Questões de Concurso
Sobre gêneros textuais em português
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O texto seguinte servirá de base para responder à questão.
Itamar Vieira Junior e Doramar : sobre uma épica dos excluídos
Wander Melo Miranda
A primeira impressão que se tem de Doramar ou a odisseia , de Itamar Vieira Junior, não é apenas o título inusitado e instigante, mas a de que todas as personagens, geralmente mulheres, "respiram terra, cheiram terra, são terra". A força telúrica do livro vem, pois, da simbiose perfeita entre elementos da natureza e do feminino, ligados a uma ancestralidade que o autor faz questão de afirmar na dedicatória do livro às "mulheres, maternas, ancestrais" e na epígrafe tomada de empréstimo ao poeta sírio Adonis, com a qual se identifica: "Nasci numa aldeia/ pequena, reclusa como o útero/ e ainda não saí dela".
Não se espere, por isso, uma guinada regionalista da narrativa à maneira do romance brasileiro de 1930, mesmo porque pouquíssimas vezes há localizações geográficas precisas — quase sempre feitas apenas uma só vez: Brasil, Salvador, Dakar — e nenhum apelo a vocabulário e sintaxe locais ou regionais. A aposta de Vieira Junior é outra, refinada e inovadora no contexto atual, em que o tema urbano predomina. Vale-se do problema fundiário e da questão escravocrata, que nos assolam desde que o colonizador aqui chegou, para traçar o amplo arco de desolação que acompanha historicamente os deserdados da terra, em geral afrodescendentes e indígenas, fazendo ressoar uma voz que "atroa na noite da memória".
Walter Benjamim opõe a História contínua do vencedor (branco, acrescente-se) à tradição descontínua do vencido em busca da sua própria história. Vieira Junior a transforma na narrativa meio épica, meio lírica das vicissitudes de personagens rumo à liberdade perdida na travessia do mar que traz "os nossos para morrer de maus tratos e trabalho", como diz o "nós" que narra Farol das almas e outras histórias e faz delas expressão de uma comunidade de destino. Ou então pode ser a voz solitária de Alma, no texto homônimo, escravizada que mata os senhores de engenho falidos, foge e se livra de vez da violência extrema sofrida, não sem antes enfrentar obstáculos sem fim, os quais supera com força e persistência incomuns, instigada pelo desejo do "acalanto de um lugar onde exista a liberdade".
Por sua vez, Doramar, ao sair para a rua, se depara com um "cão moribundo encolhido de morte" e se vê lançada — numa identificação inconsciente com o animal — a uma sorte de epifania às avessas das donas-de-casa de Clarice Lispector, escritora presente numa frase do texto. Mas a vez agora não é a da patroa da zona sul carioca, mas a da "empregada doméstica cansada de seu trabalho". A imagem do cão e seu desamparo, que é também o dela, desencadeia a revisita ao passado miserável que se mistura com o presente e dá à personagem — dor, amar, mar, ar: "cabe um mar inteiro em seu nome" — consciência do seu lugar subalterno na história que se conta e, enfim, a leva "ao encontro consigo mesma", num final surpreendente, como nos melhores contos clariceanos.
Como toda narrativa épica que se preza — uma épica dos excluídos, vale destacar —, peripécias, acontecimentos singulares, aventuras extraordinárias adquirem um tom fabular e encantatório que não diminui o viés participante dos textos, antes o ressalta, retomando, assim, a natureza ancestral das narrativas orais de onde parecem provir. É o caso, por exemplo, de O espírito aboni das coisas , que mistura palavras da língua jarawara com o português, para narrar o périplo de Tokowisa em busca das folhas e frutos da palmeira de abatosi para curar sua mulher Yanice, grávida. Ou então, em O que queima , onde Som-de-Pé se sente morrer com as árvores, plantas e bichos.
Apesar das dificuldades que enfrentam ou justamente por conta delas, cada uma das personagens de Vieira Junior é movida pela "vontade de ser livre", mesmo se essa vontade resulte em condenação à morte, caso do poeta preso na Ilha do Medo, líder de um movimento contra a ordem repressora e que aglutina todos aqueles que fazem "de seus caminhos uma trilha para a libertação dos outros", como está dito em A oração do carrasco . Não é outro o desejo das imigrantes de Meu mar (fé) , seja a mulher que vem de Dakar para a Bahia no contêiner de um cargueiro com um filho no ventre e na viagem perde o marido, seja a haitiana que com ela divide o trabalho de vendedora ambulante, vivendo ambas no estreito limite entre "fecundar a América" e "perecer na América".
Todas essas histórias encontram, enfim, seu desfecho ou suplemento no "manto da apresentação" de Arthur Bispo do Rosário, comovente encerramento do belo livro. A agulha que borda a palavra — do artista, do escritor, do afrodescendente — vem de "tempos imemoriais" e tece "um novo mundo para maravilhar o homem". Domada como um "cavalo arisco", ela, a palavra, pulsa viva no livro-manto que lhe devolve o fascínio original e apocalíptico ao anunciar rosianamente "o beco para a liberdade se fazer".
(In: Suplemento Pernambuco, julho de 2021. Disponível em: http://www.letras.ufmg.br/literafro/resenhas/ficcao/1593-itamar-vieira-ju nior-e-doramar-sobre-uma-epica-dos-excluidos. Acesso em 11 nov. 2024. Adaptado.)
(__)São tipos relativamente instáveis de enunciados presentes em cada esfera de comunicação, possuindo forma de composição e um plano composicional.
(__)Além do plano composicional, distinguem-se pelo conteúdo temático e pelo estilo.
(__)São entidades escolhidas, tendo em vista as esferas de necessidade temática, o conjunto dos participantes e a vontade enunciativa ou a intenção do interlocutor, sujeito responsável por enunciados, por unidades reais e concretas da comunicação verbal.
(__)Não são instrumentos rígidos e estanques e não se definem por sua forma, mas por sua função dentro da comunicação.
Marcando V, para verdadeiras, e F, para falsas, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:
I. O artigo de opinião é um gênero que visa argumentar a favor ou contra uma determinada perspectiva.
II. As receitas culinárias são um exemplo de texto injuntivo, pois prescrevem ações a serem realizadas.
III. A crônica é um gênero literário que se restringe exclusivamente a fatos históricos, não abordando temas do cotidiano.
Assinale a alternativa correta.
PL 2.630/2020: em direção a um ambiente online mais seguro
O avanço tecnológico trouxe consigo um desafio crescente: a disseminação desenfreada de fake news. Diante desse cenário, o Projeto de Lei 2.630/2020 surge como uma iniciativa promissora para lidar com essa questão premente. Ao propor medidas para identificar, controlar e punir a propagação deliberada de informações falsas, o PL representa um passo significativo na proteção da integridade da informação e na salvaguarda da sociedade contra os males da desinformação.
Entretanto, a implementação de uma legislação sobre fake news deve ser conduzida com cautela. É fundamental encontrar um equilíbrio delicado entre combater a desinformação e preservar a liberdade de expressão e a privacidade dos cidadãos. Qualquer medida adotada deve evitar o risco de se tornar uma forma de censura ou vigilância excessiva, garantindo que os direitos individuais sejam protegidos.
Nesse sentido, o debate em torno do PL 2.630/2020 deve ser pautado pela busca por esse equilíbrio, considerando, desse modo, não apenas a eficácia das medidas propostas, mas também seu impacto nas liberdades democráticas e nos direitos dos cidadãos. Somente com um diálogo aberto e inclusivo será possível construir uma legislação sólida e eficiente para lidar com as fake news.
Portanto, o PL 2.630/2020 representa um passo na direção certa, mas ainda há um longo caminho a percorrer, de modo que é necessário continuar trabalhando para aprimorar e implementar políticas que protejam a integridade da informação online, ao mesmo tempo em que preservam os valores democráticos e os direitos individuais. Somente assim poderemos construir um ambiente online mais seguro e confiável para todos os cidadãos.
(Editorial sobre o PL 2.630/2020)
PL 2.630/2020: em direção a um ambiente online mais seguro
O avanço tecnológico trouxe consigo um desafio crescente: a disseminação desenfreada de fake news. Diante desse cenário, o Projeto de Lei 2.630/2020 surge como uma iniciativa promissora para lidar com essa questão premente. Ao propor medidas para identificar, controlar e punir a propagação deliberada de informações falsas, o PL representa um passo significativo na proteção da integridade da informação e na salvaguarda da sociedade contra os males da desinformação.
Entretanto, a implementação de uma legislação sobre fake news deve ser conduzida com
cautela. É fundamental encontrar um equilíbrio delicado entre combater a desinformação e
preservar a liberdade de expressão e a privacidade dos cidadãos. Qualquer medida adotada
deve evitar o risco de se tornar uma forma de censura ou vigilância excessiva, garantindo que
os direitos individuais sejam protegidos.
Nesse sentido, o debate em torno do PL 2.630/2020 deve ser pautado pela busca por esse equilíbrio, considerando, desse modo, não apenas a eficácia das medidas propostas, mas também seu impacto nas liberdades democráticas e nos direitos dos cidadãos. Somente com um diálogo aberto e inclusivo será possível construir uma legislação sólida e eficiente para lidar com as fake news.
Além disso, é importante destacar que o combate às fake news não é responsabilidade exclusiva do governo ou das plataformas digitais. Todos os setores da sociedade têm um papel a desempenhar nesse esforço conjunto. A educação digital, a promoção do pensamento crítico e o incentivo à responsabilidade individual são elementos-chave para enfrentar esse desafio de maneira eficaz.
Portanto, o PL 2.630/2020 representa um passo na direção certa, mas ainda há um longo
caminho a percorrer, de modo que é necessário continuar trabalhando para aprimorar e
implementar políticas que protejam a integridade da informação online, ao mesmo tempo em
que preservam os valores democráticos e os direitos individuais. Somente assim poderemos
construir um ambiente online mais seguro e confiável para todos os cidadãos.
(Editorial sobre o PL 2.630/2020)
PL 2.630/2020: em direção a um ambiente online mais seguro
O avanço tecnológico trouxe consigo um desafio crescente: a disseminação desenfreada de fake news. Diante desse cenário, o Projeto de Lei 2.630/2020 surge como uma iniciativa promissora para lidar com essa questão premente. Ao propor medidas para identificar, controlar e punir a propagação deliberada de informações falsas, o PL representa um passo significativo na proteção da integridade da informação e na salvaguarda da sociedade contra os males da desinformação.
Entretanto, a implementação de uma legislação sobre fake news deve ser conduzida com cautela. É fundamental encontrar um equilíbrio delicado entre combater a desinformação e preservar a liberdade de expressão e a privacidade dos cidadãos. Qualquer medida adotada deve evitar o risco de se tornar uma forma de censura ou vigilância excessiva, garantindo que os direitos individuais sejam protegidos.
Nesse sentido, o debate em torno do PL 2.630/2020 deve ser pautado pela busca por esse equilíbrio, considerando, desse modo, não apenas a eficácia das medidas propostas, mas também seu impacto nas liberdades democráticas e nos direitos dos cidadãos. Somente com um diálogo aberto e inclusivo será possível construir uma legislação sólida e eficiente para lidar com as fake news.
Além disso, é importante destacar que o combate às fake news não é responsabilidade exclusiva do governo ou das plataformas digitais. Todos os setores da sociedade têm um papel a desempenhar nesse esforço conjunto. A educação digital, a promoção do pensamento crítico e o incentivo à responsabilidade individual são elementos-chave para enfrentar esse desafio de maneira eficaz.
Portanto, o PL 2.630/2020 representa um passo na direção certa, mas ainda há um longo caminho a percorrer, de modo que é necessário continuar trabalhando para aprimorar e implementar políticas que protejam a integridade da informação online, ao mesmo tempo em que preservam os valores democráticos e os direitos individuais. Somente assim poderemos construir um ambiente online mais seguro e confiável para todos os cidadãos.
(Editorial sobre o PL 2.630/2020)

Os gêneros textuais são fluidos e mutáveis, sempre se adequando às novas necessidades sociais, entretanto, todos eles obedecem às regras de natureza linguística e textual que se apresentam em todos os gêneros, ou seja, os tipos textuais são aplicados na construção e modificação dos gêneros textuais. Por meio dessa relação, é possível estabelecer-se combinações entre tipos e gêneros textuais.
Sobre os principais tipos textuais e as possíveis relações entre os tipos e gêneros textuais, analise as alternativas e assinale a INCORRETA:
Nesse sentido, gêneros textuais podem ser descritos como:
Analise:
"É um texto curto, com acontecimentos reais ou fictícios. Possui caráter narrativo ou argumentativo. Apresenta temática social, política ou cultural relacionada ao tempo da escrita, além de elementos do cotidiano, com base em uma perspectiva subjetiva."
(https://brasilescola.uol.com.br/redacao/generos-textuais.htm).
A característica apresentada acima, refere-se ao gênero textual denominado:
TEXTO I
Emoção em família: mãe e filha se formam juntas na faculdade
As britânicas Vicki Lawlor e sua filha Hannah conquistaram seus diplomas na Universidade de Stirling, na Escócia As britânicas Vicki Lawlor, de 43 anos, e sua filha Hannah, de 21, se formaram juntas na Universidade de Stirling, na Escócia, nessa semana (06/2021). A emoção de receber o diploma ao mesmo tempo levou mãe e filha a planejar uma festa no jardim de sua casa para comemorar a dupla conquista.
Em entrevista ao Daily Mail, Vicki disse: “É uma coincidência estarmos nos formando juntas. Levei um pouco mais de tempo do que Hannah para concluir meu curso e não foi uma jornada fácil, mas tê-la ao meu lado e compartilhar experiências semelhantes de cumprimento de prazos e conclusão de tarefas foi muito gratificante”.
Vicki concluiu o bacharelado em Ciências, enquanto Hannah se formou como bacharel em Artes.
Disponível em: https://cutt.ly/nmeU6oV. Acesso em: 26 jun. 2021 (adaptado).
Leia atentamente o texto, e responda à questão.
Em relação a estruturas e recursos de estilo do trecho precedente de Uma galinha, julgue o item seguinte.
Pela forma como a autora utiliza recursos narrativos ficcionais e factuais, conclui-se que o texto pode ser caracterizado como uma reportagem.
I. Exemplifica um gênero da narrativa.
II. Pertence a um dos maiores gêneros da literatura.
III. Apresenta narrativa fictícia que demonstra reflexos de saberes populares e folclóricos.
IV. Seu conteúdo ficcional tem como principal objetivo proporcionar aprendizagem relacionada à moralidade.
Está correto o que se afirma apenas em
O texto seguinte servirá de base para responder a questão.
"Sou mineira, filha dessa cidade, meu registro informa que nasci no dia 29 de novembro de 1946. Essa informação deve ter sido dada por minha mãe, Joana Josefina Evaristo, na hora de me registrar, por isso acredito ser verdadeira. Mãe, hoje com os seus 85 anos, nunca foi mulher de mentir. Deduzo ainda que ela tenha ido sozinha fazer o meu registro, portando algum documento da Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte. Uma espécie de notificação indicando o nascimento de um bebê do sexo feminino e de cor parda, filho da senhora tal, que seria ela. Tive esse registro de nascimento comigo durante muito tempo. Impressionava-me desde pequena essa cor parda. Como seria essa tonalidade que me pertencia? Eu não atinava qual seria. Sabia sim, sempre soube que sou negra.
Quanto a ela ir sozinha, ou melhor, solitária para o cartório me registrar é uma dedução minha tirada de alguns fatos relativos à vida de meu pai. Aliás, de meu pai conheço pouco, pouquíssimo.
Em compensação, sei um pouco mais, daquele que considero como sendo meu pai. Dele sei o nome todo. Aníbal Vitorino e a profissão, pedreiro. Meu padrasto Aníbal, quando chegou a nossa casa, minha mãe cuidava de suas quatro filhas sozinha. Maria Inês Evaristo, Maria Angélica Evaristo, Maria da Conceição Evaristo e Maria de Lourdes Evaristo. Bons tempos, o de nós meninas. Minha mãe se constituiu, para mim, como algo mais doce de minha infância. O que mais me importava era a sua felicidade. Um misto de desespero, culpa e impotência me assaltava quando eu percebia os sofrimentos dela. Minha mãe chorava muito, hoje não. Tem uma velhice mais tranquila. Meu padrasto completou 86 anos e vive ao lado dela. [...]"
(EVARISTO, Conceição. Conceição Evaristo por Conceição Evaristo. Disponível em: http://www.letras.ufmg.br/literafro/autoras/188-conceicao-evaristo. Acesso em 31 out. 2024. Adaptado.)