Questões de Literatura - Modernismo para Concurso

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Ano: 2017 Banca: IFB Órgão: IFB Prova: IFB - 2017 - IFB - Professor - Português |
Q771398 Literatura
Assinale com V (VERDADEIRO) ou com F (FALSO) as afirmações abaixo sobre os importantes romances Vidas secas e São Bernardo, de Graciliano Ramos, e O Quinze, de Raquel de Queiroz, da geração de 1930. Em seguida, escolha a sequência CORRETA:

( ) A sua história é marcada pela solidão. Abandonado pelos pais e criado por uma negra doceira, trabalhou na roça e, em busca de seu objetivo, o poder econômico, com uma arma na mão e a mentalidade de enriquecer de qualquer modo na cabeça, por não conseguir adquirir a fazenda desejada, em Viçosa, suicida-se. (São Bernardo)

( ) A obra pode ser vista, por um lado, como regionalista, porque critica a vida sofrida do sertão. Há nela uma preciosa aula de escrita, quando o personagem principal, um analfabeto, consegue se humanizar pelas letras e pelo sofrimento. (Vidas Secas)

( ) A criança era só osso e pele depois de morto. O pai foi buscar a velha rezadeira que, olhando o menino doente, disse que ele não tinha mais jeito, pois ele já era de “Nosso Senhor”. A mãe mergulhou no choro. E lá ficou o menino esquelético, na sua cova à beira da estrada, com uma cruz de dois paus feita pelo pai. (O Quinze)

( ) O vaqueiro abateu um animal no meio do caminho. Em seguida, com uma faca, abriu a presa, na esperança de alimentar todos os membros da sua família faminta. Mas, logo, apareceu furioso o dono do animal abatido. O dono recuperou o bicho mesmo morto e, a despeito das súplicas do vaqueiro desesperado, deixou-lhe somente as tripas para servir de alimento. (Vidas Secas)

( ) “Minha mãe, José Baía, Amaro, sinhá Leopoldina, o moleque e os cachorros da fazenda abandonaram-me. Aperto na garganta, a casa a girar, o meu corpo a cair lento, voando, abelhas de todos os cortiços enchendo-me os ouvidos - e, nesse zunzum, a pergunta medonha. Náusea, sono. Onde estava o cinturão? Dormir muito, atrás dos caixões, livre do martírio. Havia uma neblina, e não percebi direito os movimentos de meu pai. Não o vi aproximar-se do torno e pegar o chicote. A mão cabeluda prendeu-me, arrastou-me para o meio da sala, a folha de couro fustigou-me as costas. Uivos, alarido inútil, estertor. Já então eu devia saber que rogos e adulações exasperavam o algoz. Nenhum socorro. José Baía, meu amigo, era um pobre-diabo.” (São Bernardo)
A sequência CORRETA de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é:
Alternativas
Ano: 2017 Banca: IFB Órgão: IFB Prova: IFB - 2017 - IFB - Professor - Português |
Q771396 Literatura

Leia os textos para responder à próxima questão:

Texto 1:

“O indianismo está de novo a deitar copa, de nome mudado. Crismou-se de ‘caboclismo’. O cocar de penas de arara passou a chapéu de palha rebatido à testa; o ocara virou rancho de sapé: o tacape afilou, criou gatilho, deitou ouvido e é hoje espingarda troxada; o boré descaiu lamentavelmente para pio de inambu; a tanga ascendeu a camisa aberta ao peito. Mas o substrato psíquico não mudou: orgulho indomável, independência, fidalguia, coragem, virilidade heróica, todo o recheio em suma, sem faltar uma azeitona, dos Peris e Ubirajaras.”


Texto 2:

“Ah! Doutor! Doutor!... Era mágico o título, tinha poderes e alcances múltiplos, vários, polifórmicos... Era um pallium, era alguma coisa como clâmide sagrada, tecida com um fio tênue e quase imponderável, mas a cujo encontro os elementos, os maus olhares, os exorcismos se quebravam. De posse dela, as gotas da chuva afastar se iam transidas do meu corpo, não se animariam a tocar me nas roupas, no calçado sequer. O invisível distribuidor dos raios solares escolheria os mais meigos para me aquecer, e gastaria os fortes, os inexoráveis, com o comum dos homens que não é doutor. Oh! Ser formado, de anel no dedo, sobrecasaca e cartola, inflado e grosso, como um sapo intanha antes de ferir a martelada à beira do brejo; andar assim pelas ruas, pelas praças, pelas estradas, pelas salas, recebendo cumprimentos: Doutor, como passou? Como está, doutor? Era sobre humano!...”


Texto 3:

“Senhoras: Não pouco vos surpreenderá, por certo, o endereço e a literatura desta missiva. Cumpre-nos, entretanto, iniciar estas linhas de saudades e muito amor, com desagradável nova. É bem verdade que na boa cidade de São Paulo - a maior do universo, no dizer de seus pro lixos habitantes - não sois conhecidas por ‘icamiabas’, voz espúria, sinão que pelo apelativo de Amazonas; e de vós, se afirma, cavalgardes ginetes belígeros e virdes da Hélade clássica; e assim sois chamadas. Muito nos pesou a nós, Imperator vosso, tais dislates da erudição porém heis de convir conosco que, assim, ficais mais heróicas e mais conspícuas, tocadas por essa platina respeitável da tradição e da pureza antiga.”

Os três textos anteriormente citados representam excertos de narrativas modernas de obras que foram para relevantes para o amadurecimento da Literatura Brasileira do século XX. São elas, na ordem em que se apresentam:
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Ano: 2017 Banca: IFB Órgão: IFB Prova: IFB - 2017 - IFB - Professor - Português |
Q771386 Literatura
O último verso de cada estrofe deste poema de Carlos Drummond de Andrade estabelece uma relação diferenciada em relação aos demais versos da mesma estrofe. Fica a impressão, com isso, de que o poeta está consciente da realidade vivida em um momento histórico. Sente esse contexto, com pejo, não obstante haver uma ponta de esperança em cada estrofe. 

Leia o texto:

CONSOLO NA PRAIA

Vamos, não chores...
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não se perdeu.

O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.

Perdeste o melhor amigo.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis casa, navio, terra.
Mas tens um cão.

Algumas palavras duras,
em voz mansa, te golpearam.
Nunca, nunca cicatrizam.
Mas, e o humour?

(ANDRADE, Carlos Drummond de. Reunião. Rio de Janeiro: José Olympio, 1980.)
Escolha, agora, a opção coerente em relação ao contexto a que esse poema de Drummond se refere:
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Ano: 2017 Banca: IFB Órgão: IFB Prova: IFB - 2017 - IFB - Professor - Português |
Q771385 Literatura
CATAR FEIJÃO
Catar feijão se limita com escrever:
jogam-se os grãos na água do alguidar
e as palavras na da folha de papel;
e depois, joga-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
água congelada, por chumbo seu verbo:
pois para catar esse feijão, soprar nele,
e jogar fora o leve e oco, palha e eco.
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Ora, nesse catar feijão entra um risco:
o de que entre os grãos pesados entre
um grão qualquer, pedra ou indigesto,
um grão imastigável, de quebrar dente.
Certo não, quando ao catar palavras:
a pedra dá à frase seu grão mais vivo:
obstrui a leitura fluviante, flutual,
açula a atenção, isca-a com o risco.

(MELO NETO, João Cabral de. A educação pela pedra e depois. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.)
Analise o poema “Catar feijão”, de João Cabral de Melo Neto, para, em seguida, marcar a opção CORRETA:
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Ano: 2017 Banca: IFB Órgão: IFB Prova: IFB - 2017 - IFB - Professor - Português |
Q771384 Literatura
Para responder à questão , considere os dois poemas de Oswald de Andrade e o excerto do livro Casa-Grande & Senzala, de Gilberto Freyre.

PRONOMINAIS

Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro

(ANDRADE, Oswald de. Pau-Brasil. São Paulo: Globo, 1991.)


BRASIL

 Zé Pereira chegou de caravela
E preguntou pro guarani da mata virgem
— Sois cristão?
— Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da
Morte
Teterê tetê Quizá Quizá Quecê!
Lá longe a onça resmungava Uu! ua! uu!
O negro zonzo saído da fornalha
Tomou a palavra e respondeu
— Sim pela graça de Deus
Canhem Babá Canhem Babá Cum Cum!
E fizeram o Carnaval!

(ANDRADE, Oswald de. Primeiro caderno do aluno de poesia Oswald de Andrade. São Paulo: Globo, 1994.)


ABRASILEIRAMENTO DA LÍNGUA PORTUGUESA NO BRASIL DOS PRIMEIROS TEMPOS
“A ama negra fez muitas vezes com as palavras o mesmo que a comida: machucou-as, tirou-lhes as espinhas, os ossos, as durezas, só deixando para a boca do menino branco as sílabas moles. Daí esse português de menino que no Norte do Brasil, principalmente, é uma das falas mais doces deste mundo. Sem rr nem ss; as sílabas finais moles; palavras que só faltam desmanchar-se na boca da gente. A linguagem infantil brasileira, e mesmo a portuguesa, tem um sabor quase africano: cacá, pipi, bumbum, nenen, tatá, lili […] Esse amolecimento se deu em grande parte pela ação da ama negra junto à criança; do escravo preto junto ao filho do senhor branco. E não só a língua infantil se abrandou desse jeito, mas a linguagem em geral, a fala séria, solene, da gente, toda ela sofreu no Brasil, ao contacto do senhor com o escravo, um amolecimento de resultados às vezes deliciosos para o ouvido. Efeitos semelhantes aos que sofreram o inglês e o francês noutras partes da América, sob a mesma influência do africano e do clima quente.”

(Freyre, Gilberto. "Casa-Grande & Senzala". 9. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1958.)
Comparando o poema “Pronominais”, de Oswald de Andrade, com as reflexões de Gilberto Freyre, sobre as influências sofridas pela Língua Portuguesa no Brasil, é possível considerar:
Alternativas
Respostas
236: C
237: B
238: B
239: C
240: D