Questões de Concurso
Sobre crase em português
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Cidadania
Com base na trajetória histórica inglesa, o sociólogo T. H. Marshall estabeleceu uma divisão dos direitos de cidadania em três estágios. O primeiro ocorre com a conquista dos direitos civis (garantia das liberdades individuais, como a possibilidade de pensar e de se expressar de maneira autônoma), da garantia de ir e vir e do acesso à propriedade privada. A conquista desses direitos foi influenciada pelas ideias iluministas e resultou da luta contra o absolutismo monárquico do Antigo Regime. Esse processo teve como resultado maior o advento da isonomia, ou seja, da igualdade jurídica.
O segundo estágio refere-se aos direitos políticos, entendidos como a possibilidade de participação da sociedade civil nas diversas relações de poder presentes em uma sociedade, em especial a possibilidade de escolher representantes ou de se candidatar a qualquer tipo de cargo, assim como de se manifestar em relação a possíveis transformações a serem realizadas. Os direitos políticos têm relação direta com a organização política dos trabalhadores no final do século XIX. Ao buscar melhores condições de trabalho, eles se utilizaram de mecanismos da democracia – por exemplo, a organização de partidos e sindicatos – como modo de fazer valer seus direitos.
Por fim, o terceiro estágio corresponde aos direitos sociais vistos como essenciais para a construção de uma vida digna, tendo por base padrões de bem-estar socialmente estabelecidos, como educação, saúde, lazer e moradia. Esses direitos surgem em decorrência das reivindicações de diversos grupos pela melhora da qualidade de vida. É o momento em que cidadãos lutam por melhorias no sistema educacional e de saúde pública, pela criação de áreas de lazer, pela seguridade social etc.
Por ter sido construída tendo como referência o modelo inglês, a tipologia cronológica de Marshall recebeu críticas ao ser aplicada como modelo universal.
Ao longo desse percurso, muitas constituições, como a estadunidense (1787) e a francesa (1791), preconizaram o respeito aos direitos individuais e coletivos, o que hoje é incorporado pelas instituições de diversos países. Podemos destacar outras iniciativas que tinham o mesmo objetivo, como a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789) e a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948).
E o que define hoje um cidadão? De acordo com Marshall, cidadão é aquele que exerce seus direitos civis, políticos e sociais de maneira efetiva. Percebe-se que o conceito de cidadania está em permanente construção, pois a humanidade se encontra sempre em luta por mais direitos, maior liberdade e melhores garantias individuais e coletivas. Ser cidadão, portanto, significa ter consciência de ser sujeito de direitos – direito à vida, ao voto, à saúde, enfim, direitos civis, políticos e sociais.
(SILVA, A. et al. Sociologia em movimento. 2. ed. São Paulo: Moderna, 2016.)
Ética é sempre coletiva
O filósofo grego Platão, no livro sétimo da obra “A república” traz o mito da caverna que diz que nós, humanos, vivemos aprisionados no fundo de uma caverna, olhando para a parede, com a entrada às nossas costas. Tudo o que é verdadeiro acontece lá, porém, a luz do sol projeta a sombra. Como estamos amarrados de frente para a parede, achamos que a sombra é a coisa verdadeira. No campo da ética, isso acontece também. As pessoas se contentam com as aparências: a aparência da honestidade, a aparência da decência, a aparência da sinceridade.
Aliás, nós somos capazes de ficar por trás falando, o que os gregos chamavam de hipócritas – aqueles que ficavam ocultos, dizendo as falas sem aparecer, da onde vem a ideia de hipocrisia, aquilo que não se mostra, que fica na sombra. A ideia de revelar, de retirar a sombra é necessária no campo da ética. E nós somos o único animal capaz de perguntar se o que fazemos é correto ou incorreto. E isso é ética. A ética é o conjunto de princípios e valores que usamos para decidir a nossa conduta social.
Só se fala em ética porque homens e mulheres vivem em coletividade. Se eu fosse sozinho, não existiria a questão da ética. Afinal, ética é a regulação da conduta da vida coletiva. Se só existisse um ser humano no planeta, o tema da ética não viria à tona, porque ele seria soberano para fazer qualquer coisa sem se importar com nada. Como vivemos juntos e juntas, precisamos ter princípios e valores de convivência, de maneira que tenhamos uma vida que seja íntegra, dos pontos de vista físico, material e espiritual.
A moral é a prática, portanto, existe moral individual. A ética é o conjunto de princípios de convivência, portanto, não existe ética individual. Existe ética de um grupo, de uma sociedade, de uma nação.
(CORTELLA, Mário Sérgio. Disponível em: https://www.mscortella.com.br/ artigo-cortella-etica-moral-valores-principios-6a. Adaptado.)
Texto CG1A1
O capitalismo de vigilância é uma mutação do capitalismo da informação, o que nos coloca diante de um desafio civilizacional. As Big Techs — seguidas por outras firmas, laboratórios e governos — usam tecnologias da informação e comunicação (TIC) para expropriar a experiência humana, que se torna matéria-prima processada e mercantilizada como dados comportamentais. O usuário cede gratuitamente as suas informações ao concordar com termos de uso, utilizar serviços gratuitos ou, simplesmente, circular em espaços onde as máquinas estão presentes.
A condição para a emergência do capitalismo de vigilância foi a expansão das tecnologias digitais na vida cotidiana, dado o sucesso do modelo de personalização de alguns produtos no início dos anos 2000. No terço final do século XX, estavam criadas as condições para uma terceira modernidade, voltada a valores e expectativas dos indivíduos.
Outras circunstâncias foram ocasionais: o estouro da bolha da internet em 2000 e os ataques terroristas do 11 de setembro. A primeira provocou a retração dos investimentos nas startups, o que levou a Google a explorar comercialmente os dados dos usuários de seus serviços. Para se prevenir contra novos ataques, as autoridades norte-americanas tornaram-se ávidas de programas de monitoramento dos usuários da Internet e se associaram às empresas de tecnologia. Por sua vez, a Google passou a vender dados a empresas de outros setores, criando um mercado de comportamentos futuros. Assim, instaurou-se uma nova divisão do aprendizado entre os que controlam os meios de extração da mais-valia comportamental e os seus destinatários.
Ao se generalizar na sociedade e se aprofundar na vida cotidiana, o capitalismo de vigilância capturou e desviou o efeito democratizador da Internet, que abrira a todos o acesso à informação. Ele passou a elaborar instrumentos para modificar e conformar os nossos comportamentos.
Internet: < www.scielo.br> (com adaptações).
Texto para o item.
Eduardo Galeano. O torcedor. In: Futebol ao Sol e à Sombra. 2.ª edição.
Tradução de Eric Nepomuceno e Maria do Carmo Brito.
L&PM Editores, 2002.
Em relação aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto apresentado, julgue o item.
O sinal indicativo de crase em “à sua solidão” (linha 34)
poderia ser suprimido, sem prejuízo da correção
gramatical do texto.
Quanto ao uso da crase, analise as afirmativas a seguir e assinale a alternativa correta.
I. É obrigatório o uso da crase antes de locuções adverbiais, como: à noite e à tarde.
II. É facultativo o uso da crase antes de pronomes como: sua, tua, minha.
III. É proibido o uso da crase antes de nomes masculinos.
I. À noite, todos os gatos são pardos. II. Dr. João Pestana, à partir da próxima segunda-feira, atenderá a tarde em novo endereço. III. O terapeuta, a moda de Freud, acredita que há processos psíquicos inconscientes. IV. O poeta, à 10m de distância, enxergou à amada. V. Nosso desejo é namorar Judite às escondidas.
assinale a alternativa correta.
Atenção: Para responder à questão, leia o texto de John Gledson.
Na década de 1880, Machado de Assis publicou cerca de oitenta contos, numa espantosa explosão de criatividade, que também rendeu seu primeiro grande romance, Memórias póstumas de Brás Cubas (1880).
Como isso aconteceu − por que aconteceu, e por que nesse momento? Nada é mais difícil de explicar do que a explosão de um gênio criador − e não devemos duvidar que é disso que se trata. Contos podem parecer fáceis, escritos algo apressadamente como uma espécie de subproduto de um trabalho mais sério ou até como sintomas de uma incapacidade passageira de empreender “obras de maior tomo” (palavras de Dom Casmurro), mas nada está mais longe da verdade. Contos não são romances imperfeitos − existem com seus direitos próprios, e quando Machado começou a escrever os seus melhores, o gênero estava conquistando uma nova dignidade.
O traço mais importante de seus contos é a ironia, com frequência fixada por um estilo que muitas vezes emprega certo registro de linguagem a fim de estabelecer, desde a primeira palavra, que nada ali é para ser levado inteiramente a sério, que aquilo não é a fala direta do autor: “A coisa mais árdua do mundo, depois do ofício de governar, seria dizer a idade exata de Dona Benedita”. Machado podia parodiar qualquer tipo de linguagem, da Bíblia à dos jornais (essa, de fato, era a que satirizava com mais frequência). No começo dos anos 1880, Machado não só estabelecera seu direito a falar do universo, mas também principiara a fazer o retrato da sociedade brasileira sob uma luz inteiramente nova. Os romances bem-educados dos anos 1870, que elevavam a vida social, deram lugar à sátira selvagem de Memórias póstumas de Brás Cubas, que mostrava realidades − adultério, prostituição, escravatura, o tratamento dado aos agregados − com uma nitidez e uma cólera inteiramente impossíveis alguns anos antes.
Uma coisa é certa: a expansão do material possível de Machado e o distanciamento irônico que ele adota são inseparáveis. Digamos assim: se ele não tivesse encontrado modos dos mais variados (irônicos, sarcásticos, mas sempre semiocultos) de se expressar a respeito de coisas sobre as quais não devia falar, ou às quais só podia se referir de soslaio, suas histórias jamais teriam existido; podemos sentir sua satisfação quando se aproxima de outra questão espinhosa e acaba encontrando novas maneiras de falar sobre coisas demasiado embaraçosas para mencionar diretamente. Na minha opinião, isso ajuda a explicar o êxito de seus contos − Machado caminhava no fio da navalha.
(Adaptado de: GLEDSON, John. Trad. Fernando Py. In: 50 contos de Machado de Assis. São Paulo: Companhia das Letras, edição digital)
Leia as afirmações abaixo.
I. No trecho Machado podia parodiar qualquer tipo de linguagem, da Bíblia à dos jornais, (3º parágrafo) o emprego da crase se deve à supressão da palavra “linguagem”.
II. O emprego da crase é facultativo em às quais só podia se referir de soslaio. (4º parágrafo)
III. No trecho acaba encontrando novas maneiras de falar sobre coisas demasiado embaraçosas (4º parágrafo), a palavra sublinhada foi empregada como adjetivo.
Está correto o que se afirma APENAS em
I. o termo ‘devido’ exige a preposição “a” e o artigo “a” está colocado antes de um substantivo masculino.
II. o termo ‘devido’ exige a preposição “a” e o artigo “a” está colocado antes do verbo.
III. o termo ‘devido’ exige a preposição “a” e o artigo “a” está colocado antes de um substantivo feminino.
Estão corretas as afirmativas:
“O jovem não sabia o que fazer primeiro, estava ______ toa no começo da tarde, mas depois da ligação daquela linda jovem, ele começou ______ pensar e decidiu ______ pressas oferecer hambúrguer na brasa com cheddar, bacon e alface no pão australiano para ela. Ele correu até ______ mercearia da esquina e comprou o que precisava. Foi uma noite maravilhosa, regada ______ vinho e petiscos, dentre eles, o hambúrguer”.
Assinale a alternativa que preencha correta e respectivamente as lacunas.
Texto para o item.
Magda Soares. Português na escola: história de uma disciplina
curricular. In: Marcos Bagno (org.). Linguística da norma.
São Paulo: Edições Loyola, 2004, p. 174-175 (com adaptações).
Em relação aos aspectos linguísticos do texto, julgue o item.
Na linha 10, um dos fatores que explicam o uso do
acento grave em “à denominação português” é a
presença da preposição a, regida pelo verbo “voltar”.
Bruna Godoy. Desperta a dor. Internet: <https://www.psicologobh.com.br/desperta-dor> (com adaptações).
Em relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto apresentado, julgue o item.
O uso do sinal indicativo de crase no vocábulo “a”, em “a
nossa consciência” (linha 28), é facultativo.
A respeito dos aspectos linguísticos do texto, julgue o item.
Na linha 18, o emprego do sinal indicativo de crase em
“à prática pedagógica” justifica-se pela regência do
verbo “dar”, empregado como transitivo direto e
indireto no período, e pela anteposição de artigo
definido ao substantivo “prática”.