Questões de Concurso
Sobre gêneros textuais em português
Foram encontradas 2.265 questões
TEXTO III
Corações mais saudáveis do mundo estão em
povoado indígena da Bolívia, indica estudo
Segundo a pesquisa, publicada na revista científica Lancet, praticamente nenhum tsimane tinha sinais de artérias entupidas ─ inclusive aqueles com idade avançada. “É uma população incrível” com dietas e estilos de vida radicalmente diferentes, dizem os pesquisadores.
Os tsimanes caçam a própria comida e comem o que plantam. Os responsáveis pelo estudo afirmam que, apesar de o restante do mundo não poder fazer o mesmo, há lições a serem aprendidas.
Atualmente, a população dos tsimanes está estimada em 16 mil. Eles caçam, pescam e cultivam alimentos ao longo do Rio Raniqui, na floresta amazônica da Bolívia. O estilo de vida deles guarda semelhanças com o da civilização humana de milhares de anos atrás. O povoado isolado exigiu esforço dos cientistas, que tiveram de pegar vários voos e até uma canoa para chegar ao local.
Como é a dieta tsimane – e no que ela difere da nossa?
• 17% da dieta dos tsimanes é uma combinação de carnes de porco selvagem, anta e capivara.
• 7% é composta de peixes frescos, como piranha e bagre.
• O restante vem da agricultura, como arroz, milho, mandioca e banana da terra.
• Eles também consomem grandes quantidades de frutas silvestres e nozes.
Ou seja...
• 72% das calorias diárias dos tsimanes vêm de carboidratos, comparado a 52% nos Estados Unidos.
• 14% vêm de gorduras, comparado com 34% nos Estados Unidos (eles também consomem muito menos gordura saturada).
• Tanto os tsimanes quanto os americanos consomem o mesmo porcentual de proteínas (14%), mas o povo indígena come mais carne magra.
Atividade física
Os tsimanes também são mais bem mais ativos – os homens dão 17 mil passos por dia, e as mulheres, 16 mil. Até os maiores de 60 anos têm um desempenho bem acima do recomendado: 15 mil. Especialistas aconselham que as pessoas deem pelo menos 10 mil passos diários para manter um estilo de vida saudável.
Quão saudável é o coração dos tsimanes?
Para chegar às conclusões, os cientistas observaram o nível de cálcio nas artérias dos tsimanes – que indica o sinal de entupimento dos vasos sanguíneos e o risco de parada cardíaca. Eles examinaram o coração de 705 integrantes do povoado indígena por meio de tomografia computadorizada – e também receberam a ajuda de um grupo de pesquisa com experiência na análise de corpos mumificados.
Aos 45 anos, quase nenhum tsimane tinha CAC nas suas artérias, comparado a 25% dos americanos. E quando atingiram a idade de 75 anos, dois terços dos tsimanes não apresentavam nenhuma formação de cálcio no coração, comparado a 80% dos americanos. Os pesquisadores vêm estudando o povo há muito tempo. Dessa forma, eliminaram a possibilidade de que os resultados do estudo pudessem ter sido afetados pela morte precoce de alguns dos integrantes da comunidade.
Um dos pesquisadores, Michael Gurven, professor de antropologia da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara, disse à BBC que o nível de cálcio no coração dos tsimanes «é muito menor do que em qualquer outra população do mundo para a qual existem dados». “As mulheres japonesas são as que chegam mais perto (dos tsimanes), mas mesmo assim há um oceano de distância”, acrescentou.
Os tsimanes também fumam menos, mas contraem mais infecções, o que potencialmente aumenta o risco de problemas cardíacos por causa da inflamação no corpo. Os pesquisadores acreditam, contudo, que vermes intestinais – que atenuam as reações do sistema imunológico – podem ser mais comuns nos organismos dos integrantes do povo indígena, ajudando, assim, a proteger seus corações.
O que os tsimanes podem nos ensinar?
“Diria que precisamos de uma abordagem mais holística em relação ao exercício físico do que simplesmente praticá-los no fim de semana”, diz Gurven. Para Gregory Thomas, do centro médico Long Beach Memorial na Califórnia, que também participou do estudo, “para manter a nossa saúde em dia, devemos nos exercitar muito mais do que nos exercitamos”. “O mundo moderno está nos mantendo vivos, mas a urbanização e a especialização da força de trabalho podem ser novos fatores de risco (para o coração)”, acrescentou o especialista. “Os tsimanes também vivem em pequenas comunidades, socializam bastante e mantêm uma perspectiva otimista para a vida”, completou.
Reações
Gavin Sandercock, professor de fisiologia clínica na Universidade de Essex, no Reino Unido, que não participou do estudo, elogiou as descobertas da pesquisa. “É uma excelente pesquisa com descobertas únicas”, afirmou. “Os tsinames obtêm 72% de sua energia dos carboidratos. E o fato de eles terem os melhores indicadores de saúde cardiovascular já registrados vai de encontro à suposição de que os carboidratos não são saudáveis.”
Já o professor Naveed Sattar, da Universidade de Glasgow, disse se tratar de “um maravilhoso estudo da vida real que reafirma tudo o que entendemos sobre como prevenir doenças coronarianas”. “Em outras palavras, ter uma dieta saudável pobre em gorduras saturadas e repleta de produtos não processados, não fumar e ser ativo ao longo da vida está associado a um risco menor de entupimento de vasos sanguíneos”, conclui.
As doenças cardiovasculares, como infarto e AVC, são a maior causa de mortes no Brasil – são mais de 700 paradas cardíacas por dia e 300 mil mortes por ano (um terço do total geral). A alta frequência do problema posiciona o Brasil entre os dez países com maior índice de mortes por doenças cardiovasculares.
GALLAGHER, James. Corações mais saudáveis do mundo estão em
povoado da Bolívia, indica estudo. BBC Brasil. 20 mar. 2017.
Disponível em:<http://www.bbc.com/portuguese/geral-39308331>
TEXTO I
Que medicina nos espera amanhã?
Temos medicina primária que não necessita de minhas críticas. Basta consultar a imprensa diariamente. Essa endemia na saúde, que persiste há décadas, mata milhares de vezes mais que as epidemias virais que hoje nos acometem. Os órgãos oficiais fazem campanhas, muitas vezes demagogicamente, apenas na hora da desgraça, não entendendo, ou não querendo entender, o significado da palavra prevenção, que é o pilar fundamental de qualquer sistema de saúde.
Metade da população não é servida por saneamento básico. Em compensação, a medicina terciária, da qual nos orgulhamos pela qualidade atingida, deveria estar em centros especializados devidamente localizados, espalhados pelo país, de preferência perto de centros universitários, de acordo com as necessidades regionais. Os gastos com tecnologia se reduziriam muito e equipamentos caríssimos não ficariam encaixotados, deteriorando-se, ou em mãos inexperientes, sem condições de ser utilizados. Por que, então, foram encaminhados a esses locais?
Para agravar, a maioria das escolas forma profissionais especializados, geralmente mais interessados em técnicas e métodos, e não em clínica. O contato com o paciente, o ouvir, o olhar, o palpar, o auscultar foram substituídos pelos exames complementares. O indivíduo transformou-se em algo secundário, meio de fazer funcionar uma máquina de produzir dinheiro, pois a medicina se transformou num grande negócio, nas mãos de empresários com enorme poder econômico. Julgo precisarmos mais de ética que de técnica. Mas ética “não dá dinheiro”.
A tecnologia transformou-nos numa tecnocracia dominadora amoral, quando deveria estar a serviço do paciente, comequilíbriodeinteressesenecessidades.Ela nos dá poder material que, quando não contrabalançado por um poder intelectual, pode tornar-se destrutiva.
A ciência também é amoral e deve ser digerida pela moral social. Quanto de tecnologia inútil se produz e se utiliza diariamente e quanto de ciência se publica para apenas engrossar currículos, sendo colocadas logo após na biblioteca do esquecimento, das inutilidades, sem colaborar em nada para uma saudável evolução? Quantos artigos médicos, além de aulas e conferências, são fraudados para convencer os menos informados a assumir determinadas condutas? Essa cultura já impregnou as academias médicas e as piores consequências se fazem sentir na qualidade do ensino e da assistência.
Como dizia Karl Marx, os setores que dominam o sistema financeiro, “ao fundarem a produção econômica na exploração da ciência aplicada, e ao monopolizarem em seu proveito as invenções tecnológicas”, caminhariam a passos largos para um domínio sem escrúpulos, amoral, das ciências. O paciente tornou-se um meio, e não um fim. Mesmo não sendo marxista, admiro a antevisão que teve esse pensador.
Demorará para sairmos desse padrão, em direção a uma situação eticamente aceitável, pois a mudança depende dos responsáveis por essa situação.
[...]
MADY, Charles. Que medicina nos espera amanhã? Estadão.
5 abr. 2016. Disponível em:<https://goo.gl/OFL5vW>
Risco pediátrico
O Tribunal de Contas da União (TCU) pediu acesso ao resultado de centenas de fiscalizações realizadas pelos Conselhos Regionais de Medicina (CRMs) ao longo de 2015. Em meio ao calhamaço de informações, um ponto se destaca: o descaso para com a infraestrutura da rede pública de atenção primária.
É justamente nas 41 mil unidades básicas de saúde (UBS) espalhadas pelo país que os pacientes deveriam ter acesso às ações de promoção da saúde, de prevenção de doenças e de cuidados.
Plenamente eficientes, ajudariam a reduzir a incidência de doenças e a controlar os problemas crônicos, com menos sequelas e mortes, esvaziando hospitais e, o que mais gostam de ouvir os gestores, diminuindo custos. Contudo, os dados mostram uma rede à margem de suas possibilidades. [...]
Das 1.266 UBS vistoriadas pelos CRMs em 2015, um total de 739 (58%) apresentava mais de 30 itens em desconformidade com o estabelecido pelas normas legais em vigor. Sob a responsabilidade dos atuais gestores, deixaram de cumprir exigências criadas pelo próprio Ministério da Saúde.
O descaso transparece em contextos incompatíveis com a dignidade humana e a responsabilidade técnica. Em 41% das unidades, não havia um negatoscópio (aparelho para avaliar uma radiografia) e a falta de estetoscópio foi registrada em 23% das fiscalizações.
A precariedade das instalações em locais onde a limpeza é fundamental também foi percebida. Em 3% das UBS visitadas não havia sanitários para os funcionários; em 8% faltavam pias ou lavabos; sabonete líquido e papel toalha eram itens faltantes em 16% das unidades.
A pediatria é uma das especialidades que mais sofrem com essa situação, que beira o surreal. No Brasil, há 35 mil especialistas na área. Pouco mais de 70% deles atuam na rede pública, principalmente nessa rede que carece de quase tudo. Mesmo assim, num contexto completamente adverso, eles têm se desdobrado para oferecer às crianças e adolescentes o mínimo do que precisam.
Por isso, cuidam da saúde de 50 milhões de brasileiros, com idades de 0 a 18 anos, que dependem exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS) para ter acesso a consultas médicas, exames, internações e cirurgias. No entanto, no cenário atual, profissionais e pacientes enfrentam situações-limite, que causam desespero nas famílias e impõem dilemas éticos aos médicos, cerceados por fatores que fogem ao seu controle.
Em nome da saúde e do bem-estar dos jovens brasileiros, essa realidade deve ser transformada com urgência. Nesse contexto, a assistência pediátrica de qualidade tem de ser vista como prioridade, pois se ocupa fundamentalmente daqueles que, mais que todos, precisam de uma sociedade que respeite a cidadania.
SILVA, Luciana Rodrigues; FERREIRA, Sidnei. Risco pediátrico. CFM.
Disponível em: <http://migre.me/wf9Wn>
Considerando a caracterização do gênero do qual o texto em questão participa e os diversos tipos textuais que podem constituí-lo, julgue os itens a seguir:
I. O texto possui passagens narrativas que estão a serviço dos objetivos do gênero do qual participa, como é possível observar no segundo parágrafo (linhas 04 a 10), quando o autor relata como aconteceu o crime do qual foi vítima;
II. O texto participa do gênero Artigo de Opinião, pois, a partir do relato do crime que sofreu, o autor expressa seu ponto de vista sobre determinado assunto, apresentando, inclusive, estatísticas que embasam seu posicionamento;
III. O texto participa do gênero Conto, pois, embora o autor relate acontecimentos reais da sua vida, utiliza recursos estilísticos tipicamente literários, como a atribuição metafórica de valor monetário à vida, além de possuir diversas sequências narrativas;
IV. O texto possui passagens opinativas que estão a serviço dos objetivos do gênero do qual participa, como é possível observar no quinto parágrafo (linhas 25 a 36), no qual o autor fala sobre sua atitude após o crime.
Comida: não deixe estragar
1 Para evitar o desperdício de alimentos ou uma possível contaminação que afetaria a sua saúde, é preciso colocar em prática atitudes que começam na hora da compra e se estendem à forma como você armazena e prepara em casa. Aprenda!
2 Restos de comida no lixo prejudicam o bolso e o meio ambiente. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, 1,3 bilhão de toneladas de alimentos são jogados fora por ano. No Brasil, cada habitante produz 1 kg de lixo por dia, sendo 58% deste orgânico.
3 Para acabar com o desperdício, é preciso adotar certas medidas. Entre elas, planejar as compras com listas adequadas ao número de moradores da casa, cozinhar a quantidade certa e guardar as sobras na geladeira ou no freezer - organizando tudo de maneira correta, a fim de aumentar a conservação e a durabilidade dos produtos, além de prevenir doenças devido ao consumo de comidas estragadas.
4 O bom senso é excelente conselheiro para saber se os alimentos se apresentam em bom estado: olhe, cheire e prove. Mas cuidado: algumas alterações estão fora do alcance dos sentidos. A contaminação microbiana é a mais conhecida e perigosa. Muitas vezes invisível, não tem cheiro, nem sabor. É causada por bactérias, bolores e outros microrganismos que se desenvolvem nos alimentos e podem originar doenças. Os principais culpados são Salmonella, Listeria e Campylobacter. Todos afetam o funcionamento do aparelho digestivo e podem provocar vômitos e diarreias, entre outros sintomas.
5 Quando os microrganismos, como o Clostridium botulinum e o estafilococos, produzem toxinas, podem surgir intoxicações alimentares com consequências mais graves: morte dos tecidos atingidos e paralisia dos músculos são exemplos. Porém vale destacar que nem sempre uma comida contaminada causa doenças: depende da quantidade de germes e da resistência da pessoa que está comendo.
6 Saiba, ainda, que as alterações físicas e químicas reduzem a qualidade do alimento: afetam o aspecto, a textura, o paladar e, às vezes, o valor nutritivo. Mas, em geral, não desencadeiam problemas de saúde. Essas alterações são provocadas, por exemplo, pela temperatura, pelo ar ou por enzimas, deixando, por exemplo, o mel cristalizado, a alface murcha ou a manteiga rançosa.
7 O bom é que essa degradação dos alimentos pode ser abreviada com boas práticas e temperaturas de conservação adequadas. Na cozinha, siga à risca as regras de higiene. Manipule os alimentos com as mãos e os utensílios limpos e não corte, por exemplo, o frango e os legumes sem lavar a faca, para evitar contaminação cruzada.
8 Cozinhe bem todos os pratos, para eliminar os microrganismos. As toxinas produzidas por alguns deles resistem ao calor e não há como eliminá-las. Caso a comida preparada sobre, espere esfriar e guarde na geladeira. Saiba que a temperatura sempre sobe quando colocamos novos alimentos dentro dela, mesmo que estejam à temperatura ambiente. Porém com comida quente a elevação é maior. Assim, além de pôr em risco a conservação do alimento, pode danificar o aparelho.
9 Na geladeira ou na despensa, uma boa dica é colocar os produtos com validade mais próxima na parte da frente. Dessa maneira, serão os primeiros a serem pegos na hora em que você quiser consumilos. Já o período de conservação depende do tipo de alimento. Em geral, os mais ácidos e secos resistem mais e, em muitos casos, não precisam de refrigeração. Os perecíveis - como carne, peixe, frutos do mar e bolos com recheio - devem ser guardados na geladeira e consumidos entre um e três dias. As sobras de refeições aguentam alguns dias, se forem bem cozidas e guardadas, no máximo a 4ºC.
Texto adaptado de Revista Proteste Saúde, número 61, março
2017, p. 10-12.
TEXTO
TANTO PRÓ E TANTO CONTRA
Há um intenso debate sobre se a economia brasileira já saiu da recessão ou, se não, quando isso pode acontecer. Recessão quer dizer queda do Produto Interno Bruto (PIB), quando um país produz em um determinado período menos do que em momentos anteriores. Isso aconteceu em 2015, quando o PIB caiu espantosos 3,8% e em 2016, provável redução do mesmo tamanho. Portanto, quase 9% de perda de produto em dois anos.
O desastre estará superado apenas quando a economia recuperar essa perda. Quando, por exemplo, a taxa de desemprego voltar para a casa dos 6%. Vai levar longo tempo. Mas o caminho começa com uma zeragem: quando o PIB parar de cair, teremos deixado a recessão para trás e iniciado o processo de recuperação.
Isso já estaria acontecendo nesse ano de 2017?
Carlos Alberto Sardenberg , O Globo, 09/02/2017
“Recessão quer dizer queda do Produto Interno Bruto (PIB), quando um país produz em um determinado período menos do que em momentos anteriores”.
Esse segmento do primeiro parágrafo exemplifica um texto do gênero:
Texto
Portas fechadas
A história oferece uma certeza: não tem passaporte para o futuro econômico e social o país que não for capaz de fazer parte do mundo da inovação. Para ingressar neste mundo, o país deve abrir pelo menos cinco portas.
A primeira é ter universidades e institutos de pesquisas, públicos e privados, com padrões internacionais, convivendo com o setor produtivo em um robusto Sistema Nacional do Conhecimento e da Inovação, interagindo com os qualificados centros científicos e tecnológicos do mundo.
A segunda envolve as empresas. Não entra no mundo da inovação o país cujos empresários se limitem a produzir apenas o que é inventado fora, porque têm aversão a investimentos em pesquisas e desenvolvimento ou porque o setor público despreza a inovação ao não vincular seus financiamentos à criatividade da empresa. Para entrar no mundo da inovação é necessário que os incentivos fiscais e financeiros exijam contrapartida criativa das empresas beneficiadas.
A terceira porta trata da estabilidade institucional. Não é possível o país ser inovador se professores e pesquisadores são obrigados a parar por falta de recursos ou salários ou se leis instáveis mudam constantemente as regras de funcionamento dos centros de pesquisa. Da mesma forma, não há como um país ser inovador se seus empresários não souberem quais leis nortearão o funcionamento da economia, a política fiscal, o grau de abertura comercial e de intervenção estatal.
Uma quarta e decisiva porta para o mundo da inovação é a educação básica de qualidade máxima e equivalente para todas as crianças e jovens. Cada criança que não aprende idiomas, regras básicas das ciências e da matemática é um capital inovador interrompido.
Mas a mais necessária porta para o mundo da inovação é a vontade nacional de dar um salto para ingressar no seleto conjunto de países inovadores. O Brasil não parece ter a vontade para fazer hoje os sacrifícios necessários para entrar em um mundo inovador, daqui a 20 ou 30 anos. Nossa mentalidade imediatista e obscurantista não olha a longo prazo, nem dá valor aos produtos da inteligência, mantendo fechadas as portas que nos separam do mundo da inovação.
(Cristovam Buarque)
A METAMORFOSE
A barata acordou um dia e viu que tinha se transformado num ser humano. Começou a mexer suas patas e descobriu que só tinha quatro, que eram grandes e pesadas e de articulação difícil. Acionou suas antenas e não tinha mais antenas. Quis emitir um pequeno som de surpresa e, sem querer, deu um grunhido. As outras baratas fugiram aterrorizadas para trás do móvel. Ela quis segui-las, mas não coube atrás do móvel. O seu primeiro pensamento humano foi: que horror! Preciso me livrar dessas baratas!
Pensar, para a ex-barata, era uma novidade. Antigamente ela seguia o seu instinto. Agora precisava racionar. Fez uma espécie de manto da cortina da sala para cobrir sua nudez. Saiu pela casa, caminhando junto à parede, porque os hábitos morrem devagar. Encontrou um quarto, um armário, roupas de baixo, um vestido. Olhou se no espelho e achou-se bonita. Para um ex-barata. Maquilou-se. Todas as baratas são iguais, mas uma mulher precisa realçar a sua personalidade. Adotou um nome: Vandirene. Mais tarde descobriu que só um nome não bastava. A que classe pertencia? Tinha educação? Referência? Conseguiu, a muito custo um emprego como faxineira.
Sua experiência de barata lhe dava acesso à sujeiras mal suspeitadas, era uma boa faxineira. Difícil era ser gente. As baratas comem o que encontram pela frente. Vandirene precisava comprar sua comida e o dinheiro não chegava. As baratas se acasalam num roçar de antenas, mas os seres humanos não. Se conhecem, namoram, brigam, fazem as pazes, resolvem se casar, hesitam. Será que o dinheiro vai dar? Conseguir casa, móveis, eletrodomésticos, roupa de cama, mesa e banho. A primeira noite. Vandirene e seu torneiro mecânico. Difícil. Você não sabe nada, bem? Como dizer que a virgindade é desconhecida entre as baratas? As preliminares, o nervosismo. Foi bom? Eu sei que não foi. Você não me ama. Se eu fosse alguém você me amaria. Vocês falam demais, disse Vandirene. Queria dizer vocês, os humanos, mas o marido não entendeu; pensou que era vocês os homens. Vandirene apanhou. O marido a ameaçou de morte. Vandirene não entendeu. O conceito de morte não existe entre as baratas. Vandirene não acreditou. Como é que alguém pode viver sabendo que ia morrer?
Vandirene teve filhos. Lutou muito. Filas do INPS. Creches. Pouco leite. O marido desempregado. Finalmente, acertou na esportiva. Quase quatro milhões. Entre as baratas, ter ou não ter quatro milhões não faria diferença. A barata continuaria a ter o mesmo aspecto e a andar com o mesmo grupo. Mas Vandirene mudou. Empregou o dinheiro. Trocou de bairro. Comprou casa. Passou a se vestir bem, a comer e dar de comer de tudo,a cuidar onde colocava o pronome. Subiu de classe. (Entre as baratas, não existe o conceito de classe). Contratou babás e entrou na PUC. Começou a ler tudo o que podia. Sua maior preocupação era a morte. Ela ia morrer. Os filhos iam morrer. O marido ia morrer – não que ele fizesse falta. O mundo inteiro, um dia, ia desaparecer. O sol. O Universo. Tudo. Se espaço é o que existe entre a matéria, o que é que fica quando não há mais matéria? Como se chama a ausência do vazio? E o que será de mim quando não houver mais nem o nada? A angústia é desconhecida entre as baratas. Vandirene acordou um dia e viu que tinha se transformado de novo numa barata. Seu penúltimo pensamento humano foi, meu Deus, a casa foi dedetizada há dois dias! Seu último pensamento humano foi para o seu dinheiro rendendo na financeira e o que o safado do marido, seu herdeiro legal, faria com tudo. Depois desceu pelo pé da cama e correu para trás de um móvel. Não pensava mais em nada. Era puro instinto. Morreu em cinco minutos, mas foram os cinco minutos mais felizes da sua vida. Kafka não significa nada para as baratas.
VERISSIMO, Luis Fernando. A Metamorfose. In: Mais Comédias para ler na escola. Objetiva, 2008.
O texto A Metamorfose, de Luis Fernando Veríssimo,é qualificada como exemplo de crônica. A caracterização do texto como crônica ocorre porque:
O aluno surdo na escola regular: imagem e ação do professor
RESUMO – Com o objetivo de conhecer a imagem que professores de escola regular têm da surdez e do aluno surdo, bem como a influência desta imagem na sua prática pedagógica, procedeu-se à análise de entrevistas e observações em sala de aula de sete professoras do Ensino Fundamental regular, que têm aluno surdo na classe. A interpretação dos dados fundamentou-se na Análise de Conteúdo, proposta por Bardin (1977), tendo sido estabelecidas as seguintes categorias temáticas: intelectual, comportamental, aprendizagem e linguagem. A análise dos dados evidenciou que a dificuldade de linguagem da criança surda leva, muitas vezes, o professor a construir uma imagem equivocada do aluno surdo a qual se reflete nas suas ações em relação às crianças. Assim, embora considerem os alunos inteligentes, bem comportados e com potencial para aprendizagem, todas as professoras pareciam tratar os alunos como tendo muita dificuldade para acompanhar o processo escolar.
Palavras-chave: surdez; imagem (Psicologia); surdos-educação.
PAIVA e SILVA, A. B.de & PEREIRA, M. C. C. O aluno surdo na escola regular: imagem e ação do professor. Revista Psicologia: Teoria e Pesquisa. maio-ago. 2003, vol. 19, n. 2, p. 173-176.
O texto é um exemplo do gênero textual resumo de trabalho
científico. Assinale a alternativa em que se apresenta o resultado
da análise dos dados coletados pelas autoras.
A VISITA
Walcyr Carrasco
Há pessoas que ficam guardadas na alma da gente. De repente minha memória ilumina um sorriso, uma palavra, um gesto de alguém que não vejo há muito tempo. No último Dia das Mães, resolvi rever minha antiga professora de ciências, dona Thelma. Estudei com ela no Instituto de Educação Monsenhor Bicudo, em Marília, no interior de São Paulo, no tempo em que o ensino médio era chamado de ginásio. Mas perdi o contato: fui criado na cidade somente até os 15 anos. Quando minha família se mudou, veio completa. Não deixamos parentes a quem visitar. Durante mais de quarenta anos, não voltei a Marília. Sempre me lembrava de dona Thelma, mas, contraditoriamente, nunca a visitei.
Uma ex-colega de classe, Malau, que também só revi recentemente, localizou seu endereço. Minha mãe raramente comparecia às festas escolares quando eu era garoto. Em um Dia das Mães os alunos receberam rosas para oferecer. Entreguei a minha a dona Thelma, que, às vezes, eu chamava de mãe, um pouco por malandragem. Certa vez, na fila do cinema, dona Thelma chegou com o filho pequeno e me pediu para comprar seu ingresso. O funcionário proibiu:
— Não pode comprar, ela tem de ir para o fim da fila!
Gritei, muito espertinho: — Mas ela é minha mãe!
— Ah, se é mãe, pode!
Passei a chamá-la de mãe e sempre recebia um sorriso cúmplice de volta!
Em suas aulas contemplei a beleza das células através do microscópio. Apaixonei-me pela teoria da evolução das espécies. Ela me ensinou a pesquisar por conta própria, já que gostava tanto do tema.
Assim, um pouco me sentindo como um molequinho, apareci de surpresa em sua casa, em Marília. Em dúvida sobre o presente adequado, levei uma caixa de bombons e o meu livro Anjo de Quatro Patas. Ela me recebeu com o mesmo sorriso e os gestos leves, divertidos, juvenis apesar dos seus 77 anos.
— Nem estou arrumada! Entre, entre!
Adorou os bombons, autografei o livro. Serviu café com bolo. Quis saber da minha carreira. Eu, de sua vida: teve cinco filhos. O mais velho mora nos Estados Unidos, a mais nova com ela. Aposentada, dedica-se a seu marido, João Décio, professor de literatura da Unesp, autor de quatro livros.
Falou da juventude, dos tempos de pobreza durante a faculdade. Da vida de professora. Lembramos meus tempos de escola. Muitas vezes, na época, eu a visitava. Ela me dava xerox das poesias que o marido usava como material para as aulas na universidade. Assim conheci Fernando Pessoa e Florbela Espanca.
Mas durante todo o tempo da visita tinha a sensação de que deveria ter levado um presente mais valioso. De repente confessei:
— Odiamos quando você começou a nos dar aulas!
— Verdade?
— Ainda me lembro da primeira prova. Decorei tudo. Só caíram perguntas que exigiam raciocínio! Foi um desastre.
Ela riu.
— Sempre fui contra a decoreba.
— Depois eu comecei a juntar uma coisa com a outra.Você também me mostrou como fazer pesquisa.
— Fiz uma pausa, procurando as palavras certas.
Tudo o que aprendi com você me acompanha até agora, Thelma. Sabe, você me ensinou a pensar. Eu não teria me tornado quem sou hoje se você não tivesse sido minha professora.
Compreendi que meu verdadeiro presente estava além do material. Era meu profundo agradecimento por ela ter existido em minha vida. O brilho de seus olhos me disse quanto se sentiu gratificada. Eu também, pela oportunidade de dizer que ela se tornou inesquecível não só para o garoto que eu fui, mas também para o homem em que me transformei.
Disponível em: <http://vejasp.abril.com.br/cidades/a-
visita/>. Acesso em: 13 jan 2017.
MICHAEL STIVELMAN
Empresário, 84 anos. É presidente do banco Cédula. Sobrevivente
do Holocausto, escreveu os livros A marca dos genocídios e A marcha.
“Eu não só vi o Holocausto: eu o vivi. E sobrevivi para contar. Fui um dos poucos de uma família de 79 pessoas. Foi em julho de 1941 que os soldados alemães chegaram ao nosso povoado: Secureni, que ficava na então Bessarábia (hoje território da Ucrânia). Não demorou a vir pelos altofalantes a ordem para que todos os judeus se reunissem na manhã seguinte, na praça próxima ao cemitério judaico. Devíamos levar nossos pertences e mantimentos. Quem não obedecesse seria fuzilado. Começou ali nossa marcha de 1.500 quilômetros - que fizemos sujos, doentes e famintos. Marchar longas distâncias era uma das formas que os nazistas usavam para exterminar os judeus. Aprendemos a aceitar a morte, de tão corriqueira.
Como sobrevivi? Graças aos valentes do povo ucraniano, que correram risco para salvar inocentes. Já em outubro daquele ano, na Ucrânia, minha mãe perdeu as forças em decorrência do tifo, uma doença comum durante a guerra. Conseguimos nos esconder numa vala. Com medo de que fôssemos descobertos, ela me pediu para abandoná-la. A decisão era complicada - me salvar, abandonando-a, ou ficar e correr o risco de ser capturado e morto. Eu fiquei. Ao anoitecer, vimos luzes em um povoado. Batemos numa porta, que foi aberta por uma mulher e sua filha, as duas cristãs. Comovidas com nossa história, elas nos acolheram e ficamos escondidos.
Em setembro de 1941, eu, minha mãe e meu pai passávamos perto de uma floresta. Lembro ainda das trincheiras cavadas e do cheiro de corpos em decomposição. Soldados convocavam homens mais velhos para ajudar na limpeza da estrada. Era mentira. Meu pai foi. Estava magro, com semblante abatido - lembro ainda que conversou alguns minutos com minha mãe. Beijou-me várias vezes e pediu que cuidasse dela. Nunca mais o vi. Foi fuzilado e jogado numa vala comum. Em 1944, depois de o Exército russo libertar os judeus, voltei ao lugar onde ele tinha morrido. Era primavera e tudo florescia na floresta - mas eu só me lembrava do dia cinza de anos atrás. Disse então um kadish, a prece milenar dos órfãos e enlutados judeus, com três anos de atraso.
Mas este não é um depoimento só de tristeza. Hitler quis construir um império de 1.000 anos. Não durou nem 15. Eu pude reconstruir minha vida no Brasil, esta terra abençoada. Minha história é prova de que é possível seguir em frente, mesmo que tenha lembranças tão terríveis como a do Holocausto. Como se faz isso? Vivendo um dia de cada vez, apoiando-se no amor que sentimos por nossa família. Não me esqueci do que passei. Ainda tenho pesadelos. Mas isso não encerrou minha vida. Encontrei o amor, tive meus filhos e reencontrei a alegria. Vim para o Brasil com minha mãe, quando eu tinha 20 anos. Parte de minha família já tinha se estabelecido no Recife e no Rio de Janeiro desde 1906. Escolhi o Rio. Quando cheguei, trabalhei como vendedor ambulante, batendo de porta em porta. Ainda me lembro da primeira venda: um cordão de ouro com uma medalha e um relógio. A dívida era registrada num cartão, com a data da cobrança.
Passei 50 anos sem falar nesse assunto. Hoje, penso que tenho obrigação de divulgar as atrocidades cometidas pelos nazistas contra os judeus, ciganos e outros povos. Histórias como a que vivi são uma bandeira para lutarmos por um mundo que respeite as diferenças.”
Adaptado de http://revistaepoca.globo.com/Vida-util/noticia/2012/01/vivi-depois-do-holocausto.html
BOLO DE LIQUIDIFICADOR
Ingredientes
• 3 ovos grandes
• 1 xícara (chá) de açúcar
• 2 xícaras (chá) farinha de trigo
• 1 xícara (chá) de chocolate em pó ou achocolatado
• 1/2 xícara (chá) de óleo
• 1 colher (sopa) de fermento em pó cheia
• 1 colher (chá) de bicarbonato
• 1 pitada de sal
• 2 xícara (chá) de água quente
Cobertura
• 1 lata de leite condensado
• 3 colheres de Nescau
• 1/2 caixinha de creme de leite
• Coco ralado ou chocolate granulado
Como fazer
No liquidificador, coloque os ovos, açúcar e óleo.
Bata um pouco, acrescente a água aos poucos até ficar bem clarinho, uns 2 minutos.
À parte, coloque em uma vasilha a farinha, o chocolate em pó e o sal, misture bem e reserve.
De volta ao liquidificador, depois que ficou branquinho, coloque aos poucos a mistura da farinha e chocolate, bata bem.
Depois de bem batido, coloque a colher de fermento em pó e a colher de bicarbonato, bata o mínimo no liquidificador, só para misturar.
Desligue e coloque essa mistura numa forma média untada com margarina e polvilhada com farinha de trigo.
Coloque o bolo para assar em temperatura de 180°, por mais ou menos 40 minutos, dependendo de cada forno.
Esse bolo cresce e não murcha, quando sentir o cheirinho de bolo assado está quase pronto, espete um garfo, se sair limpo, está assado.
Esse bolo fica super macio e bem cozido por dentro.
Cobertura
Coloque o leite condensado em uma panela, junte o achocolatado, mexa bem até dar o ponto de brigadeiro, depois coloque o creme de leite, vai ficar bem líquido.
Continue mexendo até o ponto de brigadeiro de novo.
Depois de pronto, jogue em cima do bolo.
Polvilhe o coco hidratado por cima (opcional).
Adaptado de http://tvg.globo.com/receitas/bolo-de-liquidificador
Cientista ensina como ter sucesso no trabalho ao controlar distração digital
Não há dúvidas de que as redes sociais e outras ferramentas [aviso de mensagem no WhatsApp] de comunicação digital facilitem a vida moderna. O problema é que ascensão e a onipresença dessas ferramentas [alerta de marcação em foto no Facebook] transformou em cacos a atenção de trabalhadores.
Quem afirma isso é o americano Cal Newport, cientista que estuda o impacto da tecnologia no trabalho. Seguindo a tendência das chamadas filosofias “deep”, de tentar isolar as distrações da vida moderna, ele criou o “deep work” (trabalho profundo, em tradução livre). […]
Newport afirma que as redes sociais e a tendência geral à hiperconectividade estão prejudicando carreiras e impedindo o sucesso e a excelência profissional.
De modo geral, o cientista da computação diz que atividades superficiais na internet, como checar e-mails constantemente ou ver as atualizações na timeline de uma das inúmeras redes sociais existentes, tomam um tempo excessivamente grande em troca de muito pouco.
Segundo Newport, a tentativa de fazer muitas coisas ao mesmo tempo leva a um trabalho com menor valor agregado e facilmente replicável. Ele chama isso de “shallow work” (trabalho superficial).
Do outro lado, o “deep work” seria a realização de atividades profissionais em estado de concentração, o que levaria as capacidades cognitivas ao limite e, consequentemente, produziria conhecimento, valor e resultados dificilmente replicáveis.
Uma das bases do pensamento de Newport é a questão da atenção residual. Segundo ele, à medida que alternamos entre atividades, uma parcela de nossa atenção permanece na tarefa original.
A ideia é partilhada por Dora Góes, psicóloga do Programa de Dependências Tecnológicas do Hospital das Clínicas da USP. “Essa história de cérebro multitarefa não existe. Se estou fazendo várias coisas, haverá foco maior em uma delas e as outras ficarão deficitárias. Mas achamos que damos conta”.
O resultado disso, tanto para a psicóloga quanto para Newport, é uma menor capacidade para aprender novas coisas. “Isso interfere na nossa memória a longo prazo, na nossa concentração”, afirma Góes. “A mente que está agitada entre um aplicativo e outro é muito diferente de uma que está concentrada lendo um texto mais profundo”. […]
(Folha de S. Paulo, 10 jan. 2017. Adaptado)
O que a vitória de Donald Trump pode ensinar à esquerda global
Após as eleições municipais, velhos clichês voltaram à tona, como que o povo brasileiro não sabe votar porque é ignorante e manipulado. A coisa fica mais complexa quando vemos que essa fórmula, em tese, não se aplicaria para o eleitorado do país mais rico do mundo que votou em Donald Trump, nem para a classe trabalhadora britânica, que virou pró-Brexit.
Tal como no início do século XX, a onda conservadora é uma reação global às diversas insurgências de massas por mudanças radicais que caracterizaram o século XXI.
O quadro piora quando pensamos que as esquerdas e o campo progressista de um modo geral estão muito mais fragmentados hoje, em comparação com a onda fascista do século passado.
O cenário do século XXI, portanto, não é uma cópia do século XX. Da China ao Brasil, passando pelas potências do norte global, o neoliberalismo atual se caracteriza justamente pelo esvaziamento da vontade política e democrática em meio ao pleno desmonte da classe trabalhadora.
O capitalismo se transformou e atua agora de forma muito mais molecular e inteligente do que no passado. O resultado disso é que a subjetividade política é substituída pelo niilismo político e a aversão à política institucional.
Essa revolução subjetiva, em curso no mundo todo, é o que precisamos entender, pois ela esvazia o senso de coletivo e aniquila a identidade de classe trabalhadora. […]
(<http://www.cartacapital.com.br/internacional/o-que-a-vitoria-de-donald-trump-pode-ensinar-a-esquerda-global>
1. Trata-se de um texto argumentativo, em que o autor expressa sua opinião sobre o assunto. 2. Trata-se de um texto descritivo, por apresentar uma descrição do novo órgão do corpo humano. 3. Trata-se de um texto informativo, caracterizado por informações dadas pelo autor, sem contudo expressar a própria opinião sobre o assunto.
Assinale a alternativa correta.