Questões de Concurso
Para prefeitura de são mateus - es
Foram encontradas 42 questões
Resolva questões gratuitamente!
Junte-se a mais de 4 milhões de concurseiros!
Tinha sido assim a vida inteira: o marido sentia vergonha de ter gerado apenas um descendente. Ainda por cima uma filha. A menina se tornara incumbência de sua mãe.
Noite e dia, ela sozinha se ocupava. Ganido de cachorro, gemido de filha? Tudo sendo igual, sem motivo para perturbação do pai. Só ela se levantava, atravessando a noite com cadência de estrela. Pelos escuros corredores, seus passos se cuidavam para não despertar nem marido nem a filha já readormecida. Agora, regressando da escola, a mãe parecia ainda noturna. [...]
Chegada à casa, segredou ao pai. Os dois ruminaram o pânico: anteviam Alminha metida em namoriscos. Mas que namoro, se nem rapaz se lhe via? Ou seria motivo pior?
Nem ousaram mencionar a palavra. Mas droga era o receio mais escondido. Decidiram nada dizer, adiar conversa. Urgia apanhar Alminha em flagrante. O pai logo invocou parecenças hereditárias com a mãe. Aquilo era doença de mulherido. Antes tivessem tido rapazes. [...] – Essa miúda não sabe a quantas desanda. E ordenou que fossem vasculhados a pasta e os manuais escolares. [...]
A mãe abriu, espreitou as linhas e leu,em voz de se ouvir: – “Hoje lhe vi. Gosto de espreitar seu corpo, assim branco, no meio de tanto sujo deste mundo.” Um branco? A miúda andava metida com um branco.O pai, então, se disparatou. Como é? Não lhe chega a raça? Quer andar por aí, usufrutífera, em trânsitos de pele? – Não quero cá dissos, rematou. E pegou ele no caderno com fúria de tudo rasgar. Mas logo devolveu o objeto do crime.– Leia você que meus olhos já estão todos a tremer, meu coração está num feixe nervoso. Antes de ler, a mãe olhou demoradamente o caderno. Havia uma disfarçada ternura em seus olhos? Passou a mão como se afagasse o papel.
Aquilo não era um diário, que ela não tinha fôlego para tanta rotina.[...]
Eram magras palavras, só engordando nas entrelinhas. Na página, já roída pelos dedos, a senhora leu, a lágrima resvalando na voz: – “Hoje vi-o a nadar e me apeteceu atirar-me para a água,me banhar nua com ele”. Nua? Viu, mulher, como isso vem da sua parte? Porque você a mim nunca me viu nu, nem muito menos a banhar-me em companhias. Isso é mania de mulherido. –Adiante, mais adiante! – ordenou. Queria que ela continuasse lendo, mas não queria ouvir mais. Abanava a cabeça, pesaroso.
Nua? Na água? A moça andava por aí, rapazeandose com este e aquele? – Nunca pensei ser tristemunha de tanta vergonha. Antes de lhe descer mais pensamento, o pai já tomara decisão: expulsá-la de casa. E que nem conversa. Não valeu o pranto, não valeu nada nem ninguém. – E sai já hoje, que amanhã pode nem haver dia. A moça se foi, quase se extinguindo da história. Não fosse a mãe, inconsolada, se ter votado a seguir o encalço de Alminha.
Mas nem rasto nem cheiro. Onde refazia seu existir? Ter-se-ia internada na casa do tal amante, o segredado branco? Até que, certa vez, a mãe descobre a moça, tênue, na bruma do jardim público. Se cortinando entre os arbustos, a senhora a seguiu. [...]
(COUTO, Mia.Lisboa: Caminho, 2001. p. 133-136. Na berma de nenhuma estrada e outros contos.)
No trecho “Tinha sido assim a vida inteira: o marido sentia vergonha de ter gerado apenas um descendente. Ainda por cima uma filha.”, o elemento que antecipa algo que será enunciado, assumindo, no contexto, valor catafórico é:
I. Didática teórica é aquela desenvolvida nos programas da disciplina, segundo pressupostos científicos que visam à ação educativa, mas distanciada desta. São pressupostos abstratos que se acumulam sobre o processo de ensino, na busca de torná-los mais eficientes.
II. A prática cotidiana dos professores se contrapõe aos pressupostos teóricos da Didática teórica, pois o professor não participa, na maioria das vezes, da elaboração dos objetivos que irá perseguir.
III. Didática prática é aquela vivenciada pelos professores nas escolas a partir do trabalho prático em sala de aula, dentro da organização escolar, em relação com as exigências sociais.
Está correto o que se afirma:
I. Em termos mais específicos, na ontogênese, a linguagem tem a função de regular as ações e de propiciar a conduta intencional humana. Através da linguagem, o indivíduo prepara um ato a ser consumado.
II. O grupo social abrange outros que são os amigos, os inimigos, os associados etc, como figuras específicas, mas é preciso considerar também os outros como “uma personalidade em geral”, da humanidade.
III. A noção de indivíduo independe da noção de grupo humano, e corrobora com a ideia de não divisão do ser humano.
Está(ão) correta(s) somente a(s) afirmativa(s):
A PALAVRA
Rubem Braga
Tanto que tenho falado, tanto que tenho escrito - como não imaginar que, sem querer, feri alguém? (...)
Às vezes, também, a gente tem o consolo de saber que alguma coisa que se disse por acaso ajudou alguém a se reconciliar consigo mesmo ou com a sua vida de cada dia; a sonhar um pouco, a sentir uma vontade de fazer alguma coisa boa.
Agora sei que outro dia eu disse uma palavra que fez bem a alguém. Nunca saberei que palavra foi; deve ter sido alguma frase espontânea e distraída que disse com naturalidade por que senti no momento - e depois esqueci.
Tenho uma amiga que certa vez ganhou um canário, e o canário não cantava. Deram-lhe receitas para fazer o canário cantar; que falasse com ele, cantarolasse, batesse alguma coisa ao piano; que pusesse a gaiola perto quando trabalhasse em sua máquina de costura; que arranjasse para lhe fazer companhia, algum tempo, outro canário cantador; até mesmo que ligasse o rádio um pouco alto durante uma transmissão de jogo de futebol... mas o canário não cantava.
Um dia minha amiga estava sozinha em casa, distraída, e assobiou uma pequena frase melódica de Beethoven - e o canário começou a cantar alegremente. Haveria alguma secreta ligação entre a alma do velho artista morto e o pequeno pássaro cor de ouro?
Alguma coisa que eu disse distraído - talvez palavras de algum poeta antigo - foi despertar melodias esquecidas dentro da alma de alguém. Foi como se a gente soubesse que de repente, num reino muito distante, uma princesa muito triste tivesse sorrido. E isso fizesse bem ao coração do povo; iluminasse um pouco as suas pobres choupanas e as suas remotas esperanças.
Rio, novembro, 1959.
BRAGA, Rubem. Ai de ti, Copacabana. 3ª ed. Rio de Janeiro: Editora do autor,1962.p.195-196
A expressão em que caberia o uso do acento grave da crase é
A PALAVRA
Rubem Braga
Tanto que tenho falado, tanto que tenho escrito - como não imaginar que, sem querer, feri alguém? (...)
Às vezes, também, a gente tem o consolo de saber que alguma coisa que se disse por acaso ajudou alguém a se reconciliar consigo mesmo ou com a sua vida de cada dia; a sonhar um pouco, a sentir uma vontade de fazer alguma coisa boa.
Agora sei que outro dia eu disse uma palavra que fez bem a alguém. Nunca saberei que palavra foi; deve ter sido alguma frase espontânea e distraída que disse com naturalidade por que senti no momento - e depois esqueci.
Tenho uma amiga que certa vez ganhou um canário, e o canário não cantava. Deram-lhe receitas para fazer o canário cantar; que falasse com ele, cantarolasse, batesse alguma coisa ao piano; que pusesse a gaiola perto quando trabalhasse em sua máquina de costura; que arranjasse para lhe fazer companhia, algum tempo, outro canário cantador; até mesmo que ligasse o rádio um pouco alto durante uma transmissão de jogo de futebol... mas o canário não cantava.
Um dia minha amiga estava sozinha em casa, distraída, e assobiou uma pequena frase melódica de Beethoven - e o canário começou a cantar alegremente. Haveria alguma secreta ligação entre a alma do velho artista morto e o pequeno pássaro cor de ouro?
Alguma coisa que eu disse distraído - talvez palavras de algum poeta antigo - foi despertar melodias esquecidas dentro da alma de alguém. Foi como se a gente soubesse que de repente, num reino muito distante, uma princesa muito triste tivesse sorrido. E isso fizesse bem ao coração do povo; iluminasse um pouco as suas pobres choupanas e as suas remotas esperanças.
Rio, novembro, 1959.
BRAGA, Rubem. Ai de ti, Copacabana. 3ª ed. Rio de Janeiro: Editora do autor,1962.p.195-196
Todas as passagens abaixo admitem o uso da vírgula, com EXCEÇÃO de:
I. fechar valas para drenagem;
II. identificar necessidade de escoramento de paredes e vales;
III. instalar manilhas caneletas para drenagem;
IV. abrir valas para montagem de colchão drenante.
Dos itens acima mencionados, estão corretos apenas:
A questão é que quando um profissional comete um erro grave de português, seja falando, seja escrevendo, as pessoas começam a duvidar de suas qualificações, por melhores que elas sejam.
A preocupação das empresas com o português de seus funcionários é tão grande que várias estão contratando professores para eles - e a lista de presença inclui tanto o pessoal administrativo quanto o executivo...O laboratório farmacêutico Astra Zeneca antecipou-se ao problema e lançou recentemente cinco fascículos, batizados de Língua de A a Z, para ser distribuídos a seus mais de 1000 funcionários. Os temas foram divididos em: ortografia e acentuação, crase e hífen, concordância, verbos e parônimos (palavras com som e grafia semelhantes).
Nem sempre é fácil mobilizar as pessoas para voltar a estudar. No ano passado, Moraes, da Abiquim, bem que tentou incentivar sua equipe. Comprou livros de gramática e distribuiu uma vasta papelada sobre o assunto. Depois, contratou uma professora de português. A iniciativa não deu certo...Como os problemas continuaram, Moraes e a professora... voltaram à carga neste ano. Dessa vez,decidiram mudar de estratégia e, em vez de batizar o treinamento com o prosaico nome Curso de Português, escolheram algo mais sofisticado: Técnicas de Redação -Como Escrever com Clareza. A tática surtiu efeito e eles têm 42 alunos. Mais uma prova de que jogar bem com as palavras pode ser um jeito eficiente de vender o peixe."
(SILVEIRA, Mauro. Português - que língua é essa? Você s/a. Editora Abril S/A, edição 52, out. 2002. Em evolução. p.60)
Indique a opção que apresenta um par de palavras pautadas pela mesma regra de acentuação gráfica de "português / hífen" (3º§):
Dia 29 de junho — Dia do Telefonista
O telefonista é um profissional indispensável no atendimento ao público. Seu serviço funciona como um cartão de visitas da instituição, da empresa ou organização, não importa o tamanho. Portanto, o telefonista precisa estar reparado para fornecer informações e responder às dúvidas de quem o procura, pois disto dependerá o sucesso do primeiro contato. Parabéns, telefonista.
(adaptado http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/delas/telefonista)
Conjunto de equipamentos de comutação destinado ao encaminhamento ou estabelecimento das chamadas telefônicas pode ser um conceito de