Questões de Concurso
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O texto a seguir é referência para as questões 01 a 05.
É possível ser feminina e feminista?
(Joanna Burigo e Monique Vanni – CartaCapital, 03/02/2016)
Feminismo não é clube: não precisa de carteirinha, não tem que pagar anuidade, e não exige uniforme. Você adora um esmaltinho e não quer nem pensar em deixar o sovaco peludo? OK! Você usa maquiagem, bate um cabelo e gosta de cor-de-rosa? Tudo bem: a expressão da sua identidade é decisão sua.
Policiar e regular as formas como as mulheres se apresentam sempre foi tarefa do patriarcado, e muitos dos elementos que compõem o que é socialmente entendido como “feminino” foram (e ainda são) utilizados como estratégias de dominação das mulheres.
Em outras palavras: alguns modos específicos de comportamento, bem como algumas expressões de identidade via corpo, foram (e ainda são) ferramentas de manutenção das mulheres em posições sociais inferiores às dos homens.
Assim, a mulher que não é passiva e dócil, ou a que não se depila nem liga muito para as cutículas, é percebida como menos feminina e, portanto, como menos mulher.
Por isso entendemos a necessidade de uma crítica feminista à imposição do feminino. Essa crítica é importante e pertinente – mas, perceba, ela se dirige à imposição do feminino, e não ao feminino em si.
Questionar essa imposição não significa que tenhamos que desvalorizar __________ conhecimentos ou modos de viver que estejam definidos como tradicionalmente femininos. Há algo de muito preocupante nessa desvalorização, pois os “apetrechos” de domesticidade e de estética são valiosos, mesmo não sendo reconhecidos financeiramente em nossa sociedade.
Não gostaríamos de fazer do feminismo uma recusa do que é tradicionalmente feminino, apenas _________ o que é tradicionalmente feminino nos foi (e segue sendo) imposto como condição para ser mulher. Queremos que esses atributos também sejam valorizados pela sociedade, e perpetuados, indiscriminadamente, por quem queira – mulher ou homem, cis ou trans, hetero ou homossexual, ou demais identidades.
Feministas se ocupam de expor machismos, desconstruir misoginias e destruir o patriarcado – e nada disso depende de estarmos com as pernas peludas, __________ em cima de um salto bem alto.
Considere as seguintes afirmativas:
1. A expressão “Em outras palavras”, no terceiro parágrafo, funciona para contrastar o conteúdo dos dois parágrafos anteriores com o que será dito no terceiro.
2. O termo “Assim”, no quarto parágrafo, apresenta uma nova maneira de dizer o que havia sido dito no terceiro, em forma de conclusão.
3. A expressão “bem como”, no terceiro parágrafo, serve para acrescentar informações à expressão “alguns modos específicos de comportamento”.
Assinale a alternativa correta.
O texto a seguir é referência para as questões 01 a 05.
É possível ser feminina e feminista?
(Joanna Burigo e Monique Vanni – CartaCapital, 03/02/2016)
Feminismo não é clube: não precisa de carteirinha, não tem que pagar anuidade, e não exige uniforme. Você adora um esmaltinho e não quer nem pensar em deixar o sovaco peludo? OK! Você usa maquiagem, bate um cabelo e gosta de cor-de-rosa? Tudo bem: a expressão da sua identidade é decisão sua.
Policiar e regular as formas como as mulheres se apresentam sempre foi tarefa do patriarcado, e muitos dos elementos que compõem o que é socialmente entendido como “feminino” foram (e ainda são) utilizados como estratégias de dominação das mulheres.
Em outras palavras: alguns modos específicos de comportamento, bem como algumas expressões de identidade via corpo, foram (e ainda são) ferramentas de manutenção das mulheres em posições sociais inferiores às dos homens.
Assim, a mulher que não é passiva e dócil, ou a que não se depila nem liga muito para as cutículas, é percebida como menos feminina e, portanto, como menos mulher.
Por isso entendemos a necessidade de uma crítica feminista à imposição do feminino. Essa crítica é importante e pertinente – mas, perceba, ela se dirige à imposição do feminino, e não ao feminino em si.
Questionar essa imposição não significa que tenhamos que desvalorizar __________ conhecimentos ou modos de viver que estejam definidos como tradicionalmente femininos. Há algo de muito preocupante nessa desvalorização, pois os “apetrechos” de domesticidade e de estética são valiosos, mesmo não sendo reconhecidos financeiramente em nossa sociedade.
Não gostaríamos de fazer do feminismo uma recusa do que é tradicionalmente feminino, apenas _________ o que é tradicionalmente feminino nos foi (e segue sendo) imposto como condição para ser mulher. Queremos que esses atributos também sejam valorizados pela sociedade, e perpetuados, indiscriminadamente, por quem queira – mulher ou homem, cis ou trans, hetero ou homossexual, ou demais identidades.
Feministas se ocupam de expor machismos, desconstruir misoginias e destruir o patriarcado – e nada disso depende de estarmos com as pernas peludas, __________ em cima de um salto bem alto.
Com base no texto, assinale a alternativa correta.
O texto a seguir é referência para as questões 01 a 05.
É possível ser feminina e feminista?
(Joanna Burigo e Monique Vanni – CartaCapital, 03/02/2016)
Feminismo não é clube: não precisa de carteirinha, não tem que pagar anuidade, e não exige uniforme. Você adora um esmaltinho e não quer nem pensar em deixar o sovaco peludo? OK! Você usa maquiagem, bate um cabelo e gosta de cor-de-rosa? Tudo bem: a expressão da sua identidade é decisão sua.
Policiar e regular as formas como as mulheres se apresentam sempre foi tarefa do patriarcado, e muitos dos elementos que compõem o que é socialmente entendido como “feminino” foram (e ainda são) utilizados como estratégias de dominação das mulheres.
Em outras palavras: alguns modos específicos de comportamento, bem como algumas expressões de identidade via corpo, foram (e ainda são) ferramentas de manutenção das mulheres em posições sociais inferiores às dos homens.
Assim, a mulher que não é passiva e dócil, ou a que não se depila nem liga muito para as cutículas, é percebida como menos feminina e, portanto, como menos mulher.
Por isso entendemos a necessidade de uma crítica feminista à imposição do feminino. Essa crítica é importante e pertinente – mas, perceba, ela se dirige à imposição do feminino, e não ao feminino em si.
Questionar essa imposição não significa que tenhamos que desvalorizar __________ conhecimentos ou modos de viver que estejam definidos como tradicionalmente femininos. Há algo de muito preocupante nessa desvalorização, pois os “apetrechos” de domesticidade e de estética são valiosos, mesmo não sendo reconhecidos financeiramente em nossa sociedade.
Não gostaríamos de fazer do feminismo uma recusa do que é tradicionalmente feminino, apenas _________ o que é tradicionalmente feminino nos foi (e segue sendo) imposto como condição para ser mulher. Queremos que esses atributos também sejam valorizados pela sociedade, e perpetuados, indiscriminadamente, por quem queira – mulher ou homem, cis ou trans, hetero ou homossexual, ou demais identidades.
Feministas se ocupam de expor machismos, desconstruir misoginias e destruir o patriarcado – e nada disso depende de estarmos com as pernas peludas, __________ em cima de um salto bem alto.
Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas acima, na ordem em que aparecem no texto.
Considere os termos abaixo que são empregados na indústria de fabricação:
I – Brochamento.
II – Fricção.
III – Em matriz.
IV – Serramento.
Os mesmos podem ser agrupados, respectivamente, nos seguintes processos de fabricação:
Considerando o diagrama Ferro-Carbono, todas as informações abaixo podem ser extraídas do diagrama, exceto:
De acordo com a norma ABNT NBR 5410, em alguns casos, pode ser feita a omissão da proteção contra sobrecargas por razões de segurança. São exemplos destes casos as seguintes afirmativas, exceto.
A norma ANSI/ISA-5.1 determina a identificação dos instrumentos a partir de um conjunto de letras. Um determinado instrumento, localizado próximo a uma válvula, possui o conjunto de letras PIC. De acordo com a norma ANSI/ISA-5.1, assinale a alternativa correta que representa a identificação deste instrumento:
Um estudante espanhol veio fazer uma pesquisa no Brasil e trouxe na bagagem uma lâmpada incandescente para o aproveitamento de seu efeito joule em um experimento. A lâmpada possui as especificações: 100 W - 220 V. No local do experimento a alimentação disponível é 110 V. Considere que esse estudante não tenha um transformador no local e utilize, portanto, a tensão disponível. Todos os elementos são ideais. Em comparação ao efeito obtido se a lâmpada fosse ligada na tensão nominal, marque a opção correta que indica o efeito verificado pelo estudante:
A respeito dos fusíveis, identifique como verdadeiras (V ) ou falsas (F ) as seguintes sentenças:
( ) A classe de função "g" refere-se a fusíveis que suportam a corrente nominal por tempo indeterminado e são capazes de operar a partir do menor valor de sobrecorrente até a corrente nominal de desligamento.
( ) A classe de função "a" refere-se a fusíveis que suportam a corrente nominal por tempo indeterminado e são capazes de desligar a partir de um determinado múltiplo do valor da corrente nominal até a corrente nominal de desligamento.
( ) Os fusíveis pertencentes a classe de função "g" também são conhecidos como fusíveis de faixa parcial.
( ) Os fusíveis pertencentes a classe de função "a" também são conhecidos como fusíveis de faixa completa.
( ) Os fusíveis pertencentes a classe de objetos protegidos tipo "M" são utilizados em instalações com condições pesadas.
Marque a opção que associa a sequência correta V e F, de cima para baixo, das afirmativas:
Segundo os conceitos constantes na Lei nº 11.091/2005 é correto afirmar, exceto:
São direitos dos trabalhadores rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social, previstos na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, exceto:
Além das determinações previstas em lei, são atos normativos que regem a administração do IFMG, exceto:
De acordo com o Decreto nº 1.171/1994, são deveres fundamentais do servidor público, salvo:
De acordo com a Lei nº 11.892/2008, que instituiu a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, marque a opção incorreta sobre os Institutos Federais:
Leia o texto a seguir para responder às questões 7 e 8
FURTO DE FLOR
Furtei uma flor daquele jardim. O porteiro do edifício cochilava, e eu furtei a flor.
Trouxe-a para casa e coloquei-a no copo com água. Logo senti que ela não estava feliz. O copo destina-se a beber, e flor não é para ser bebida.
Passei-a para o vaso, e notei que ela me agradecia, revelando melhor sua delicada composição. Quantas novidades há numa flor, se a contemplarmos bem.
Sendo autor do furto, eu assumira a obrigação de conservá-la. Renovei a água do vaso, mas a flor empalidecia. Temi por sua vida. Não adiantava restituí-la no jardim. Nem apelar para o médico de flores. Eu a furtara, eu a via morrer.
Já murcha, e com a cor particular da morte, peguei-a docemente e fui depositá-la no jardim onde desabrochara. O porteiro estava atento e repreendeu-me.
– Que ideia a sua, vir jogar lixo de sua casa neste jardim!
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Contos plausíveis. Rio de Janeiro, José Olympio, 1985. p. 80).
Os períodos “Renovei a água do vaso, mas a flor empalidecia” e “Quantas novidades há numa flor, se a contemplarmos bem,” configuram-se a partir dos processos de
Leia o texto a seguir para responder às questões 7 e 8
FURTO DE FLOR
Furtei uma flor daquele jardim. O porteiro do edifício cochilava, e eu furtei a flor.
Trouxe-a para casa e coloquei-a no copo com água. Logo senti que ela não estava feliz. O copo destina-se a beber, e flor não é para ser bebida.
Passei-a para o vaso, e notei que ela me agradecia, revelando melhor sua delicada composição. Quantas novidades há numa flor, se a contemplarmos bem.
Sendo autor do furto, eu assumira a obrigação de conservá-la. Renovei a água do vaso, mas a flor empalidecia. Temi por sua vida. Não adiantava restituí-la no jardim. Nem apelar para o médico de flores. Eu a furtara, eu a via morrer.
Já murcha, e com a cor particular da morte, peguei-a docemente e fui depositá-la no jardim onde desabrochara. O porteiro estava atento e repreendeu-me.
– Que ideia a sua, vir jogar lixo de sua casa neste jardim!
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Contos plausíveis. Rio de Janeiro, José Olympio, 1985. p. 80).
No texto de Carlos Drummond de Andrade, é possível perceber que o eu-lírico revela diferentes sentimentos desde que furta a flor. Assinale a opção que revela tais sentimentos.
Leia o texto a seguir para responder às questões 4, 5 e 6.
‘PERDI A CONDUÇÃO, MAS DESCOBRI OS GRUPOS DE WHATSAPP DE ÔNIBUS’
Havia saído de casa adiantado para o encontro do meu clube do livro porque não conhecia bem o caminho do Engenho Novo, na zona norte do Rio de Janeiro, para o Barra Shopping, zona oeste. Abri o Google Maps, meu fiel escudeiro na arte de me locomover de ônibus, tracei a rota, descobri que precisaria pegar o 693 (Méier x Alvorada) e fui. Nunca tinha ouvido falar dessa linha antes, mas, nesses aplicativos de ônibus, eu acredito. Não deveria, até porque já me deixaram na mão diversas vezes, mas a gente trabalha com o que tem.
Fiquei 50 minutos ou 50 anos, difícil dizer agora, no ponto esperando o 693 e nada do ônibus aparecer. Foi impressionante que eu cheguei num ponto de ônibus cheio de gente e me vi sozinho em questão de minutos. Passavam muitas linhas por ali, mas eu era o único azarado esperando o ônibus mais atrasado do Rio. Não havia me ajudado em nada ter saído com antecedência de casa, os minutos que ganhei já tinham escoado junto com a minha paciência.
Comecei a duvidar da existência do 693. Talvez tenha sido um delírio meu no momento que olhei no Google Maps, pensei. De vez em quando acontece de uma linha ter mudado de nome ou de número ou, pior ainda, trocado de rota, e os aplicativos demoram a perceber. Se não apelarmos para o boca a boca, podemos esperar sentados por um ônibus que jamais virá.
Perguntei para um senhor no ponto comigo se ali realmente passava o 693. Ele riu. “Passar até passa, mas só quando quer”, disse. Eu não tinha como ficar à mercê de um ônibus com vontade própria, então cancelei meu compromisso.
Saí do ponto bastante chateado, olhei no Google Maps para saber como voltar para casa (a gente não aprende) e caminhei até uma outra quadra para esperar de novo por um ônibus. Adivinha quem vi passando ao longe assim que cheguei no outro ponto? Ele mesmo, o 693 Méier x Alvorada, provavelmente dando uma gargalhada gostosa e me chamando de otário.
Depois de um tempo, contei essa história para a amiga que divide a casa comigo no Engenho Novo. Foi aí que fui apresentado ao conceito de grupo do WhatsApp do ônibus. Isso mesmo que você acabou de ler. Acho que todo mundo faz parte de um grupo da família, dos amigos e do trabalho, mas fiquei bastante intrigado com esse novo tipo. Sim, era exatamente isso: um grupo com todas as pessoas que pegam o 693, em todos os horários, incluindo alguns motoristas e cobradores.
A utilidade do grupo, minha amiga Lourrane me explicou, são na verdade várias: 1) os usuários perguntam onde o ônibus está e quem está nele responde – mandam localização e dá até para se programar antes de sair de casa, 2) os passageiros informam se o ônibus está cheio, se tem lugar pra sentar, quem é o motorista, 3) pessoas atrasadas podem implorar para o motorista ir mais devagar para dar tempo dela embarcar – às vezes cola pois estamos no Rio de Janeiro, né? Terra onde tudo é possível. E essa é uma função que nenhum aplicativo de mobilidade urbana oferece. O grande teste de iniciação é você conseguir descobrir que o grupo existe.
Uma amiga curitibana me informou que, na capital paranaense, isso jamais aconteceria porque falta o molejo carioca. Mas descobri que o pessoal de outros estados já dá seus passinhos. Não me surpreenderei quando surgir um em Curitiba. As histórias envolvendo grupos são muitas: desde o motorista que para na padaria para os passageiros comprarem pão até festas juninas, chás de bebês e outras comemorações organizadas pelos membros.
Parece que os grupos de WhatsApp de ônibus vieram para ficar e, quando você menos suspeita, a condução que você pega todo dia tem um e você está por fora. É complicado pensar que as pessoas precisam se virar para facilitar a experiência de pegar ônibus – algo corriqueiro que deveria funcionar bem, mas que pode se tornar um transtorno.
Atrasos, vias precárias, sucateamento dos veículos, superlotação e falta de segurança são problemas que deveriam ter mais atenção do poder público, mas que infelizmente acabam sobrando para os cidadãos comuns. A sorte do brasileiro é que ele sabe se adaptar. Para os cariocas, isso é uma necessidade.
FAGUNDES, Felipe. 7 jun. 2019. Disponível em: https://theintercept.com/2019/06/06/descobri-grupos-de-whatsapp-de-onibus/. Acesso em: 20 jun. 2019. Adaptado.
O “molejo carioca” mencionado no texto refere-se a um caráter de
Leia o texto a seguir para responder às questões 4, 5 e 6.
‘PERDI A CONDUÇÃO, MAS DESCOBRI OS GRUPOS DE WHATSAPP DE ÔNIBUS’
Havia saído de casa adiantado para o encontro do meu clube do livro porque não conhecia bem o caminho do Engenho Novo, na zona norte do Rio de Janeiro, para o Barra Shopping, zona oeste. Abri o Google Maps, meu fiel escudeiro na arte de me locomover de ônibus, tracei a rota, descobri que precisaria pegar o 693 (Méier x Alvorada) e fui. Nunca tinha ouvido falar dessa linha antes, mas, nesses aplicativos de ônibus, eu acredito. Não deveria, até porque já me deixaram na mão diversas vezes, mas a gente trabalha com o que tem.
Fiquei 50 minutos ou 50 anos, difícil dizer agora, no ponto esperando o 693 e nada do ônibus aparecer. Foi impressionante que eu cheguei num ponto de ônibus cheio de gente e me vi sozinho em questão de minutos. Passavam muitas linhas por ali, mas eu era o único azarado esperando o ônibus mais atrasado do Rio. Não havia me ajudado em nada ter saído com antecedência de casa, os minutos que ganhei já tinham escoado junto com a minha paciência.
Comecei a duvidar da existência do 693. Talvez tenha sido um delírio meu no momento que olhei no Google Maps, pensei. De vez em quando acontece de uma linha ter mudado de nome ou de número ou, pior ainda, trocado de rota, e os aplicativos demoram a perceber. Se não apelarmos para o boca a boca, podemos esperar sentados por um ônibus que jamais virá.
Perguntei para um senhor no ponto comigo se ali realmente passava o 693. Ele riu. “Passar até passa, mas só quando quer”, disse. Eu não tinha como ficar à mercê de um ônibus com vontade própria, então cancelei meu compromisso.
Saí do ponto bastante chateado, olhei no Google Maps para saber como voltar para casa (a gente não aprende) e caminhei até uma outra quadra para esperar de novo por um ônibus. Adivinha quem vi passando ao longe assim que cheguei no outro ponto? Ele mesmo, o 693 Méier x Alvorada, provavelmente dando uma gargalhada gostosa e me chamando de otário.
Depois de um tempo, contei essa história para a amiga que divide a casa comigo no Engenho Novo. Foi aí que fui apresentado ao conceito de grupo do WhatsApp do ônibus. Isso mesmo que você acabou de ler. Acho que todo mundo faz parte de um grupo da família, dos amigos e do trabalho, mas fiquei bastante intrigado com esse novo tipo. Sim, era exatamente isso: um grupo com todas as pessoas que pegam o 693, em todos os horários, incluindo alguns motoristas e cobradores.
A utilidade do grupo, minha amiga Lourrane me explicou, são na verdade várias: 1) os usuários perguntam onde o ônibus está e quem está nele responde – mandam localização e dá até para se programar antes de sair de casa, 2) os passageiros informam se o ônibus está cheio, se tem lugar pra sentar, quem é o motorista, 3) pessoas atrasadas podem implorar para o motorista ir mais devagar para dar tempo dela embarcar – às vezes cola pois estamos no Rio de Janeiro, né? Terra onde tudo é possível. E essa é uma função que nenhum aplicativo de mobilidade urbana oferece. O grande teste de iniciação é você conseguir descobrir que o grupo existe.
Uma amiga curitibana me informou que, na capital paranaense, isso jamais aconteceria porque falta o molejo carioca. Mas descobri que o pessoal de outros estados já dá seus passinhos. Não me surpreenderei quando surgir um em Curitiba. As histórias envolvendo grupos são muitas: desde o motorista que para na padaria para os passageiros comprarem pão até festas juninas, chás de bebês e outras comemorações organizadas pelos membros.
Parece que os grupos de WhatsApp de ônibus vieram para ficar e, quando você menos suspeita, a condução que você pega todo dia tem um e você está por fora. É complicado pensar que as pessoas precisam se virar para facilitar a experiência de pegar ônibus – algo corriqueiro que deveria funcionar bem, mas que pode se tornar um transtorno.
Atrasos, vias precárias, sucateamento dos veículos, superlotação e falta de segurança são problemas que deveriam ter mais atenção do poder público, mas que infelizmente acabam sobrando para os cidadãos comuns. A sorte do brasileiro é que ele sabe se adaptar. Para os cariocas, isso é uma necessidade.
FAGUNDES, Felipe. 7 jun. 2019. Disponível em: https://theintercept.com/2019/06/06/descobri-grupos-de-whatsapp-de-onibus/. Acesso em: 20 jun. 2019. Adaptado.
O trecho em que NÃO se faz uso da ironia é:
Leia o texto a seguir para responder às questões 4, 5 e 6.
‘PERDI A CONDUÇÃO, MAS DESCOBRI OS GRUPOS DE WHATSAPP DE ÔNIBUS’
Havia saído de casa adiantado para o encontro do meu clube do livro porque não conhecia bem o caminho do Engenho Novo, na zona norte do Rio de Janeiro, para o Barra Shopping, zona oeste. Abri o Google Maps, meu fiel escudeiro na arte de me locomover de ônibus, tracei a rota, descobri que precisaria pegar o 693 (Méier x Alvorada) e fui. Nunca tinha ouvido falar dessa linha antes, mas, nesses aplicativos de ônibus, eu acredito. Não deveria, até porque já me deixaram na mão diversas vezes, mas a gente trabalha com o que tem.
Fiquei 50 minutos ou 50 anos, difícil dizer agora, no ponto esperando o 693 e nada do ônibus aparecer. Foi impressionante que eu cheguei num ponto de ônibus cheio de gente e me vi sozinho em questão de minutos. Passavam muitas linhas por ali, mas eu era o único azarado esperando o ônibus mais atrasado do Rio. Não havia me ajudado em nada ter saído com antecedência de casa, os minutos que ganhei já tinham escoado junto com a minha paciência.
Comecei a duvidar da existência do 693. Talvez tenha sido um delírio meu no momento que olhei no Google Maps, pensei. De vez em quando acontece de uma linha ter mudado de nome ou de número ou, pior ainda, trocado de rota, e os aplicativos demoram a perceber. Se não apelarmos para o boca a boca, podemos esperar sentados por um ônibus que jamais virá.
Perguntei para um senhor no ponto comigo se ali realmente passava o 693. Ele riu. “Passar até passa, mas só quando quer”, disse. Eu não tinha como ficar à mercê de um ônibus com vontade própria, então cancelei meu compromisso.
Saí do ponto bastante chateado, olhei no Google Maps para saber como voltar para casa (a gente não aprende) e caminhei até uma outra quadra para esperar de novo por um ônibus. Adivinha quem vi passando ao longe assim que cheguei no outro ponto? Ele mesmo, o 693 Méier x Alvorada, provavelmente dando uma gargalhada gostosa e me chamando de otário.
Depois de um tempo, contei essa história para a amiga que divide a casa comigo no Engenho Novo. Foi aí que fui apresentado ao conceito de grupo do WhatsApp do ônibus. Isso mesmo que você acabou de ler. Acho que todo mundo faz parte de um grupo da família, dos amigos e do trabalho, mas fiquei bastante intrigado com esse novo tipo. Sim, era exatamente isso: um grupo com todas as pessoas que pegam o 693, em todos os horários, incluindo alguns motoristas e cobradores.
A utilidade do grupo, minha amiga Lourrane me explicou, são na verdade várias: 1) os usuários perguntam onde o ônibus está e quem está nele responde – mandam localização e dá até para se programar antes de sair de casa, 2) os passageiros informam se o ônibus está cheio, se tem lugar pra sentar, quem é o motorista, 3) pessoas atrasadas podem implorar para o motorista ir mais devagar para dar tempo dela embarcar – às vezes cola pois estamos no Rio de Janeiro, né? Terra onde tudo é possível. E essa é uma função que nenhum aplicativo de mobilidade urbana oferece. O grande teste de iniciação é você conseguir descobrir que o grupo existe.
Uma amiga curitibana me informou que, na capital paranaense, isso jamais aconteceria porque falta o molejo carioca. Mas descobri que o pessoal de outros estados já dá seus passinhos. Não me surpreenderei quando surgir um em Curitiba. As histórias envolvendo grupos são muitas: desde o motorista que para na padaria para os passageiros comprarem pão até festas juninas, chás de bebês e outras comemorações organizadas pelos membros.
Parece que os grupos de WhatsApp de ônibus vieram para ficar e, quando você menos suspeita, a condução que você pega todo dia tem um e você está por fora. É complicado pensar que as pessoas precisam se virar para facilitar a experiência de pegar ônibus – algo corriqueiro que deveria funcionar bem, mas que pode se tornar um transtorno.
Atrasos, vias precárias, sucateamento dos veículos, superlotação e falta de segurança são problemas que deveriam ter mais atenção do poder público, mas que infelizmente acabam sobrando para os cidadãos comuns. A sorte do brasileiro é que ele sabe se adaptar. Para os cariocas, isso é uma necessidade.
FAGUNDES, Felipe. 7 jun. 2019. Disponível em: https://theintercept.com/2019/06/06/descobri-grupos-de-whatsapp-de-onibus/. Acesso em: 20 jun. 2019. Adaptado.
O objetivo principal desse texto é
Leia o texto a seguir para responder às questões 1, 2 e 3.
Cheiro das coisas
Flávia Boggio
Já repararam que existe documentário sobre absolutamente tudo? "A Verdade Por Trás da Indústria da Carne." "A Verdade Por Trás da Indústria." "A Verdade Por Trás da Carne." É tanta verdade, que não me espantaria se lançassem o documentário contando "a verdade por trás da indústria de documentários que falam toda a verdade".
Outro dia, assisti ao documentário "O Nariz" que, obviamente, mostra toda a verdade por trás dessa parte do corpo.
O documentário conta como o olfato nos leva às memórias mais antigas e permanentes. Bebês podem reconhecer a mãe poucos dias após o nascimento. Pacientes com Alzheimer em estágio avançado conseguem relembrar pessoas e momentos. Só pelo cheiro.
Fiquei tão fascinada que comecei a cheirar tudo para acessar minha memória olfativa. Alimentos, objetos e lugares. Me peguei farejando uma parede, o sofá de casa, até mesmo o cabelo de uma mulher na fila da farmácia. Eis algumas conclusões fascinantes:
Cheiro de sabonete Phebo me remete a anestesia e brocas. Isso porque meu dentista lavava mãos com esse item de higiene. E não usava luvas.
Xixi de gato me lembra a pracinha do lado da casa da minha mãe. Durante o dia, playground. À noite, toalete e motel de felinos.
Cheiro de cigarro, mesmo depois de conviver com milhares de fumantes (e tendo sido eu mesma uma), ainda me leva ao jardim de infância. Minha primeira professora era fumante. O que me lembra também que sobrevivi aos anos 1980. E à toxoplasmose.
Além de saudosista, o olfato é nosso sentido mais primitivo. É ele que nos conecta a outros animais, que sobrevivem e se reproduzem por meio dos cheiros. É aí que volto ao "O Nariz".
No documentário, perfumistas falam sobre uma das fontes dos melhores perfumes, o âmbar cinzento. Trata-se do nome gourmet de uma pedra encontrada no intestino de cetáceos. Ou seja, o cheiro mais gostoso do mundo é: excremento de baleia.
A gente tenta se sofisticar com perfumes, essências e fragrâncias, mas, no fundo, somos todos bichos. O ser humano gosta mesmo é de um cheiro de cocô. Fiquem com essa verdade.
Para os bichos farejadores que se interessarem, "O Nariz" está no catálogo da Netflix.
(Folha de S. Paulo – 18 abr. 2019)
Assinale a opção em que o sujeito da oração destacada está corretamente classificado entre parênteses.