporal. Não se corrige com mais "autoestima".

       Ironicamente, corrige-se com menos "autoestima". Somos pó e ao pó retornaremos. Aulas de teologia fariam mais pelas crianças inglesas do que renovadas sessões com o corpo no papel principal.

                                João Pereira Coutinho, Folha de Sao Paulo, 05/06/2012

I- Durante séculos concedeu-se ___ alma maior importância que ao corpo.

II- Os deputados atribuem__ causas do problema ___moda e ao cinema que cultivam imagens de perfeição irreal.

III- Para o autor, aulas de teologia poderiam ajudar___crianças inglesas no que se refere__ insatisfação com o corpo.

IV- Se não____esperança na vida eterna, o olhar humano recentra-se sobre a matéria.

A alternativa que preenche carretamente e na sequência as lacunas das orações acima é:

Alternativas
Ano: 2012 Banca: FAPEMS Órgão: UEMS Prova: FAPEMS - 2012 - UEMS - Técnico Administrativo |
Q824609 Português

                               ESTE É O MEU CORPO

      Caro leitor: você está contente com o seu corpo? Pense bem. Olhe-se bem. Os ingleses não estão. Informa* a BBC Brasil que um grupo de deputados auscultou a população nativa a respeito.

      As conclusões do estudo, intitulado "Reflections on Body Image" ("reflexões sobre a imagem do corpo”), são dramáticas: ninguém gosta da respectiva carcaça.

      Nas escolas, o cenário é particularmente aterrador: um em cada cinco meninos de 10 anos despreza a própria figura; uma em cada três meninas também.

      A situação é tão extrema que os deputados sugerem aulas de imagem e expressão corporal para combater a insatisfação com o corpo. É preciso mais "autoestima", dizem os especialistas. A saúde psíquica de uma nação depende disso.

      Boa sorte, rapazes. Mas posso explicar por que motivo o projeto educacional está destinado ao fracasso? Deixo ficar a teoria para mais tarde. Prefiro a prática por agora.

      Moro em frente a uma academia de ginástica. E todos os dias, manhã cedo, contemplo através do vidro exércitos de infelizes que marcham lá para dentro em busca das formas perfeitas.

      O cortejo é deprimente, concedo: a angústia plasmada no rosto de cada um dos peregrinos faria as delícias de Hieronymus Bosch. Mas o essencial da experiência está na propaganda da academia - duas frases escritas em inglês e com cores berrantes, logo na entrada: "One life. Live it well."

      Nem mais. Durante séculos, a civilização ocidental - corrijo: a civilização judaico-cristã que forjou o Ocidente - tinha uma singular visão do corpo que se alterou com a modernidade.

      Simplificando, o corpo tinha a sua importância como guardião da alma divina. Mas só a alma era eterna; só a alma viajava para o outro lado, o que concedia ao corpo um estatuto perecível e secundário.

      Quando existe um horizonte de eternidade pela frente, e quando a eternidade se assume como prolongamento da existência terrena e compensação de suas misérias, é normal que o olhar humano não atribua ao corpo e às suas imperfeições o lugar histérico de hoje.

      Esse horizonte de eternidade perdeu-se. Para usar as palavras de Thomas Hardy em poema célebre sobre o "funeral de Deus”, a divindade podia ser uma projeção que os homens modernos não conseguiram mais manter viva. 

      Mas existem consequências desse enterro. Se não existe nenhuma continuidade pós-terrena, se tudo que resta é esta passagem breve e incompleta que termina entre quatro tábuas, o olhar humano recentra-se sobre a matéria.

      Pior: coloca a matéria no altar das antigas divindades e troca as orações e as penitências do passado pelo calvário tangível da malhação matinal.

      Só existe uma vida. Só existe uma oportunidade para vivê-la bem. As frases promocionais da academia podem ser lidas como grito festivo e obviamente narcísico.

      Mas também são a expressão de uma angústia e terror bem profundos: a angústia e o terror de quem sabe que não terá uma segunda oportunidade.

      Todas as fichas do jogo estão cá embaixo, não íá em cima. Aliás, não existe mais "lá em cima”.

      Os deputados ingleses, sem originalidade, acreditam que a insatisfação com o corpo tem origem nas imagens de perfeição irreal que a moda ou o cinema cultivam. O clichê de um clichê. 

      Erro crasso. Essas imagens de perfeição irreal são apenas a consequência, e não a causa, de uma cultura que concedeu ao corpo uma fatídica importância.

      E "fatídica" pela razão evidente de que condena os homens a adorar um deus falível por definição. Um deus caprichoso e inconstante, sujeito às inclemências da velhice, da doença e da morte. Se existem causas perdidas, o corpo é a primeira delas. Alimentar causas perdidas é um sintoma de demência.

      É por isso que a nossa obsessão com a carcaça não se corrige com as tais aulas de imagem e expressão corporal. Não se corrige com mais "autoestima".

       Ironicamente, corrige-se com menos "autoestima". Somos pó e ao pó retornaremos. Aulas de teologia fariam mais pelas crianças inglesas do que renovadas sessões com o corpo no papel principal.

                                João Pereira Coutinho, Folha de Sao Paulo, 05/06/2012

A alternativa em que a palavra destacada foi usada em seu sentido conotativo é:
Alternativas
Ano: 2012 Banca: FAPEMS Órgão: UEMS Prova: FAPEMS - 2012 - UEMS - Técnico Administrativo |
Q824608 Português

                               ESTE É O MEU CORPO

      Caro leitor: você está contente com o seu corpo? Pense bem. Olhe-se bem. Os ingleses não estão. Informa* a BBC Brasil que um grupo de deputados auscultou a população nativa a respeito.

      As conclusões do estudo, intitulado "Reflections on Body Image" ("reflexões sobre a imagem do corpo”), são dramáticas: ninguém gosta da respectiva carcaça.

      Nas escolas, o cenário é particularmente aterrador: um em cada cinco meninos de 10 anos despreza a própria figura; uma em cada três meninas também.

      A situação é tão extrema que os deputados sugerem aulas de imagem e expressão corporal para combater a insatisfação com o corpo. É preciso mais "autoestima", dizem os especialistas. A saúde psíquica de uma nação depende disso.

      Boa sorte, rapazes. Mas posso explicar por que motivo o projeto educacional está destinado ao fracasso? Deixo ficar a teoria para mais tarde. Prefiro a prática por agora.

      Moro em frente a uma academia de ginástica. E todos os dias, manhã cedo, contemplo através do vidro exércitos de infelizes que marcham lá para dentro em busca das formas perfeitas.

      O cortejo é deprimente, concedo: a angústia plasmada no rosto de cada um dos peregrinos faria as delícias de Hieronymus Bosch. Mas o essencial da experiência está na propaganda da academia - duas frases escritas em inglês e com cores berrantes, logo na entrada: "One life. Live it well."

      Nem mais. Durante séculos, a civilização ocidental - corrijo: a civilização judaico-cristã que forjou o Ocidente - tinha uma singular visão do corpo que se alterou com a modernidade.

      Simplificando, o corpo tinha a sua importância como guardião da alma divina. Mas só a alma era eterna; só a alma viajava para o outro lado, o que concedia ao corpo um estatuto perecível e secundário.

      Quando existe um horizonte de eternidade pela frente, e quando a eternidade se assume como prolongamento da existência terrena e compensação de suas misérias, é normal que o olhar humano não atribua ao corpo e às suas imperfeições o lugar histérico de hoje.

      Esse horizonte de eternidade perdeu-se. Para usar as palavras de Thomas Hardy em poema célebre sobre o "funeral de Deus”, a divindade podia ser uma projeção que os homens modernos não conseguiram mais manter viva. 

      Mas existem consequências desse enterro. Se não existe nenhuma continuidade pós-terrena, se tudo que resta é esta passagem breve e incompleta que termina entre quatro tábuas, o olhar humano recentra-se sobre a matéria.

      Pior: coloca a matéria no altar das antigas divindades e troca as orações e as penitências do passado pelo calvário tangível da malhação matinal.

      Só existe uma vida. Só existe uma oportunidade para vivê-la bem. As frases promocionais da academia podem ser lidas como grito festivo e obviamente narcísico.

      Mas também são a expressão de uma angústia e terror bem profundos: a angústia e o terror de quem sabe que não terá uma segunda oportunidade.

      Todas as fichas do jogo estão cá embaixo, não íá em cima. Aliás, não existe mais "lá em cima”.

      Os deputados ingleses, sem originalidade, acreditam que a insatisfação com o corpo tem origem nas imagens de perfeição irreal que a moda ou o cinema cultivam. O clichê de um clichê. 

      Erro crasso. Essas imagens de perfeição irreal são apenas a consequência, e não a causa, de uma cultura que concedeu ao corpo uma fatídica importância.

      E "fatídica" pela razão evidente de que condena os homens a adorar um deus falível por definição. Um deus caprichoso e inconstante, sujeito às inclemências da velhice, da doença e da morte. Se existem causas perdidas, o corpo é a primeira delas. Alimentar causas perdidas é um sintoma de demência.

      É por isso que a nossa obsessão com a carcaça não se corrige com as tais aulas de imagem e expressão corporal. Não se corrige com mais "autoestima".

       Ironicamente, corrige-se com menos "autoestima". Somos pó e ao pó retornaremos. Aulas de teologia fariam mais pelas crianças inglesas do que renovadas sessões com o corpo no papel principal.

                                João Pereira Coutinho, Folha de Sao Paulo, 05/06/2012

Observe a posição do pronome "se" em relação aos verbos em cada trecho ea respectiva afirmação entre parênteses:

I- (...) tinha uma singular visão do corpo que se alterou com a modernidade. (A próclise foi utilizada em razão da presença de palavra que atraí o pronome para a posição anterior ao verbo).

II- Não se corrige com mais "autoestima". (Em favor de finalidades expressivas, nesse caso, não se atendeu à regra de colocação pronominal da norma culta).

III- (...) o olhar humano recentra-se sobre a matéria. (A ênctise foi utilizada porque não há palavra que atraia o pronome para a posição anterior ao verbo).

IV- "Olhe-se bem", (A ênclise foi utilizada em razão do verbo no imperativo afirmativo no início da oração).

Alternativas
Ano: 2012 Banca: FAPEMS Órgão: UEMS Prova: FAPEMS - 2012 - UEMS - Técnico Administrativo |
Q824607 Português

                               ESTE É O MEU CORPO

      Caro leitor: você está contente com o seu corpo? Pense bem. Olhe-se bem. Os ingleses não estão. Informa* a BBC Brasil que um grupo de deputados auscultou a população nativa a respeito.

      As conclusões do estudo, intitulado "Reflections on Body Image" ("reflexões sobre a imagem do corpo”), são dramáticas: ninguém gosta da respectiva carcaça.

      Nas escolas, o cenário é particularmente aterrador: um em cada cinco meninos de 10 anos despreza a própria figura; uma em cada três meninas também.

      A situação é tão extrema que os deputados sugerem aulas de imagem e expressão corporal para combater a insatisfação com o corpo. É preciso mais "autoestima", dizem os especialistas. A saúde psíquica de uma nação depende disso.

      Boa sorte, rapazes. Mas posso explicar por que motivo o projeto educacional está destinado ao fracasso? Deixo ficar a teoria para mais tarde. Prefiro a prática por agora.

      Moro em frente a uma academia de ginástica. E todos os dias, manhã cedo, contemplo através do vidro exércitos de infelizes que marcham lá para dentro em busca das formas perfeitas.

      O cortejo é deprimente, concedo: a angústia plasmada no rosto de cada um dos peregrinos faria as delícias de Hieronymus Bosch. Mas o essencial da experiência está na propaganda da academia - duas frases escritas em inglês e com cores berrantes, logo na entrada: "One life. Live it well."

      Nem mais. Durante séculos, a civilização ocidental - corrijo: a civilização judaico-cristã que forjou o Ocidente - tinha uma singular visão do corpo que se alterou com a modernidade.

      Simplificando, o corpo tinha a sua importância como guardião da alma divina. Mas só a alma era eterna; só a alma viajava para o outro lado, o que concedia ao corpo um estatuto perecível e secundário.

      Quando existe um horizonte de eternidade pela frente, e quando a eternidade se assume como prolongamento da existência terrena e compensação de suas misérias, é normal que o olhar humano não atribua ao corpo e às suas imperfeições o lugar histérico de hoje.

      Esse horizonte de eternidade perdeu-se. Para usar as palavras de Thomas Hardy em poema célebre sobre o "funeral de Deus”, a divindade podia ser uma projeção que os homens modernos não conseguiram mais manter viva. 

      Mas existem consequências desse enterro. Se não existe nenhuma continuidade pós-terrena, se tudo que resta é esta passagem breve e incompleta que termina entre quatro tábuas, o olhar humano recentra-se sobre a matéria.

      Pior: coloca a matéria no altar das antigas divindades e troca as orações e as penitências do passado pelo calvário tangível da malhação matinal.

      Só existe uma vida. Só existe uma oportunidade para vivê-la bem. As frases promocionais da academia podem ser lidas como grito festivo e obviamente narcísico.

      Mas também são a expressão de uma angústia e terror bem profundos: a angústia e o terror de quem sabe que não terá uma segunda oportunidade.

      Todas as fichas do jogo estão cá embaixo, não íá em cima. Aliás, não existe mais "lá em cima”.

      Os deputados ingleses, sem originalidade, acreditam que a insatisfação com o corpo tem origem nas imagens de perfeição irreal que a moda ou o cinema cultivam. O clichê de um clichê. 

      Erro crasso. Essas imagens de perfeição irreal são apenas a consequência, e não a causa, de uma cultura que concedeu ao corpo uma fatídica importância.

      E "fatídica" pela razão evidente de que condena os homens a adorar um deus falível por definição. Um deus caprichoso e inconstante, sujeito às inclemências da velhice, da doença e da morte. Se existem causas perdidas, o corpo é a primeira delas. Alimentar causas perdidas é um sintoma de demência.

      É por isso que a nossa obsessão com a carcaça não se corrige com as tais aulas de imagem e expressão corporal. Não se corrige com mais "autoestima".

       Ironicamente, corrige-se com menos "autoestima". Somos pó e ao pó retornaremos. Aulas de teologia fariam mais pelas crianças inglesas do que renovadas sessões com o corpo no papel principal.

                                João Pereira Coutinho, Folha de Sao Paulo, 05/06/2012

Analise sintaticamente o período a seguir e, depois, o que se afirma sobre eie. "Informa a BBC Brasil que um grupo de deputados auscultou a população nativa a respeito"

I- Existe, nesse período, uma relação de coordenação, com orações independentes.

II- Existe no período uma oração subordinada substantiva objetiva direta.

III- Trata-se de um período composto por apenas duas orações.

IV- O sujeito da oração principal é "um grupo de deputados".

Alternativas
Ano: 2012 Banca: FAPEMS Órgão: UEMS Prova: FAPEMS - 2012 - UEMS - Técnico Administrativo |
Q824606 Português

                               ESTE É O MEU CORPO

      Caro leitor: você está contente com o seu corpo? Pense bem. Olhe-se bem. Os ingleses não estão. Informa* a BBC Brasil que um grupo de deputados auscultou a população nativa a respeito.

      As conclusões do estudo, intitulado "Reflections on Body Image" ("reflexões sobre a imagem do corpo”), são dramáticas: ninguém gosta da respectiva carcaça.

      Nas escolas, o cenário é particularmente aterrador: um em cada cinco meninos de 10 anos despreza a própria figura; uma em cada três meninas também.

      A situação é tão extrema que os deputados sugerem aulas de imagem e expressão corporal para combater a insatisfação com o corpo. É preciso mais "autoestima", dizem os especialistas. A saúde psíquica de uma nação depende disso.

      Boa sorte, rapazes. Mas posso explicar por que motivo o projeto educacional está destinado ao fracasso? Deixo ficar a teoria para mais tarde. Prefiro a prática por agora.

      Moro em frente a uma academia de ginástica. E todos os dias, manhã cedo, contemplo através do vidro exércitos de infelizes que marcham lá para dentro em busca das formas perfeitas.

      O cortejo é deprimente, concedo: a angústia plasmada no rosto de cada um dos peregrinos faria as delícias de Hieronymus Bosch. Mas o essencial da experiência está na propaganda da academia - duas frases escritas em inglês e com cores berrantes, logo na entrada: "One life. Live it well."

      Nem mais. Durante séculos, a civilização ocidental - corrijo: a civilização judaico-cristã que forjou o Ocidente - tinha uma singular visão do corpo que se alterou com a modernidade.

      Simplificando, o corpo tinha a sua importância como guardião da alma divina. Mas só a alma era eterna; só a alma viajava para o outro lado, o que concedia ao corpo um estatuto perecível e secundário.

      Quando existe um horizonte de eternidade pela frente, e quando a eternidade se assume como prolongamento da existência terrena e compensação de suas misérias, é normal que o olhar humano não atribua ao corpo e às suas imperfeições o lugar histérico de hoje.

      Esse horizonte de eternidade perdeu-se. Para usar as palavras de Thomas Hardy em poema célebre sobre o "funeral de Deus”, a divindade podia ser uma projeção que os homens modernos não conseguiram mais manter viva. 

      Mas existem consequências desse enterro. Se não existe nenhuma continuidade pós-terrena, se tudo que resta é esta passagem breve e incompleta que termina entre quatro tábuas, o olhar humano recentra-se sobre a matéria.

      Pior: coloca a matéria no altar das antigas divindades e troca as orações e as penitências do passado pelo calvário tangível da malhação matinal.

      Só existe uma vida. Só existe uma oportunidade para vivê-la bem. As frases promocionais da academia podem ser lidas como grito festivo e obviamente narcísico.

      Mas também são a expressão de uma angústia e terror bem profundos: a angústia e o terror de quem sabe que não terá uma segunda oportunidade.

      Todas as fichas do jogo estão cá embaixo, não íá em cima. Aliás, não existe mais "lá em cima”.

      Os deputados ingleses, sem originalidade, acreditam que a insatisfação com o corpo tem origem nas imagens de perfeição irreal que a moda ou o cinema cultivam. O clichê de um clichê. 

      Erro crasso. Essas imagens de perfeição irreal são apenas a consequência, e não a causa, de uma cultura que concedeu ao corpo uma fatídica importância.

      E "fatídica" pela razão evidente de que condena os homens a adorar um deus falível por definição. Um deus caprichoso e inconstante, sujeito às inclemências da velhice, da doença e da morte. Se existem causas perdidas, o corpo é a primeira delas. Alimentar causas perdidas é um sintoma de demência.

      É por isso que a nossa obsessão com a carcaça não se corrige com as tais aulas de imagem e expressão corporal. Não se corrige com mais "autoestima".

       Ironicamente, corrige-se com menos "autoestima". Somos pó e ao pó retornaremos. Aulas de teologia fariam mais pelas crianças inglesas do que renovadas sessões com o corpo no papel principal.

                                João Pereira Coutinho, Folha de Sao Paulo, 05/06/2012

A alternativa em que o tempo e modo dos verbos estão indicados corretamente entre parênteses é:
Alternativas
Ano: 2012 Banca: FAPEMS Órgão: UEMS Prova: FAPEMS - 2012 - UEMS - Técnico Administrativo |
Q824605 Português

                               ESTE É O MEU CORPO

      Caro leitor: você está contente com o seu corpo? Pense bem. Olhe-se bem. Os ingleses não estão. Informa* a BBC Brasil que um grupo de deputados auscultou a população nativa a respeito.

      As conclusões do estudo, intitulado "Reflections on Body Image" ("reflexões sobre a imagem do corpo”), são dramáticas: ninguém gosta da respectiva carcaça.

      Nas escolas, o cenário é particularmente aterrador: um em cada cinco meninos de 10 anos despreza a própria figura; uma em cada três meninas também.

      A situação é tão extrema que os deputados sugerem aulas de imagem e expressão corporal para combater a insatisfação com o corpo. É preciso mais "autoestima", dizem os especialistas. A saúde psíquica de uma nação depende disso.

      Boa sorte, rapazes. Mas posso explicar por que motivo o projeto educacional está destinado ao fracasso? Deixo ficar a teoria para mais tarde. Prefiro a prática por agora.

      Moro em frente a uma academia de ginástica. E todos os dias, manhã cedo, contemplo através do vidro exércitos de infelizes que marcham lá para dentro em busca das formas perfeitas.

      O cortejo é deprimente, concedo: a angústia plasmada no rosto de cada um dos peregrinos faria as delícias de Hieronymus Bosch. Mas o essencial da experiência está na propaganda da academia - duas frases escritas em inglês e com cores berrantes, logo na entrada: "One life. Live it well."

      Nem mais. Durante séculos, a civilização ocidental - corrijo: a civilização judaico-cristã que forjou o Ocidente - tinha uma singular visão do corpo que se alterou com a modernidade.

      Simplificando, o corpo tinha a sua importância como guardião da alma divina. Mas só a alma era eterna; só a alma viajava para o outro lado, o que concedia ao corpo um estatuto perecível e secundário.

      Quando existe um horizonte de eternidade pela frente, e quando a eternidade se assume como prolongamento da existência terrena e compensação de suas misérias, é normal que o olhar humano não atribua ao corpo e às suas imperfeições o lugar histérico de hoje.

      Esse horizonte de eternidade perdeu-se. Para usar as palavras de Thomas Hardy em poema célebre sobre o "funeral de Deus”, a divindade podia ser uma projeção que os homens modernos não conseguiram mais manter viva. 

      Mas existem consequências desse enterro. Se não existe nenhuma continuidade pós-terrena, se tudo que resta é esta passagem breve e incompleta que termina entre quatro tábuas, o olhar humano recentra-se sobre a matéria.

      Pior: coloca a matéria no altar das antigas divindades e troca as orações e as penitências do passado pelo calvário tangível da malhação matinal.

      Só existe uma vida. Só existe uma oportunidade para vivê-la bem. As frases promocionais da academia podem ser lidas como grito festivo e obviamente narcísico.

      Mas também são a expressão de uma angústia e terror bem profundos: a angústia e o terror de quem sabe que não terá uma segunda oportunidade.

      Todas as fichas do jogo estão cá embaixo, não íá em cima. Aliás, não existe mais "lá em cima”.

      Os deputados ingleses, sem originalidade, acreditam que a insatisfação com o corpo tem origem nas imagens de perfeição irreal que a moda ou o cinema cultivam. O clichê de um clichê. 

      Erro crasso. Essas imagens de perfeição irreal são apenas a consequência, e não a causa, de uma cultura que concedeu ao corpo uma fatídica importância.

      E "fatídica" pela razão evidente de que condena os homens a adorar um deus falível por definição. Um deus caprichoso e inconstante, sujeito às inclemências da velhice, da doença e da morte. Se existem causas perdidas, o corpo é a primeira delas. Alimentar causas perdidas é um sintoma de demência.

      É por isso que a nossa obsessão com a carcaça não se corrige com as tais aulas de imagem e expressão corporal. Não se corrige com mais "autoestima".

       Ironicamente, corrige-se com menos "autoestima". Somos pó e ao pó retornaremos. Aulas de teologia fariam mais pelas crianças inglesas do que renovadas sessões com o corpo no papel principal.

                                João Pereira Coutinho, Folha de Sao Paulo, 05/06/2012

"Se não existe nenhuma continuidade pós-terrena, se tudo que resta é esta passagem breve e incompleta que termina entre quatro tábuas, o olhar humano recentra-se sobre a matéria". A primeira e a segunda oração desse período estabelecem, com a oração principal, uma relação de:
Alternativas
Ano: 2012 Banca: FAPEMS Órgão: UEMS Prova: FAPEMS - 2012 - UEMS - Técnico Administrativo |
Q824604 Português

                               ESTE É O MEU CORPO

      Caro leitor: você está contente com o seu corpo? Pense bem. Olhe-se bem. Os ingleses não estão. Informa* a BBC Brasil que um grupo de deputados auscultou a população nativa a respeito.

      As conclusões do estudo, intitulado "Reflections on Body Image" ("reflexões sobre a imagem do corpo”), são dramáticas: ninguém gosta da respectiva carcaça.

      Nas escolas, o cenário é particularmente aterrador: um em cada cinco meninos de 10 anos despreza a própria figura; uma em cada três meninas também.

      A situação é tão extrema que os deputados sugerem aulas de imagem e expressão corporal para combater a insatisfação com o corpo. É preciso mais "autoestima", dizem os especialistas. A saúde psíquica de uma nação depende disso.

      Boa sorte, rapazes. Mas posso explicar por que motivo o projeto educacional está destinado ao fracasso? Deixo ficar a teoria para mais tarde. Prefiro a prática por agora.

      Moro em frente a uma academia de ginástica. E todos os dias, manhã cedo, contemplo através do vidro exércitos de infelizes que marcham lá para dentro em busca das formas perfeitas.

      O cortejo é deprimente, concedo: a angústia plasmada no rosto de cada um dos peregrinos faria as delícias de Hieronymus Bosch. Mas o essencial da experiência está na propaganda da academia - duas frases escritas em inglês e com cores berrantes, logo na entrada: "One life. Live it well."

      Nem mais. Durante séculos, a civilização ocidental - corrijo: a civilização judaico-cristã que forjou o Ocidente - tinha uma singular visão do corpo que se alterou com a modernidade.

      Simplificando, o corpo tinha a sua importância como guardião da alma divina. Mas só a alma era eterna; só a alma viajava para o outro lado, o que concedia ao corpo um estatuto perecível e secundário.

      Quando existe um horizonte de eternidade pela frente, e quando a eternidade se assume como prolongamento da existência terrena e compensação de suas misérias, é normal que o olhar humano não atribua ao corpo e às suas imperfeições o lugar histérico de hoje.

      Esse horizonte de eternidade perdeu-se. Para usar as palavras de Thomas Hardy em poema célebre sobre o "funeral de Deus”, a divindade podia ser uma projeção que os homens modernos não conseguiram mais manter viva. 

      Mas existem consequências desse enterro. Se não existe nenhuma continuidade pós-terrena, se tudo que resta é esta passagem breve e incompleta que termina entre quatro tábuas, o olhar humano recentra-se sobre a matéria.

      Pior: coloca a matéria no altar das antigas divindades e troca as orações e as penitências do passado pelo calvário tangível da malhação matinal.

      Só existe uma vida. Só existe uma oportunidade para vivê-la bem. As frases promocionais da academia podem ser lidas como grito festivo e obviamente narcísico.

      Mas também são a expressão de uma angústia e terror bem profundos: a angústia e o terror de quem sabe que não terá uma segunda oportunidade.

      Todas as fichas do jogo estão cá embaixo, não íá em cima. Aliás, não existe mais "lá em cima”.

      Os deputados ingleses, sem originalidade, acreditam que a insatisfação com o corpo tem origem nas imagens de perfeição irreal que a moda ou o cinema cultivam. O clichê de um clichê. 

      Erro crasso. Essas imagens de perfeição irreal são apenas a consequência, e não a causa, de uma cultura que concedeu ao corpo uma fatídica importância.

      E "fatídica" pela razão evidente de que condena os homens a adorar um deus falível por definição. Um deus caprichoso e inconstante, sujeito às inclemências da velhice, da doença e da morte. Se existem causas perdidas, o corpo é a primeira delas. Alimentar causas perdidas é um sintoma de demência.

      É por isso que a nossa obsessão com a carcaça não se corrige com as tais aulas de imagem e expressão corporal. Não se corrige com mais "autoestima".

       Ironicamente, corrige-se com menos "autoestima". Somos pó e ao pó retornaremos. Aulas de teologia fariam mais pelas crianças inglesas do que renovadas sessões com o corpo no papel principal.

                                João Pereira Coutinho, Folha de Sao Paulo, 05/06/2012

Observe as formas verbais:

I- "(...) um grupo de deputados auscultou a população nativa a respeito".

II- "As frases promocionais da academia podem ser lidas (...)".

III- "Não se corrige com mais "autoestima".

IV- "Olhe-se bem".

Nas orações acima, os verbos estão flexionados, respectivamente, na:

Alternativas
Ano: 2012 Banca: FAPEMS Órgão: UEMS Prova: FAPEMS - 2012 - UEMS - Técnico Administrativo |
Q824602 Português

                               ESTE É O MEU CORPO

      Caro leitor: você está contente com o seu corpo? Pense bem. Olhe-se bem. Os ingleses não estão. Informa* a BBC Brasil que um grupo de deputados auscultou a população nativa a respeito.

      As conclusões do estudo, intitulado "Reflections on Body Image" ("reflexões sobre a imagem do corpo”), são dramáticas: ninguém gosta da respectiva carcaça.

      Nas escolas, o cenário é particularmente aterrador: um em cada cinco meninos de 10 anos despreza a própria figura; uma em cada três meninas também.

      A situação é tão extrema que os deputados sugerem aulas de imagem e expressão corporal para combater a insatisfação com o corpo. É preciso mais "autoestima", dizem os especialistas. A saúde psíquica de uma nação depende disso.

      Boa sorte, rapazes. Mas posso explicar por que motivo o projeto educacional está destinado ao fracasso? Deixo ficar a teoria para mais tarde. Prefiro a prática por agora.

      Moro em frente a uma academia de ginástica. E todos os dias, manhã cedo, contemplo através do vidro exércitos de infelizes que marcham lá para dentro em busca das formas perfeitas.

      O cortejo é deprimente, concedo: a angústia plasmada no rosto de cada um dos peregrinos faria as delícias de Hieronymus Bosch. Mas o essencial da experiência está na propaganda da academia - duas frases escritas em inglês e com cores berrantes, logo na entrada: "One life. Live it well."

      Nem mais. Durante séculos, a civilização ocidental - corrijo: a civilização judaico-cristã que forjou o Ocidente - tinha uma singular visão do corpo que se alterou com a modernidade.

      Simplificando, o corpo tinha a sua importância como guardião da alma divina. Mas só a alma era eterna; só a alma viajava para o outro lado, o que concedia ao corpo um estatuto perecível e secundário.

      Quando existe um horizonte de eternidade pela frente, e quando a eternidade se assume como prolongamento da existência terrena e compensação de suas misérias, é normal que o olhar humano não atribua ao corpo e às suas imperfeições o lugar histérico de hoje.

      Esse horizonte de eternidade perdeu-se. Para usar as palavras de Thomas Hardy em poema célebre sobre o "funeral de Deus”, a divindade podia ser uma projeção que os homens modernos não conseguiram mais manter viva. 

      Mas existem consequências desse enterro. Se não existe nenhuma continuidade pós-terrena, se tudo que resta é esta passagem breve e incompleta que termina entre quatro tábuas, o olhar humano recentra-se sobre a matéria.

      Pior: coloca a matéria no altar das antigas divindades e troca as orações e as penitências do passado pelo calvário tangível da malhação matinal.

      Só existe uma vida. Só existe uma oportunidade para vivê-la bem. As frases promocionais da academia podem ser lidas como grito festivo e obviamente narcísico.

      Mas também são a expressão de uma angústia e terror bem profundos: a angústia e o terror de quem sabe que não terá uma segunda oportunidade.

      Todas as fichas do jogo estão cá embaixo, não íá em cima. Aliás, não existe mais "lá em cima”.

      Os deputados ingleses, sem originalidade, acreditam que a insatisfação com o corpo tem origem nas imagens de perfeição irreal que a moda ou o cinema cultivam. O clichê de um clichê. 

      Erro crasso. Essas imagens de perfeição irreal são apenas a consequência, e não a causa, de uma cultura que concedeu ao corpo uma fatídica importância.

      E "fatídica" pela razão evidente de que condena os homens a adorar um deus falível por definição. Um deus caprichoso e inconstante, sujeito às inclemências da velhice, da doença e da morte. Se existem causas perdidas, o corpo é a primeira delas. Alimentar causas perdidas é um sintoma de demência.

      É por isso que a nossa obsessão com a carcaça não se corrige com as tais aulas de imagem e expressão corporal. Não se corrige com mais "autoestima".

       Ironicamente, corrige-se com menos "autoestima". Somos pó e ao pó retornaremos. Aulas de teologia fariam mais pelas crianças inglesas do que renovadas sessões com o corpo no papel principal.

                                João Pereira Coutinho, Folha de Sao Paulo, 05/06/2012

Observe o uso da vírgula e as respectivas justificativas:

I- "Simplificando, o corpo tinha a sua importância como guardião da alma divina" A vírgula está separando uma oração reduzida de particípio.

II- "Nas escolas, o cenário é particularmente aterrador A vírgula está marcando a inversão de um adjunto adverbial.

III- "Se existem causas perdidas, o corpo é a primeira delas". A vírgula está separando um aposto.

IV- "Boa sorte, rapazes" A vírgula está separando um vocativo.

Alternativas
Ano: 2012 Banca: FAPEMS Órgão: UEMS Prova: FAPEMS - 2012 - UEMS - Técnico Administrativo |
Q824601 Português

                               ESTE É O MEU CORPO

      Caro leitor: você está contente com o seu corpo? Pense bem. Olhe-se bem. Os ingleses não estão. Informa* a BBC Brasil que um grupo de deputados auscultou a população nativa a respeito.

      As conclusões do estudo, intitulado "Reflections on Body Image" ("reflexões sobre a imagem do corpo”), são dramáticas: ninguém gosta da respectiva carcaça.

      Nas escolas, o cenário é particularmente aterrador: um em cada cinco meninos de 10 anos despreza a própria figura; uma em cada três meninas também.

      A situação é tão extrema que os deputados sugerem aulas de imagem e expressão corporal para combater a insatisfação com o corpo. É preciso mais "autoestima", dizem os especialistas. A saúde psíquica de uma nação depende disso.

      Boa sorte, rapazes. Mas posso explicar por que motivo o projeto educacional está destinado ao fracasso? Deixo ficar a teoria para mais tarde. Prefiro a prática por agora.

      Moro em frente a uma academia de ginástica. E todos os dias, manhã cedo, contemplo através do vidro exércitos de infelizes que marcham lá para dentro em busca das formas perfeitas.

      O cortejo é deprimente, concedo: a angústia plasmada no rosto de cada um dos peregrinos faria as delícias de Hieronymus Bosch. Mas o essencial da experiência está na propaganda da academia - duas frases escritas em inglês e com cores berrantes, logo na entrada: "One life. Live it well."

      Nem mais. Durante séculos, a civilização ocidental - corrijo: a civilização judaico-cristã que forjou o Ocidente - tinha uma singular visão do corpo que se alterou com a modernidade.

      Simplificando, o corpo tinha a sua importância como guardião da alma divina. Mas só a alma era eterna; só a alma viajava para o outro lado, o que concedia ao corpo um estatuto perecível e secundário.

      Quando existe um horizonte de eternidade pela frente, e quando a eternidade se assume como prolongamento da existência terrena e compensação de suas misérias, é normal que o olhar humano não atribua ao corpo e às suas imperfeições o lugar histérico de hoje.

      Esse horizonte de eternidade perdeu-se. Para usar as palavras de Thomas Hardy em poema célebre sobre o "funeral de Deus”, a divindade podia ser uma projeção que os homens modernos não conseguiram mais manter viva. 

      Mas existem consequências desse enterro. Se não existe nenhuma continuidade pós-terrena, se tudo que resta é esta passagem breve e incompleta que termina entre quatro tábuas, o olhar humano recentra-se sobre a matéria.

      Pior: coloca a matéria no altar das antigas divindades e troca as orações e as penitências do passado pelo calvário tangível da malhação matinal.

      Só existe uma vida. Só existe uma oportunidade para vivê-la bem. As frases promocionais da academia podem ser lidas como grito festivo e obviamente narcísico.

      Mas também são a expressão de uma angústia e terror bem profundos: a angústia e o terror de quem sabe que não terá uma segunda oportunidade.

      Todas as fichas do jogo estão cá embaixo, não íá em cima. Aliás, não existe mais "lá em cima”.

      Os deputados ingleses, sem originalidade, acreditam que a insatisfação com o corpo tem origem nas imagens de perfeição irreal que a moda ou o cinema cultivam. O clichê de um clichê. 

      Erro crasso. Essas imagens de perfeição irreal são apenas a consequência, e não a causa, de uma cultura que concedeu ao corpo uma fatídica importância.

      E "fatídica" pela razão evidente de que condena os homens a adorar um deus falível por definição. Um deus caprichoso e inconstante, sujeito às inclemências da velhice, da doença e da morte. Se existem causas perdidas, o corpo é a primeira delas. Alimentar causas perdidas é um sintoma de demência.

      É por isso que a nossa obsessão com a carcaça não se corrige com as tais aulas de imagem e expressão corporal. Não se corrige com mais "autoestima".

       Ironicamente, corrige-se com menos "autoestima". Somos pó e ao pó retornaremos. Aulas de teologia fariam mais pelas crianças inglesas do que renovadas sessões com o corpo no papel principal.

                                João Pereira Coutinho, Folha de Sao Paulo, 05/06/2012

A alternativa em que as quatro expressões são formadas pelas mesmas classes de palavras e na mesma sequência é:
Alternativas
Ano: 2012 Banca: FAPEMS Órgão: UEMS Prova: FAPEMS - 2012 - UEMS - Técnico Administrativo |
Q824600 Português

                               ESTE É O MEU CORPO

      Caro leitor: você está contente com o seu corpo? Pense bem. Olhe-se bem. Os ingleses não estão. Informa* a BBC Brasil que um grupo de deputados auscultou a população nativa a respeito.

      As conclusões do estudo, intitulado "Reflections on Body Image" ("reflexões sobre a imagem do corpo”), são dramáticas: ninguém gosta da respectiva carcaça.

      Nas escolas, o cenário é particularmente aterrador: um em cada cinco meninos de 10 anos despreza a própria figura; uma em cada três meninas também.

      A situação é tão extrema que os deputados sugerem aulas de imagem e expressão corporal para combater a insatisfação com o corpo. É preciso mais "autoestima", dizem os especialistas. A saúde psíquica de uma nação depende disso.

      Boa sorte, rapazes. Mas posso explicar por que motivo o projeto educacional está destinado ao fracasso? Deixo ficar a teoria para mais tarde. Prefiro a prática por agora.

      Moro em frente a uma academia de ginástica. E todos os dias, manhã cedo, contemplo através do vidro exércitos de infelizes que marcham lá para dentro em busca das formas perfeitas.

      O cortejo é deprimente, concedo: a angústia plasmada no rosto de cada um dos peregrinos faria as delícias de Hieronymus Bosch. Mas o essencial da experiência está na propaganda da academia - duas frases escritas em inglês e com cores berrantes, logo na entrada: "One life. Live it well."

      Nem mais. Durante séculos, a civilização ocidental - corrijo: a civilização judaico-cristã que forjou o Ocidente - tinha uma singular visão do corpo que se alterou com a modernidade.

      Simplificando, o corpo tinha a sua importância como guardião da alma divina. Mas só a alma era eterna; só a alma viajava para o outro lado, o que concedia ao corpo um estatuto perecível e secundário.

      Quando existe um horizonte de eternidade pela frente, e quando a eternidade se assume como prolongamento da existência terrena e compensação de suas misérias, é normal que o olhar humano não atribua ao corpo e às suas imperfeições o lugar histérico de hoje.

      Esse horizonte de eternidade perdeu-se. Para usar as palavras de Thomas Hardy em poema célebre sobre o "funeral de Deus”, a divindade podia ser uma projeção que os homens modernos não conseguiram mais manter viva. 

      Mas existem consequências desse enterro. Se não existe nenhuma continuidade pós-terrena, se tudo que resta é esta passagem breve e incompleta que termina entre quatro tábuas, o olhar humano recentra-se sobre a matéria.

      Pior: coloca a matéria no altar das antigas divindades e troca as orações e as penitências do passado pelo calvário tangível da malhação matinal.

      Só existe uma vida. Só existe uma oportunidade para vivê-la bem. As frases promocionais da academia podem ser lidas como grito festivo e obviamente narcísico.

      Mas também são a expressão de uma angústia e terror bem profundos: a angústia e o terror de quem sabe que não terá uma segunda oportunidade.

      Todas as fichas do jogo estão cá embaixo, não íá em cima. Aliás, não existe mais "lá em cima”.

      Os deputados ingleses, sem originalidade, acreditam que a insatisfação com o corpo tem origem nas imagens de perfeição irreal que a moda ou o cinema cultivam. O clichê de um clichê. 

      Erro crasso. Essas imagens de perfeição irreal são apenas a consequência, e não a causa, de uma cultura que concedeu ao corpo uma fatídica importância.

      E "fatídica" pela razão evidente de que condena os homens a adorar um deus falível por definição. Um deus caprichoso e inconstante, sujeito às inclemências da velhice, da doença e da morte. Se existem causas perdidas, o corpo é a primeira delas. Alimentar causas perdidas é um sintoma de demência.

      É por isso que a nossa obsessão com a carcaça não se corrige com as tais aulas de imagem e expressão corporal. Não se corrige com mais "autoestima".

       Ironicamente, corrige-se com menos "autoestima". Somos pó e ao pó retornaremos. Aulas de teologia fariam mais pelas crianças inglesas do que renovadas sessões com o corpo no papel principal.

                                João Pereira Coutinho, Folha de Sao Paulo, 05/06/2012

No trecho "Todas as fichas do jogo estão cá embaixo. não lá em cima” , as expressões em destaque relacionam-se, de forma metafórica, respectivamente, com:
Alternativas
Respostas
161: E
162: C
163: C
164: D
165: D
166: B
167: A
168: A
169: E
170: A
171: E
172: E
173: B
174: B
175: D
176: D
177: B
178: D
179: E
180: D