Questões de Concurso Para analista cultural

— Eu chorei depois, quando entrei no camarim e me olhei no espelho. Fiquei assustada. — Por que assustada? — Eu olhei no espelho e vi uma mulher. Foi a primeira vez em muitos anos que isso acontece. Antes, quando eu olhava no espelho eu via uma empregada doméstica. Desta vez não. Eu sou uma mulher. Ela era aquele corpo, aquele pensamento, aquelas emoções. O teatro deu a ela o poder extraordinário de entrar em cena, também na vida, não para se exibir, mas para dizer o que pensava e gostar do corpo que tem.
DESGRANGES, Flávio. A pedagogia do teatro: provocações e dialogismo. São Paulo: Edições Mandacaru, 2006. p. 69.
Sendo esse diálogo um relato resultado de práticas com o teatro, pode-se afirmar que ele se deu a partir da experiência com o

As novas dramaturgias trouxeram como um de seus resultados uma nova forma de olhar os palcos, olhando, assim, os dramas encenados. Nesse sentindo, há um movimento em torno das nomenclaturas peça teatal, drama e dramaturgias que representa, de algum modo, o que ocorreu com o teatro ao expandir a possibilidade das montagens cênicas para além dos textos preestabelecidos direcionados aos palcos.
Nesse contexto, analise as afirmativas a seguir.
I. A palavra drama pode ser usada de duas maneiras: primeiro, para descrever uma obra literária, o texto de uma peça; segundo, para descrever a representação cênica dessa obra, sua produção. II. O texto de Rei Lear é drama. E Shakespeare, como escritor, um dramaturgo, ao passo que a representação de Rei Lear também é drama e seus atores estão envolvidos na atividade dramática. III. O texto, no sentido de um conjunto essencial de significados, geralmente de um drama, é fixado por escrito, de modo que a encenação não poderia modificar, modular, acentuar, radicalizar, tão pouco ignorá-lo por completo.
Estão corretas as afirmativas

Depois de Brecht, a dramaturgia teve seu sentido ampliado, compreendendo a estrutura interna da obra, mas também o resultado final do texto posto em cena com uma finalidade específica, com o intuito de influenciar o espectador de tal forma que o mova inclusive a própria ação.
PALLOTTINI, Renata. O que é dramaturgia. São Paulo: Brasiliense, 2005. p. 14-15 (Adaptação).
Com o advento de uma nova dramaturgia, surgiu uma nova figura na feitura do ato teatral. A figura a que se faz referência é a

Um texto não pode dizer tudo. Ele vai até certo ponto, lá até onde pode ir qualquer palavra. Além desse ponto começa outra zona, zona de mistério, de silencio, daquilo que se costuma designar como atmosfera, ambiente, clima, conforme queiram.
ROUBINE, Jean-Jacques. A linguagem da encenação teatral. Tradução: Yan Michalski. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998. p. 63.
É possível considerar essa “outra zona” como o espaço no qual outros elementos cênicos se apresentam para além do texto, configurando-se, assim, novas formas de compreender a dramaturgia de um espetáculo.
Como a nova acepção acerca do conceito de dramaturgia no teatro atual, a escritura cênica deixa de

Cena, movimento, luz, espaço, som, figurino. Esses e outros constituintes cênicos ganharam um novo olhar ao serem considerados como constituintes dramatúrgicos. Assim, tem-se as possibilidades de estudar, fazer e fruir o teatro e tais constituintes, a partir de lugares que podem ser chamados de dramaturgia da cena, dramaturgia do espaço, dramaturgia da luz, dramaturgia do figurino dramaturgia do som. Diante disso, certos paradigmas acerca da expressão teatral mudaram. Com isso, o que acontece quando tais constituintes cênicos ganham a possibilidade de se apresentarem enquanto elementos dramatúrgicos?