Questões Militares Para letras

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Q2045401 Português
No trecho, “– Ei, você é o meu presente, tem que brincar comigo! – gritou Arabela, impaciente.” (l. 29-30), Arabela mostra-se autoritária. A opção que pode substituir o que está sublinhado acima, mantendo o mesmo tom autoritário expresso pela princesa é
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Q2045400 Português
“– Mamãe! Você chegou bem na hora! E trouxe meu presente com você! – Sim, filhinha – Elefante respondeu. – E é justamente o que você sempre quis: uma princesinha de verdade!” (l. 43-45)
Como ocorre em muitas histórias infantis, o final é inesperado. Observando o trecho destacado acima, percebe-se que 
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Q2045399 Português
Algumas palavras substituem outros termos ou expressões do texto, estabelecendo ligações entre as partes e evitando repetições. Marque a alternativa cuja análise do elemento coesivo esteja adequada.
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Q2045398 Português
“– Eu já tenho tudo isso! – exclamou a princesa.” (l. 14) A palavra sublinhada indica que a princesa
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Q2045397 Português
Os sentidos das palavras são construídos de acordo com o contexto em que são empregadas. A troca da letra minúscula na palavra elefante pela letra maiúscula em Elefante, no decorrer do texto, expressa que 
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Q2045396 Português
A princesa Arabela pede de presente um elefante porque
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Ano: 2018 Banca: Exército Órgão: CMRJ Prova: Exército - 2018 - CMRJ - Aluno - Português |
Q2045395 Português
Imagem associada para resolução da questão

Entre o primeiro e último quadros, desenvolve-se uma concreta troca afetiva. Analisando-se os elementos não verbais, aqueles que MELHOR representam a empatia são
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Ano: 2018 Banca: Exército Órgão: CMRJ Prova: Exército - 2018 - CMRJ - Aluno - Português |
Q2045394 Português
OS REAIS MISTÉRIOS DE LEONARDO DA VINCI
Para além das conspirações, um gênio realmente incomum

    Da Vinci viveu na mesma época que Cristóvão Colombo, Maquiavel, Michelângelo, Martinho Lutero e Nostradamus. Enquanto ele pintava Mona Lisa, Pedro Álvares Cabral navegava pelo Atlântico em direção ao Brasil. Mas o que em sua vida ou suas telas deu margem a teorias conspiratórias? Leonardo era tão diferente e misterioso assim? Sua obraou sua vida permitiram que tantos anos depois tanta coisa fosse inventada sobre ele?
    A resposta é sim. Da Vinci dava sopa para o azar. E, apesar de ele ser, de certa forma, típico de seu tempo, tinha lá suas manias. Primeiro, criou sua própria linguagem em código. Quando não escrevia ao contrário, da direita para a esquerda — fazendo que sua caligrafia só fosse compreendida quando vista no espelho —, usava um tipo de taquigrafia estranhíssima, na qual usava parte de palavras ou símbolos e não letras para exprimir ideias. Prato cheio para quem enxerga conspirações em todo lugar.
    ”Seus interesses ultrapassavam o campo artístico”, afirma Christopher Witcombe, professor do departamento de História da Arte da Universidade de Virgínia, nos Estados Unidos. Ele especulou pela anatomia, biologia, física e engenharia. Leonardo amava sua arte e acreditava que “o amor a qualquer coisa é produto do conhecimento, sendo o amor mais ardente quanto mais seguro é o conhecimento”, conforme escreveu. Era um profundo estudioso das técnicas que, segundo sua visão, seriam complementares à sua arte. Ele dissecou corpos humanos e de animais para compreender a posição de ossos e como funcionavam músculos e tecidos. Desenvolveu e utilizou lentes para projetar imagens e melhor reproduzir seus modelos, desenvolvendo técnicas aplicáveis às suas obras, como os planos de perspectiva, ponto de fuga etc. Estudou a química das substâncias para desenvolver suas próprias tintas, especulou sobre a matemática e a filosofia. Da Vinci foi um cientistaartista tão fascinado pelos mistérios do Universo e pelos enigmas do corpo humano quanto pelas possibilidades de aplicar esses conhecimentos em suas obras.

(Disponível em: <>. Acesso em: 27 jul. 2018.)
Se compararmos o amor de Leonardo da Vinci, apresentado no Texto VII, com o amor segundo Padre António Vieira (Texto IV), podemos perceber uma relação de
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Ano: 2018 Banca: Exército Órgão: CMRJ Prova: Exército - 2018 - CMRJ - Aluno - Português |
Q2045393 Português
OS REAIS MISTÉRIOS DE LEONARDO DA VINCI
Para além das conspirações, um gênio realmente incomum

    Da Vinci viveu na mesma época que Cristóvão Colombo, Maquiavel, Michelângelo, Martinho Lutero e Nostradamus. Enquanto ele pintava Mona Lisa, Pedro Álvares Cabral navegava pelo Atlântico em direção ao Brasil. Mas o que em sua vida ou suas telas deu margem a teorias conspiratórias? Leonardo era tão diferente e misterioso assim? Sua obraou sua vida permitiram que tantos anos depois tanta coisa fosse inventada sobre ele?
    A resposta é sim. Da Vinci dava sopa para o azar. E, apesar de ele ser, de certa forma, típico de seu tempo, tinha lá suas manias. Primeiro, criou sua própria linguagem em código. Quando não escrevia ao contrário, da direita para a esquerda — fazendo que sua caligrafia só fosse compreendida quando vista no espelho —, usava um tipo de taquigrafia estranhíssima, na qual usava parte de palavras ou símbolos e não letras para exprimir ideias. Prato cheio para quem enxerga conspirações em todo lugar.
    ”Seus interesses ultrapassavam o campo artístico”, afirma Christopher Witcombe, professor do departamento de História da Arte da Universidade de Virgínia, nos Estados Unidos. Ele especulou pela anatomia, biologia, física e engenharia. Leonardo amava sua arte e acreditava que “o amor a qualquer coisa é produto do conhecimento, sendo o amor mais ardente quanto mais seguro é o conhecimento”, conforme escreveu. Era um profundo estudioso das técnicas que, segundo sua visão, seriam complementares à sua arte. Ele dissecou corpos humanos e de animais para compreender a posição de ossos e como funcionavam músculos e tecidos. Desenvolveu e utilizou lentes para projetar imagens e melhor reproduzir seus modelos, desenvolvendo técnicas aplicáveis às suas obras, como os planos de perspectiva, ponto de fuga etc. Estudou a química das substâncias para desenvolver suas próprias tintas, especulou sobre a matemática e a filosofia. Da Vinci foi um cientistaartista tão fascinado pelos mistérios do Universo e pelos enigmas do corpo humano quanto pelas possibilidades de aplicar esses conhecimentos em suas obras.

(Disponível em: <>. Acesso em: 27 jul. 2018.)
Leonardo amava sua arte e acreditava que “o amor a qualquer coisa é produto do conhecimento, sendo o amor mais ardente quanto mais seguro é o conhecimento”, conforme escreveu. (l. 14-16)
A partir da leitura do Texto VII, pode-se inferir que o sentimento de Leonardo da Vinci pela arte era
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Ano: 2018 Banca: Exército Órgão: CMRJ Prova: Exército - 2018 - CMRJ - Aluno - Português |
Q2045392 Português
    Eu tinha nove ou dez anos, e uma tia, que era pintora, me convidara para ir ao seu ateliê para conhecer o local onde ela trabalhava. O pequeno aposento estava frio e tinha um cheiro maravilhoso de terebintina e óleo; as telas armazenadas, apoiadas uma nas outras, me pareciam livros deformados no sonho de alguém que soubesse vagamente o que eram livros e os houvesse imaginado enormes, feitos de uma única página, dura e grossa [...].
    Francis Bacon observou que, para os antigos, todas as imagens que o mundo dispõe diante de nós já se acham encerradas em nossa memória desde o nascimento. “Desse modo, Platão tinha a concepção”, escreveu ele, “de que todo conhecimento não passava de recordação; do mesmo modo, Salomão proferiu sua conclusão de que toda novidade não passa de esquecimento”. Se isso for verdade, estamos todos refletidos de algum modo nas numerosas e distintas imagens que nos rodeiam, uma vez que elas já são parte daquilo que somos: imagens que criamos e imagens que emolduramos; imagens que compomos fisicamente, à mão, e imagens que se formam espontaneamente na imaginação; imagens de rostos, árvores, prédios, nuvens, paisagens, instrumentos, água, fogo e imagens daquelas imagens — pintadas, esculpidas, encenadas... Quer descubramos nessas imagens circundantes lembranças desbotadas de uma beleza que, em outros tempos, foi nossa (como sugeriu Platão), quer elas exijam de nós uma interpretação nova e original, por meio de todas as possibilidades que nossa linguagem tenha a oferecer, somos essencialmente criaturas de imagens, de figuras.

(MANGUEL, Alberto. Lendo imagens. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. p. 19-20.)
As orações adjetivas cujo conteúdo é relevante para a identificação da entidade, ser ou objeto a que se refere o antecedente do pronome relativo chamam-se restritivas [...]. Quando, entretanto, o conteúdo da oração adjetiva não contribui para essa identificação, dizemos que a oração adjetiva é não restritiva (ou explicativa).
(Azeredo, José Carlos de. Gramática Houaiss da língua portuguesa. 1.ed. São Paulo: Publifolha, 2008. p. 319-320.)
Ao longo do Texto VI, observam-se algumas ocorrências de orações adjetivas. No período “Eu tinha nove ou dez anos, e uma tia, que era pintora, me convidara para ir ao seu ateliê para conhecer o local onde ela trabalhava.” (l. 1 e 2), a oração adjetiva destacada estabelece com o vocábulo “tia” uma relação semântica de
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Ano: 2018 Banca: Exército Órgão: CMRJ Prova: Exército - 2018 - CMRJ - Aluno - Português |
Q2045391 Português
    Eu tinha nove ou dez anos, e uma tia, que era pintora, me convidara para ir ao seu ateliê para conhecer o local onde ela trabalhava. O pequeno aposento estava frio e tinha um cheiro maravilhoso de terebintina e óleo; as telas armazenadas, apoiadas uma nas outras, me pareciam livros deformados no sonho de alguém que soubesse vagamente o que eram livros e os houvesse imaginado enormes, feitos de uma única página, dura e grossa [...].
    Francis Bacon observou que, para os antigos, todas as imagens que o mundo dispõe diante de nós já se acham encerradas em nossa memória desde o nascimento. “Desse modo, Platão tinha a concepção”, escreveu ele, “de que todo conhecimento não passava de recordação; do mesmo modo, Salomão proferiu sua conclusão de que toda novidade não passa de esquecimento”. Se isso for verdade, estamos todos refletidos de algum modo nas numerosas e distintas imagens que nos rodeiam, uma vez que elas já são parte daquilo que somos: imagens que criamos e imagens que emolduramos; imagens que compomos fisicamente, à mão, e imagens que se formam espontaneamente na imaginação; imagens de rostos, árvores, prédios, nuvens, paisagens, instrumentos, água, fogo e imagens daquelas imagens — pintadas, esculpidas, encenadas... Quer descubramos nessas imagens circundantes lembranças desbotadas de uma beleza que, em outros tempos, foi nossa (como sugeriu Platão), quer elas exijam de nós uma interpretação nova e original, por meio de todas as possibilidades que nossa linguagem tenha a oferecer, somos essencialmente criaturas de imagens, de figuras.

(MANGUEL, Alberto. Lendo imagens. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. p. 19-20.)
A argumentação pode ser construída por meio de diferentes recursos, sempre visando convencer o leitor sobre a validade de determinada tese.
Nesse sentido, é correto afirmar que Manguel
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Ano: 2018 Banca: Exército Órgão: CMRJ Prova: Exército - 2018 - CMRJ - Aluno - Português |
Q2045390 Português
O menino que carregava água na peneira

Tenho um livro sobre águas e meninos.
Gostei mais de um menino
que carregava água na peneira.

A mãe disse que carregar água na peneira
era o mesmo que roubar um vento e
sair correndo com ele para mostrar aos irmãos.

A mãe disse que era o mesmo
que catar espinhos na água.
O mesmo que criar peixes no bolso.

O menino era ligado em despropósitos.
Quis montar os alicerces
de uma casa sobre orvalhos.

A mãe reparou que o menino
gostava mais do vazio, do que do cheio.
Falava que vazios são maiores e até infinitos. [...]
Com o tempo descobriu que
escrever seria o mesmo
que carregar água na peneira.

No escrever o menino viu
que era capaz de ser noviça,
monge ou mendigo ao mesmo tempo. [...]

Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.
O menino fazia prodígios.
Até fez uma pedra dar flor.

A mãe reparava o menino com ternura.
A mãe falou: Meu filho você vai ser poeta!
Você vai carregar água na peneira a vida toda.

Você vai encher os vazios
com as suas peraltagens,
e algumas pessoas vão te amar por seus despropósitos!

(BARROS, Manoel de. Meu quintal é maior do que o mundo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2015. p. 114.)
De acordo com Ferreira Gullar, “A arte existe, porque a vida não basta”.
No poema de Manoel de Barros, mais especificamente no verso “até fez uma pedra dar flor” (v. 24), a relação do poeta com a representação da realidade pode ser entendida como
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Ano: 2018 Banca: Exército Órgão: CMRJ Prova: Exército - 2018 - CMRJ - Aluno - Português |
Q2045389 Português
O menino que carregava água na peneira

Tenho um livro sobre águas e meninos.
Gostei mais de um menino
que carregava água na peneira.

A mãe disse que carregar água na peneira
era o mesmo que roubar um vento e
sair correndo com ele para mostrar aos irmãos.

A mãe disse que era o mesmo
que catar espinhos na água.
O mesmo que criar peixes no bolso.

O menino era ligado em despropósitos.
Quis montar os alicerces
de uma casa sobre orvalhos.

A mãe reparou que o menino
gostava mais do vazio, do que do cheio.
Falava que vazios são maiores e até infinitos. [...]
Com o tempo descobriu que
escrever seria o mesmo
que carregar água na peneira.

No escrever o menino viu
que era capaz de ser noviça,
monge ou mendigo ao mesmo tempo. [...]

Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.
O menino fazia prodígios.
Até fez uma pedra dar flor.

A mãe reparava o menino com ternura.
A mãe falou: Meu filho você vai ser poeta!
Você vai carregar água na peneira a vida toda.

Você vai encher os vazios
com as suas peraltagens,
e algumas pessoas vão te amar por seus despropósitos!

(BARROS, Manoel de. Meu quintal é maior do que o mundo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2015. p. 114.)
Na arte, é comum o poeta buscar a revitalização da linguagem.
No verso “Você vai carregar água na peneira a vida toda.” (v. 27), a linguagem explorada para traduzir a perspectiva criativa do menino
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Ano: 2018 Banca: Exército Órgão: CMRJ Prova: Exército - 2018 - CMRJ - Aluno - Português |
Q2045388 Português
O menino que carregava água na peneira

Tenho um livro sobre águas e meninos.
Gostei mais de um menino
que carregava água na peneira.

A mãe disse que carregar água na peneira
era o mesmo que roubar um vento e
sair correndo com ele para mostrar aos irmãos.

A mãe disse que era o mesmo
que catar espinhos na água.
O mesmo que criar peixes no bolso.

O menino era ligado em despropósitos.
Quis montar os alicerces
de uma casa sobre orvalhos.

A mãe reparou que o menino
gostava mais do vazio, do que do cheio.
Falava que vazios são maiores e até infinitos. [...]
Com o tempo descobriu que
escrever seria o mesmo
que carregar água na peneira.

No escrever o menino viu
que era capaz de ser noviça,
monge ou mendigo ao mesmo tempo. [...]

Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.
O menino fazia prodígios.
Até fez uma pedra dar flor.

A mãe reparava o menino com ternura.
A mãe falou: Meu filho você vai ser poeta!
Você vai carregar água na peneira a vida toda.

Você vai encher os vazios
com as suas peraltagens,
e algumas pessoas vão te amar por seus despropósitos!

(BARROS, Manoel de. Meu quintal é maior do que o mundo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2015. p. 114.)
No Texto V, o título do poema ilustra o que a mãe do menino chama de “despropósitos” (v. 30). Sobre essa correlação — ação do menino / percepção da mãe — infere-se que a palavra “despropósito”
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Ano: 2018 Banca: Exército Órgão: CMRJ Prova: Exército - 2018 - CMRJ - Aluno - Português |
Q2045387 Português
O Tempo e o Amor

    Tudo cura o tempo, tudo faz esquecer, tudo gasta, tudo digere, tudo acaba. Atreve-se o tempo a colunas de mármore, quanto mais a corações de cera! São as afeições como as vidas, que não há mais certo sinal de haverem de durar pouco, que terem durado muito. São como as linhas que partem do centro para a circunferência, que, quanto mais continuadas, tanto menos unidas. Por isso os antigos sabiamente pintaram o amor menino, porque não há amor tão robusto, que chegue a ser velho. De todos os instrumentos com que o armou a natureza o desarma o tempo. Afrouxa-lhe o arco, com que já não tira, embota-lhe as setas, com que já não fere, abre-lhe os olhos, com que vê o que não via, e faz-lhe crescer as asas, com que voa e foge. A razão natural de toda esta diferença, é porque o tempo tira a novidade às coisas, descobre-lhes os defeitos, enfastia-lhes o gosto, e basta que sejam usadas para não serem as mesmas. Gasta-se o ferro com o uso, quanto mais o amor? O mesmo amar é causa de não amar, e o ter amado muito, de amar menos.

(VIEIRA, Pe. António. Sermão do Mandato, parte III, In: Sermões. Porto: Lello & Irmão, 1959. p. 94.)
São vários os procedimentos relacionados à organização e seleção de palavras que contribuem para a construção de sentidos de um texto.
Um deles é a apresentação progressiva de ideias, que pode ser identificada na seguinte passagem:
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Ano: 2018 Banca: Exército Órgão: CMRJ Prova: Exército - 2018 - CMRJ - Aluno - Português |
Q2045386 Português
O Tempo e o Amor

    Tudo cura o tempo, tudo faz esquecer, tudo gasta, tudo digere, tudo acaba. Atreve-se o tempo a colunas de mármore, quanto mais a corações de cera! São as afeições como as vidas, que não há mais certo sinal de haverem de durar pouco, que terem durado muito. São como as linhas que partem do centro para a circunferência, que, quanto mais continuadas, tanto menos unidas. Por isso os antigos sabiamente pintaram o amor menino, porque não há amor tão robusto, que chegue a ser velho. De todos os instrumentos com que o armou a natureza o desarma o tempo. Afrouxa-lhe o arco, com que já não tira, embota-lhe as setas, com que já não fere, abre-lhe os olhos, com que vê o que não via, e faz-lhe crescer as asas, com que voa e foge. A razão natural de toda esta diferença, é porque o tempo tira a novidade às coisas, descobre-lhes os defeitos, enfastia-lhes o gosto, e basta que sejam usadas para não serem as mesmas. Gasta-se o ferro com o uso, quanto mais o amor? O mesmo amar é causa de não amar, e o ter amado muito, de amar menos.

(VIEIRA, Pe. António. Sermão do Mandato, parte III, In: Sermões. Porto: Lello & Irmão, 1959. p. 94.)
No trecho “São as afeições como as vidas, que não há mais certo sinal de haverem de durar pouco, que terem durado muito” (l. 2 e 3), encontram-se destacadas duas ocorrências da palavra “que”.
Embora a palavra seja a mesma, nessas ocorrências, o termo em questão indica valores semânticos distintos. Esses valores são respectivamente
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Ano: 2018 Banca: Exército Órgão: CMRJ Prova: Exército - 2018 - CMRJ - Aluno - Português |
Q2045385 Português
O Tempo e o Amor

    Tudo cura o tempo, tudo faz esquecer, tudo gasta, tudo digere, tudo acaba. Atreve-se o tempo a colunas de mármore, quanto mais a corações de cera! São as afeições como as vidas, que não há mais certo sinal de haverem de durar pouco, que terem durado muito. São como as linhas que partem do centro para a circunferência, que, quanto mais continuadas, tanto menos unidas. Por isso os antigos sabiamente pintaram o amor menino, porque não há amor tão robusto, que chegue a ser velho. De todos os instrumentos com que o armou a natureza o desarma o tempo. Afrouxa-lhe o arco, com que já não tira, embota-lhe as setas, com que já não fere, abre-lhe os olhos, com que vê o que não via, e faz-lhe crescer as asas, com que voa e foge. A razão natural de toda esta diferença, é porque o tempo tira a novidade às coisas, descobre-lhes os defeitos, enfastia-lhes o gosto, e basta que sejam usadas para não serem as mesmas. Gasta-se o ferro com o uso, quanto mais o amor? O mesmo amar é causa de não amar, e o ter amado muito, de amar menos.

(VIEIRA, Pe. António. Sermão do Mandato, parte III, In: Sermões. Porto: Lello & Irmão, 1959. p. 94.)
O vocábulo “menino” classifica-se morfologicamente como substantivo. Entretanto, em “Por isso os antigos sabiamente pintaram o amor menino” (l. 5), a mesma palavra assume valor de adjetivo. O trecho do Texto IV em que uma palavra também assume valor diferente do morfologicamente previsto é
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Ano: 2018 Banca: Exército Órgão: CMRJ Prova: Exército - 2018 - CMRJ - Aluno - Português |
Q2045384 Português
A despedideira

    Há mulheres que querem que o seu homem seja o Sol. O meu quero-o nuvem. Há mulheres que falam na voz do seu homem. O meu que seja calado e eu, nele, guarde meus silêncios. Para que ele seja a minha voz quando Deus me pedir contas. [...]
    Há muito tempo, me casei, também eu. Dispensei uma vida com esse alguém. Até que ele  foi. Quando me deixou, já não me deixou a mim. Que eu já era outra, habilitada a ser ninguém. Às vezes, contudo, ainda me adoece uma saudade desse homem. Lembro o tempo em que me encantei, tudo era um princípio. Eu era nova, dezanovinha.
    Quando ele me dirigiu palavra, nesse primeiríssimo dia, dei conta de que, até então, nunca eu tinha falado com ninguém. O que havia feito era comerciar palavra, em negoceio de sentimento. Falar é outra coisa, é essa ponte sagrada em que ficamos pendentes, suspensos sobre o abismo. Falar é outra coisa, vos digo. Dessa vez, com esse homem, na palavra eu me divinizei. Como perfume em que perdesse minha própria aparência. Me solvia na fala, insubstanciada.
    Lembro desse encontro, dessa primogênita primeira vez. Como se aquele momento fosse, afinal, toda minha vida. Aconteceu aqui, neste mesmo pátio em que agora o espero. Era uma tarde boa para gente existir. O mundo cheirava a casa. O ar por ali parava. A brisa sem voar, quase nidificava. Vez voz, os olhos e os olhares. Ele, em minha frente todo chegado como se a sua única viagem tivesse sido para a minha vida.
    No entanto, algo nele aparentava distância. [...]
    Nesse mesmo pátio em que se estreava meu coração tudo iria, afinal, acabar. Porque ele anunciou tudo nesse poente. Que a paixão dele desbrilhara. Sem mais nada, nem outra mulher havendo. Só isso: a murchidão do que, antes, florescia. [...] O único intruso era o tempo, que nossa rotina deixara crescer e pesar.
    [...] Deixem-me agora evocar, aos goles de lembrança. Enquanto espero que ele volte, de novo, a este pátio. Recordar tudo, de uma só vez, me dá sofrimento. Por isso, vou lembrando aos poucos. Me debruço na varanda e a altura me tonteia. Quase vou na vertigem. Sabem o que descobri? Que minha alma é feita de água. Não posso me debruçar tanto. Senão me entorno e ainda morro vazia, sem gota.
    Porque eu não sou por mim. Existo refletida, ardível em paixão. Como a lua: o que brilho é por luz de outro. A luz desse amante, luz dançando na água. Mesmo que surja assim, agora, distante e fria. Cinza de um cigarro nunca fumado.
    Pedi-lhe que viesse uma vez mais. Para que, de novo, se despeça de mim. E passados os anos, tantos que já nem cabem na lembrança, eu ainda choro como se fosse a primeira despedida. Porque esse adeus, só esse aceno é meu, todo inteiramente meu. Um adeus à medida de meu amor.
     [...] Toda a vida acreditei: amor é os dois se duplicarem em um. Mas hoje sinto: ser um é ainda muito. De mais. Ambiciono, sim, ser o múltiplo de nada, Ninguém no plural.
    Ninguéns.

(COUTO, Mia. O fio das missangas. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. p.51-54.) 
Toda a vida acreditei: amor é os dois se duplicarem em um. Mas hoje sinto: ser um é ainda muito. De mais. Ambiciono, sim, ser o múltiplo de nada, Ninguém no plural. Ninguéns. (l. 35-37)
Esse trecho apresenta metáforas construídas a partir de conceitos matemáticos: duplicidade, unicidade e multiplicidade.
Ele contraria a lógica matemática para enfatizar a percepção da narradora acerca do amor
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Ano: 2018 Banca: Exército Órgão: CMRJ Prova: Exército - 2018 - CMRJ - Aluno - Português |
Q2045383 Português
A despedideira

    Há mulheres que querem que o seu homem seja o Sol. O meu quero-o nuvem. Há mulheres que falam na voz do seu homem. O meu que seja calado e eu, nele, guarde meus silêncios. Para que ele seja a minha voz quando Deus me pedir contas. [...]
    Há muito tempo, me casei, também eu. Dispensei uma vida com esse alguém. Até que ele  foi. Quando me deixou, já não me deixou a mim. Que eu já era outra, habilitada a ser ninguém. Às vezes, contudo, ainda me adoece uma saudade desse homem. Lembro o tempo em que me encantei, tudo era um princípio. Eu era nova, dezanovinha.
    Quando ele me dirigiu palavra, nesse primeiríssimo dia, dei conta de que, até então, nunca eu tinha falado com ninguém. O que havia feito era comerciar palavra, em negoceio de sentimento. Falar é outra coisa, é essa ponte sagrada em que ficamos pendentes, suspensos sobre o abismo. Falar é outra coisa, vos digo. Dessa vez, com esse homem, na palavra eu me divinizei. Como perfume em que perdesse minha própria aparência. Me solvia na fala, insubstanciada.
    Lembro desse encontro, dessa primogênita primeira vez. Como se aquele momento fosse, afinal, toda minha vida. Aconteceu aqui, neste mesmo pátio em que agora o espero. Era uma tarde boa para gente existir. O mundo cheirava a casa. O ar por ali parava. A brisa sem voar, quase nidificava. Vez voz, os olhos e os olhares. Ele, em minha frente todo chegado como se a sua única viagem tivesse sido para a minha vida.
    No entanto, algo nele aparentava distância. [...]
    Nesse mesmo pátio em que se estreava meu coração tudo iria, afinal, acabar. Porque ele anunciou tudo nesse poente. Que a paixão dele desbrilhara. Sem mais nada, nem outra mulher havendo. Só isso: a murchidão do que, antes, florescia. [...] O único intruso era o tempo, que nossa rotina deixara crescer e pesar.
    [...] Deixem-me agora evocar, aos goles de lembrança. Enquanto espero que ele volte, de novo, a este pátio. Recordar tudo, de uma só vez, me dá sofrimento. Por isso, vou lembrando aos poucos. Me debruço na varanda e a altura me tonteia. Quase vou na vertigem. Sabem o que descobri? Que minha alma é feita de água. Não posso me debruçar tanto. Senão me entorno e ainda morro vazia, sem gota.
    Porque eu não sou por mim. Existo refletida, ardível em paixão. Como a lua: o que brilho é por luz de outro. A luz desse amante, luz dançando na água. Mesmo que surja assim, agora, distante e fria. Cinza de um cigarro nunca fumado.
    Pedi-lhe que viesse uma vez mais. Para que, de novo, se despeça de mim. E passados os anos, tantos que já nem cabem na lembrança, eu ainda choro como se fosse a primeira despedida. Porque esse adeus, só esse aceno é meu, todo inteiramente meu. Um adeus à medida de meu amor.
     [...] Toda a vida acreditei: amor é os dois se duplicarem em um. Mas hoje sinto: ser um é ainda muito. De mais. Ambiciono, sim, ser o múltiplo de nada, Ninguém no plural.
    Ninguéns.

(COUTO, Mia. O fio das missangas. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. p.51-54.) 
O texto de Mia Couto aborda, genericamente, o insucesso de relações amorosas. Esse enfoque genérico é reforçado pelo uso do seguinte recurso textual:
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Ano: 2018 Banca: Exército Órgão: CMRJ Prova: Exército - 2018 - CMRJ - Aluno - Português |
Q2045382 Português
A despedideira

    Há mulheres que querem que o seu homem seja o Sol. O meu quero-o nuvem. Há mulheres que falam na voz do seu homem. O meu que seja calado e eu, nele, guarde meus silêncios. Para que ele seja a minha voz quando Deus me pedir contas. [...]
    Há muito tempo, me casei, também eu. Dispensei uma vida com esse alguém. Até que ele  foi. Quando me deixou, já não me deixou a mim. Que eu já era outra, habilitada a ser ninguém. Às vezes, contudo, ainda me adoece uma saudade desse homem. Lembro o tempo em que me encantei, tudo era um princípio. Eu era nova, dezanovinha.
    Quando ele me dirigiu palavra, nesse primeiríssimo dia, dei conta de que, até então, nunca eu tinha falado com ninguém. O que havia feito era comerciar palavra, em negoceio de sentimento. Falar é outra coisa, é essa ponte sagrada em que ficamos pendentes, suspensos sobre o abismo. Falar é outra coisa, vos digo. Dessa vez, com esse homem, na palavra eu me divinizei. Como perfume em que perdesse minha própria aparência. Me solvia na fala, insubstanciada.
    Lembro desse encontro, dessa primogênita primeira vez. Como se aquele momento fosse, afinal, toda minha vida. Aconteceu aqui, neste mesmo pátio em que agora o espero. Era uma tarde boa para gente existir. O mundo cheirava a casa. O ar por ali parava. A brisa sem voar, quase nidificava. Vez voz, os olhos e os olhares. Ele, em minha frente todo chegado como se a sua única viagem tivesse sido para a minha vida.
    No entanto, algo nele aparentava distância. [...]
    Nesse mesmo pátio em que se estreava meu coração tudo iria, afinal, acabar. Porque ele anunciou tudo nesse poente. Que a paixão dele desbrilhara. Sem mais nada, nem outra mulher havendo. Só isso: a murchidão do que, antes, florescia. [...] O único intruso era o tempo, que nossa rotina deixara crescer e pesar.
    [...] Deixem-me agora evocar, aos goles de lembrança. Enquanto espero que ele volte, de novo, a este pátio. Recordar tudo, de uma só vez, me dá sofrimento. Por isso, vou lembrando aos poucos. Me debruço na varanda e a altura me tonteia. Quase vou na vertigem. Sabem o que descobri? Que minha alma é feita de água. Não posso me debruçar tanto. Senão me entorno e ainda morro vazia, sem gota.
    Porque eu não sou por mim. Existo refletida, ardível em paixão. Como a lua: o que brilho é por luz de outro. A luz desse amante, luz dançando na água. Mesmo que surja assim, agora, distante e fria. Cinza de um cigarro nunca fumado.
    Pedi-lhe que viesse uma vez mais. Para que, de novo, se despeça de mim. E passados os anos, tantos que já nem cabem na lembrança, eu ainda choro como se fosse a primeira despedida. Porque esse adeus, só esse aceno é meu, todo inteiramente meu. Um adeus à medida de meu amor.
     [...] Toda a vida acreditei: amor é os dois se duplicarem em um. Mas hoje sinto: ser um é ainda muito. De mais. Ambiciono, sim, ser o múltiplo de nada, Ninguém no plural.
    Ninguéns.

(COUTO, Mia. O fio das missangas. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. p.51-54.) 
No Texto III, na busca do entendimento de si e do amor, a narradora aponta dois tipos de homem. De acordo com o primeiro parágrafo, homem-sol apresenta como traço marcante a
Alternativas
Respostas
1361: E
1362: D
1363: B
1364: B
1365: A
1366: A
1367: B
1368: B
1369: E
1370: E
1371: D
1372: C
1373: B
1374: D
1375: E
1376: D
1377: D
1378: E
1379: C
1380: D