O mito conta uma história sagrada; quer dizer, um acontecimento
primordial que teve lugar no começo do tempo, ab initio (desde
o início). Mas contar uma história sagrada equivale a revelar um
mistério, porque as personagens do mito não são seres humanos:
são deuses ou heróis civilizadores; e, por esta razão, a sua gesta
(ação memorável) constitui mistérios: o homem não poderia
conhecê-los se lhos não revelassem. O mito é, pois, a história do
que se passou in illo tempore (naquele tempo), a narração daquilo
que os deuses ou os seres divinos fizeram no começo do tempo.
“Dizer” um mito é proclamar o que se passou ab origine (desde a
origem). Uma vez “dito”, quer dizer, revelado, o mito torna-se
verdade apodítica: funda a verdade absoluta. “É assim, porque foi
dito que é assim”, declaram os Eskimonetsilik (tribo de esquimós),
a fim de justificarem a validade da sua história sagrada e de suas
tradições religiosas. (ELIADE, Mircea. O sagrado e o profano: a essência das religiões. Lisboa:
Livros do Brasil, s.d. p. 107-8.)
Durante um longo período da história grega, a mitologia constituiu a fonte exclusiva das explicações para a existência do
homem e para a organização do mundo. A transição gradativa
do domínio do “mito” pelo “logos” foi crucial no desenvolvimento do pensamento, especificamente para o surgimento da
filosofia. Considerando “mito” e “logos”, na Grécia antiga, assinale a afirmativa correta.