Pela leitura do capítulo “Bacharelo-me”, é correto concluir que
Próximas questões
Com base no mesmo assunto
Ano: 2013
Banca:
VUNESP
Órgão:
PM-SP
Prova:
VUNESP - 2013 - PM-SP - Tecnólogo de Administração Policial-Militar |
Q2212800
Português
Texto associado
Leia o capítulo XX de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de
Machado de Assis, para responder à questão.
Bacharelo-me
Um grande futuro! Enquanto esta palavra me batia no
ouvido, devolvia eu os olhos, ao longe, no horizonte misterioso e
vago. Uma ideia expelia outra, a ambição desmontava Marcela.
Grande futuro? Talvez naturalista, literato, arqueólogo, banqueiro, político ou até bispo, – bispo que fosse, – uma vez que fosse
um cargo, uma preeminência, uma grande reputação, uma posição superior. A ambição, dado que fosse águia, quebrou nessa
ocasião o ovo, e desvendou a pupila fulva e penetrante. Adeus,
amores! adeus, Marcela! dias de delírio, joias sem preço, vida
sem regime, adeus! Cá me vou às fadigas e à glória; deixo-vos
com as calcinhas da primeira idade.
E foi assim que desembarquei em Lisboa e segui para Coimbra. A Universidade esperava-me com as suas matérias árduas;
estudei-as muito mediocremente, e nem por isso perdi o grau de
bacharel; deram-mo com a solenidade do estilo, após os anos
da lei; uma bela festa que me encheu de orgulho e de saudades,
– principalmente de saudades. Tinha eu conquistado em Coimbra uma grande nomeada de folião; era um acadêmico estroina,
superficial, tumultuário e petulante, dado às aventuras, fazendo
romantismo prático e liberalismo teórico, vivendo na pura fé dos
olhos pretos e das constituições escritas. No dia em que a Universidade me atestou, em pergaminho, uma ciência que eu estava
longe de trazer arraigada no cérebro, confesso que me achei de
algum modo logrado, ainda que orgulhoso. Explico-me: o diploma era uma carta de alforria; se me dava a liberdade, dava-me
a responsabilidade. Guardei-o, deixei as margens do Mondego,
e vim por ali fora assaz desconsolado, mas sentindo já uns ímpetos, uma curiosidade, um desejo de acotovelar os outros, de
influir, de gozar, de viver, – de prolongar a Universidade pela
vida adiante…
(Machado de Assis. Memórias Póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Ática, 1997)
Pela leitura do capítulo “Bacharelo-me”, é correto concluir que