Questões de Concurso Para if sul rio-grandense

Foram encontradas 923 questões

Resolva questões gratuitamente!

Junte-se a mais de 4 milhões de concurseiros!

Q2006240 Português
Erro de português – de onde vem essa ideia?

Marcos Bagno 

texto_2 1 .png (712×467)
texto_2 2.png (714×456)

texto_2 3.png (712×354)
texto_2 4.png (713×588)

Disponível em: <https://www.parabolablog.com.br/index.php/blogs/erro-de-portugues-de-onde-vemessa-ideia> Acesso em: 26 dez. 2020. Grifos do autor.

Em Para entender o texto: leitura e redação, José Luiz Fiorin e Francisco Platão Savioli (2010) exploram as informações implícitas que se depreendem de um texto, distinguindo-as em pressupostos e subentendidos.
Das análises abaixo, qual estabelece uma relação adequada entre a sentença retirada do texto de Bagno, a informação implícita veiculada e a classificação proposta por Fiorin e Savioli? 
Alternativas
Q2006239 Linguística
Erro de português – de onde vem essa ideia?

Marcos Bagno 

texto_2 1 .png (712×467)
texto_2 2.png (714×456)

texto_2 3.png (712×354)
texto_2 4.png (713×588)

Disponível em: <https://www.parabolablog.com.br/index.php/blogs/erro-de-portugues-de-onde-vemessa-ideia> Acesso em: 26 dez. 2020. Grifos do autor.

No artigo, Bagno critica a norma padrão, por não ser atualizada e condenar certas formas de uso e expressões linguísticas correntes em nossa sociedade. Além disso, apresenta diferentes modos de entender o conceito de erro no português brasileiro, fornecendo importante material para reflexão de professores de língua materna. Tais discussões sobre o conceito do erro de português permeiam diferentes obras, que o analisam tanto do ponto de vista linguístico quanto do pedagógico.
A partir dessas reflexões e de acordo com alguns autores, analise as afirmativas abaixo e marque V, para as verdadeiras, e F, para as falsas.
( ) Othon Garcia (2006) indica que, ao preocupar-se somente com aspectos de correção gramatical no ensino da língua, deixa-se de lado importantes aspectos de construção textual que instrumentalizam os jovens a pensarem com clareza e objetividade, expressando-se, assim, de forma mais eficaz. ( ) Celso Cunha e Lindley Cintra (2006) afirmam que, assim como o comportamento social é regulado por normas, os usos linguísticos também o são, embora de forma mais complexa e coercitiva. Sendo assim, o uso correto do idioma deve acompanhar as exigências da comunidade linguística a que pertence o indivíduo. ( ) Othon Garcia (2006) associa a inteligibilidade de um enunciado exclusivamente à construção gramatical correta segundo a norma. Para o autor, a não observância da gramaticalidade resulta em enunciados que dificilmente seriam compreendidos fora do seu contexto, prejudicando a autossuficiência da comunicação escrita. ( ) Magda Soares (2010) menciona que o fracasso da escola brasileira na alfabetização de crianças das camadas populares deve-se, também, ao fato de que a escola desconsiderou durante décadas as variedades linguísticas dessa população, tratandoas como erro e não as incorporando ao processo de alfabetização.
A sequência correta, de cima para baixo, é
Alternativas
Q2006238 Linguística
Erro de português – de onde vem essa ideia?

Marcos Bagno 

texto_2 1 .png (712×467)
texto_2 2.png (714×456)

texto_2 3.png (712×354)
texto_2 4.png (713×588)

Disponível em: <https://www.parabolablog.com.br/index.php/blogs/erro-de-portugues-de-onde-vemessa-ideia> Acesso em: 26 dez. 2020. Grifos do autor.

Bagno afirma em seu texto que “a língua está sempre em processo de transformação, e isso é inevitável, é da própria natureza das línguas: uma língua, enquanto tiver falantes que a mantenham viva, está sempre mudando” (linhas 25-27). Na bibliografia indicada, observamos diferentes concepções de língua que levam em conta ou não a variação linguística.


Sobre esse tema, analise as afirmativas:


I. Cegalla (2008) reconhece que os sistemas linguísticos são mutáveis, sujeitos à ação da passagem do tempo e ao uso em diferentes espaços geográficos. Assim, define que a gramática normativa traga a língua conforme seja falada em determinado momento evolutivo.

II. Para Marcuschi (2012), a língua é uma prática sociointerativa, histórica e cognitivamente embasada. Tal perspectiva não ignora que a língua seja um sistema simbólico e a entende como uma atividade de interação social que acontece em contextos comunicativos historicamente situados.

III. Marcuschi (2012) afirma que, para o ensino de língua portuguesa em uma perspectiva atual, é preciso entender que a língua é variada e variável, prevendo que há heterogeneidade na comunidade linguística, nos estilos e registros de uma língua e no próprio sistema linguístico.


Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s)

Alternativas
Q2006237 Literatura
Os que regressavam consigo, clérigos, astrólogos genoveses, comerciantes judeus, aias, contrabandistas de escravos, brancos pobres do Bairro Prenda, do Bairro da Cuca, abraçados a volumes de serapilheira, a malas atadas com cordéis, a cestos de verga, a brinquedos quebrados, formavam uma serpente de lamentos e miséria aeroporto adiante, empurrando a bagagem com os pés (na faixa reservada aos passageiros em trânsito passavam islandeses altos e desgrenhados como pássaros de rio) na direcção de uma secretária a que se sentava, em um escabelo, um escrivão que lhe perguntou o nome (Pedro Álvares quê?), o conferiu numa lista datilografada cheia de emendas e de cruzes a lápis tirou os óculos de ver ao perto para o examinar melhor, inclinado de banda no poleiro de fórmica, passeou o polegar errático no bigode e inquiriu de repente Tendes família em Portugal?, e eu disse Senhor não, muito depressa, sem pensar, porque a minha velha se finou de icterícia há seis anos e dos tios que aqui permaneceram quase não me recordo ou não me recordo nunca, ignoro se ficaram em Coruche e se ficaram onde moram, com quem moram, quantos filhos têm, se estão vivos.


ANTUNES, António Lobo. As naus. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011.

Levando-se em conta as possibilidades de foco narrativo apresentadas por Lígia Chiappini Moraes Leite (2002), com base na tipologia de Norman Friedman, observa-se no excerto e ao longo do romance o uso de
Alternativas
Q2006236 Literatura
Os que regressavam consigo, clérigos, astrólogos genoveses, comerciantes judeus, aias, contrabandistas de escravos, brancos pobres do Bairro Prenda, do Bairro da Cuca, abraçados a volumes de serapilheira, a malas atadas com cordéis, a cestos de verga, a brinquedos quebrados, formavam uma serpente de lamentos e miséria aeroporto adiante, empurrando a bagagem com os pés (na faixa reservada aos passageiros em trânsito passavam islandeses altos e desgrenhados como pássaros de rio) na direcção de uma secretária a que se sentava, em um escabelo, um escrivão que lhe perguntou o nome (Pedro Álvares quê?), o conferiu numa lista datilografada cheia de emendas e de cruzes a lápis tirou os óculos de ver ao perto para o examinar melhor, inclinado de banda no poleiro de fórmica, passeou o polegar errático no bigode e inquiriu de repente Tendes família em Portugal?, e eu disse Senhor não, muito depressa, sem pensar, porque a minha velha se finou de icterícia há seis anos e dos tios que aqui permaneceram quase não me recordo ou não me recordo nunca, ignoro se ficaram em Coruche e se ficaram onde moram, com quem moram, quantos filhos têm, se estão vivos.


ANTUNES, António Lobo. As naus. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011.

Das características apontadas por António José Saraiva e Óscar Lopes (2004) em relação aos romances de António Lobo Antunes, qual delas NÃO se torna evidente no excerto de As naus?
Alternativas
Q2006235 Literatura
Bosi (2006) faz uma análise sob a perspectiva de Lucien Goldmann, que propõe uma abordagem genético-estrutural do romance tendo como ponto de partida a tensão entre o escritor e a sociedade. Ao estabelecer essa tensão como dado existencial primário, Goldmann define uma “hipótese explicativa do romance moderno, na sua relação com a totalidade social”, em que o romance se funda na oposição ego e sociedade. Dessa hipótese, deriva uma classificação que estabelece a existência de romances em que o herói ou empreende uma busca por valores pessoais que vençam a hostilidade do meio em que vive, como em Dom Quixote, ou se fecha em si mesmo, como em A Educação Sentimental, de Flaubert, podendo, ainda, aprender a viver, como em Wilhelm Meister, de Goethe.
Uma revisão do esquema de Goldmann possibilita a análise do romance brasileiro moderno, após 1930, a partir da observação de um grau crescente de tensão entre o herói e o seu meio.
Sobre essa análise, é INCORRETO afirmar que
Alternativas
Q2006234 Literatura
Bosi (2006) afirma que uma leitura crítica da poesia concreta não deve se embasar em conceitos preestabelecidos. Assim, o primeiro passo seria sentir a experiência concreta, para só depois se debruçar sobre os princípios teóricos que a fundamentam. Um poema concreto seria, primeiramente, uma experiência estética que, através da inovação, buscou romper os limites entre a poesia e as demais formas de arte.
Com base nas análises do autor sobre o movimento concretista brasileiro, é correto afirmar que 
Alternativas
Q2006233 Literatura

HÚMUS


Pátios de lajes soerguidas pelo único

esforço da erva: o castelo –

a escada, a torre, a porta,

                                                  a praça. 

Tudo isto flutua debaixo

de água, debaixo de água.

                                               − Ouves

o grito dos mortos?


A pedra abre a cauda de ouro incessante,

só a água fala nos buracos.


São palavras pronunciadas com medo de pousar,

uma tarde que viesse na ponta dos pés, o som

devagar de uma

borboleta.

                                      − A morte não tem

só cinco letras. Como a claridade na água

para me entontecer,

                                       a cantaria lavrada:

com um povo de estátuas em cima,

com um povo de mortos em baixo.


Primaveras extasiadas, espaços negros, flores desmedidas

− todos os dias debalde repelimos os mortos.


É preciso criar palavras, sons, palavras

vivas, obscuras, terríveis.

[...]


HELDER, Herberto. Poemas completos. Rio de Janeiro: Tinta-da-china Brasil, 2016. p. 215-216.

Avaliando o excerto do poema de Herberto Helder à luz dos fatores que Koch e Elias (2012) relacionam à coerência, é pertinente afirmar que
Alternativas
Q2006232 Literatura

HÚMUS


Pátios de lajes soerguidas pelo único

esforço da erva: o castelo –

a escada, a torre, a porta,

                                                  a praça. 

Tudo isto flutua debaixo

de água, debaixo de água.

                                               − Ouves

o grito dos mortos?


A pedra abre a cauda de ouro incessante,

só a água fala nos buracos.


São palavras pronunciadas com medo de pousar,

uma tarde que viesse na ponta dos pés, o som

devagar de uma

borboleta.

                                      − A morte não tem

só cinco letras. Como a claridade na água

para me entontecer,

                                       a cantaria lavrada:

com um povo de estátuas em cima,

com um povo de mortos em baixo.


Primaveras extasiadas, espaços negros, flores desmedidas

− todos os dias debalde repelimos os mortos.


É preciso criar palavras, sons, palavras

vivas, obscuras, terríveis.

[...]


HELDER, Herberto. Poemas completos. Rio de Janeiro: Tinta-da-china Brasil, 2016. p. 215-216.

O poema de Herberto Helder, do qual se apresenta apenas o excerto inicial, foi construído a partir de fragmentos provenientes de uma edição distinta da obra homônima de Raul Brandão (a segunda edição, não considerada como versão definitiva), resgatando tal produção após quase 50 anos de seu lançamento.
Com base no excerto, em seu diálogo com o texto-fonte e nas características da produção de Herberto Helder apontadas por Saraiva e Lopes (2004), leia as afirmações abaixo e marque V, para as verdadeiras, e F, para as falsas.
( ) Ao empreender uma operação que recombina diferentes passagens do texto-fonte, Herberto Helder adota uma postura de transgressão da linearidade do discurso. Com isso, não só se alinha à experimentação que predomina na poesia portuguesa durante a década de 1960, mas também se mostra tributário do Surrealismo, uma vez que a montagem possibilita uma liberdade metafórica própria desse movimento. ( ) A rede imagética obtida pela modificação do texto-fonte altera a cena inicial, trazendo ao poema camadas de significação distintas daquelas que se manifestam na abertura da obra de Brandão. A presença, por exemplo, de metáforas associadas ao elemento aquático minimiza o abatimento associado à imagem do “invólucro de pedra”, dado pertencerem ao campo semântico da fluidez. ( ) A transmutação operada por Helder no nível do significante também se manifesta tematicamente: imagens ligadas à finitude são apresentadas juntamente com símbolos de fecundação e renascimento, sugerindo uma ideia de coincidência dos opostos própria do imaginário hermético-alquímico. A simetria entre o que está “em cima” e o que está “em baixo” reforça essa possibilidade interpretativa.
A sequência correta, de cima para baixo, é
Alternativas
Q2006231 Literatura

13 de Novembro

Ouço sempre o mesmo ruído de morte que devagar rói e persiste...

Uma vila encardida — ruas desertas — pátios de lajes soerguidas pelo único esforço da erva — o castelo — restos intactos de muralha que não têm serventia: uma escada encravada nos alvéolos das paredes não conduz a nenhures. Só uma figueira brava conseguiu meter-se nos interstícios das pedras e delas extrai suco e vida. A torre — a porta da Sé com os santos nos seus nichos — a praça com árvores raquíticas e um coreto de zinco. Sobre isto um tom denegrido e uniforme: a humidade entranhou-se na pedra, o sol entranhou-se na humidade. Nos corredores as aranhas tecem imutáveis teias de silêncio e tédio e uma cinza invisível, manias, regras, hábitos, vai lentamente soterrando tudo. Vi, não sei onde, num jardim abandonado — inverno e folhas secas — entre buxos do tamanho de árvores, estátuas de granito a que o tempo corroera as feições. Puíra-as e a expressão não era grotesca mas dolorosa. Sentia-se um esforço enorme para se arrancarem à pedra. Na realidade isto é como Pompeia um vasto sepulcro: aqui se enterraram todos os nossos sonhos... Sob estas capas de vulgaridade há talvez sonho e dor que a ninharia e o hábito não deixam vir à superfície. Afigura-se-me que estes seres estão encerrados num invólucro de pedra: talvez queiram falar, talvez não possam falar.

Silêncio. Ponho o ouvido à escuta e ouço sempre o trabalho persistente do caruncho que rói há séculos na madeira e nas almas.


BRANDÃO, Raul. Húmus. São Paulo: Carambaia, 2017.

Os traços dos gêneros estão em constante transformação; portanto, no ato de leitura, nos devemos conduzir abertamente pelas mudanças e não por características fixas. Faz-se necessário atentarmos para as expectativas criadas pela própria obra.
SOARES, Angélica. Gêneros literários. São Paulo: Ática, 1993. p. 21.

Em Gêneros literários, Angélica Soares (1993) procura afastar-se de classificações fechadas − conforme explicita a passagem acima −, adotando, para isso, a proposta elaborada por Emil Staiger em Conceitos fundamentais da poética. Preterindo uma compreensão substantiva das categorias de gênero, que vincularia terminantemente as produções a um ou outro rótulo, Staiger volta-se para os traços estilísticos líricos, épicos ou dramáticos que podem estar presentes em um texto, os quais se manifestam, muitas vezes, de maneira combinada. Essa formulação torna-se bastante útil para a análise de obras como a de Raul Brandão, que não se apresenta nos moldes tradicionais da prosa de ficção.
Qual dos aspectos abaixo corresponde a um traço lírico presente no excerto?
Alternativas
Q2006230 Literatura

13 de Novembro

Ouço sempre o mesmo ruído de morte que devagar rói e persiste...

Uma vila encardida — ruas desertas — pátios de lajes soerguidas pelo único esforço da erva — o castelo — restos intactos de muralha que não têm serventia: uma escada encravada nos alvéolos das paredes não conduz a nenhures. Só uma figueira brava conseguiu meter-se nos interstícios das pedras e delas extrai suco e vida. A torre — a porta da Sé com os santos nos seus nichos — a praça com árvores raquíticas e um coreto de zinco. Sobre isto um tom denegrido e uniforme: a humidade entranhou-se na pedra, o sol entranhou-se na humidade. Nos corredores as aranhas tecem imutáveis teias de silêncio e tédio e uma cinza invisível, manias, regras, hábitos, vai lentamente soterrando tudo. Vi, não sei onde, num jardim abandonado — inverno e folhas secas — entre buxos do tamanho de árvores, estátuas de granito a que o tempo corroera as feições. Puíra-as e a expressão não era grotesca mas dolorosa. Sentia-se um esforço enorme para se arrancarem à pedra. Na realidade isto é como Pompeia um vasto sepulcro: aqui se enterraram todos os nossos sonhos... Sob estas capas de vulgaridade há talvez sonho e dor que a ninharia e o hábito não deixam vir à superfície. Afigura-se-me que estes seres estão encerrados num invólucro de pedra: talvez queiram falar, talvez não possam falar.

Silêncio. Ponho o ouvido à escuta e ouço sempre o trabalho persistente do caruncho que rói há séculos na madeira e nas almas.


BRANDÃO, Raul. Húmus. São Paulo: Carambaia, 2017.

O excerto acima pertence ao primeiro capítulo de Húmus, obra publicada em 1917 e considerada a produção mais relevante de Raul Brandão.


Sobre o texto e seu contexto de produção, abordados por Saraiva e Lopes (2004), considere as seguintes afirmações: 


I. A opção pelo diário, conforme evidencia a indicação da data na abertura do excerto, favorece a utilização de um tom confessional e a manifestação de um pendor memorialista, traços que permitem a vinculação dessa obra ao movimento saudosista, cuja inspiração decorre das composições de Teixeira de Pascoaes.

II. A natureza sensorial dos elementos utilizados para figurar a degradação e a banalidade do ambiente permite aproximar o procedimento à torturada estilística impressionista de Fialho de Almeida, a quem Raul Brandão reconhecerá como seu precursor.

III. Ao estabelecer uma relação de similaridade entre as estátuas disformes do jardim e os sepultados pelo desastre de Pompeia, para, em seguida, associar esse “invólucro de pedra” às “capas de vulgaridade” que aniquilam a possibilidade do sonho, o narrador antecipa a situação de abatimento existencial das personagens ligadas à vila.


Estão corretas as afirmativas

Alternativas
Q2006229 Literatura
Bosi (2006), ao analisar a obra realista do escritor Machado de Assis, estabelece uma linha temporal que discute aspectos importantes dos romances e contos.
Com base nisso, analise as seguintes afirmativaI.
I. Machado promove, a partir de Memórias Póstumas de Brás Cubas, o que Bosi chama de um processo de inversão parodística dos códigos tradicionais que o Romantismo fizera circular. II. Em Quincas Borba, o autor recorre à narração em terceira pessoa para relatar de forma mais objetiva “o nascimento, a paixão e a morte de um provinciano ingênuo”. III. Em Dom Casmurro, o autor retoma o estilo de memórias, quase póstumas no caso de Bentinho, que se propõe a “atar as duas pontas da vida e restaurar na velhice a adolescência”. IV. A prosa realista de Machado de Assis está marcada por uma série de contos memoráveis como A causa secreta, Entre Santos, Missa do Galo, que se destacam pelo desenho psicológico das personagens.
Estão corretas as afirmativas s: 
Alternativas
Q2006228 Literatura
— Se não, vejam vossas senhorias isto! Que paz, que animação, que prosperidade!
E com um grande gesto mostrava-lhes o Largo do Loreto, que àquela hora, num fim de tarde serena, concentrava a vida da cidade. Tipoias vazias rodavam devagar; pares de senhoras passavam, com os movimentos derreados, a palidez clorótica duma degeneração de raça; nalguma magra pileca, ia trotando algum moço de nome histórico, com a face ainda esverdeada da noitada de vinho; pelos bancos de praça gente estirava-se num torpor de vadiagem; um carro de bois, aos solavancos sobre suas altas rodas, era como o símbolo de agriculturas atrasadas de séculos; fadistas gingavam, de cigarro nos dentes; algum burguês enfastiado lia nos cartazes o anúncio de operetas obsoletas; nas faces enfezadas de operários havia como a personificação das indústrias moribundas... E todo este mundo decrépito se movia lentamente, sob um céu lustroso de clima rico, entre garotos apregoando a lotaria e a batota pública, e rapazitos de voz plangente oferecendo o Jornal das pequenas novidades [...].

 QUEIRÓS, Eça de. O crime do padre Amaro. Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda,
2000.
No que se refere aos recursos estilísticos que Saraiva e Lopes (2004) reconhecem na prosa de Eça de Queirós, observa-se no excerto o emprego de
Alternativas
Q2006227 Literatura
— Se não, vejam vossas senhorias isto! Que paz, que animação, que prosperidade!
E com um grande gesto mostrava-lhes o Largo do Loreto, que àquela hora, num fim de tarde serena, concentrava a vida da cidade. Tipoias vazias rodavam devagar; pares de senhoras passavam, com os movimentos derreados, a palidez clorótica duma degeneração de raça; nalguma magra pileca, ia trotando algum moço de nome histórico, com a face ainda esverdeada da noitada de vinho; pelos bancos de praça gente estirava-se num torpor de vadiagem; um carro de bois, aos solavancos sobre suas altas rodas, era como o símbolo de agriculturas atrasadas de séculos; fadistas gingavam, de cigarro nos dentes; algum burguês enfastiado lia nos cartazes o anúncio de operetas obsoletas; nas faces enfezadas de operários havia como a personificação das indústrias moribundas... E todo este mundo decrépito se movia lentamente, sob um céu lustroso de clima rico, entre garotos apregoando a lotaria e a batota pública, e rapazitos de voz plangente oferecendo o Jornal das pequenas novidades [...].

 QUEIRÓS, Eça de. O crime do padre Amaro. Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda,
2000.
No excerto acima, retirado de O crime do padre Amaro, a fala veiculada antes do comentário do narrador indica uma 
Alternativas
Q2006226 Literatura

Poema 1 


O laço de fita


Não sabes, criança? 'Stou louco de amores...

Prendi meus afetos, formosa Pepita.

Mas onde? No templo, no espaço, nas névoas?!

Não rias, prendi-me

Num laço de fita.

 

Na selva sombria de tuas madeixas,

Nos negros cabelos da moça bonita,

Fingindo a serpente qu'enlaça a folhagem,

Formoso enroscava-se

O laço de fita.


Meu ser, que voava nas luzes da festa,

Qual pássaro bravo, que os ares agita,

Eu vi de repente cativo, submisso

Rolar prisioneiro

Num laço de fita.


E agora enleada na tênue cadeia

Debalde minh'alma se embate, se irrita...

O braço, que rompe cadeias de ferro,

Não quebra teus elos,

Ó laço de fita!


Meu Deusl As falenas têm asas de opala,

Os astros se libram na plaga infinita.

Os anjos repousam nas penas brilhantes...

Mas tu... tens por asas

Um laço de fita.


Há pouco voavas na célere valsa,

Na valsa que anseia, que estua e palpita.

Por que é que tremeste? Não eram meus lábios...

Beijava-te apenas...

Teu laço de fita.


Mas ai! findo o baile, despindo os adornos

N'alcova onde a vela ciosa... crepita,

Talvez da cadeia libertes as tranças

Mas eu... fico preso

No laço de fita.


Pois bem! Quando um dia na sombra do vale
Abrirem-me a cova... formosa Pepital
Ao menos arranca meus louros da fronte,
E dá-me por c'roa...
Teu laço de fita.

ALVES, Castro. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1997.

Poema 2

objeto
do meu mais desesperado desejo
não seja aquilo
por quem ardo e não vejo

seja a estrela que me beija
oriente que me reja
azul amor beleza

faça qualquer coisa
mas pelo amor de deus
ou de nós dois
seja


LEMINSKI, Paulo. Caprichos e relaxos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.
Leia o texto a seguir, completando as lacunas.
No que diz respeito à metrificação dos poemas, conforme Norma Goldstein (2006), o poema 1 apresenta simetria, sendo estruturado em oito estrofes de cinco versos, em que os três primeiros são ____________________ ,e os dois últimos são uma ____________________. No poema 2, os versos apresentam métrica ____________.
As palavras que preenchem, correta e respectivamente, as lacunas do texto acima são:
Alternativas
Q2006225 Literatura

Poema 1 


O laço de fita


Não sabes, criança? 'Stou louco de amores...

Prendi meus afetos, formosa Pepita.

Mas onde? No templo, no espaço, nas névoas?!

Não rias, prendi-me

Num laço de fita.

 

Na selva sombria de tuas madeixas,

Nos negros cabelos da moça bonita,

Fingindo a serpente qu'enlaça a folhagem,

Formoso enroscava-se

O laço de fita.


Meu ser, que voava nas luzes da festa,

Qual pássaro bravo, que os ares agita,

Eu vi de repente cativo, submisso

Rolar prisioneiro

Num laço de fita.


E agora enleada na tênue cadeia

Debalde minh'alma se embate, se irrita...

O braço, que rompe cadeias de ferro,

Não quebra teus elos,

Ó laço de fita!


Meu Deusl As falenas têm asas de opala,

Os astros se libram na plaga infinita.

Os anjos repousam nas penas brilhantes...

Mas tu... tens por asas

Um laço de fita.


Há pouco voavas na célere valsa,

Na valsa que anseia, que estua e palpita.

Por que é que tremeste? Não eram meus lábios...

Beijava-te apenas...

Teu laço de fita.


Mas ai! findo o baile, despindo os adornos

N'alcova onde a vela ciosa... crepita,

Talvez da cadeia libertes as tranças

Mas eu... fico preso

No laço de fita.


Pois bem! Quando um dia na sombra do vale
Abrirem-me a cova... formosa Pepital
Ao menos arranca meus louros da fronte,
E dá-me por c'roa...
Teu laço de fita.

ALVES, Castro. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1997.

Poema 2

objeto
do meu mais desesperado desejo
não seja aquilo
por quem ardo e não vejo

seja a estrela que me beija
oriente que me reja
azul amor beleza

faça qualquer coisa
mas pelo amor de deus
ou de nós dois
seja


LEMINSKI, Paulo. Caprichos e relaxos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.
A partir da leitura dos poemas de Castro Alves e Paulo Leminski e com base na obra de Alfredo Bosi (2006), analise as afirmativas a seguir: 
I. Em ambos os textos, a temática é o desejo: enquanto no poema de Castro Alves o laço de fita repetido em todas as estrofes simboliza o desejo pela moça que dança no baile; no poema de Leminski, a própria mulher é o objeto de desejo do poeta. II. A poesia lírica de Castro Alves, à qual pertence o poema O laço de fita, é caracterizada pela forma franca e sem culpa de expressar o desejo e os encantos da mulher amada. III. A obra de Paulo Leminski pertence a um momento de renovação da poesia brasileira da década de 1970 em que ressurge o discurso poético e o verso – livre ou metrificado – e se retoma a fala autobiográfica como expressão do desejo e da memória.
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s)
Alternativas
Q2006224 Literatura

Texto 1


 Ali começa o sertão chamado bruto.


Pousos sucedem a pousos, e nenhum teto habitado ou em ruínas, nenhuma palhoça ou tapera dá abrigo ao caminhante contra a frialdade das noites, contra o temporal que ameaça, ou a chuva que está caindo. Por toda a parte, a calma da campina não arroteada; por toda a parte, a vegetação virgem, como quando aí surgiu pela vez primeira. 

[...]

Essa areia solta, e um tanto grossa, tem cor uniforme que reverbera com intensidade os raios do Sol, quando nela batem de chapa. Em alguns pontos é tão fofa e movediça que os animais das tropas viageiras arquejam de cansaço, ao vencerem aquele terreno incerto, que lhes foge de sob os cascos e onde se enterram até meia canela.

[...]

Ora é a perspectiva dos cerrados, não desses cerrados de arbustos raquíticos, enfezados e retorcidos de São Paulo e Minas Gerais, mas de garbosas e elevadas árvores que, se bem não tomem, todas, o corpo de que são capazes à beira das águas correntes ou regadas pela linfa dos córregos, contudo ensombram com folhuda rama o terreno que lhes fica em derredor e mostram na casca lisa a força da seiva que as alimenta; ora são campos a perder de vista, cobertos de macega alta e alourada, ou de viridente e mimosa grama, toda salpicada de silvestres flores; ora sucessões de luxuriantes capões, tão regulares e simétricos em sua disposição que surpreendem e embelezam os olhos; ora, enfim, charnecas meio apauladas, meio secas, onde nasce o altivo buriti e o gravata entrança o seu tapume espinhoso.


Nesses campos, tão diversos pelo matiz das cores, o capim crescido e ressecado pelo ardor do Sol transforma-se em vicejante tapete de relva, quando lavra o incêndio que algum tropeiro, por acaso ou mero desenfado, ateia com uma faúlha do seu isqueiro.


TAUNAY, Alfredo d’Escragnolle. Inocência. Porto Alegre: L&PM, 1999.


Texto 2 


Assim, de meio assombrado me fui repondo quando ouvi que indagavam:

− Então patrício? está doente?

− Obrigado! Não senhor, respondi, não é doença; é que sucedeu-me uma desgraça: perdi

uma dinheirama do meu patrão...

− A la fresca!...

− É verdade... antes morresse, que isto! Que vai ele pensar agora de mim!...

− É uma dos diabos, é...; mas não se acoquine, homem!

Nisto o cusco brasino deu uns pulos ao focinho do cavalo, como querendo lambê-lo, e logo

correu para a estrada, aos latidos. E olhava-me, e vinha e ia, e tornava a latir...

Ah!... E num repente lembrei-me bem de tudo.

Parecia que estava vendo o lugar da sesteada, o banho, a arrumação das roupas nuns galhos de sarandi, e, em cima de uma pedra, a guaiaca e por cima dela o cinto das armas, e até uma ponta de cigarro de que tirei uma última tragada, antes de entrar na água, e que deixei espetada num espinho, ainda fumegando, soltando uma fitinha de fumaça azul, que subia, fininha e direita, no ar sem vento...; tudo, vi tudo.
Estava lá, na beirada do passo, a guaiaca. E o remédio era um só: tocar a meia rédea, antes
que outros andantes passassem.
[...]
LOPES NETO, João Simões. Contos gauchescos. Porto Alegre: L&PM, 1998.

Texto 3 

Sua casa ficava para trás da Serra do Mim, quase no meio de um brejo de água limpa, lugar chamado o Temor-de-Deus. O Pai, pequeno sitiante, lidava com vacas e arroz; a Mãe, urucuiana, nunca tirava o terço da mão, mesmo quando matando galinhas ou passando descompostura em alguém. E ela, menininha, por nome Maria, Nhinhinha dita, nascera já muito para miúda, cabeçudota e com olhos enormes.

    Não que parecesse olhar ou enxergar de propósito. Parava quieta, não queria bruxas de pano, brinquedo nenhum, sempre sentadinha onde se achasse, pouco se mexia. – “Ninguém entende muita coisa que ela fala...”- dizia o Pai, com certo espanto. Menos pela estranhez das palavras, pois só em raro ela perguntava, por exemplo: - “Ele xurugou?” – e, vai ver, quem e o quê, jamais se saberia. Mas, pelo esquisito do juízo ou enfeitado do sentido. Com riso imprevisto: - “Tatu não vê a lua...”- ela falasse. [...] 

ROSA, João Guimarães. Primeiras Estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2016.
A partir da análise de Bosi (2006) sobre a obra de Guimarães Rosa, considere as seguintes afirmativas:
I. A escrita de Guimarães Rosa aboliu as fronteiras entre o texto narrativo e o lírico. Grande Sertão: Veredas e as novelas de Corpo de Baile, por exemplo, além de incluir recursos da expressão poética, revitalizam-nos na construção narrativa. II. Sobre os contos da obra Primeiras Estórias, observa-se que, em A menina de lá, ao qual pertence o fragmento do texto 3, há um apelo ao lúdico e ao mágico, enquanto, em O Burrinho Pedrês, o autor desenvolve uma espécie de mimetismo entre o culto e o folclórico. III. A obra de Guimarães Rosa configura-se como um desafio à forma convencional de construção narrativa, pois seus processos mais frequentes pertencem aos domínios do poético e do mítico.
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s)
Alternativas
Q2006223 Literatura

Texto 1


 Ali começa o sertão chamado bruto.


Pousos sucedem a pousos, e nenhum teto habitado ou em ruínas, nenhuma palhoça ou tapera dá abrigo ao caminhante contra a frialdade das noites, contra o temporal que ameaça, ou a chuva que está caindo. Por toda a parte, a calma da campina não arroteada; por toda a parte, a vegetação virgem, como quando aí surgiu pela vez primeira. 

[...]

Essa areia solta, e um tanto grossa, tem cor uniforme que reverbera com intensidade os raios do Sol, quando nela batem de chapa. Em alguns pontos é tão fofa e movediça que os animais das tropas viageiras arquejam de cansaço, ao vencerem aquele terreno incerto, que lhes foge de sob os cascos e onde se enterram até meia canela.

[...]

Ora é a perspectiva dos cerrados, não desses cerrados de arbustos raquíticos, enfezados e retorcidos de São Paulo e Minas Gerais, mas de garbosas e elevadas árvores que, se bem não tomem, todas, o corpo de que são capazes à beira das águas correntes ou regadas pela linfa dos córregos, contudo ensombram com folhuda rama o terreno que lhes fica em derredor e mostram na casca lisa a força da seiva que as alimenta; ora são campos a perder de vista, cobertos de macega alta e alourada, ou de viridente e mimosa grama, toda salpicada de silvestres flores; ora sucessões de luxuriantes capões, tão regulares e simétricos em sua disposição que surpreendem e embelezam os olhos; ora, enfim, charnecas meio apauladas, meio secas, onde nasce o altivo buriti e o gravata entrança o seu tapume espinhoso.


Nesses campos, tão diversos pelo matiz das cores, o capim crescido e ressecado pelo ardor do Sol transforma-se em vicejante tapete de relva, quando lavra o incêndio que algum tropeiro, por acaso ou mero desenfado, ateia com uma faúlha do seu isqueiro.


TAUNAY, Alfredo d’Escragnolle. Inocência. Porto Alegre: L&PM, 1999.


Texto 2 


Assim, de meio assombrado me fui repondo quando ouvi que indagavam:

− Então patrício? está doente?

− Obrigado! Não senhor, respondi, não é doença; é que sucedeu-me uma desgraça: perdi

uma dinheirama do meu patrão...

− A la fresca!...

− É verdade... antes morresse, que isto! Que vai ele pensar agora de mim!...

− É uma dos diabos, é...; mas não se acoquine, homem!

Nisto o cusco brasino deu uns pulos ao focinho do cavalo, como querendo lambê-lo, e logo

correu para a estrada, aos latidos. E olhava-me, e vinha e ia, e tornava a latir...

Ah!... E num repente lembrei-me bem de tudo.

Parecia que estava vendo o lugar da sesteada, o banho, a arrumação das roupas nuns galhos de sarandi, e, em cima de uma pedra, a guaiaca e por cima dela o cinto das armas, e até uma ponta de cigarro de que tirei uma última tragada, antes de entrar na água, e que deixei espetada num espinho, ainda fumegando, soltando uma fitinha de fumaça azul, que subia, fininha e direita, no ar sem vento...; tudo, vi tudo.
Estava lá, na beirada do passo, a guaiaca. E o remédio era um só: tocar a meia rédea, antes
que outros andantes passassem.
[...]
LOPES NETO, João Simões. Contos gauchescos. Porto Alegre: L&PM, 1998.

Texto 3 

Sua casa ficava para trás da Serra do Mim, quase no meio de um brejo de água limpa, lugar chamado o Temor-de-Deus. O Pai, pequeno sitiante, lidava com vacas e arroz; a Mãe, urucuiana, nunca tirava o terço da mão, mesmo quando matando galinhas ou passando descompostura em alguém. E ela, menininha, por nome Maria, Nhinhinha dita, nascera já muito para miúda, cabeçudota e com olhos enormes.

    Não que parecesse olhar ou enxergar de propósito. Parava quieta, não queria bruxas de pano, brinquedo nenhum, sempre sentadinha onde se achasse, pouco se mexia. – “Ninguém entende muita coisa que ela fala...”- dizia o Pai, com certo espanto. Menos pela estranhez das palavras, pois só em raro ela perguntava, por exemplo: - “Ele xurugou?” – e, vai ver, quem e o quê, jamais se saberia. Mas, pelo esquisito do juízo ou enfeitado do sentido. Com riso imprevisto: - “Tatu não vê a lua...”- ela falasse. [...] 

ROSA, João Guimarães. Primeiras Estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2016.
Inocência integra um conjunto de obras produzidas no período do Romantismo. Sobre a ficção romântica brasileira, é INCORRETO afirmar que
Alternativas
Q2006222 Literatura

Texto 1


 Ali começa o sertão chamado bruto.


Pousos sucedem a pousos, e nenhum teto habitado ou em ruínas, nenhuma palhoça ou tapera dá abrigo ao caminhante contra a frialdade das noites, contra o temporal que ameaça, ou a chuva que está caindo. Por toda a parte, a calma da campina não arroteada; por toda a parte, a vegetação virgem, como quando aí surgiu pela vez primeira. 

[...]

Essa areia solta, e um tanto grossa, tem cor uniforme que reverbera com intensidade os raios do Sol, quando nela batem de chapa. Em alguns pontos é tão fofa e movediça que os animais das tropas viageiras arquejam de cansaço, ao vencerem aquele terreno incerto, que lhes foge de sob os cascos e onde se enterram até meia canela.

[...]

Ora é a perspectiva dos cerrados, não desses cerrados de arbustos raquíticos, enfezados e retorcidos de São Paulo e Minas Gerais, mas de garbosas e elevadas árvores que, se bem não tomem, todas, o corpo de que são capazes à beira das águas correntes ou regadas pela linfa dos córregos, contudo ensombram com folhuda rama o terreno que lhes fica em derredor e mostram na casca lisa a força da seiva que as alimenta; ora são campos a perder de vista, cobertos de macega alta e alourada, ou de viridente e mimosa grama, toda salpicada de silvestres flores; ora sucessões de luxuriantes capões, tão regulares e simétricos em sua disposição que surpreendem e embelezam os olhos; ora, enfim, charnecas meio apauladas, meio secas, onde nasce o altivo buriti e o gravata entrança o seu tapume espinhoso.


Nesses campos, tão diversos pelo matiz das cores, o capim crescido e ressecado pelo ardor do Sol transforma-se em vicejante tapete de relva, quando lavra o incêndio que algum tropeiro, por acaso ou mero desenfado, ateia com uma faúlha do seu isqueiro.


TAUNAY, Alfredo d’Escragnolle. Inocência. Porto Alegre: L&PM, 1999.


Texto 2 


Assim, de meio assombrado me fui repondo quando ouvi que indagavam:

− Então patrício? está doente?

− Obrigado! Não senhor, respondi, não é doença; é que sucedeu-me uma desgraça: perdi

uma dinheirama do meu patrão...

− A la fresca!...

− É verdade... antes morresse, que isto! Que vai ele pensar agora de mim!...

− É uma dos diabos, é...; mas não se acoquine, homem!

Nisto o cusco brasino deu uns pulos ao focinho do cavalo, como querendo lambê-lo, e logo

correu para a estrada, aos latidos. E olhava-me, e vinha e ia, e tornava a latir...

Ah!... E num repente lembrei-me bem de tudo.

Parecia que estava vendo o lugar da sesteada, o banho, a arrumação das roupas nuns galhos de sarandi, e, em cima de uma pedra, a guaiaca e por cima dela o cinto das armas, e até uma ponta de cigarro de que tirei uma última tragada, antes de entrar na água, e que deixei espetada num espinho, ainda fumegando, soltando uma fitinha de fumaça azul, que subia, fininha e direita, no ar sem vento...; tudo, vi tudo.
Estava lá, na beirada do passo, a guaiaca. E o remédio era um só: tocar a meia rédea, antes
que outros andantes passassem.
[...]
LOPES NETO, João Simões. Contos gauchescos. Porto Alegre: L&PM, 1998.

Texto 3 

Sua casa ficava para trás da Serra do Mim, quase no meio de um brejo de água limpa, lugar chamado o Temor-de-Deus. O Pai, pequeno sitiante, lidava com vacas e arroz; a Mãe, urucuiana, nunca tirava o terço da mão, mesmo quando matando galinhas ou passando descompostura em alguém. E ela, menininha, por nome Maria, Nhinhinha dita, nascera já muito para miúda, cabeçudota e com olhos enormes.

    Não que parecesse olhar ou enxergar de propósito. Parava quieta, não queria bruxas de pano, brinquedo nenhum, sempre sentadinha onde se achasse, pouco se mexia. – “Ninguém entende muita coisa que ela fala...”- dizia o Pai, com certo espanto. Menos pela estranhez das palavras, pois só em raro ela perguntava, por exemplo: - “Ele xurugou?” – e, vai ver, quem e o quê, jamais se saberia. Mas, pelo esquisito do juízo ou enfeitado do sentido. Com riso imprevisto: - “Tatu não vê a lua...”- ela falasse. [...] 

ROSA, João Guimarães. Primeiras Estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2016.
Os excertos acima pertencem a obras representativas de diferentes manifestações do regionalismo.
Com base nas ponderações de Bosi (2006) sobre essa vertente da literatura brasileira, em qual afirmativa é estabelecida uma relação adequada entre as produções citadas, suas características regionalistas e seu contexto de produção?
Alternativas
Q2006221 Literatura

Leia o texto a seguir.


A contribuição típica do Romantismo para caracterização literária do escritor é o conceito de missão. Os poetas se sentiram sempre, mais numas fases que noutras, portadores de verdades ou sentimentos superiores aos dos outros homens: daí o furor poético, a inspiração divina, o transe, alegados como fonte de poesia. [...]

O poeta romântico não apenas retoma em grande estilo as explicações transcendentes do mecanismo da criação como lhes acrescenta a ideia de que a sua atividade corresponde a uma missão de beleza, ou de justiça, graças à qual participa duma certa categoria de divindade. Missão puramente espiritual, para uns, missão social para outros – para todos a nítida representação de um destino superior, regido por uma vocação superior. 


CANDIDO, Antonio. Formação da Literatura Brasileira: momentos decisivos. 6. ed. Belo Horizonte:

Editora Itatiaia, 2000.


A partir do texto de Antonio Candido e das considerações de Bosi (2006) sobre a poesia romântica brasileira, o que é pertinente afirmar? 

Alternativas
Respostas
241: A
242: B
243: D
244: D
245: D
246: B
247: D
248: D
249: C
250: B
251: C
252: D
253: B
254: D
255: C
256: C
257: B
258: A
259: C
260: D