Na guerra, se proteger de ataque hacker também é
uma forma de salvar vidas.
Alessandra Montini
01/05/2022 - 04h00
No célebre livro "A Arte da Guerra", de Sun Tzu, um
dos principais trechos afirma que a "suprema arte da
guerra é derrotar o inimigo sem lutar". Ou seja, em
muitos casos é preferível evitar o confronto direto a
buscar outros métodos para superar os
problemas/adversários.
Essa máxima foi escrita no século IV antes de Cristo,
mas continua válida mesmo em tempos de aceleração
digital. Afinal, se grande parte das relações sociais já
acontecem virtualmente, era inevitável que a guerra e os
confrontos militares seguissem pelo mesmo caminho.
O conflito entre Ucrânia e Rússia, que se arrasta desde
fevereiro, é apenas o exemplo mais recente de como a
guerra pode se desenrolar na esfera digital.
Bancos estatais ucranianos e o próprio Ministério da
Defesa sofreram ataques cibernéticos, principalmente no
início da invasão.
Ataques DDoS (negação de serviço) são constantes em
serviços essenciais numa tentativa de paralisá-los para
prejudicar a população local, para dificultar a
comunicação e até mesmo para evitar possíveis reações
militares.
Em tempos de guerra, uma das principais medidas
adotadas é atacar pontos estratégicos do adversário,
atualmente, isso envolve também o ambiente digital.
Como os dados são o "novo petróleo" e servem de
matéria-prima para soluções e aplicações tecnológicas
que moldam nossas vidas, é evidente que se tornam em
alvo mais visado. Em bombardeios "reais", os ataques
visam fábricas e suprimentos; nos "virtuais", os
bombardeios buscam inutilizar aquilo que facilita o dia a
dia das pessoas e empresas.
A segurança cibernética, portanto, assume o
protagonismo não apenas em tempos de paz, mas
sobretudo em situações de guerra.
Proteger as informações digitais é uma estratégia
necessária para preservar a vida "real" da população.
Já imaginou se o inimigo tivesse acesso a todos os
hábitos dos civis, incluindo informações médicas e
transações financeiras? Pois é, o prejuízo poderia ser
incalculável.
[...]
Nos últimos anos, ficou claro para todos que as
guerras sempre contam com derramamento de sangue,
mas que agora também envolvem a troca de bytes e não
apenas de tiros.
Só no Brasil, o medo de ataques fez com que 83% das
empresas gastassem mais com ferramentas desse tipo, de
acordo com a pesquisa PwC Digital Trust Insights 2022.
Isso antes mesmo de um conflito armado irromper no
leste europeu e colocar o mundo de sobreaviso.
Diante da aceleração digital, provocada pela pandemia
de covid-19, e da própria evolução da tecnologia em
diferentes setores, cedo ou tarde a segurança cibernética
assumiria o controle no debate público.
O que o confronto entre Rússia e Ucrânia fez foi apenas
reforçar a importância e necessidade do assunto. Porque a
proteção dos dados digitais revelou-se imprescindível
quando tudo está em paz; mas é literalmente uma questão
de sobrevivência em tempos de guerra.
(Veja mais em https://www.uol.com.br/tilt/colunas /alessandramontini/2022/05/01/seguranca-cibernetica-internet-guerra-digital-governos-empresa-ucrania.htm? cmpid=copiaecolaeja)