Questões de Concurso
Comentadas para itame
Foram encontradas 1.830 questões
Resolva questões gratuitamente!
Junte-se a mais de 4 milhões de concurseiros!
Óbito do autor
Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adoptar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escripto ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs no intróito, mas no cabo: diferença radical entre este livro e o Pentateuco.
Dito isto, expirei às duas horas da tarde de uma sexta feira do mês de agosto de 1869, na minha bela chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era solteiro, possuía cerca de trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos. Onze amigos! Verdade é que não houve cartas nem anúncios. Acresce que chovia -- peneirava -- uma chuvinha miúda, triste e constante, tão constante e tão triste, que levou um daqueles fiéis da última hora a intercalar esta engenhosa idéa no discurso que proferiu à beira de minha cova: -- «Vós, que o conhecestes, meus senhores, vós podeis dizer comigo que a natureza parece estar chorando a perda irreparável de um dos mais belos caracteres que tem honrado a humanidade. Este ar sombrio, estas gotas do céu, aquelas nuvens escuras que cobrem o azul como um crepe funéreo, tudo isso é a dor crua e má que lhe rói à natureza as mais íntimas entranhas; tudo isso é um sublime louvor ao nosso ilustre finado.
Assis, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. São Paulo, Abril Cultural, 1978. p. 15.
Relacione as colunas:
(1) Para os pacotes de programas da Microsoft Windows.
(2) Para os pacotes de programas livres Linux.
( ) Writer.
( ) Excel.
( ) Impress.
( ) Word.
( ) Power Point.
Marque a alternativa correta:
“Saio da vida para entrar na história”
O presidente populista a que este texto se refere foi criador de várias leis trabalhistas e da maior empresa brasileira (Petrobras), está há 60 anos longe do povo. Após 15 anos no poder, entre 1930 e 1945, conseguiu assumir em 1951, mas sem a popularidade de outrora.
Com oposições ferrenhas, como a dos conservadores, que eram contra o aumento do salário mínimo em 100%, e a de seu rival Carlos Lacerda, que o acusa publicamente de uma tentativa de assassinato, o presidente nacionalista não se sustenta no poder e se enclausura no Palácio do Catete, onde se suicida.
Pode-se afirmar que o texto refere-se:
Papa pop: Francisco leva temas tabus para dentro da Igreja Católica e reforça sua atuação internacional
Desde que assumiu o posto de chefe da Igreja Católica, no início de 2013, o Papa Francisco chamou a atenção. Uma vez eleito, não quis usar a cruz de ouro nem o papamóvel e quebrou o protocolo diversas vezes. Para os que o admiram, ele trouxe uma liderança mais humana, humilde e próxima da população.
O que mais chama a atenção no Papa é que ele parece não ter medo de tocar em assuntos tradicionalmente polêmicos para a instituição. Seus comentários nesses quase dois anos de papado mostram um pontífice tolerante com os gays, casais divorciados e com a teoria do Big Bang, que não coloca em lados totalmente opostos ciência e religião e ainda insere na agenda declarações que buscam a humanização das relações entre os países que vivem em situação de conflito ou oposição, como é o caso de Israel e Palestina e EUA e Cuba.
Direto ao ponto: Ficha-resumo
Com esse perfil, Francisco tornou-se um Papa Pop - e polêmico. Estaria ele buscando um caminho para uma Igreja Católica mais acolhedora? Há quem concorde com esse ponto de vista. Uns acreditam que, embora as palavras do Papa Francisco valorizem o perdão ao próximo, na prática, não provocarão mudanças dogmáticas na religião.
A aceitação dos gays, a entrega da comunhão a pessoas divorciadas que se casaram de novo, aborto, o uso de preservativos, a ordenação de mulheres e o fim do celibato clerical, temas que já foram alvo dos comentários de Francisco, são marcos morais do Catolicismo e dificilmente sofrerão mudanças em breve.
Para outros, a preocupação nestes primeiros anos do pontificado deve ser com uma reforma estrutural e ética do Vaticano. Em 2012, a Cúria Romana, órgão administrativo da Santa Sé, foi alvo de denúncias de corrupção, nepotismo e abusos de poder, no escândalo conhecido como Vatileaks.
Fonte: http://vestibular.uol.com.br/
Papa pop: Francisco leva temas tabus para dentro da Igreja Católica e reforça sua atuação internacional
Desde que assumiu o posto de chefe da Igreja Católica, no início de 2013, o Papa Francisco chamou a atenção. Uma vez eleito, não quis usar a cruz de ouro nem o papamóvel e quebrou o protocolo diversas vezes. Para os que o admiram, ele trouxe uma liderança mais humana, humilde e próxima da população.
O que mais chama a atenção no Papa é que ele parece não ter medo de tocar em assuntos tradicionalmente polêmicos para a instituição. Seus comentários nesses quase dois anos de papado mostram um pontífice tolerante com os gays, casais divorciados e com a teoria do Big Bang, que não coloca em lados totalmente opostos ciência e religião e ainda insere na agenda declarações que buscam a humanização das relações entre os países que vivem em situação de conflito ou oposição, como é o caso de Israel e Palestina e EUA e Cuba.
Direto ao ponto: Ficha-resumo
Com esse perfil, Francisco tornou-se um Papa Pop - e polêmico. Estaria ele buscando um caminho para uma Igreja Católica mais acolhedora? Há quem concorde com esse ponto de vista. Uns acreditam que, embora as palavras do Papa Francisco valorizem o perdão ao próximo, na prática, não provocarão mudanças dogmáticas na religião.
A aceitação dos gays, a entrega da comunhão a pessoas divorciadas que se casaram de novo, aborto, o uso de preservativos, a ordenação de mulheres e o fim do celibato clerical, temas que já foram alvo dos comentários de Francisco, são marcos morais do Catolicismo e dificilmente sofrerão mudanças em breve.
Para outros, a preocupação nestes primeiros anos do pontificado deve ser com uma reforma estrutural e ética do Vaticano. Em 2012, a Cúria Romana, órgão administrativo da Santa Sé, foi alvo de denúncias de corrupção, nepotismo e abusos de poder, no escândalo conhecido como Vatileaks.
Fonte: http://vestibular.uol.com.br/
Papa pop: Francisco leva temas tabus para dentro da Igreja Católica e reforça sua atuação internacional
Desde que assumiu o posto de chefe da Igreja Católica, no início de 2013, o Papa Francisco chamou a atenção. Uma vez eleito, não quis usar a cruz de ouro nem o papamóvel e quebrou o protocolo diversas vezes. Para os que o admiram, ele trouxe uma liderança mais humana, humilde e próxima da população.
O que mais chama a atenção no Papa é que ele parece não ter medo de tocar em assuntos tradicionalmente polêmicos para a instituição. Seus comentários nesses quase dois anos de papado mostram um pontífice tolerante com os gays, casais divorciados e com a teoria do Big Bang, que não coloca em lados totalmente opostos ciência e religião e ainda insere na agenda declarações que buscam a humanização das relações entre os países que vivem em situação de conflito ou oposição, como é o caso de Israel e Palestina e EUA e Cuba.
Direto ao ponto: Ficha-resumo
Com esse perfil, Francisco tornou-se um Papa Pop - e polêmico. Estaria ele buscando um caminho para uma Igreja Católica mais acolhedora? Há quem concorde com esse ponto de vista. Uns acreditam que, embora as palavras do Papa Francisco valorizem o perdão ao próximo, na prática, não provocarão mudanças dogmáticas na religião.
A aceitação dos gays, a entrega da comunhão a pessoas divorciadas que se casaram de novo, aborto, o uso de preservativos, a ordenação de mulheres e o fim do celibato clerical, temas que já foram alvo dos comentários de Francisco, são marcos morais do Catolicismo e dificilmente sofrerão mudanças em breve.
Para outros, a preocupação nestes primeiros anos do pontificado deve ser com uma reforma estrutural e ética do Vaticano. Em 2012, a Cúria Romana, órgão administrativo da Santa Sé, foi alvo de denúncias de corrupção, nepotismo e abusos de poder, no escândalo conhecido como Vatileaks.
Fonte: http://vestibular.uol.com.br/
Pena de morte: Em vigor em mais de 50 países, medida não reduziu criminalidade
Em janeiro de 2015, os brasileiros ficaram chocados com a notícia do fuzilamento de Marco Archer, brasileiro que foi preso em 2004 na Indonésia e condenado à morte por tráfico de drogas depois de tentar entrar no país com cocaína dentro dos tubos de uma asa-delta.
Logo após a prisão de Archer, outro brasileiro, Rodrigo Gularte, foi condenado à execução em 2005 por ingressar na Indonésia com cocaína escondida em pranchas de surf. Hoje, o país tem 133 prisioneiros que aguardam a execução no corredor da morte.
A maioria dos países aboliu a pena de morte, mas de acordo com a Anistia Internacional, hoje, 58 países mantêm a punição para crimes comuns.
Os motivos mais passíveis dessa condenação incluem homicídios, espionagem, falsa profecia, estupro, adultério, homossexualidade, corrupção, tráfico de drogas, não seguir a religião oficial ou desrespeitar algum padrão de comportamento social ou cultural.
Cada país possui métodos de execução do condenado. Na lei islâmica, quem trai o marido ou a mulher deve ser morto por apedrejamento. Em países asiáticos, o fuzilamento é o mais usado e, nos Estados Unidos, a cadeira elétrica ou a injeção letal são usadas em caso de homicídios qualificados e atos de terrorismo.
A China é campeã nesse ranking. Estima-se que em 2013 o país realizou pelo menos 4.106 execuções de penas capitais para crimes como fraude fiscal, corrupção e tráfico de drogas. Segundo a Anistia Internacional, sem contar os dados da China, 1.925 pessoas foram condenadas à morte no mesmo ano, 788 foram executadas - um aumento de 15% em relação a 2012 – e 23.392 aguardavam a execução. Os países que mais efetuaram execuções foram Irã, Iraque, Arábia Saudita e Estados Unidos.
Fonte: http://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/atualidades/penade-morte-em-vigor-em-mais-de-50-paises-medida-nao-reduziucriminalidade.htm
Pena de morte: Em vigor em mais de 50 países, medida não reduziu criminalidade
Em janeiro de 2015, os brasileiros ficaram chocados com a notícia do fuzilamento de Marco Archer, brasileiro que foi preso em 2004 na Indonésia e condenado à morte por tráfico de drogas depois de tentar entrar no país com cocaína dentro dos tubos de uma asa-delta.
Logo após a prisão de Archer, outro brasileiro, Rodrigo Gularte, foi condenado à execução em 2005 por ingressar na Indonésia com cocaína escondida em pranchas de surf. Hoje, o país tem 133 prisioneiros que aguardam a execução no corredor da morte.
A maioria dos países aboliu a pena de morte, mas de acordo com a Anistia Internacional, hoje, 58 países mantêm a punição para crimes comuns.
Os motivos mais passíveis dessa condenação incluem homicídios, espionagem, falsa profecia, estupro, adultério, homossexualidade, corrupção, tráfico de drogas, não seguir a religião oficial ou desrespeitar algum padrão de comportamento social ou cultural.
Cada país possui métodos de execução do condenado. Na lei islâmica, quem trai o marido ou a mulher deve ser morto por apedrejamento. Em países asiáticos, o fuzilamento é o mais usado e, nos Estados Unidos, a cadeira elétrica ou a injeção letal são usadas em caso de homicídios qualificados e atos de terrorismo.
A China é campeã nesse ranking. Estima-se que em 2013 o país realizou pelo menos 4.106 execuções de penas capitais para crimes como fraude fiscal, corrupção e tráfico de drogas. Segundo a Anistia Internacional, sem contar os dados da China, 1.925 pessoas foram condenadas à morte no mesmo ano, 788 foram executadas - um aumento de 15% em relação a 2012 – e 23.392 aguardavam a execução. Os países que mais efetuaram execuções foram Irã, Iraque, Arábia Saudita e Estados Unidos.
Fonte: http://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/atualidades/penade-morte-em-vigor-em-mais-de-50-paises-medida-nao-reduziucriminalidade.htm
Pena de morte: Em vigor em mais de 50 países, medida não reduziu criminalidade
Em janeiro de 2015, os brasileiros ficaram chocados com a notícia do fuzilamento de Marco Archer, brasileiro que foi preso em 2004 na Indonésia e condenado à morte por tráfico de drogas depois de tentar entrar no país com cocaína dentro dos tubos de uma asa-delta.
Logo após a prisão de Archer, outro brasileiro, Rodrigo Gularte, foi condenado à execução em 2005 por ingressar na Indonésia com cocaína escondida em pranchas de surf. Hoje, o país tem 133 prisioneiros que aguardam a execução no corredor da morte.
A maioria dos países aboliu a pena de morte, mas de acordo com a Anistia Internacional, hoje, 58 países mantêm a punição para crimes comuns.
Os motivos mais passíveis dessa condenação incluem homicídios, espionagem, falsa profecia, estupro, adultério, homossexualidade, corrupção, tráfico de drogas, não seguir a religião oficial ou desrespeitar algum padrão de comportamento social ou cultural.
Cada país possui métodos de execução do condenado. Na lei islâmica, quem trai o marido ou a mulher deve ser morto por apedrejamento. Em países asiáticos, o fuzilamento é o mais usado e, nos Estados Unidos, a cadeira elétrica ou a injeção letal são usadas em caso de homicídios qualificados e atos de terrorismo.
A China é campeã nesse ranking. Estima-se que em 2013 o país realizou pelo menos 4.106 execuções de penas capitais para crimes como fraude fiscal, corrupção e tráfico de drogas. Segundo a Anistia Internacional, sem contar os dados da China, 1.925 pessoas foram condenadas à morte no mesmo ano, 788 foram executadas - um aumento de 15% em relação a 2012 – e 23.392 aguardavam a execução. Os países que mais efetuaram execuções foram Irã, Iraque, Arábia Saudita e Estados Unidos.
Fonte: http://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/atualidades/penade-morte-em-vigor-em-mais-de-50-paises-medida-nao-reduziucriminalidade.htm
O trecho da obra literária abaixo corresponde, respectivamente a:
[...]
FIDALGO Esta barca onde vai ora,
que assi está apercebida?
DIABO Vai pera a ilha perdida,
e há-de partir logo ess'ora.
FIDALGO Pera lá vai a senhora?
DIABO Senhor, a vosso serviço.
FIDALGO Parece-me isso cortiço...
DIABO Porque a vedes lá de fora.
FIDALGO Porém, a que terra passais?
DIABO Pera o inferno, senhor.
FIDALGO Terra é bem sem-sabor.
DIABO Quê?... E também cá zombais?
FIDALGO E passageiros achais pera tal habitação?
DIABO Vejo-vos eu em feição
pera ir ao nosso cais...
Assinale a alternativa que corresponde à fase literária à qual se refere a sentença abaixo:
“Os artistas deste período atribuíram à arte uma função social. Em suas obras, procuraram refletir sobre a realidade sócio-histórica, promover debate e, assim, contribuir para mudanças sociais. Têm um posicionamento impessoal e sem idealizações românticas.”
De acordo com a Lei Orgânica são condições de elegibilidade para o mandato de Vereador, na forma da Lei Federal:
1. Ter ensino fundamental completo
2. Nacionalidade brasileira
3. Pleno exercício dos direitos políticos
4. Alistamento eleitoral
5. Domicílio eleitoral na circunscrição
6. Filiação partidária
7. Idade mínima de 16
Estão corretos apenas os itens:
Uma Galinha – Conto de Clarice Lispector
“Era uma galinha de domingo. Ainda viva porque não passava de nove horas da manhã.
Parecia calma. Desde sábado encolhera-se num canto da cozinha. Não olhava para ninguém, ninguém olhava para ela. Mesmo quando a escolheram, apalpando sua intimidade com indiferença, não souberam dizer se era gorda ou magra. Nunca se adivinharia nela um anseio.
Foi pois uma surpresa quando a viram abrir as asas de curto voo, inchar o peito e, em dois ou três lances, alcançar a murada do terraço. Um instante ainda vacilou — o tempo da cozinheira dar um grito — e em breve estava no terraço do vizinho, de onde, em outro voo desajeitado, alcançou um telhado. Lá ficou em adorno deslocado, hesitando ora num, ora noutro pé. A família foi chamada com urgência e consternada viu o almoço junto de uma chaminé. O dono da casa, lembrando-se da dupla necessidade de fazer esporadicamente algum esporte e de almoçar, vestiu radiante um calção de banho e resolveu seguir o itinerário da galinha: em pulos cautelosos alcançou o telhado onde esta, hesitante e trêmula, escolhia com urgência outro rumo. A perseguição tornou-se mais intensa. De telhado a telhado foi percorrido mais de um quarteirão da rua. Pouco afeita a uma luta mais selvagem pela vida, a galinha tinha que decidir por si mesma os caminhos a tomar, sem nenhum auxílio de sua raça. O rapaz, porém, era um caçador adormecido. E por mais ínfima que fosse a presa o grito de conquista havia soado.
Sozinha no mundo, sem pai nem mãe, ela corria, arfava, muda, concentrada. Às vezes, na fuga, pairava ofegante num beiral de telhado e enquanto o rapaz galgava outros com dificuldade tinha tempo de se refazer por um momento. E então parecia tão livre.
Estúpida, tímida e livre. Não vitoriosa como seria um galo em fuga. Que é que havia nas suas vísceras que fazia dela um ser? A galinha é um ser. É verdade que não se poderia contar com ela para nada. Nem ela própria contava consigo, como o galo crê na sua crista. Sua única vantagem é que havia tantas galinhas que morrendo uma surgiria no mesmo instante outra tão igual como se fora a mesma.
Afinal, numa das vezes em que parou para gozar sua fuga, o rapaz alcançou-a. Entre gritos e penas, ela foi presa. Em seguida carregada em triunfo por uma asa através das telhas e pousada no chão da cozinha com certa violência. Ainda tonta, sacudiu-se um pouco, em cacarejos roucos e indecisos. Foi então que aconteceu. De pura afobação a galinha pôs um ovo. Surpreendida, exausta. Talvez fosse prematuro. Mas logo depois, nascida que fora para a maternidade, parecia uma velha mãe habituada. Sentou-se sobre o ovo e assim ficou, respirando, abotoando e desabotoando os olhos. Seu coração, tão pequeno num prato, solevava e abaixava as penas, enchendo de tepidez aquilo que nunca passaria de um ovo. Só a menina estava perto e assistiu a tudo estarrecida. Mal porém conseguiu desvencilhar-se do acontecimento, despregou-se do chão e saiu aos gritos:
— Mamãe, mamãe, não mate mais a galinha, ela pôs um ovo! Ela quer o nosso bem!
Todos correram de novo à cozinha e rodearam mudos a jovem parturiente. Esquentando seu filho, esta não era nem suave nem arisca, nem alegre, nem triste, não era nada, era uma galinha. O que não sugeria nenhum sentimento especial. O pai, a mãe e a filha olhavam já há algum tempo, sem propriamente um pensamento qualquer. Nunca ninguém acariciou uma cabeça de galinha. O pai afinal decidiu-se com certa brusquidão:
— Se você mandar matar esta galinha nunca mais comerei galinha na minha vida!
— Eu também! jurou a menina com ardor. A mãe, cansada, deu de ombros.
Inconsciente da vida que lhe fora entregue, a galinha passou a morar com a família. A menina, de volta do colégio, jogava a pasta longe sem interromper a corrida para a cozinha. O pai de vez em quando ainda se lembrava: “E dizer que a obriguei a correr naquele estado!” A galinha tornara-se a rainha da casa. Todos, menos ela, o sabiam. Continuou entre a cozinha e o terraço dos fundos, usando suas duas capacidades: a de apatia e a do sobressalto.
Mas quando todos estavam quietos na casa e pareciam tê-la esquecido, enchia-se de uma pequena coragem, resquícios da grande fuga — e circulava pelo ladrilho, o corpo avançando atrás da cabeça, pausado como num campo, embora a pequena cabeça a traísse: mexendo-se rápida e vibrátil, com o velho susto de sua espécie já mecanizado.
Uma vez ou outra, sempre mais raramente, lembrava de novo a galinha que se recortara contra o ar à beira do telhado, prestes a anunciar. Nesses momentos enchia os pulmões com o ar impuro da cozinha e, se fosse dado às fêmeas cantar, ela não cantaria mas ficaria muito mais contente. Embora nem nesses instantes a expressão de sua vazia cabeça se alterasse. Na fuga, no descanso, quando deu à luz ou bicando milho — era uma cabeça de galinha, a mesma que fora desenhada no começo dos séculos.
Até que um dia mataram-na, comeram-na e passaram-se anos.”
“Uma Galinha” Clarice Lispector, 1960
Uma Galinha – Conto de Clarice Lispector
“Era uma galinha de domingo. Ainda viva porque não passava de nove horas da manhã.
Parecia calma. Desde sábado encolhera-se num canto da cozinha. Não olhava para ninguém, ninguém olhava para ela. Mesmo quando a escolheram, apalpando sua intimidade com indiferença, não souberam dizer se era gorda ou magra. Nunca se adivinharia nela um anseio.
Foi pois uma surpresa quando a viram abrir as asas de curto voo, inchar o peito e, em dois ou três lances, alcançar a murada do terraço. Um instante ainda vacilou — o tempo da cozinheira dar um grito — e em breve estava no terraço do vizinho, de onde, em outro voo desajeitado, alcançou um telhado. Lá ficou em adorno deslocado, hesitando ora num, ora noutro pé. A família foi chamada com urgência e consternada viu o almoço junto de uma chaminé. O dono da casa, lembrando-se da dupla necessidade de fazer esporadicamente algum esporte e de almoçar, vestiu radiante um calção de banho e resolveu seguir o itinerário da galinha: em pulos cautelosos alcançou o telhado onde esta, hesitante e trêmula, escolhia com urgência outro rumo. A perseguição tornou-se mais intensa. De telhado a telhado foi percorrido mais de um quarteirão da rua. Pouco afeita a uma luta mais selvagem pela vida, a galinha tinha que decidir por si mesma os caminhos a tomar, sem nenhum auxílio de sua raça. O rapaz, porém, era um caçador adormecido. E por mais ínfima que fosse a presa o grito de conquista havia soado.
Sozinha no mundo, sem pai nem mãe, ela corria, arfava, muda, concentrada. Às vezes, na fuga, pairava ofegante num beiral de telhado e enquanto o rapaz galgava outros com dificuldade tinha tempo de se refazer por um momento. E então parecia tão livre.
Estúpida, tímida e livre. Não vitoriosa como seria um galo em fuga. Que é que havia nas suas vísceras que fazia dela um ser? A galinha é um ser. É verdade que não se poderia contar com ela para nada. Nem ela própria contava consigo, como o galo crê na sua crista. Sua única vantagem é que havia tantas galinhas que morrendo uma surgiria no mesmo instante outra tão igual como se fora a mesma.
Afinal, numa das vezes em que parou para gozar sua fuga, o rapaz alcançou-a. Entre gritos e penas, ela foi presa. Em seguida carregada em triunfo por uma asa através das telhas e pousada no chão da cozinha com certa violência. Ainda tonta, sacudiu-se um pouco, em cacarejos roucos e indecisos. Foi então que aconteceu. De pura afobação a galinha pôs um ovo. Surpreendida, exausta. Talvez fosse prematuro. Mas logo depois, nascida que fora para a maternidade, parecia uma velha mãe habituada. Sentou-se sobre o ovo e assim ficou, respirando, abotoando e desabotoando os olhos. Seu coração, tão pequeno num prato, solevava e abaixava as penas, enchendo de tepidez aquilo que nunca passaria de um ovo. Só a menina estava perto e assistiu a tudo estarrecida. Mal porém conseguiu desvencilhar-se do acontecimento, despregou-se do chão e saiu aos gritos:
— Mamãe, mamãe, não mate mais a galinha, ela pôs um ovo! Ela quer o nosso bem!
Todos correram de novo à cozinha e rodearam mudos a jovem parturiente. Esquentando seu filho, esta não era nem suave nem arisca, nem alegre, nem triste, não era nada, era uma galinha. O que não sugeria nenhum sentimento especial. O pai, a mãe e a filha olhavam já há algum tempo, sem propriamente um pensamento qualquer. Nunca ninguém acariciou uma cabeça de galinha. O pai afinal decidiu-se com certa brusquidão:
— Se você mandar matar esta galinha nunca mais comerei galinha na minha vida!
— Eu também! jurou a menina com ardor. A mãe, cansada, deu de ombros.
Inconsciente da vida que lhe fora entregue, a galinha passou a morar com a família. A menina, de volta do colégio, jogava a pasta longe sem interromper a corrida para a cozinha. O pai de vez em quando ainda se lembrava: “E dizer que a obriguei a correr naquele estado!” A galinha tornara-se a rainha da casa. Todos, menos ela, o sabiam. Continuou entre a cozinha e o terraço dos fundos, usando suas duas capacidades: a de apatia e a do sobressalto.
Mas quando todos estavam quietos na casa e pareciam tê-la esquecido, enchia-se de uma pequena coragem, resquícios da grande fuga — e circulava pelo ladrilho, o corpo avançando atrás da cabeça, pausado como num campo, embora a pequena cabeça a traísse: mexendo-se rápida e vibrátil, com o velho susto de sua espécie já mecanizado.
Uma vez ou outra, sempre mais raramente, lembrava de novo a galinha que se recortara contra o ar à beira do telhado, prestes a anunciar. Nesses momentos enchia os pulmões com o ar impuro da cozinha e, se fosse dado às fêmeas cantar, ela não cantaria mas ficaria muito mais contente. Embora nem nesses instantes a expressão de sua vazia cabeça se alterasse. Na fuga, no descanso, quando deu à luz ou bicando milho — era uma cabeça de galinha, a mesma que fora desenhada no começo dos séculos.
Até que um dia mataram-na, comeram-na e passaram-se anos.”
“Uma Galinha” Clarice Lispector, 1960