Questões de Concurso Sobre gêneros textuais em português

Foram encontradas 2.381 questões

Q3170685 Português

O texto seguinte servirá de base para responder à questão.


Itamar Vieira Junior e Doramar : sobre uma épica dos excluídos


Wander Melo Miranda


A primeira impressão que se tem de Doramar ou a odisseia , de Itamar Vieira Junior, não é apenas o título inusitado e instigante, mas a de que todas as personagens, geralmente mulheres, "respiram terra, cheiram terra, são terra". A força telúrica do livro vem, pois, da simbiose perfeita entre elementos da natureza e do feminino, ligados a uma ancestralidade que o autor faz questão de afirmar na dedicatória do livro às "mulheres, maternas, ancestrais" e na epígrafe tomada de empréstimo ao poeta sírio Adonis, com a qual se identifica: "Nasci numa aldeia/ pequena, reclusa como o útero/ e ainda não saí dela".


Não se espere, por isso, uma guinada regionalista da narrativa à maneira do romance brasileiro de 1930, mesmo porque pouquíssimas vezes há localizações geográficas precisas — quase sempre feitas apenas uma só vez: Brasil, Salvador, Dakar — e nenhum apelo a vocabulário e sintaxe locais ou regionais. A aposta de Vieira Junior é outra, refinada e inovadora no contexto atual, em que o tema urbano predomina. Vale-se do problema fundiário e da questão escravocrata, que nos assolam desde que o colonizador aqui chegou, para traçar o amplo arco de desolação que acompanha historicamente os deserdados da terra, em geral afrodescendentes e indígenas, fazendo ressoar uma voz que "atroa na noite da memória".


Walter Benjamim opõe a História contínua do vencedor (branco, acrescente-se) à tradição descontínua do vencido em busca da sua própria história. Vieira Junior a transforma na narrativa meio épica, meio lírica das vicissitudes de personagens rumo à liberdade perdida na travessia do mar que traz "os nossos para morrer de maus tratos e trabalho", como diz o "nós" que narra Farol das almas e outras histórias e faz delas expressão de uma comunidade de destino. Ou então pode ser a voz solitária de Alma, no texto homônimo, escravizada que mata os senhores de engenho falidos, foge e se livra de vez da violência extrema sofrida, não sem antes enfrentar obstáculos sem fim, os quais supera com força e persistência incomuns, instigada pelo desejo do "acalanto de um lugar onde exista a liberdade".


Por sua vez, Doramar, ao sair para a rua, se depara com um "cão moribundo encolhido de morte" e se vê lançada — numa identificação inconsciente com o animal — a uma sorte de epifania às avessas das donas-de-casa de Clarice Lispector, escritora presente numa frase do texto. Mas a vez agora não é a da patroa da zona sul carioca, mas a da "empregada doméstica cansada de seu trabalho". A imagem do cão e seu desamparo, que é também o dela, desencadeia a revisita ao passado miserável que se mistura com o presente e dá à personagem — dor, amar, mar, ar: "cabe um mar inteiro em seu nome" — consciência do seu lugar subalterno na história que se conta e, enfim, a leva "ao encontro consigo mesma", num final surpreendente, como nos melhores contos clariceanos.


Como toda narrativa épica que se preza — uma épica dos excluídos, vale destacar —, peripécias, acontecimentos singulares, aventuras extraordinárias adquirem um tom fabular e encantatório que não diminui o viés participante dos textos, antes o ressalta, retomando, assim, a natureza ancestral das narrativas orais de onde parecem provir. É o caso, por exemplo, de O espírito aboni das coisas , que mistura palavras da língua jarawara com o português, para narrar o périplo de Tokowisa em busca das folhas e frutos da palmeira de abatosi para curar sua mulher Yanice, grávida. Ou então, em O que queima , onde Som-de-Pé se sente morrer com as árvores, plantas e bichos.


Apesar das dificuldades que enfrentam ou justamente por conta delas, cada uma das personagens de Vieira Junior é movida pela "vontade de ser livre", mesmo se essa vontade resulte em condenação à morte, caso do poeta preso na Ilha do Medo, líder de um movimento contra a ordem repressora e que aglutina todos aqueles que fazem "de seus caminhos uma trilha para a libertação dos outros", como está dito em A oração do carrasco . Não é outro o desejo das imigrantes de Meu mar (fé) , seja a mulher que vem de Dakar para a Bahia no contêiner de um cargueiro com um filho no ventre e na viagem perde o marido, seja a haitiana que com ela divide o trabalho de vendedora ambulante, vivendo ambas no estreito limite entre "fecundar a América" e "perecer na América".


Todas essas histórias encontram, enfim, seu desfecho ou suplemento no "manto da apresentação" de Arthur Bispo do Rosário, comovente encerramento do belo livro. A agulha que borda a palavra — do artista, do escritor, do afrodescendente — vem de "tempos imemoriais" e tece "um novo mundo para maravilhar o homem". Domada como um "cavalo arisco", ela, a palavra, pulsa viva no livro-manto que lhe devolve o fascínio original e apocalíptico ao anunciar rosianamente "o beco para a liberdade se fazer".


(In: Suplemento Pernambuco, julho de 2021. Disponível em: http://www.letras.ufmg.br/literafro/resenhas/ficcao/1593-itamar-vieira-ju nior-e-doramar-sobre-uma-epica-dos-excluidos. Acesso em 11 nov. 2024. Adaptado.) 

Quanto ao gênero textual, o texto Itamar Vieira Junior e Doramar: sobre uma épica dos excluídos , trata-se de:
Alternativas
Q3170684 Português
Em relação às categorias da literatura, qual das alternativas abaixo não é um exemplo de gênero lírico?
Alternativas
Q3153738 Português
OS AVÓS QUE NÃO QUEREM SER EXPLORADOS


Em playgrounds de parques, é comum se ver, durante as tardes de dias de semana, avós cuidando dos netos após a escola. A imagem pode ser bonita e tocante, transmitindo a impressão de que essas avós ou esses avôs gostam de cuidar dos netos e estão felizes em poder ajudar seus filhos nessa tarefa. Mas a imagem engana. 

Catarina Campos comunicou aos quatro filhos sua indisposição em passar a velhice cuidando de neto(s), quando eles começaram a ter parceiros estáveis. Para essa mulher de 67 anos, uma coisa é ajudar os filhos quando surge um problema específico e outra é cuidar dos netos em tempo integral, diariamente.

"Se um dia eles não puderem e precisarem que eu vá buscar a criança na escola, por exemplo, não há problema. Mas pegar o neto de manhã e ficar com ele o dia todo até os pais voltarem do trabalho, definitivamente, não é correto, porque eu tenho a minha vida e quero aproveitar o meu tempo agora que me aposentei", afirma.

"Tenho visto avós que vão buscar os netos de manhã, os levam à escola, dão alimentação e, às vezes, até os filhos saem de férias e deixam os pequenos com eles", acrescenta sobre idosos que passam a ser os principais cuidadores dos netos.

Embora admita que seus filhos gostariam de poder contar mais com ela, eles não reagiram mal diante de sua negativa. "Pra mim, isso de deixar o filho comigo e aproveitar a vida não é justo. Só tenham filhos se puderem cuidar deles! A minha obrigação eu já cumpri!", diz Catarina.

Ela critica a suposição, que muitos têm, de que "você pode ter filhos, que os avós cuidarão deles".

"Há avós que estão, praticamente, criando os netos", ela diz.

Catarina tem muitas amigas que, assim como ela, se recusam a cuidar dos netos o tempo todo, mas também conhece avós que, pressionados pelos filhos, cuidam dos netos em tempo integral.

Nem todos têm a força de Catarina em estabelecer limites.

Avós autônomos, que curtem a vida e aproveitam o tempo do qual dispõem, que não querem assumir a responsabilidade de cuidar dos filhos dos filhos, costumam ser vistos como egoístas. No entanto, é importante lembrar que priorizar o próprio conforto e bem-estar em detrimento das necessidades dos filhos é um direito daqueles que, por muitos anos, já trabalharam, cumprindo com suas obrigações, os quais merecem gozar de paz e tranquilidade.

É legítimo o direito de uma velhice digna e saudável, podendo usufruir do tempo que o não ter de trabalhar proporciona.

Não é justo que recaia sobre os avós, por vezes cansados e com limitações quanto à saúde inerentes à idade, a obrigação de assumir o cuidado de netos, uma vez que aqueles já honraram com sua obrigação. Igualmente, não é justo que os filhos cuidem de seus irmãos, o que pode comprometer a infância. 
Considerando a classificação por gêneros textuais, pode-se afirmar que o texto "Os avós que não querem ser explorados":
Alternativas
Q3145322 Português
Texto 13

PL 2.630/2020: em direção a um ambiente online mais seguro      

    O avanço tecnológico trouxe consigo um desafio crescente: a disseminação desenfreada de fake news. Diante desse cenário, o Projeto de Lei 2.630/2020 surge como uma iniciativa promissora para lidar com essa questão premente. Ao propor medidas para identificar, controlar e punir a propagação deliberada de informações falsas, o PL representa um passo significativo na proteção da integridade da informação e na salvaguarda da sociedade contra os males da desinformação.      
    
    Entretanto, a implementação de uma legislação sobre fake news deve ser conduzida com cautela. É fundamental encontrar um equilíbrio delicado entre combater a desinformação e preservar a liberdade de expressão e a privacidade dos cidadãos. Qualquer medida adotada deve evitar o risco de se tornar uma forma de censura ou vigilância excessiva, garantindo que os direitos individuais sejam protegidos.      
    Nesse sentido, o debate em torno do PL 2.630/2020 deve ser pautado pela busca por esse equilíbrio, considerando, desse modo, não apenas a eficácia das medidas propostas, mas também seu impacto nas liberdades democráticas e nos direitos dos cidadãos. Somente com um diálogo aberto e inclusivo será possível construir uma legislação sólida e eficiente para lidar com as fake news.      

    Além disso, é importante destacar que o combate às fake news não é responsabilidade exclusiva do governo ou das plataformas digitais. Todos os setores da sociedade têm um papel a desempenhar nesse esforço conjunto. A educação digital, a promoção do pensamento crítico e o incentivo à responsabilidade individual são elementos-chave para enfrentar esse desafio de maneira eficaz.      

    Portanto, o PL 2.630/2020 representa um passo na direção certa, mas ainda há um longo caminho a percorrer, de modo que é necessário continuar trabalhando para aprimorar e implementar políticas que protejam a integridade da informação online, ao mesmo tempo em que preservam os valores democráticos e os direitos individuais. Somente assim poderemos construir um ambiente online mais seguro e confiável para todos os cidadãos.


(Editorial sobre o PL 2.630/2020)
De acordo com o Texto 13, qual é a natureza fundamental do editorial como um gênero textual?
Alternativas
Q3145165 Português
Na perspectiva bakhtiniana, os gêneros textuais:

(__)São tipos relativamente instáveis de enunciados presentes em cada esfera de comunicação, possuindo forma de composição e um plano composicional.

(__)Além do plano composicional, distinguem-se pelo conteúdo temático e pelo estilo.

(__)São entidades escolhidas, tendo em vista as esferas de necessidade temática, o conjunto dos participantes e a vontade enunciativa ou a intenção do interlocutor, sujeito responsável por enunciados, por unidades reais e concretas da comunicação verbal.

(__)Não são instrumentos rígidos e estanques e não se definem por sua forma, mas por sua função dentro da comunicação.

Marcando V, para verdadeiras, e F, para falsas, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:
Alternativas
Q3144245 Português
TEXTO 1

        A mania nacional da transgressão leve Pequenos delitos são transgressões leves que passam impunes e, no Brasil, estão tão institucionalizados que os transgressores nem têm ideia de que estão fazendo algo errado. Ou então acham esses "miniabusos" irresistíveis, apesar de causarem "minidanos" e/ ou levarem a delitos maiores. Esses maus exemplos são também contagiosos. E, em uma sociedade na qual proliferam, ser um cidadão-modelo exige que se reme contra uma poderosa maré ou que se beire a santidade.
        Alguns pequenos delitos -fazer barulho em casa a ponto de incomodar os vizinhos ou usar as calçadas como depósito de lixo e de cocô de cachorro- diminuem a qualidade de vida em pequenas, mas significativas, doses. Eles ilustram a frase do escritor Millôr Fernandes: "Nossa liberdade começa onde podemos impedir a dos outros".
        No ano passado, o grupo de adolescentes que furou a enorme fila para assistir ao show gratuito de Naná Vasconcelos, na qual eu e outros esperávamos por horas, impediu nossa liberdade. Os jovens receberam os ingressos gratuitos que, embora devessem ser nossos, se esgotaram antes de chegarmos à bilheteria.
        A frase de Millôr também cai como uma luva para o casal que recentemente pediu a um amigo -na minha frente, na fila das bebidas, no intervalo de uma peça- que comprasse comes e bebes para ambos. O fura-fila indireto me irritou não só porque demorou mais para me atenderem, mas também porque o segundo ato estava prestes a começar. Qual é a diferença deles para os motoristas que me ultrapassam pelo acostamento nas estradas e depois furam que dizer daqueles motoristas que costuram atrás das ambulâncias?
        Outros pequenos delitos causam danos porque representam uma pequena parte da reação em cadeia que corrói o tecido social. Os brasileiros que contribuem para a rede de consumo de drogas não são apenas os que as compram, mas até os que as consomem de vez em quando em festas. Uma simples tragada liga você, mesmo que de modo ínfimo, ao traficante e à bala perdida, mas atos aparentemente tão inócuos e difíceis de condenar nos forçam a pensar no que constitui um pequeno delito. Por exemplo, que dano social pode ser causado pelo roubo de "lembrancinhas" -de toalhas e cinzeiros de hotel a cobertores de companhias aéreas? Bem, os hotéis e companhias aéreas compensam o custo de substituir esses objetos aumentando levemente o preço. Os varejistas fazem o mesmo para compensar as perdas com pequenos furtos.
        Outros pequenos delitos são mais fáceis de classificar, mas igualmente tentadores de cometer. Veja o caso da pessoa que não diz ao caixa que recebeu por engano uma nota de R$ 50 em vez da correta nota de R$ 10. Ou do garoto que obedece ao trocador, passa por baixo da roleta e lhe passa uma nota de R$ 1 em vez de pagar à empresa de ônibus R$ 1,60. Esse suborno não é igual a pagar à polícia uma propina para se safar? Essas caixinhas não seriam também crias do famoso caixa dois, que já virou uma instituição? Um dos meus vizinhos disse que alguns desses pequenos delitos, como vários tipos de caixa dois, são fruto da necessidade. Ele escreve, embora não assine, monografias para que universitários preguiçosos/ocupados terminem seus cursos. É assim que põe comida na mesa. Apesar de defender sua atividade antiética dizendo que "a fome também é antiética", ele bem que poderia perder 20 quilos.
        Outro vizinho vendeu sua cobertura no Rio com uma vista espetacular da floresta da Tijuca porque descobriu que, no prazo de um ano, um arranha-céu seria construído, acabando com a vista e desvalorizando o imóvel em R$ 50 mil. Ele disse isso aos compradores? Não. E eu também não considero esse delito tão pequeno diante do valor do prejuízo.
        Apesar de os delitos pequenos estarem institucionalizados demais para notar ou serem tentadores demais para resistir, dizer "não" a eles beneficia a sociedade como um todo. E um "não" vigoroso o bastante pode alertar os distraídos e os fracos de espírito para que, em uma sociedade que se guia pela "lei de Gerson", nossa bússola moral possa nos apontar o caminho.

MICHAEL KEPP, jornalista norte-americano radicado há 21 anos no Brasil, é autor do livro de crônicas "Sonhando com Sotaque -Confissões e Desabafos de um Gringo Brasileiro" (ed. Record)  
Pelas características do texto lido, que trata de expressar sua opinião diante dos acontecimentos, atitudes ou ideias polêmicas, considere-se que ele se enquadra no gênero: 
Alternativas
Q3143669 Português
“Gêneros textuais são as diferentes formas de texto usadas para transmitir as mensagens que pretendemos aos seus receptores. São exemplos de gêneros textuais: crônicas, contos, notícias, bilhetes, listas de compras e receitas. Os gêneros textuais são classificados conforme a sua função comunicativa. Eles são produzidos com linguagens e estruturas diferentes, ou seja, cada gênero textual recorre a um tipo de texto. Há muitos gêneros textuais, enquanto há cinco tipos de texto: narrativo, descritivo, argumentativo, expositivo e injuntivo.”

Disponível em: https://www.todamateria.com.br/generos-textuais/.
Acesso em 22 de outubro de 2024.
Sobre a classificação dos gêneros textuais, analise as assertivas a seguir.
I. O artigo de opinião é um gênero que visa argumentar a favor ou contra uma determinada perspectiva.
II. As receitas culinárias são um exemplo de texto injuntivo, pois prescrevem ações a serem realizadas.
III. A crônica é um gênero literário que se restringe exclusivamente a fatos históricos, não abordando temas do cotidiano.

Assinale a alternativa correta.
Alternativas
Q3140761 Português

PL 2.630/2020: em direção a um ambiente online mais seguro


        O avanço tecnológico trouxe consigo um desafio crescente: a disseminação desenfreada de fake news. Diante desse cenário, o Projeto de Lei 2.630/2020 surge como uma iniciativa promissora para lidar com essa questão premente. Ao propor medidas para identificar, controlar e punir a propagação deliberada de informações falsas, o PL representa um passo significativo na proteção da integridade da informação e na salvaguarda da sociedade contra os males da desinformação.


         Entretanto, a implementação de uma legislação sobre fake news deve ser conduzida com cautela. É fundamental encontrar um equilíbrio delicado entre combater a desinformação e preservar a liberdade de expressão e a privacidade dos cidadãos. Qualquer medida adotada deve evitar o risco de se tornar uma forma de censura ou vigilância excessiva, garantindo que os direitos individuais sejam protegidos.


         Nesse sentido, o debate em torno do PL 2.630/2020 deve ser pautado pela busca por esse equilíbrio, considerando, desse modo, não apenas a eficácia das medidas propostas, mas também seu impacto nas liberdades democráticas e nos direitos dos cidadãos. Somente com um diálogo aberto e inclusivo será possível construir uma legislação sólida e eficiente para lidar com as fake news.


        Portanto, o PL 2.630/2020 representa um passo na direção certa, mas ainda há um longo caminho a percorrer, de modo que é necessário continuar trabalhando para aprimorar e implementar políticas que protejam a integridade da informação online, ao mesmo tempo em que preservam os valores democráticos e os direitos individuais. Somente assim poderemos construir um ambiente online mais seguro e confiável para todos os cidadãos.


(Editorial sobre o PL 2.630/2020)




De acordo com o texto, qual é a natureza fundamental do editorial como um gênero textual?
Alternativas
Q3140339 Português

PL 2.630/2020: em direção a um ambiente online mais seguro


        O avanço tecnológico trouxe consigo um desafio crescente: a disseminação desenfreada de fake news. Diante desse cenário, o Projeto de Lei 2.630/2020 surge como uma iniciativa promissora para lidar com essa questão premente. Ao propor medidas para identificar, controlar e punir a propagação deliberada de informações falsas, o PL representa um passo significativo na proteção da integridade da informação e na salvaguarda da sociedade contra os males da desinformação.


        Entretanto, a implementação de uma legislação sobre fake news deve ser conduzida com cautela. É fundamental encontrar um equilíbrio delicado entre combater a desinformação e preservar a liberdade de expressão e a privacidade dos cidadãos. Qualquer medida adotada deve evitar o risco de se tornar uma forma de censura ou vigilância excessiva, garantindo que os direitos individuais sejam protegidos.


        Nesse sentido, o debate em torno do PL 2.630/2020 deve ser pautado pela busca por esse equilíbrio, considerando, desse modo, não apenas a eficácia das medidas propostas, mas também seu impacto nas liberdades democráticas e nos direitos dos cidadãos. Somente com um diálogo aberto e inclusivo será possível construir uma legislação sólida e eficiente para lidar com as fake news.


        Além disso, é importante destacar que o combate às fake news não é responsabilidade exclusiva do governo ou das plataformas digitais. Todos os setores da sociedade têm um papel a desempenhar nesse esforço conjunto. A educação digital, a promoção do pensamento crítico e o incentivo à responsabilidade individual são elementos-chave para enfrentar esse desafio de maneira eficaz.


        Portanto, o PL 2.630/2020 representa um passo na direção certa, mas ainda há um longo caminho a percorrer, de modo que é necessário continuar trabalhando para aprimorar e implementar políticas que protejam a integridade da informação online, ao mesmo tempo em que preservam os valores democráticos e os direitos individuais. Somente assim poderemos construir um ambiente online mais seguro e confiável para todos os cidadãos.

        

(Editorial sobre o PL 2.630/2020)

De acordo com o Texto 13, qual é a natureza fundamental do editorial como um gênero textual?
Alternativas
Q3140238 Português

PL 2.630/2020: em direção a um ambiente online mais seguro


        O avanço tecnológico trouxe consigo um desafio crescente: a disseminação desenfreada de fake news. Diante desse cenário, o Projeto de Lei 2.630/2020 surge como uma iniciativa promissora para lidar com essa questão premente. Ao propor medidas para identificar, controlar e punir a propagação deliberada de informações falsas, o PL representa um passo significativo na proteção da integridade da informação e na salvaguarda da sociedade contra os males da desinformação.    


        Entretanto, a implementação de uma legislação sobre fake news deve ser conduzida com cautela. É fundamental encontrar um equilíbrio delicado entre combater a desinformação e preservar a liberdade de expressão e a privacidade dos cidadãos. Qualquer medida adotada deve evitar o risco de se tornar uma forma de censura ou vigilância excessiva, garantindo que os direitos individuais sejam protegidos.   


        Nesse sentido, o debate em torno do PL 2.630/2020 deve ser pautado pela busca por esse equilíbrio, considerando, desse modo, não apenas a eficácia das medidas propostas, mas também seu impacto nas liberdades democráticas e nos direitos dos cidadãos. Somente com um diálogo aberto e inclusivo será possível construir uma legislação sólida e eficiente para lidar com as fake news


        Além disso, é importante destacar que o combate às fake news não é responsabilidade exclusiva do governo ou das plataformas digitais. Todos os setores da sociedade têm um papel a desempenhar nesse esforço conjunto. A educação digital, a promoção do pensamento crítico e o incentivo à responsabilidade individual são elementos-chave para enfrentar esse desafio de maneira eficaz.


        Portanto, o PL 2.630/2020 representa um passo na direção certa, mas ainda há um longo caminho a percorrer, de modo que é necessário continuar trabalhando para aprimorar e implementar políticas que protejam a integridade da informação online, ao mesmo tempo em que preservam os valores democráticos e os direitos individuais. Somente assim poderemos construir um ambiente online mais seguro e confiável para todos os cidadãos.


(Editorial sobre o PL 2.630/2020)

De acordo com o texto, qual é a natureza fundamental do editorial como um gênero textual?
Alternativas
Q3136258 Português

Fonte:https://br.pinterest.com/pin/210684088811539254/
O texto acima é um exemplo de uma primeira página de jornal. O jornal, por sua vez, é capaz de reunir diferentes gêneros textuais, dentre eles a notícia, que se organiza em torno: 
Alternativas
Q3136116 Português

Os gêneros textuais são fluidos e mutáveis, sempre se adequando às novas necessidades sociais, entretanto, todos eles obedecem às regras de natureza linguística e textual que se apresentam em todos os gêneros, ou seja, os tipos textuais são aplicados na construção e modificação dos gêneros textuais. Por meio dessa relação, é possível estabelecer-se combinações entre tipos e gêneros textuais. 


Sobre os principais tipos textuais e as possíveis relações entre os tipos e gêneros textuais, analise as alternativas e assinale a INCORRETA: 

Alternativas
Q3133796 Português
Os gêneros textuais são indispensáveis para o funcionamento eficiente da comunicação, pois ajudam a organizar o conteúdo de acordo com a finalidade e o contexto em que a linguagem é usada.
Nesse sentido, gêneros textuais podem ser descritos como:
Alternativas
Q3133151 Português
"Gêneros textuais estão relacionados às diversas formas de comunicação. Eles são usados em nossas práticas sociais diárias e possuem estruturas e objetivos específicos."
Analise:
"É um texto curto, com acontecimentos reais ou fictícios. Possui caráter narrativo ou argumentativo. Apresenta temática social, política ou cultural relacionada ao tempo da escrita, além de elementos do cotidiano, com base em uma perspectiva subjetiva."
(https://brasilescola.uol.com.br/redacao/generos-textuais.htm).

A característica apresentada acima, refere-se ao gênero textual denominado: 
Alternativas
Q3132251 Português

TEXTO I

Emoção em família: mãe e filha se formam juntas na faculdade


     As britânicas Vicki Lawlor e sua filha Hannah conquistaram seus diplomas na Universidade de Stirling, na Escócia As britânicas Vicki Lawlor, de 43 anos, e sua filha Hannah, de 21, se formaram juntas na Universidade de Stirling, na Escócia, nessa semana (06/2021). A emoção de receber o diploma ao mesmo tempo levou mãe e filha a planejar uma festa no jardim de sua casa para comemorar a dupla conquista.

     Em entrevista ao Daily Mail, Vicki disse: “É uma coincidência estarmos nos formando juntas. Levei um pouco mais de tempo do que Hannah para concluir meu curso e não foi uma jornada fácil, mas tê-la ao meu lado e compartilhar experiências semelhantes de cumprimento de prazos e conclusão de tarefas foi muito gratificante”.

    Vicki concluiu o bacharelado em Ciências, enquanto Hannah se formou como bacharel em Artes.

Disponível em: https://cutt.ly/nmeU6oV. Acesso em: 26 jun. 2021 (adaptado).


Leia atentamente o texto, e responda à questão.

Esse texto é:
Alternativas
Q3131297 Português
Uma galinha

        Parecia calma. Desde sábado encolhera-se num canto da cozinha. Não olhava para ninguém, ninguém olhava para ela. Mesmo quando a escolheram, apalpando sua intimidade com indiferença, não souberam dizer se era gorda ou magra. Nunca se adivinharia nela um anseio.

        Foi pois uma surpresa quando a viram abrir as asas de curto voo, inchar o peito e, em dois ou três lances, alcançar a murada do terraço. Um instante ainda vacilou — o tempo da cozinheira dar um grito — e em breve estava no terraço do vizinho, de onde, em outro voo desajeitado, alcançou um telhado. Lá ficou em adorno deslocado, hesitando ora num, ora noutro pé. A família foi chamada com urgência e consternada viu o almoço junto de uma chaminé. O dono da casa, lembrando-se da dupla necessidade de fazer esporadicamente algum esporte e de almoçar, vestiu radiante um calção de banho e resolveu seguir o itinerário da galinha: em pulos cautelosos alcançou o telhado onde esta, hesitante e trêmula, escolhia com urgência outro rumo. A perseguição tornou-se mais intensa. De telhado a telhado foi percorrido mais de um quarteirão da rua. Pouco afeita a uma luta mais selvagem pela vida, a galinha tinha que decidir por si mesma os caminhos a tomar, sem nenhum auxílio de sua raça. O rapaz, porém, era um caçador adormecido. E por mais ínfima que fosse a presa o grito de conquista havia soado.

        Sozinha no mundo, sem pai nem mãe, ela corria, arfava, muda, concentrada. Às vezes, na fuga, pairava ofegante num beiral de telhado e enquanto o rapaz galgava outros com dificuldade tinha tempo de se refazer por um momento. E então parecia tão livre.

        Estúpida, tímida e livre. Não vitoriosa como seria um galo em fuga. Que é que havia nas suas vísceras que fazia dela um ser? A galinha é um ser. É verdade que não se poderia contar com ela para nada. Nem ela própria contava consigo, como o galo crê na sua crista. Sua única vantagem é que havia tantas galinhas que morrendo uma surgiria no mesmo instante outra tão igual como se fora a mesma.

Clarice Lispector. Laços de Família.
Rio de Janeiro: Editora Rocco, 1998 (com adaptações).


Em relação a estruturas e recursos de estilo do trecho precedente de Uma galinha, julgue o item seguinte.


Pela forma como a autora utiliza recursos narrativos ficcionais e factuais, conclui-se que o texto pode ser caracterizado como uma reportagem. 

Alternativas
Q3128871 Português
Texto para responder à questão.

Lágrimas e testosterona

    Ele vivia furioso com a mulher. Por, achava ele, boas razões. Ela era relaxada com a casa, deixava faltar comida na geladeira, não cuidava bem das crianças, gastava demais. Cada vez, porém, que queria repreendê-la por uma dessas coisas, ela começava a chorar. E aí, pronto: ele simplesmente perdia o ânimo, derretia. Acabava desistindo da briga, o que o deixava furioso: afinal, se ele não chamasse a mulher à razão, quem o faria? Mais que isso, não entendia o seu próprio comportamento. Considerava-se um cara durão, detestava gente chorona.
    Por que o pranto da mulher o comovia tanto? E comovia-o à distância, inclusive. Muitas vezes ela se trancava no quarto para chorar sozinha, longe dele. E mesmo assim ele se comovia de uma maneira absurda.
   Foi então que leu sobre a relação entre lágrimas de mulher e a testosterona, o hormônio masculino. Foi uma verdadeira revelação. Finalmente tinha uma explicação lógica, científica, sobre o que estava acontecendo. As lágrimas diminuíam a testosterona em seu organismo, privando-o da natural agressividade do sexo masculino, transformando-o num cordeirinho. Uma ideia lhe ocorreu: e se tomasse injeções de testosterona? Era o que o seu irmão mais velho fazia, mas por carência do hormônio.
    Com ele conseguiu duas ampolas do hormônio. Seu plano era muito simples: fazer a injeção, esperar alguns dias para que o nível da substância aumentasse em seu organismo e então chamar a esposa à razão.
   Decidido, foi à farmácia e pediu ao encarregado que lhe aplicasse a testosterona, mentindo que depois traria a receita. Enquanto isso era feito, ele, de repente, caiu no choro, um choro tão convulso que o homem se assustou: alguma coisa estava acontecendo?
   É que eu tenho medo de injeção, ele disse, entre soluços. Pediu desculpas e saiu precipitadamente. Estava voltando para casa. Para a esposa e suas lágrimas.

(SCLIAR, Moacyr. Folha de S. Paulo, São Paulo. Em fevereiro de 2011. Cotidiano, C2. Fragmento.)
Em relação à estrutura composicional, pode-se afirmar quanto ao texto apresentado que:

I. Exemplifica um gênero da narrativa.
II. Pertence a um dos maiores gêneros da literatura.
III. Apresenta narrativa fictícia que demonstra reflexos de saberes populares e folclóricos.
IV. Seu conteúdo ficcional tem como principal objetivo proporcionar aprendizagem relacionada à moralidade.

Está correto o que se afirma apenas em
Alternativas
Q3128868 Português
Texto para responder à questão.

Infância hiperconectada cria “geração ansiosa”, diz o livro mais discutido do ano

    O psicólogo americano Jonathan Haidt, de 60 anos, acredita que a consciência humana está mudando – e para pior.
    Crianças e adolescentes, em particular, são hoje mais deprimidos e propensos à automutilação e ao suicídio do que eram na primeira década do século.
    A causa dessa transformação, diz Haidt, é o smartphone. Para a garotada, o celular equipado com apps de redes sociais teria se tornado um portal de bolso para a ansiedade e a depressão.       Haidt expõe essa tese em “A geração ansiosa – Como a infância hiperconectada está causando uma epidemia de transtornos mentais” (tradução de Lígia Azevedo; Companhia das Letras; 440 páginas), um dos livros mais discutidos do ano. Com lançamento no Brasil previsto para 16 de julho, a obra já está em pré-venda.
    “Existe um longo histórico de pesquisas acadêmicas interessantes sobre como ferramentas mudam nossa consciência”, Haidt disse à revista The New Yorker. Ele mesmo deu seguimento a essa tradição, ao atribuir às telinhas o súbito aumento da incidência de distúrbios mentais que, a partir de 2012, se verificou entre adolescentes americanos (sobretudo garotas).
   Essa epidemia também afetou Reino Unido, Canadá, Nova Zelândia, Austrália e países escandinavos, entre outras nações. Trata-se de um fato bem documentado.
   Apenas suas causas ainda são debatidas. Há quem as busque não nas inovações tecnológicas, mas em fatores sociais ou econômicos – por exemplo, na crise econômica dos subprimes, que, no entanto, eclodiu quatro anos antes, em 2008.
    Haidt argumenta que foi a dupla revolução do smartphone e das redes sociais que abriu essa crise na infância e na juventude. Essa hipótese é rigorosamente amparada em pesquisas e dados.
   O mal-estar da juventude apareceu no livro anterior de Haidt, The coddling of the American mind (2018), escrito em parceria com o advogado e ativista da liberdade acadêmica Greg Lukianoff. O tema ali era mais político – a crescente limitação à liberdade de pensamento nas universidades americanas –, mas Haidt já apontava para a fragilidade psicológica da geração que então ocupava os bancos universitários como um fator determinante para a ascensão do que mais tarde se chamaria de “cultura do cancelamento”.
    A “geração ansiosa” não se limita à análise do problema. O autor apresenta soluções simples para tirar as crianças da telinha, encorajando-as a voltar à rua para brincar com amigos. Também defende que os celulares sejam banidos da sala de aula e que o acesso às redes sociais seja legalmente limitado a maiores de 13 anos.
   Haidt não é um ludita pregando a demolição dos teares do Vale do Silício. Seu livro pretende apenas alertar legisladores, professores e sobretudo pais dos perigos a que crianças e adolescentes estão expostos quando têm acesso ilimitado a celulares e tablets.

(Disponível em: < https://braziljournal.com/. Acesso em: novembro de 2024. Adaptado.)
A partir do título atribuído ao texto, pode-se afirmar que:
Alternativas
Q3128861 Português
Texto para responder à questão.

Infância hiperconectada cria “geração ansiosa”, diz o livro mais discutido do ano

    O psicólogo americano Jonathan Haidt, de 60 anos, acredita que a consciência humana está mudando – e para pior.
    Crianças e adolescentes, em particular, são hoje mais deprimidos e propensos à automutilação e ao suicídio do que eram na primeira década do século.
    A causa dessa transformação, diz Haidt, é o smartphone. Para a garotada, o celular equipado com apps de redes sociais teria se tornado um portal de bolso para a ansiedade e a depressão.       Haidt expõe essa tese em “A geração ansiosa – Como a infância hiperconectada está causando uma epidemia de transtornos mentais” (tradução de Lígia Azevedo; Companhia das Letras; 440 páginas), um dos livros mais discutidos do ano. Com lançamento no Brasil previsto para 16 de julho, a obra já está em pré-venda.
    “Existe um longo histórico de pesquisas acadêmicas interessantes sobre como ferramentas mudam nossa consciência”, Haidt disse à revista The New Yorker. Ele mesmo deu seguimento a essa tradição, ao atribuir às telinhas o súbito aumento da incidência de distúrbios mentais que, a partir de 2012, se verificou entre adolescentes americanos (sobretudo garotas).
   Essa epidemia também afetou Reino Unido, Canadá, Nova Zelândia, Austrália e países escandinavos, entre outras nações. Trata-se de um fato bem documentado.
   Apenas suas causas ainda são debatidas. Há quem as busque não nas inovações tecnológicas, mas em fatores sociais ou econômicos – por exemplo, na crise econômica dos subprimes, que, no entanto, eclodiu quatro anos antes, em 2008.
    Haidt argumenta que foi a dupla revolução do smartphone e das redes sociais que abriu essa crise na infância e na juventude. Essa hipótese é rigorosamente amparada em pesquisas e dados.
   O mal-estar da juventude apareceu no livro anterior de Haidt, The coddling of the American mind (2018), escrito em parceria com o advogado e ativista da liberdade acadêmica Greg Lukianoff. O tema ali era mais político – a crescente limitação à liberdade de pensamento nas universidades americanas –, mas Haidt já apontava para a fragilidade psicológica da geração que então ocupava os bancos universitários como um fator determinante para a ascensão do que mais tarde se chamaria de “cultura do cancelamento”.
    A “geração ansiosa” não se limita à análise do problema. O autor apresenta soluções simples para tirar as crianças da telinha, encorajando-as a voltar à rua para brincar com amigos. Também defende que os celulares sejam banidos da sala de aula e que o acesso às redes sociais seja legalmente limitado a maiores de 13 anos.
   Haidt não é um ludita pregando a demolição dos teares do Vale do Silício. Seu livro pretende apenas alertar legisladores, professores e sobretudo pais dos perigos a que crianças e adolescentes estão expostos quando têm acesso ilimitado a celulares e tablets.

(Disponível em: < https://braziljournal.com/. Acesso em: novembro de 2024. Adaptado.)
Considerando o gênero textual apresentado, indique, a seguir, a alternativa que apresenta características a ele relacionadas.
Alternativas
Q3128533 Português

O texto seguinte servirá de base para responder a questão.


"Sou mineira, filha dessa cidade, meu registro informa que nasci no dia 29 de novembro de 1946. Essa informação deve ter sido dada por minha mãe, Joana Josefina Evaristo, na hora de me registrar, por isso acredito ser verdadeira. Mãe, hoje com os seus 85 anos, nunca foi mulher de mentir. Deduzo ainda que ela tenha ido sozinha fazer o meu registro, portando algum documento da Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte. Uma espécie de notificação indicando o nascimento de um bebê do sexo feminino e de cor parda, filho da senhora tal, que seria ela. Tive esse registro de nascimento comigo durante muito tempo. Impressionava-me desde pequena essa cor parda. Como seria essa tonalidade que me pertencia? Eu não atinava qual seria. Sabia sim, sempre soube que sou negra.


Quanto a ela ir sozinha, ou melhor, solitária para o cartório me registrar é uma dedução minha tirada de alguns fatos relativos à vida de meu pai. Aliás, de meu pai conheço pouco, pouquíssimo.


Em compensação, sei um pouco mais, daquele que considero como sendo meu pai. Dele sei o nome todo. Aníbal Vitorino e a profissão, pedreiro. Meu padrasto Aníbal, quando chegou a nossa casa, minha mãe cuidava de suas quatro filhas sozinha. Maria Inês Evaristo, Maria Angélica Evaristo, Maria da Conceição Evaristo e Maria de Lourdes Evaristo. Bons tempos, o de nós meninas. Minha mãe se constituiu, para mim, como algo mais doce de minha infância. O que mais me importava era a sua felicidade. Um misto de desespero, culpa e impotência me assaltava quando eu percebia os sofrimentos dela. Minha mãe chorava muito, hoje não. Tem uma velhice mais tranquila. Meu padrasto completou 86 anos e vive ao lado dela. [...]"



(EVARISTO, Conceição. Conceição Evaristo por Conceição Evaristo. Disponível em: http://www.letras.ufmg.br/literafro/autoras/188-conceicao-evaristo. Acesso em 31 out. 2024. Adaptado.) 

O texto desta questão pertence ao gênero textual Autobiografia. Esse gênero tem como função:
Alternativas
Respostas
141: B
142: X
143: C
144: D
145: A
146: D
147: A
148: D
149: D
150: D
151: A
152: D
153: B
154: B
155: D
156: E
157: B
158: A
159: A
160: A