Questões de Concurso
Sobre fundamentos da história : tempo, memória e cultura em história
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I- O testemunho oral representa o núcleo da investigação, nunca sua parte acessória; isso obriga o historiador a levar em conta perspectivas nem sempre presentes em outros trabalhos históricos, como, por exemplo, as relações entre escrita e oralidade, memória e história ou tradição oral e história.
II- O uso sistemático do testemunho oral possibilita à história oral esclarecer trajetórias individuais, eventos ou processos que, às vezes, não têm como ser entendidos ou elucidados de outra forma: são depoimentos de analfabetos, rebeldes, mulheres, crianças, miseráveis, prisioneiros, loucos ... São histórias de movimentos sociais populares, de lutas cotidianas encobertas ou esquecidas, de versões menosprezadas; essa característica permitiu, inclusive, que uma vertente da história oral se tenha constituído ligada à história dos excluídos.
III-A história do tempo presente, perspectiva temporal por excelência da história oral, é legitimada como objeto da pesquisa e da reflexão históricas.
IV Na história oral, o objeto de estudo do historiador é recuperado e recriado por intermédio da memória dos informantes; a instância da memória passa, necessariamente, a nortear as reflexões históricas.
Com relação às concepções de Marc Bloch a respeito da legitimidade e utilidade do conhecimento histórico, assinale a alternativa correta.
I – O conhecimento histórico age tão profundamente sobre os fundamentos mesmos da “estrutura mental ocidental” e pertence a ela tão intrinsecamente que se tornou inconsciente.
II- O conhecimento histórico deve ser experienciado como uma forma de prazer, o prazer do conhecimento do outro, e pela curiosidade de conhecer situações vividas, sentimentos, formas de vida, sobrevivência e morte.
III-O conhecimento histórico interessa ao homo sapiens, que tem a intenção de conhecer-se e se reconhecer e quer conhecer o que o rodeia e a ele mesmo, donde advém parte significativa de sua legitimidade intelectual.
IV-Na medida em que coloca em contato homens do presente e do passado, o conhecimento histórico tem legitimidade social.
“Não é da minha boca É da boca de A Que o deu a B Que o deu a C Que o deu a D Que o deu a E Que o deu a F Que o deu a mim Que o meu esteja melhor na minha boca Que na dos ancestrais.” HAMA, B.; KI-ZERBO, J. Lugar da História na sociedade africana. In.: KI-ZERBO, J. (Org.) História geral da África, I: Metodologia e pré-história da África. 2.ed. rev. Brasília: UNESCO, 2010.
Assinale a alternativa que melhor corresponde à concepção de tempo histórico ilustrada pela estrofe de invocação mágica praticada entre os Songhai.
CARDOSO, C. F. História e Paradigmas Rivais. In.: ______; VAINFAS, R. Domínios da História. Ensaios de Teoria e Metodologia. 5ª. Ed. Rio de Janeiro: Editora Campus LTDA, 1997, p. 20-21.
Leia as assertivas abaixo.
I O ponto de partida na produção de conhecimento deve ser, no mínimo, hipotético ou hipotético-dedutivo.
II A História deve ser analítica, estrutural e mesmo macroestrutural, explicativa, racional, científica.
III É necessária a produção de uma síntese global que explique as articulações entre os níveis que fazem da sociedade humana uma totalidade estruturada e as especificidades no desenvolvimento de cada nível.
IV As interpretações sobre qualquer ação dos homens no tempo são, necessariamente, múltiplas. Não há formas aceitáveis de escolher entre elas, sendo, portanto, todas válidas se satisfizerem aos critérios do autor e daqueles que com ele concordarem.
V Opõe-se ao historicismo e ao método puramente hermenêutico ou interpretativo que tal corrente propugnava. Assim, defende a razão e o progresso humano e pretende estender aos estudos sociais o método científico.
Assinale a alternativa abaixo que melhor relaciona as assertivas acima aos paradigmas moderno ou pósmoderno de produção de conhecimento social e histórico.
Apesar da importância que o associativismo dançante assumia na experiência dos trabalhadores da cidade, pouco era o espaço dedicado pela grande imprensa às suas atividades nos primeiros anos da República. [...] Essa situação começou a mudar no início do novo século, quando se consolidava o tipo de jornalismo empresarial que havia surgido na cidade, em 1875 [...]. Não era de se estranhar, por isso, que, em pouco tempo, outras folhas passassem a aumentar o espaço dedicado à cobertura da febre dançante que assolava a cidade. Se veículos mais tradicionais [...] contavam com uma penetração em setores comerciais e empresariais que lhes permitiria ignorar por mais tempo a força de fenômenos como esse, as folhas mais dependentes de suas vendagens avulsas se viam obrigadas a atentar para a força crescente do associativismo dançante.
PEREIRA, Leonardo A. de M. A cidade que dança: clubes e bailes negros no Rio de Janeiro (1881-1933). Rio de Janeiro: EdUERJ, 2020, p. 80-88.
Entre as orientações assumidas pelos historiadores acerca do uso de fontes impressas, podemos identificar, no texto acima, a seguinte:
I - A variação vocabular é um elemento importante na análise de fontes textuais, considerando o caráter dinâmico do universo linguístico do historiador e da(s) fonte(s) analisada(s).
II- A classificação de documentos quanto ao seu gênero textual não é utilizada pela historiografia como meio de interpretação das fontes escritas, visto que, além de poemas, crônicas e correspondências, há um amplo universo de modalidades de texto que não são enquadráveis em padrões regulares e/ou em um sistema de comunicação próprio.
III-Pode ser exemplo da crítica externa e da crítica interna que o historiador direciona aos documentos escritos a análise da autenticidade e da veracidade de uma dada fonte, respectivamente.
IV- É recomendável ao pesquisador conhecer os momentos de mudança institucional profunda da estrutura da administração pública, bem como aspectos básicos de sua evolução ao longo do tempo.
( ) Assim como os demais documentos, as imagens colaboram na construção de um dado contexto histórico, instaurando modelos e concepções.
( ) As imagens ocupam papel suplementar no amplo conjunto de documentos utilizados pela historiografia, atuando como vestígios de apoio, a serem ou não confirmados pelos documentos escritos.
( ) Os documentos imagéticos auxiliam a narrativa, otimizando sua recepção. Podem figurar também, ao final da obra, como apêndices, desde que seu significado esteja definido na narrativa principal.
( ) Documentos visuais são recepcionados de maneira diferente por grupos sociais e contextos históricos distintos e, por essa razão, seus significados estão em constante movimento.
( ) A inclusão de elementos como título, autoria, dimensões, data e acervo de origem são exigências a serem seguidas no que diz respeito ao uso de documentos visuais.
SLENES, R. Na senzala, uma flor: esperanças e recordações na formação da família escrava. São Paulo: Campinas, 2011, p. 78-84.
Assinale a alternativa que melhor descreve a metodologia ilustrada pelo fragmento acima.
I- O uso da História Oral como possibilidade metodológica permite refletir sobre fatos e processos sedimentados na interpretação historiográfica à luz da diversidade de significados atribuídos por pessoas e/ou grupos a esses eventos.
II- Os relatos orais, produzidos por testemunhas oculares dos fatos estudados, têm acesso direto aos eventos analisados e, por isso, permitem desvendar máscaras presentes nas demais modalidades de fontes históricas, sobretudo as fontes escritas, produzidas sob a pressão de interesses políticos e padrões institucionais.
III-A metodologia da História Oral, ao trazer reflexões pessoais e olhares subjetivos para o primeiro plano de análise do historiador, oferece um contraponto às macroteorias sobre o passado.
IV-Graças à perspectiva teórica então dominante na historiografia, a abordagem da História Oral pode ser incorporada ao establishment universitário brasileiro na década de 1960.
I- O futuro é um elemento constitutivo do tempo histórico, que pode ser pensado a partir de duas categorias formais de conhecimento: experiência e expectativa. Da tensão entre esses dois elementos, descortinam-se diferentes formas societárias e individualizadas de experimentação humana da temporalidade.
II- O tempo histórico é constituído pela relação presente-passado, em que os elementos desse binômio determinam-se reciprocamente: o historiador move-se do primeiro para o segundo e, então, faz o percurso contrário, compreendendo sua contemporaneidade a partir de uma nova perspectiva.
III-As sociedades são regidas por “regimes de historicidade”: discursos sobre o tempo, narrativas de si que se impõem aos sujeitos, instaladas lentamente. São ordens temporais naturalizadas, que orientam os membros de uma dada coletividade na tradução de suas experiências de duração.
IV-O tempo histórico é identificado à dimensão do passado, que é vista como exteriorizada e objetificada. Presente e futuro são variáveis instáveis ou desconhecidas, cuja proximidade se deve evitar, a fim de atuar com precisão e exatidão no ofício do historiador.
Podemos atribuir corretamente as concepções acima expostas aos seguintes autores, respectivamente:
• 17 de janeiro de 1959 – O jornal New York Post publicou “Reiteramos nossa condenação das execuções sumárias que obscurecem o novo dia de Cuba. Apelamos novamente a Fidel Castro, pedindo que se torne digno do pavilhão da justiça sob o qual tantos de seus seguidores combateram e morreram”. • 23 de janeiro de 1959 – Fidel Castro disse hoje que seu regime “não teme as críticas” pois está agindo honradamente em todos os sentidos e deseja continuar assim.
Com base na descrição da atividade, analise as afirmativas a seguir sobre as competências específicas de História desenvolvidas pela proposta pedagógica.
I. A proposta permite compreender acontecimentos históricos, relações de poder e processos e mecanismos de transformação e manutenção das estruturas sociais, políticas, econômicas e culturais ao longo do tempo e em diferentes espaços. II. A atividade proposta incentiva os questionamentos, as hipóteses, os argumentos e proposições em relação a documentos, interpretações e contextos históricos específicos, recorrendo a diferentes linguagens e mídias.
III. A sugestão pedagógica possibilita identificar interpretações que expressem visões de diferentes sujeitos, culturas e povos, em relação a um mesmo contexto histórico.
Está correto o que se afirma em
LE GOFF, Jacques. A História deve ser dividida em pedaços? Editora UNESP, 2015. Adaptado.
O modelo de divisão em períodos da disciplina História atende
Fonte: https://bcn.gob.ar/recuerdos-de-la-epoca-virreinal/cuadro-de-castas- espanol-e-india-produce-mestizo.
A partir da análise coletiva, os alunos identificaram uma família composta de homem, mulher e criança respectivamente indicados na tela como “espanhol”, “índia serrana” e “mestiço”.
A respeito dessa atividade, analise as afirmativas a seguir.
I. Os alunos observaram os trajes de cada personagem para elaborar hipóteses a respeito de sua inserção social, uma vez que nas sociedades de Antigo Regime os códigos de vestuários eram fortemente regrados.
II. Os alunos concluíram que o pintor inseriu uma legenda referente a cada personagem com a intenção de apresentar uma nomenclatura própria para classificá-las de acordo com critérios étnicos. III. Os alunos identificaram a posição central ocupada pela figura feminina na cena familiar como uma expressão visual do seu papel dominante nas sociedades americanas no contexto da produção da obra.
Está correto o que se afirma em
I. O professor possa buscar informações, conteúdo e conhecimento em diferentes tipos de fontes.
II. Toda aprendizagem que favoreça a construção de noções históricas deve ser orientada e acompanhada pelo professor.
III. Trocas de informações sobre os objetos de estudos possam ser comparadas, refletidas e debatidas em diferentes perspectivas, ainda que se trate de um mesmo tema, fato ou acontecimento.
IV. Fatos e temas históricos desvinculados das diretrizes curriculares sejam extremamente evitados, pois o objetivo da diretriz curricular comum é unificar e universalizar a aprendizagem do conhecimento histórico.
Quais estão corretas?
1 - Queda do Muro de Berlim 2 - Atentados do 11 de setembro 3 - Dissolução da União Soviética 4 - Término da Ditadura Civil Militar no Brasil
- Assinale a alternativa em que esses acontecimentos encontram-se apresentados na ordem cronológica correta.
A “teoria” sobre o corpo e o conhecimento-prático dos especialistas indígenas do Alto Rio Negro considera que não custa nada lembrar que o estudo do corpo ameríndio não é novidade e não há dúvida que ele é produzido, fabricado e constituído pela sociedade: ele é cortado, adornado, nomeado, perfurado, pintado, e torna-se algo que vive, que pulsa, que sente e estabelece relações complexas com o mundo, ultrapassando a dimensão biológica através de sua imaterialidade.
BARRETO, João Paulo Lima. Kumuã na kahtiroti-ukuse: uma “teoria” sobre o corpo e o conhecimento-prático dos especialistas indígenas do Alto Rio Negro / 2021.
De acordo com o fragmento acima, “corpo” pode ser definido como um