Questões Militares Sobre análise sintática em português

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Q614966 Português
Campeonato do desperdício
     No campeonato do desperdício, somos campeões em várias modalidades. Algumas de que nos orgulhamos e outras de que nem tanto. Meu amigo Adamastor, antropólogo das horas vagas, não me deu as causas primeiras de nossa primazia, mas forneceu-me uma lista em que somos imbatíveis. Claro, das modalidades que "nem tanto".
     Vocês já ouviram falar em lixo rico? Somos os campeões. Nosso lixo faria a fartura de um Haiti. Com o que jogamos fora e que poderia ser aproveitado, poder-se-ia alimentar muito mais do que a população do Haiti. Há pesquisas do assunto e cálculos exatos que "nem tanto". Somos um país pobre com mania de rico. E nosso lixo é mais rico do que o lixo dos países ricos. Meu falecido pai costumava dizer: rico raspa o queijo com as costas da faca; remediado corta uma casca bem fininha; pobre, contudo, arranca uma lasca imensa do queijo. Meu pai dizia, e tenho a impressão que meu pai era um homem preconceituoso, mas em termos de manuseio dos alimentos nacionais, arrancamos uma lasca imensa do queijo, ah, sim, arrancamos.
     Outra modalidade em que somos campeões absolutos, o desperdício do transporte. Ninguém no mundo consegue, tanto quanto nós, jogar grãos nas estradas. Não viajo pouco e me considero testemunha ocular. A Anhanguera, por exemplo, tem verdadeiras plantações de soja em suas margens. Quando pego uma traseira de caminhão e aquela chuva de grãos me assusta, penso rápido e fico calmo: faz parte da competição e temos de ser campeões.
    Na construção civil o desperdício chega a ser escandaloso. Um dia o Adamastor, antropólogo das horas vagas, me veio com uma folha de jornal onde se liam estatísticas indecentes. Com o que se joga fora de material (do mais bruto ao mais sofisticado) , o Brasil poderia construir todos os estádios que a FIFA exige e ainda poderia exportar cidades para o mundo.
     Antigamente, este que vos atormenta, levava um litro lavado para trocar por outro cheio de leite. Você, caro leitor, talvez nem tenha notícia disso. Mas era assim. Agora, compra-se o leite e sua embalagem internamente aluminizada para jogá-la no lixo. Quanto de nosso petróleo vai para o lixo em forma de sacos plásticos? Vocês já ouviram falar que o petróleo é um recurso inesgotável? Claro que não! Mas sente algum remorso ao jogar os sacos trazidos do supermercado no lixo? Claro que não. Nossa cultura de mosaico nos tirou a capacidade de ligar os fenômenos entre si.
    E o que desperdiçamos de talentos, de esforço educacional? São advogados atendendo em balcão de banco, engenheiros vendendo cachorro-quente nas avenidas de São Paulo, são gênios que se desperdiçam diariamente como se fossem recursos, eles também, inesgotáveis. No dia em que a gente precisar, vai lá e pega. No dia em que a gente precisar, pode não existir mais. Não importa, vivemos no melhor dos mundos, segundo a opinião do Adamastor, o gigante, plagiando um tal de Dr. Pangloss, que ironizava um tal de Leibniz.BRAFF, Menalton.

Em www.cartacapital.com.br - Acesso em 14 jan., 2013 - adaptado.

Dr.Pangloss - personagem de Cândido, de Voltaire. Caracteriza-se pelo extremo otimismo.
Leibniz - Autor da teoria de que nada acontece ao acaso. Estamos no melhor dos mundos possíveis, o ser só é, só existe, porque é o melhor possível. Adamastor, o- gigante - personificação do Cabo das Tormentas, em Os Lusíadas, do escritor português Luiz Vaz de Camões,
Em que opção a análise morfossintática do texto está adequada?
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Q614425 Português
Os termos sublinhados exercem a mesma função sintática, EXCETO em
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Ano: 2014 Banca: Marinha Órgão: CFN Prova: Marinha - 2014 - CFN - Soldado Fuzileiro Naval |
Q608858 Português

Observe os quadrinhos e responda à questão.

Imagem associada para resolução da questão


Em “Lúcio, vamos brincar de astronauta?”, o termo destacado exerce a função de

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Q608618 Português

                           As desigualdades e a questão social

      Há processos estruturais que estão na base das desigualdades e antagonismos que constituem a questão social. Dentre esses processos, alguns podem ser lembrados agora. O desenvolvimento extensivo e intensivo do capitalismo, na cidade e no campo, provoca os mais diversos movimentos de trabalhadores, compreendendo indivíduos, famílias, grupos e amplos contingentes. As migrações internas atravessam os campos e as cidades, as regiões e as nações. Movimentam trabalhadores em busca de terra, trabalho, condições de vida, garantias, direitos. A industrialização e a urbanização expandem‐se de modo contínuo, por fluxos e refluxos, ou surtos. Assim como ocorre a metropolização dos maiores centros urbano‐industriais, também ocorre a abertura e reabertura das fronteiras. Os surtos de atividades agrícolas, pecuárias, extrativas, mineradoras e industriais, ao longo das várias repúblicas, assinalam os mais diversos momentos de populações e negócios, de fatores econômicos ou forças produtivas. As crescentes diversidades sociais estão acompanhadas de crescentes desigualdades sociais. Criam‐se e recriam‐se as condições de mobilidade social horizontal e vertical, simultaneamente às desigualdades e aos antagonismos. Esse é o contexto em que o emprego, desemprego, subemprego e pauperismo se tornam realidade cotidiana para muitos trabalhadores. As reivindicações, protestos e greves expressam algo deste contexto. Também os movimentos sociais, sindicatos e partidos revelam dimensões da complexidade crescente do jogo das forças sociais que se expandem com os desenvolvimentos extensivos e intensivos do capitalismo na cidade e no campo.

      [...] Aos poucos, a história da sociedade parece movimentada por um vasto contingente de operários agrícolas e urbanos, camponeses, empregados e funcionários. São brancos, mulatos, negros, caboclos, índios, japoneses e outros. Conforme a época e o lugar, a questão social mescla aspectos raciais, regionais e culturais, juntamente com os econômicos e políticos. Isto é, o tecido da questão social mescla desigualdades e antagonismos de significação estrutural.  

(IANNI, Octavio. Pensamento social no Brasil. Bauru: Edusc, 2004. (com adaptações).)

“Há processos estruturais que estão na base das desigualdades e antagonismos que constituem a questão social.”


Considerando a estrutura das orações e aspectos sintáticos que integram o período destacado, assinale a afirmativa correta.

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Ano: 2015 Banca: Marinha Órgão: CFN Prova: Marinha - 2015 - CFN - Soldado Fuzileiro Naval |
Q606107 Português

                   

Em “O que você está recortando do jornal, mamãe?”, o termo destacado exerce a função de
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Ano: 2015 Banca: Marinha Órgão: CFN Prova: Marinha - 2015 - CFN - Soldado Fuzileiro Naval |
Q606097 Português
Na frase, “O disfarce está muito bom.” - linha 53, o verbo é
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Ano: 2014 Banca: Exército Órgão: EsFCEx Prova: Exército - 2014 - EsFCEx - Oficial - v |
Q587251 Português
Tendo em vista as noções de tipo e gênero textuais propostas por Marcuschi (2005), associe a coluna da esquerda com a coluna da direita e, em seguida, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

1.Características relacionadas à noção de tipos textuais

2.Características relacionadas à noção de gêneros textuais

( ) Sua nomeação abrange um conjunto limitado de categorias teóricas determinadas por aspectos lexicais, sintáticos, relações lógicas, tempo verbal.

( ) Constructos teóricos definidos por propriedades linguísticas intrínsecas.

( ) Constituem textos empiricamente realizados cumprindo funções em situações comunicativas.

( ) Realizações linguísticas concretas definidas por propriedades sócio-comunicativas. 
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Q582379 Português
Texto II para responder à questão.

                                                                       0 que diria e o que faria Mandela?

0 mundo acompanha o drama humanitário e os dilemas europeus sobre acolher e/ou conter migrantes que tentam atravessar o Mediterrâneo da Àfrica do Norte para a Europa. Sao desastres constantes nas embarcações com seus passageiros, nas transações encetadas por traficantes do desespero e da esperança. No último fim-de-semana foi o naufrágio de um barco pesqueiro na costa libia que deixou centenas de mortos. No entanto, outro drama humanitário se desenrola no sul da Àfrica, com a violência e a xenofobia dos últimos dias justamente na nação arco-fris que Nelson Mandela se propôs a construir no lugar do apartheid há pouco mais de 20 anos. [...]
A mais recente onda de violência mistura xenofobia e mera criminalidade em um país em crescente crise econômica, taxa de desemprego de 24%, chefiado pelo desacreditado presidente Jacob Zuma e marcado pela percepção, especialmente em comunidades pobres, de que estrangeiros estao roubando os empregos. No entanto, o catalisador da violencia (xenofobia) se diluiu em meio à escalada, pois muitos dos mortos e donos de negócios saqueados eram sul-africanos. 
Nelson Mandela nunca teve sucessores à altura e sempre se soube que seria uma tarefa descomunal construir uma nação arco-fris. 0 desafio se tornou mais ingrato e o arco-fris está ainda mais distante no horizonte.

(Caio Blinder, 21/04/2015. Disponivel em: http://veja.abril.com.br/blog/nova-york/africa-do-sul/o-que-diria-mandela/. Adaptado.)
Nos trechos selecionados a seguir, os termos sublinhados possuem o mesmo valor sintático, exceto:
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Q582371 Português
Texto II para responder à questão.

                                                                       0 que diria e o que faria Mandela?

0 mundo acompanha o drama humanitário e os dilemas europeus sobre acolher e/ou conter migrantes que tentam atravessar o Mediterrâneo da Àfrica do Norte para a Europa. Sao desastres constantes nas embarcações com seus passageiros, nas transações encetadas por traficantes do desespero e da esperança. No último fim-de-semana foi o naufrágio de um barco pesqueiro na costa libia que deixou centenas de mortos. No entanto, outro drama humanitário se desenrola no sul da Àfrica, com a violência e a xenofobia dos últimos dias justamente na nação arco-fris que Nelson Mandela se propôs a construir no lugar do apartheid há pouco mais de 20 anos. [...]
A mais recente onda de violência mistura xenofobia e mera criminalidade em um país em crescente crise econômica, taxa de desemprego de 24%, chefiado pelo desacreditado presidente Jacob Zuma e marcado pela percepção, especialmente em comunidades pobres, de que estrangeiros estao roubando os empregos. No entanto, o catalisador da violencia (xenofobia) se diluiu em meio à escalada, pois muitos dos mortos e donos de negócios saqueados eram sul-africanos. 
Nelson Mandela nunca teve sucessores à altura e sempre se soube que seria uma tarefa descomunal construir uma nação arco-fris. 0 desafio se tornou mais ingrato e o arco-fris está ainda mais distante no horizonte.

(Caio Blinder, 21/04/2015. Disponivel em: http://veja.abril.com.br/blog/nova-york/africa-do-sul/o-que-diria-mandela/. Adaptado.)
Assinale o termo em destaque que exerce função sintática cuja característica e ser um complemento diretamente ligado ao verbo.
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Q581940 Português

Texto 01

       Quando se pergunta à população brasileira, em uma pesquisa de opinião, qual seria o problema fundamental do Brasil, a maioria indica a precariedade da educação. Os entrevistados costumam apontar que o sistema educacional brasileiro não é capaz de preparar os jovens para a compreensão de textos simples, elaboração de cálculos aritméticos de operações básicas, conhecimento elementar de física e química, e outros fornecidos pelas escolas fundamentais.

      [. • •]

      Certa vez, participava de uma reunião de pais e professores em uma escola privada brasileira de destaque e notei que muitos pais expressavam o desejo de ter bons professores, salas de aula com poucos alunos, mas não se sentiam responsáveis para participarem ativamente das atividades educacionais, inclusive custeando os seus serviços. Se os pais não conseguiam entender que esta aritmética não fecha e que a sua aspiração estaria no campo do milagre, parece difícil que consigam transmitir aos seus filhos o mínimo de educação.

      Para eles, a educação dos filhos não se baseia no aprendizado dos exemplos dados pelos pais.

      Que esta educação seja prioritária e ajude a resolver os outros problemas de uma sociedade como a brasileira parece lógico. No entanto, não se pode pensar que a sua deficiência depende somente das autoridades. Ela começa com os próprios pais, que não podem simplesmente terceirizar essa responsabilidade.

      Para que haja uma mudança neste quadro é preciso que a sociedade como um todo esteja convencida de que todos precisam contribuir para tanto, inclusive elegendo representantes que partilhem desta convicção e não estejam pensando somente nos seus benefícios pessoais.

      Sobre a educação formal, aquela que pode ser conseguida nos muitos cursos que estão se tornando disponíveis no Brasil, nota-se que muitos estão se convencendo de que eles ajudam na sua ascensão social, mesmo sendo precários. O número daqueles que trabalham para obter o seu sustento e ajudar a sua família, e ao mesmo tempo se dispõe a fazer um sacrifício adicional frequentando cursos até noturnos, parece estar aumentando.

      A demanda por cursos técnicos que elevam suas habilidades para o bom exercício da profissão está em alta. É tratada como prioridade tanto no governo como em instituições representativas das empresas. O mercado observa a carência de pessoal qualificado para elevar a eficiência do trabalho.

      Muitos reconhecem que o Brasil é um dos países emergentes que estão melhorando, a duras penas, a sua distribuição de renda. Mas, para que este processo de melhoria do bem-estar da população seja sustentável, há que se conseguir um aumento da produtividade do trabalho, que permita, também, o aumento da parcela da renda destinada à poupança, que vai sustentar os investimentos indispensáveis.

      A população que deseja melhores serviços das autoridades precisa ter a consciência de que uma boa educação, não necessariamente formal, é fundamental para atender melhor as suas aspirações.

   (YOKOTA, Paulo. Os problemas da educação no Brasil. Em http://www,cartacapital.com.br/

                          educacao/os-problemas-da-educacao-no-brasil- 657.html - Com adaptações)

Assinale a opção na qual o termo oracional foi classificado corretamente.
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Q579530 Português
Leia o texto abaixo e responda à questão
Funcionários exemplares
    Faz exatamente um ano que eles chegaram por ali, sob os olhares desconfiados de quem não via propósito em seu trabalho. Pior: muita gente achava que seriam um problema, não uma solução. Mas agora a equipe de falcões e gaviões do aeroporto internacional tem um número vistoso para exibir: de janeiro a abril de 2013, portanto, antes do início do serviço, foram registrados dezenove incidentes que envolveram aviões e pássaros como fragatas, quero-queros e urubus; neste ano, segundo dados do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, nesse mesmo período de quatro meses o número de colisões baixou para seis. As aves de rapina estão aprovadas, e parecem valer os 18 000 reais que custam por mês à Infraero. “O resultado tem sido melhor que o observado quando usávamos carros com sirene a todo o volume ou mesmo fogos de artifício para afugentar os pássaros", diz Priscila Souza, diretora da área de meio ambiente do Galeão.
    O grupo, formado por doze animais, acaba de ter seu contrato renovado até agosto e segue espantando dos céus do aeroporto um sem-número de aves que podem se tornar um empecilho ou, mais do que isso, um perigo real para pousos e decolagens: às vezes, batem contra os vidros, obrigam a desvios de rota e são engolidas pelas turbinas de jatos. Por isso são empregados esses animais carnívoros, com poderosas garras e bico afiado, que não comem suas vítimas, apenas as capturam - as presas são catalogadas e transportadas para uma área distante, de características naturais parecidas.
    Sete gaviões e cinco falcões (que alcançam, como um carro de F1, 300 quilômetros por hora) são treinados por falcoeiros do Centro de Preservação de Aves de Rapina, empresa particular baiana que ganhou a licitação para prestar o serviço em 2013. Nos últimos anos, aeroportos de cidades como Belo Horizonte e Porto Alegre já contrataram trabalhos semelhantes, também com sucesso. Próximo de mangues e da Baía de Guanabara, as pistas de nosso movimentado aeroporto atraem bichos de toda sorte. Isso sem contar os lixões clandestinos no entorno, que também são foco de animais. Ou seja, no Rio a tarefa é redobrada. Contamos com eles.
(Daniela Pessoa, Veja Rio, 4 de junho de 2014.)
Assinale a opção que apresenta a função sintática que exerce o termo destacado em: “ ...agosto e segue espantando dos céus do aeroporto UM SEM-NÚMERO DE AVES...", (parágrafo 2)
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Q579293 Português

Aumenta o número de adultos que não consegue focar sua atenção em uma única coisa por muito tempo. São tantos os estímulos e tanta a pressão para que o entorno seja completamente desvendado que aprendemos a ver e/ou fazer várias coisas ao mesmo tempo. Nós nos tornamos, à semelhança dos computadores, pessoas multitarefa, não é verdade?

Vamos tomar como exemplo uma pessoa dirigindo. Ela precisa estar atenta aos veículos que vêm atrás, ao lado e à frente, à velocidade média dos carros por onde trafega, às orientações do GPS ou de programas que sinalizam o trânsito em tempo real, às informações de alguma emissora de rádio que comenta o trânsito, ao planejamento mental feito e refeito várias vezes do trajeto que deve fazer para chegar ao seu destino, aos semáforos, faixas de pedestres etc.

Quando me vejo em tal situação, eu me lembro que dirigir, após um dia de intenso trabalho no retorno para casa, já foi uma atividade prazerosa e desestressante.

O uso da internet ajudou a transformar nossa maneira de olhar para o mundo. Não mais observamos os detalhes, por causa de nossa ganância em relação a novas e diferentes informações. Quantas vezes sentei em frente ao computador para buscar textos sobre um tema e, de repente, me dei conta de que estava em temas que em nada se relacionavam com meu tema primeiro.

Aliás, a leitura também sofreu transformações pelo nosso costume de ler na internet. Sofremos de uma tentação permanente de pular palavras e frases inteiras, apenas para irmos direto ao ponto. O problema é que alguns textos exigem a leitura atenta de palavra por palavra, de frase por frase, para que faça sentido. Aliás, não é a combinação e a sucessão das palavras que dá sentido e beleza a um texto? 

Se está difícil para nós, adultos, focar nossa atenção, imagine, caro leitor, para as crianças. Elas já nasceram neste mundo de profusão de estímulos de todos os tipos; elas são exigidas, desde o início da vida, a dar conta de várias coisas ao mesmo tempo; elas são estimuladas com diferentes objetos, sons, imagens etc.

Aí, um belo dia elas vão para a escola. Professores e pais, a partir de então, querem que as crianças prestem atenção em uma única coisa por muito tempo. E quando elas não conseguem, reclamamos, levamos ao médico, arriscamos hipóteses de que sejam portadoras de síndromes que exigem tratamento etc.

A maioria dessas crianças sabe focar sua atenção, sim. Elas já sabem usar programas complexos em seus aparelhos eletrônicos, brincam com jogos desafiantes que exigem atenção constante aos detalhes e, se deixarmos, passam horas em uma única atividade de que gostam.

Mas, nos estudos, queremos que elas prestem atenção no que é preciso, e não no que gostam. E isso, caro leitor, exige a árdua aprendizagem da autodisciplina. Que leva tempo, é bom lembrar.

As crianças precisam de nós, pais e professores, para começar a aprender isso. Aliás, boa parte desse trabalho é nosso, e não delas.

Não basta mandarmos que elas prestem atenção: isso de nada as ajuda. O que pode ajudar, por exemplo, é analisarmos o contexto em que estão quando precisam focar a atenção e organizá-lo para que seja favorável a tal exigência. E é preciso lembrar que não se pode esperar toda a atenção delas por muito tempo: o ensino desse quesito no mundo de hoje é um processo lento e gradual.

                     SAYÃO, Rosely. Profusão de estímulos. Folha de São Paulo, 11 fev. 2014 - adaptado. 

Que opção está correta em relação aos aspectos morfossintáticos do texto?
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Q579286 Português

Aumenta o número de adultos que não consegue focar sua atenção em uma única coisa por muito tempo. São tantos os estímulos e tanta a pressão para que o entorno seja completamente desvendado que aprendemos a ver e/ou fazer várias coisas ao mesmo tempo. Nós nos tornamos, à semelhança dos computadores, pessoas multitarefa, não é verdade?

Vamos tomar como exemplo uma pessoa dirigindo. Ela precisa estar atenta aos veículos que vêm atrás, ao lado e à frente, à velocidade média dos carros por onde trafega, às orientações do GPS ou de programas que sinalizam o trânsito em tempo real, às informações de alguma emissora de rádio que comenta o trânsito, ao planejamento mental feito e refeito várias vezes do trajeto que deve fazer para chegar ao seu destino, aos semáforos, faixas de pedestres etc.

Quando me vejo em tal situação, eu me lembro que dirigir, após um dia de intenso trabalho no retorno para casa, já foi uma atividade prazerosa e desestressante.

O uso da internet ajudou a transformar nossa maneira de olhar para o mundo. Não mais observamos os detalhes, por causa de nossa ganância em relação a novas e diferentes informações. Quantas vezes sentei em frente ao computador para buscar textos sobre um tema e, de repente, me dei conta de que estava em temas que em nada se relacionavam com meu tema primeiro.

Aliás, a leitura também sofreu transformações pelo nosso costume de ler na internet. Sofremos de uma tentação permanente de pular palavras e frases inteiras, apenas para irmos direto ao ponto. O problema é que alguns textos exigem a leitura atenta de palavra por palavra, de frase por frase, para que faça sentido. Aliás, não é a combinação e a sucessão das palavras que dá sentido e beleza a um texto? 

Se está difícil para nós, adultos, focar nossa atenção, imagine, caro leitor, para as crianças. Elas já nasceram neste mundo de profusão de estímulos de todos os tipos; elas são exigidas, desde o início da vida, a dar conta de várias coisas ao mesmo tempo; elas são estimuladas com diferentes objetos, sons, imagens etc.

Aí, um belo dia elas vão para a escola. Professores e pais, a partir de então, querem que as crianças prestem atenção em uma única coisa por muito tempo. E quando elas não conseguem, reclamamos, levamos ao médico, arriscamos hipóteses de que sejam portadoras de síndromes que exigem tratamento etc.

A maioria dessas crianças sabe focar sua atenção, sim. Elas já sabem usar programas complexos em seus aparelhos eletrônicos, brincam com jogos desafiantes que exigem atenção constante aos detalhes e, se deixarmos, passam horas em uma única atividade de que gostam.

Mas, nos estudos, queremos que elas prestem atenção no que é preciso, e não no que gostam. E isso, caro leitor, exige a árdua aprendizagem da autodisciplina. Que leva tempo, é bom lembrar.

As crianças precisam de nós, pais e professores, para começar a aprender isso. Aliás, boa parte desse trabalho é nosso, e não delas.

Não basta mandarmos que elas prestem atenção: isso de nada as ajuda. O que pode ajudar, por exemplo, é analisarmos o contexto em que estão quando precisam focar a atenção e organizá-lo para que seja favorável a tal exigência. E é preciso lembrar que não se pode esperar toda a atenção delas por muito tempo: o ensino desse quesito no mundo de hoje é um processo lento e gradual.

                     SAYÃO, Rosely. Profusão de estímulos. Folha de São Paulo, 11 fev. 2014 - adaptado. 

Em qual opção o termo destacado exerce função sintática idêntica a "Ela precisa estar atenta aos veículos que vêm atrás, ao lado e à frente, [...]."(2°§)?
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Q579195 Português

                                                       Os ratos

      Há ali perto um ruído, dum móvel dali do quarto. Venha! Incorpora no chiado amorfo, unido... Tem medo de decompor esse conjunto, de seguir uma linha qualquer naquela massa...

      Agora é um guinchinho... Várias notinhas geminadas... Parou... O seu chiado voltou a ter aquela uniformidade, aquela continuidade... E o meu marido, o que vai fazer? Nada? Como ele vai viver sem as garrafas, sem as latas, sem as caixas? Vai perambular pela rua, roubar pra comer? Ele se põe a escutar agudamente. Um esforço para afastar aquele conjunto amorfo de ruidozinhos, aquele chiado... Lá está, num canto, no chão, o guinchinho, feito de várias notinhas geminadas, fininhas...

      São os ratos!... Vai escutar com atenção, a respiração meio parada. Hão de ser muitos: há várias fontes daquele guinchinho, e de quando em quando, no forro, em vários pontos, o rufar... 

A casa está cheia de ratos...

      [...]

      Está com sono. Mas é preciso reagir. É preciso examinar bem ...

      E ele passa outra vez a sua ideia numa crítica. Vê tudo quanto há de sensato e de absurdo nela...

      Acordar Adelaide?

      Ouve a sua voz, volumosa, retumbando ali dentro do quarto... Ouve-se dizer, com voz cavernosa, estranha, saindo do silêncio: " - Adelaide... Adelaide...” Ela não acorda no primeiro momento. “- Adelaide...” Não se anima. Talvez que o filho se mexa, que ela se acorde. Aí então, com voz baixa, natural, apenas informativa:"- Adelaide... Você não tem medo que os ratos possam... (“ -­ Sim...?”) estar mexendo no dinheiro?...” -Não mexem, não.”- E ela se volta outra vez na cama para dormir...

      Naziazeno se tranquiliza...

      Ouve a respiração do filho. Ele dorme um sono pesado, igual.

      Naziazeno examina os “fundamentos” daquela sua tranqüilidade. Seria essa - está por jurar - a opinião de Adelaide... “Não mexem...” Pode se tranquilizar, pois. Nunca ouviu falar que houvessem roído um dinheiro assim. "- Você acha possível, Adelaide, que os ratos roam dinheiro?...” “- É: eles roem papel. Dinheiro é um papel engraxado...”

      Faz-se um grande tumulto dentro da sua cabeça!

      [...]

  Está exausto... Tem uma vontade de se entregar, naquela luta que vem sustentando, sustentando... Quereria dormir... Aliás, esse frio amargo e triste que lhe vem das vísceras, que lhe sobe de dentro de si, produz-lhe sempre uma sensação de sono, uma necessidade de anulação, de aniquilamento...Quereria dormir...

      Não sabe que horas são. De fora, do pátio, chega-lhe um como que pipilar, muito fraco e espaçado.

      Quereria dormir...

      Mas que é isso?!... Um baque?...

      Um baque brusco do portão. Uma volta sem cuidado da chave. A porta que se abre com força, arrastando. Mas um breve silêncio, como que uma suspensão... Depois, ele ouve que lhe despejam (o leiteiro tinha, tinha ameaçado cortar-lhe o leite...) que lhe despejam festivamente o leite. (O jorro é forte, cantante, vem de muito alto...) - Fecham furtivamente a porta... Escapam passos leves pelo pátio... Nem se ouve o portão bater...

      E  ele dorme.

                       MACHADO, Dyonélio. Os ratos. 7. ed. São Paulo: Ática, 1980. p. 149-57.

Vocabulário: via-crúcis - caminho da cruz. 

No caso da oração destacada em Você acha possível, Adelaide, QUE OS RATOS ROAM DINHEIRO?...”, exerce, em relação à principal, a função sintática de:
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Q578992 Português
Texto para responder à questão.

                              O fragmento a seguir situa-se no último capítulo de Triste fim de Policarpo Quaresma.

Como lhe parecia ilógico com ele mesmo estar ali metido naquele estreito calabouço? Pois ele, o Quaresma plácido, o Quaresma de tão profundos pensamentos patrióticos, merecia aquele triste fim?
[...]
Por que estava preso? Ao certo não sabia; o oficial que o conduzira, nada lhe quisera dizer; e, desde que saíra da ilha das Enxadas para a das Cobras, não trocara palavra com ninguém, não vira nenhum conhecido no caminho [...]. Entretanto, ele atribuía a prisão à carta que escrevera ao presidente, protestando contra a cena que presenciara na véspera.
Não se pudera conter. Aquela leva de desgraçados a sair assim, a desoras, escolhidos a esmo, para uma carniçaria distante, falara fundo a todos os seus sentimentos; pusera diante dos seus olhos todos os seus princípios morais; desafiara a sua coragem moral e a sua solidariedade humana; e ele escrevera a carta com veemência, com paixão, indignado. Nada omitiu do seu pensamento; falou claro, franca e nitidamente.
Devia ser por isso que ele estava ali naquela masmorra, engaiolado, trancafiado, isolado dos seus semelhantes como uma fera, como um criminoso, sepultado na treva, sofrendo umidade, misturado com os seus detritos, quase sem comer... Como acabarei? Como acabarei? E a pergunta lhe vinha, no meio da revoada de pensamentos que aquela angústia provocava pensar. Não havia base para qualquer hipótese. Era de conduta tão irregular e incerta o Governo que tudo ele podia esperar: a liberdade ou a morte, mais esta que aquela.
[...]
Iria morrer, quem sabe se naquela noite mesmo? E que tinha ele feito de sua vida? Nada. Levara toda ela atrás da miragem de estudar a pátria, por amá-la e querê-la muito, no intuito de contribuir para a sua felicidade e prosperidade. Gastara a sua mocidade nisso, a sua virilidade também; e, agora que estava na velhice, como ela o recompensava, como ela o premiava, como ela o condecorava? Matando-o. E o que não deixara de ver, de gozar, de fruir, na sua vida? Tudo. Não brincara, não pandegara, não amara – todo esse lado da existência que parece fugir um pouco à sua tristeza necessária, ele não vira, ele não provara, ele não experimentara. Desde dezoito anos que o tal patriotismo lhe absorvia e por ele fizera a tolice de estudar inutilidades. Que lhe importavam os rios? Eram grandes? Pois que fossem... Em que lhe contribuiria para a felicidade saber o nome dos heróis do Brasil? Em nada... O importante é que ele tivesse sido feliz. Foi? Não.Lembrou-se das suas coisas de tupi, do folclore, das suas tentativas agrícolas... Restava disso tudo em sua alma uma satisfação? Nenhuma! Nenhuma!
tupi encontrou a incredulidade geral, o riso, a mofa, o escárnio; e levou-o à loucura. Uma decepção. E a agricultura? Nada. As terras não eram ferazes e ela não era fácil como diziam os livros. Outra decepção. E, quando o seu patriotismo se fizera combatente, o que achara? Decepções. Onde estava a doçura de nossa gente? Pois ele não a viu combater como feras? Pois não a via matar prisioneiros, inúmeros? Outra decepção. A sua vida era uma decepção, uma série, melhor, um encadeamento de decepções. [...].
Como é que não viu nitidamente a realidade, não a pressentiu logo e se deixou enganar por um falaz ídolo, absorver-se nele, dar-lhe em holocausto toda a sua existência? Foi o seu isolamento, o seu esquecimento de si mesmo; e assim é que ia para a cova, sem deixar traço seu, sem um filho, sem um amor, sem um beijo mais quente, sem nenhum mesmo, e sem sequer uma asneira!
Nada deixava que afirmasse a sua passagem e a terra não lhe dera nada de saboroso.

BARRETO, Lima.Triste fim de Policarpo Quaresma São Paulo: Saraiva, 2007. p. 199-201 (Clássicos Saraiva).

A oração destacada em “O importante é QUE ELE TIVESSE SIDO FELIZ.” exerce a função sintática de:
Alternativas
Q572898 Português
TEXTO II
O reinado do celular

De alto a baixo da pirâmide social, quase todas as pessoas que eu conheço possuem celular. É realmente um grande quebra-galho. Quando estamos na rua e precisamos dar um recado, é só sacar o aparelhinho da bolsa e resolver a questão, caso não dê pra esperar chegar em casa. Pra isso — e só pra isso — serve o telefone móvel, na minha inocente opinião.
Ao contrário da maioria das mulheres, nunca fui fanática por telefone, incluindo o fixo. Uso com muito comedimento para resolver assuntos de trabalho, combinar encontros, cumprimentar alguém, essas coisas relativamente rápidas. Fazer visita por telefone é algo para o qual não tenho a menor paciência. Por celular, muito menos. Considero-o um excelente resolvedor de pendências e nada mais .
Logo, você pode imaginar meu espanto ao constatar como essa engenhoca se transformou no símbolo da neurose urbana. Outro dia fui assistir a um show. Minutos antes de começar, o lobby do teatro estava repleto de pessoas falando ao celular. "Vou ter que desligar, o espetáculo vai começar agora". Era como se todos estivessem se despedindo antes de embarcar para a lua. Ao término do show, as luzes do teatro mal tinham acendido quando todos voltaram a ligar seus celulares e instantaneamente se puseram a discar Para quem? Para quê? Para contar sobre o show para os amigos, parasaber o saldo no banco, para o tele-horóscopo?? Nunca vi tamanha urgência em se comunicar à distância. Conversar entre si, com o sujeito ao lado, quase ninguém conversava,
O celular deixou de ser uma necessidade para virar uma ansiedade. E toda ânsia nos mantém reféns, Quando vejo alguém checando suas mensagens a todo minuto e fazendo ligações triviais em público, não imagino estar diante de uma pessoa ocupada e poderosa, e sim de uma pessoa rendida: alguém que não possui mais controle sobre seu tempo, alguém que não consegue mais ficar em silêncio e em privacidade. E deixar celular em cima de mesa de restaurante, só perdoo se o cara estiver com a mãe no leito de morte e for ligeiramente surdo.
Isso tudo me ocorreu enquanto lia o livro infantil menino que queria ser celular, de Marcelo Pires, com ilustrações de Roberto Lautert, Conta a história de um garotinho que não suporta mais a falta de comunicação com o pai e a mãe, já que ambos não conseguem desligar o celular nem por um instante, nem no fim de semana - levam o celular até para o banheiro. O menino não tem vez. Aí a ideia: se ele fosse um celular, receberia muito mais atenção.
Não é história da carochinha, isso rola pra valer. Adultos e adolescentes estão virando dependentes de um aparelho telefônico e desenvolvendo uma nova fobia: medo de ser esquecido. E dá-lhe falar a toda hora, por qualquer motivo, numa esquizofrenia considerada, ora, ora, moderna.
Os celulares estão cada dia menores e mais fininhos. Mas são eles que estão botando muita gente na palma da mão.

(MEDEIROS, Martha. O reinado do celular. In:____ . Montanha Russa; Coisas da vida; Feliz por nada. Porto Alegre, RS: L&PM, 2013. p. 369-370.).
Em que opção o termo sublinhado exerce a mesma função que o pronome destacado em "De alto a baixo da pirâmide social, quase todas as pessoas que eu conheço possuem celular." (1°§)?
Alternativas
Q566801 Português
Assisti a um filme, comi uma pipoca e depois fui aspirar o ar puro da floreta. 

Podemos afirmar que os termos em destaques são respectivamente:
Alternativas
Q548669 Português

                                                     A seca


          De repente, uma variante trágica.

          Aproxima-se a seca.

          O sertanejo adivinha-a e prefixa-a graças ao ritmo singular com que se desencadeia o flagelo.

          Entretanto não foge logo, abandonando a terra a pouco e pouco invadida pelo limbo candente que irradia do Ceará.

          Buckle, em página notável, assinala a anomalia de se não afeiçoar nunca, o homem, às calamidades naturais que o rodeiam. Nenhum povo tem mais pavor aos terremotos que o peruano; e no Peru as crianças ao nascerem têm o berço embalado pelas vibrações da terra.

          Mas o nosso sertanejo faz exceção à regra. A seca não o apavora. É um complemento à sua vida tormentosa, emoldurando-a em cenários tremendos. Enfrenta-a, estoico. Apesar das dolorosas tradições que conhece através de um sem-número de terríveis episódios, alimenta a todo o transe esperanças de uma resistência impossível.

          Com os escassos recursos das próprias observações e das dos seus maiores, em que ensinamentos práticos se misturam a extravagantes crendices, tem procurado estudar o mal, para o conhecer, suportar e suplantar. Aparelha-se com singular serenidade para a luta. Dois ou três meses antes do solstício de verão, especa e fortalece os muros dos açudes, ou limpa as cacimbas. Faz os roçados e arregoa as estreitas faixas de solo arável à orla dos ribeirões. Está preparado para as plantações ligeiras à vinda das primeiras chuvas.

           Procura em seguida desvendar o futuro. Volve o olhar para as alturas; atenta longamente nos quadrantes; e perquire os traços mais fugitivos das paisagens...

           Os sintomas do flagelo despontam-lhe, então, encadeados em série, sucedendo-se inflexíveis, como sinais comemorativos de uma moléstia cíclica, da sezão assombradora da Terra. Passam as “chuvas do caju” em outubro, rápidas, em chuvisqueiros prestes delidos nos ares ardentes, sem deixarem traços; e pintam as caatingas, aqui, ali, por toda a parte, mosqueadas de tufos pardos de árvores marcescentes, cada vez mais numerosos e maiores, lembrando cinzeiros de uma combustão abafada, sem chamas; e greta-se o chão; e abaixa-se vagarosamente o nível das cacimbas... Do mesmo passo nota que os dias, estuando logo ao alvorecer, transcorrem abrasantes, à medida que as noites se vão tornando cada vez mais frias. A atmosfera absorve-lhe, com avidez de esponja, o suor na fronte, enquanto a armadura de couro, sem mais a flexibilidade primitiva, se lhe endurece aos ombros, esturrada, rígida, feito uma couraça de bronze. E ao descer das tardes, dia a dia menores e sem crepúsculos, considera, entristecido, nos ares, em bandos, as primeiras aves emigrantes, transvoando a outros climas...

             É o prelúdio da sua desgraça.


                                                               (Euclides da Cunha, Os Sertões. Em: Massaud Moisés,

                                                                         A literatura brasileira através dos tempos, 2004.)

Na frase – Aproxima-se a seca. –, a expressão “a seca” tem a mesma função na sintaxe da oração que a destacada em:
Alternativas
Q543164 Português
Nas passagens que se seguem o pronome oblíquo cumpre a mesma função sintática, EXCETO em:
Alternativas
Q543157 Português
Assinale a opção em que a expressão sublinhada NÃO exerce nenhuma função sintática.
Alternativas
Respostas
481: E
482: C
483: C
484: A
485: E
486: B
487: A
488: C
489: B
490: A
491: A
492: D
493: B
494: D
495: C
496: A
497: B
498: A
499: D
500: B