“No Brasil, educação de má qualidade submete indivíduos a situação análoga à
escravidão”
Não há dúvidas de que o capital humano é central no processo dos desenvolvimentos
econômico e social de qualquer país — e a educação é um dos pilares da formação de um
capital humano qualificado. O filósofo e economista Eduardo Giannetti alerta: a falta de
acesso à educação de qualidade e ao domínio da linguagem tolhe as capacidades de
expressão e articulação de pensamentos, desejos e escolhas dos indivíduos. Segundo ele,
esse cenário restringe liberdades.
“Não adianta dizer a uma pessoa analfabeta que ela é livre para ler Machado de Assis,
Nelson Rodrigues ou Guimarães Rosa. Assim como dizer a alguém que está passando
fome de que ele é livre para ir ao melhor restaurante da cidade. É uma liberdade
completamente vazia”, explica. “A liberdade genuína, profunda, ocorre quando a pessoa
tem meios para exercer a escolha de ler, de gastar o dinheiro dessa ou daquela maneira.
Caso contrário, é realmente uma piada de mau gosto dizer que um analfabeto é livre para
fazer o que quer. Ele não é”, completa.
De acordo com Giannetti, a falta de acesso à educação no Brasil faz com que muitos vivam
em uma situação análoga à escravidão. “É a escravidão da ignorância. O escândalo da má
qualidade do ensino no Brasil é o análogo do século 21 à escravidão. É da mesma ordem
de gravidade”, explica.
(Trecho adaptado de entrevista de Eduardo Gianetti para Renato Galeno)
(https://umbrasil.com/videos/no-brasil-educacao-de-ma-qualidade-submete-individuos-a-situ
acao-analoga-a-escravidao/)