Questões de Concurso Sobre noções gerais de compreensão e interpretação de texto em português

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Q2497686 Português

Leia o texto I abaixo que serve de referência para análise da questão.


Um apólogo


     Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha:
    – Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo?
    – Deixe-me, senhora.
    – Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça.
   – Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros.
    – Mas você é orgulhosa.
    – Decerto que sou.
    – Mas por quê?
    – É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os cose, senão eu?
    – Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora que quem os cose sou eu, e muito eu?
    – Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou feição aos babados...
  – Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço e mando...
    – Também os batedores vão adiante do imperador.
    – Você é imperador?
   – Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto... Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana – para dar a isto uma cor poética.
    E dizia a agulha:
    – Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima...
    A linha não respondia; ia andando. Buraco aberto pela agulha era logo enchido por ela, silenciosa e altiva, como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha, vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte; continuou ainda nessa e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile. Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vestido da bela dama, e puxava de um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha para mofar da agulha, perguntou-lhe:
   – Ora, agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas? Vamos, diga lá.
  Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha:
   – Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico.
   Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça:
    – Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária! 

Machado de Assis
É correto afirmar sobre o relato do texto I que:
Alternativas
Q2497657 Português

Texto 3


Acredito que a produção de arte está diretamente ligada a quem você é, ao local que ocupa no mundo. Neste sentido, os objetos que me rodeiam e que, muitas vezes, estiveram presentes durante minha formação – e estão, ainda hoje, em minha vida – são importantes para pensar quem eu sou, qual minha relação com a sociedade na qual eu vivo. Sendo assim, objetos como pequenas garrafas, tecidos, linhas, agulhas e atos como costurar me ajudam a construir uma narrativa. E posso ampliar essa narrativa se penso que os objetos, simbolicamente falando, têm histórias próprias. Um exemplo: minha mãe foi bordadeira quando eu era criança. Isso ajudava a pagar nossos estudos. Além disso, ela fazia nossos vestidos, nossas roupas, para economizar. O bordado ou a costura, como trabalho, nunca foram profissões valorizadas e estão historicamente ligados às mulheres e a determinadas camadas sociais, geralmente as mais baixas. Eleger a costura como um dos elementos da minha poética fala muito sobre quem eu sou e de onde eu vim.
[…]


Entrevista com Rosana Paulino. Revista do centro de pesquisa e Formação, São Paulo, SESC, n. 5, p. 232-233, set. 2017. (fragmento)

A artista:
Alternativas
Q2497656 Português

Texto 3


Acredito que a produção de arte está diretamente ligada a quem você é, ao local que ocupa no mundo. Neste sentido, os objetos que me rodeiam e que, muitas vezes, estiveram presentes durante minha formação – e estão, ainda hoje, em minha vida – são importantes para pensar quem eu sou, qual minha relação com a sociedade na qual eu vivo. Sendo assim, objetos como pequenas garrafas, tecidos, linhas, agulhas e atos como costurar me ajudam a construir uma narrativa. E posso ampliar essa narrativa se penso que os objetos, simbolicamente falando, têm histórias próprias. Um exemplo: minha mãe foi bordadeira quando eu era criança. Isso ajudava a pagar nossos estudos. Além disso, ela fazia nossos vestidos, nossas roupas, para economizar. O bordado ou a costura, como trabalho, nunca foram profissões valorizadas e estão historicamente ligados às mulheres e a determinadas camadas sociais, geralmente as mais baixas. Eleger a costura como um dos elementos da minha poética fala muito sobre quem eu sou e de onde eu vim.
[…]


Entrevista com Rosana Paulino. Revista do centro de pesquisa e Formação, São Paulo, SESC, n. 5, p. 232-233, set. 2017. (fragmento)

Assinale a alternativa correta acerca do texto 3: 
Alternativas
Q2497655 Português

Texto 3


Acredito que a produção de arte está diretamente ligada a quem você é, ao local que ocupa no mundo. Neste sentido, os objetos que me rodeiam e que, muitas vezes, estiveram presentes durante minha formação – e estão, ainda hoje, em minha vida – são importantes para pensar quem eu sou, qual minha relação com a sociedade na qual eu vivo. Sendo assim, objetos como pequenas garrafas, tecidos, linhas, agulhas e atos como costurar me ajudam a construir uma narrativa. E posso ampliar essa narrativa se penso que os objetos, simbolicamente falando, têm histórias próprias. Um exemplo: minha mãe foi bordadeira quando eu era criança. Isso ajudava a pagar nossos estudos. Além disso, ela fazia nossos vestidos, nossas roupas, para economizar. O bordado ou a costura, como trabalho, nunca foram profissões valorizadas e estão historicamente ligados às mulheres e a determinadas camadas sociais, geralmente as mais baixas. Eleger a costura como um dos elementos da minha poética fala muito sobre quem eu sou e de onde eu vim.
[…]


Entrevista com Rosana Paulino. Revista do centro de pesquisa e Formação, São Paulo, SESC, n. 5, p. 232-233, set. 2017. (fragmento)

Para a artista, o que é a memória? 
Alternativas
Q2497651 Português

Texto 2

Lembrança colorida


Menino, achava esquisito meu pai sair de casa de pijama. Mercado, feira, venda, até farmácia. Hoje, olhei no vidro da porta quando girei a chave. Quase dava para sentir o cheiro do tecido e algodão seco, ao sol escaldante do quintal. As listas eram um arcoíris em movimento. O mesmo pijama recém-lavado. Sai, saudades.


(mara públio. Https://www.revistabula.com/30836-31-microcontos-paraler-na-quarentena/)

Pode-se afirmar que o tema do miniconto acime é: 
Alternativas
Q2497647 Português

Texto 1


Em São Paulo, um telefone celular é roubado a cada cinco minutos. Em Londres, o mesmo acontece a cada seis minutos. Foi pensando nisso que o GOOGLE anunciou que o sistema Android terá o “modo ladrão”, que bloqueia o celular no momento em que o aparelho é roubado.

O anúncio foi feito por Dave Burke, vice-presidente de engenharia do Android, durante o evento google i/o 2024, que acontece na Califórnia, nos Estados Unidos.

Segundo Burke, o google estudou o comportamento do crime em vários vídeos de roubos de telefones em bicicletas para desenvolver a nova função.

O modo theft detection lock (bloqueio de detecção de roubo) usa inteligência artificial (ia) para bloquear o celular no momento em que um telefone é arrancado da mão do dono.

A tela do celular fica bloqueada automaticamente e impede que criminosos acessem o dispositivo. A função identifica “movimentos comuns associados ao roubo”, como um solavanco de um telefone sendo arrancado da mão de alguém em movimento.

O “modo ladrão” estará disponível em dispositivos a partir do Android 10 ainda este ano.


(https://sbtnews.sbt.com.br/noticia/tecnologia/pensando-em-sao-pauloe-londres-google-anuncia-modo-ladrao-para-celulares-android)

O texto afirma que:
Alternativas
Q2497646 Português

Texto 1


Em São Paulo, um telefone celular é roubado a cada cinco minutos. Em Londres, o mesmo acontece a cada seis minutos. Foi pensando nisso que o GOOGLE anunciou que o sistema Android terá o “modo ladrão”, que bloqueia o celular no momento em que o aparelho é roubado.

O anúncio foi feito por Dave Burke, vice-presidente de engenharia do Android, durante o evento google i/o 2024, que acontece na Califórnia, nos Estados Unidos.

Segundo Burke, o google estudou o comportamento do crime em vários vídeos de roubos de telefones em bicicletas para desenvolver a nova função.

O modo theft detection lock (bloqueio de detecção de roubo) usa inteligência artificial (ia) para bloquear o celular no momento em que um telefone é arrancado da mão do dono.

A tela do celular fica bloqueada automaticamente e impede que criminosos acessem o dispositivo. A função identifica “movimentos comuns associados ao roubo”, como um solavanco de um telefone sendo arrancado da mão de alguém em movimento.

O “modo ladrão” estará disponível em dispositivos a partir do Android 10 ainda este ano.


(https://sbtnews.sbt.com.br/noticia/tecnologia/pensando-em-sao-pauloe-londres-google-anuncia-modo-ladrao-para-celulares-android)

Assinale a alternativa correta com relação às informações contidas no texto:
Alternativas
Q2497411 Português

Leia atentamente o texto a seguir e responda à questão.


'DNA saltador' ajudou ancestrais do ser humano a perder a cauda





(Reinaldo José Lopes. https://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2024/02/dna-saltador-ajudouancestrais-do-ser-humano-a-perder-a-cauda.shtml. 29.fev.2024)

Em relação às ideias do texto e suas possíveis inferências, analise as afirmativas a seguir:
I. A razão para o ser humano e outros primatas terem perdido a cauda ao longo da evolução ainda gera especulações científicas, sem, contudo, ter se chegado a uma teoria bastante provável.
II. É a presença do cóccix nos humanos que prova que anteriormente essa espécie possuía uma cauda, hoje reduzida a esse segmento vertebral, à semelhança de gorilas e orangotangos.
III. A pesquisa aponta para a questão evolutiva e adaptativa do homem ao meio, que levou a uma alteração física, com a perda de sua cauda, tendo a mudança se iniciado justamente com uma mutação genética que obrigou a adaptação ao meio.
Assinale
Alternativas
Q2497314 Português

Leia o texto a seguir para responder à questão.


Q14_15.png (437×127)


Disponível em: <https://questoes.grancursosonline.com.

br/questoes-de-concursos/lingua-portuguesa/2875026>.

Acesso em: 30 de abril de 2024.

O humor da tirinha é provocado pelo (a)
Alternativas
Q2497310 Português

Leia o texto a seguir para responder à questão.


O Que Eu Também Não Entendo

Jota Quest


Essa não é mais uma carta de amor

São pensamentos soltos

Traduzidos em palavras

Pra que você possa entender

O que eu também não entendo


Amar não é ter que ter

Sempre certeza

É aceitar que ninguém

É perfeito pra ninguém

É poder ser você mesmo

E não precisar fingir

É tentar esquecer

E não conseguir fugir, fugir


[...]


Agora o que vamos fazer

Eu também não sei

Afinal, será que amar

É mesmo tudo?


Se isso não é amor

O que mais pode ser?

Tô aprendendo também.


Disponível em: < https://www.letras.mus.br/jotaquest/46693/>. Acesso em: 16 de abril de 20204.

[Fragmento].



O título da canção “O que eu também não entendo” apresenta um questionamento do eu lírico sobre o significado do (a)
Alternativas
Q2497301 Português

Leia o texto a seguir para responder à questão.





Disponível em: <https://g1.globo.com/sp/santos-regiao/
mais-saude/noticia/2023/10/02/pinos-se-soltam-de-coluna
e-ameacam-furar-corpo-de-jovem-no-litoral-de-sp.ghtml>.
Acesso em: 16 de abril de 2024.


A função do texto exposto é 
Alternativas
Q2497231 Português

Leia a tirinha abaixo e analise as afirmativas a seu respeito. 



Q11.png (651×210)



I- O autor da tirinha mostra a importância da leitura no enriquecimento do acervo cognitivo, fazendo-nos entender que não adianta comprar livros sem o objetivo de lê-los;

II-O pronome “ele”, no segundo quadrinho da tirinha, faz referência aos livros;

III- Na oração “nos deixam mais sábios”, temos apenas um predicado verbal;

IV- Na oração “você já leu eles?”, temos um sujeito simples e um predicado verbal.


Após análise das afirmativas, conclui-se que estão corretas: 

Alternativas
Q2497183 Português
Utilize o texto a seguir para responder a questão:

STALKER: SAIBA O QUE SIGNIFICA

Stalkear. O que significa essa expressão, afinal? Bem, a origem da palavra vem do inglês e significa “perseguidor”, mas também é traduzido como “ato de perseguir” = stalkear (adaptação ao português). Além disso, essa classificação de comportamento não é atual. Ainda na década de 1980, a expressão referia-se as perseguições que as celebridades sofriam. Já no contexto atual, ela é utilizada principalmente a partir das redes sociais, que facilitou (e muito) essas ações escondidas.

Porém, o que nem todos sabem é que o seu significado denota alguém que pratica um ato abusivo. Sendo assim, tal atividade tem capacidade de virar um grande problema psicológico sem que a própria pessoa perceba. Vale ressaltar que a sua prática não é considerada um crime ou problema psicológico até um certo limite. Nesse sentido, quando o indivíduo passa a ficar obcecado e começa a adotar atitudes compulsivas, pode-se, então, identificar problemas emocionais.

Ainda, por trás de um stalker compulsivo existem diversos problemas mal resolvidos, como: traumas, rejeições ou inseguranças. Muitas vezes, a pessoa começa aprendendo como investigar uma pessoa e depois se torna um viciado em vasculhar a vida alheia. Em diversos casos, o indivíduo esquece-se de cuidar a própria vida e negligencia a sua saúde física e mental.

A palavra stalker é muito conhecida entre os participantes das redes sociais. Afinal, ela nasceu na internet como uma nomenclatura no sentido de espionar as atividades de outras pessoas. Como dito antes, tal atitude é bem comum dentro do ambiente digital. Hoje em dia, é muito fácil pesquisar sobre dados e informações sobre qualquer indivíduo, por isso, torna-se uma prática recorrente.

Dessa forma, é comum stalkear o Facebook de alguém ou até ser o Instagram stalker de uma pessoa. Bisbilhotar a vida alheia com um pouco mais de afinco é o que concebe o stalker digital. Então, tal prática aparece quando observamos bastante o feed e stories de algum perfil.

Apesar de ser fácil aprender como investigar uma pessoa na internet, a pesquisa simples e sem profundidade não configura a atitude que caracteriza, de fato, o stalker. Aprender a diferença é fundamental na hora de configurar algum desvio psicológico.

Como percebemos, o que é stalkear uma pessoa pode ser definido como um comportamento extravagante e que foge do controle dos indivíduos, entretanto, as suas causas ainda estão sendo investigadas.

Conforme a psicologia explica, muitos stalkers não conseguem lidar com suas perdas e frustrações. Existe um certo desequilíbrio emocional, principalmente, diante à uma rejeição ou qualquer outro motivo que cause a insegurança, tristeza ou inferioridade. Sendo assim, eles se sentem motivados a estarem próximos ao indivíduo que os causa essa reação, pois, assim, procuram entender o porquê de tudo isso que estão sentindo. Dessa forma, sempre visualizam como está a rotina e o dia a dia dessa pessoa.

De acordo com um estudo de 2012, publicado na revista “Aggression and Violent Behavior“, “as motivações para perseguir incluem uma crença ilusória no destino romântico, um desejo de recuperar um relacionamento anterior, um desejo sádico de atormentar a vítima ou uma super identificação psicótica com o vítima e o desejo de substituí-lo”. Além disso, vale ressaltar que para o perseguidor não importa a forma usada para contato com esse outro indivíduo. Então, ela pode acontecer pelas redes sociais ou até mesmo com presentes, declarações ou perseguições em público.

(Fonte: https://www.telavita.com.br/blog/stalker-stalkear/. ADAPTADO).
De acordo com o texto, qual das alternativas NÃO é uma possível motivação para alguém se tornar um stalker?
Alternativas
Q2497182 Português
Utilize o texto a seguir para responder a questão:

STALKER: SAIBA O QUE SIGNIFICA

Stalkear. O que significa essa expressão, afinal? Bem, a origem da palavra vem do inglês e significa “perseguidor”, mas também é traduzido como “ato de perseguir” = stalkear (adaptação ao português). Além disso, essa classificação de comportamento não é atual. Ainda na década de 1980, a expressão referia-se as perseguições que as celebridades sofriam. Já no contexto atual, ela é utilizada principalmente a partir das redes sociais, que facilitou (e muito) essas ações escondidas.

Porém, o que nem todos sabem é que o seu significado denota alguém que pratica um ato abusivo. Sendo assim, tal atividade tem capacidade de virar um grande problema psicológico sem que a própria pessoa perceba. Vale ressaltar que a sua prática não é considerada um crime ou problema psicológico até um certo limite. Nesse sentido, quando o indivíduo passa a ficar obcecado e começa a adotar atitudes compulsivas, pode-se, então, identificar problemas emocionais.

Ainda, por trás de um stalker compulsivo existem diversos problemas mal resolvidos, como: traumas, rejeições ou inseguranças. Muitas vezes, a pessoa começa aprendendo como investigar uma pessoa e depois se torna um viciado em vasculhar a vida alheia. Em diversos casos, o indivíduo esquece-se de cuidar a própria vida e negligencia a sua saúde física e mental.

A palavra stalker é muito conhecida entre os participantes das redes sociais. Afinal, ela nasceu na internet como uma nomenclatura no sentido de espionar as atividades de outras pessoas. Como dito antes, tal atitude é bem comum dentro do ambiente digital. Hoje em dia, é muito fácil pesquisar sobre dados e informações sobre qualquer indivíduo, por isso, torna-se uma prática recorrente.

Dessa forma, é comum stalkear o Facebook de alguém ou até ser o Instagram stalker de uma pessoa. Bisbilhotar a vida alheia com um pouco mais de afinco é o que concebe o stalker digital. Então, tal prática aparece quando observamos bastante o feed e stories de algum perfil.

Apesar de ser fácil aprender como investigar uma pessoa na internet, a pesquisa simples e sem profundidade não configura a atitude que caracteriza, de fato, o stalker. Aprender a diferença é fundamental na hora de configurar algum desvio psicológico.

Como percebemos, o que é stalkear uma pessoa pode ser definido como um comportamento extravagante e que foge do controle dos indivíduos, entretanto, as suas causas ainda estão sendo investigadas.

Conforme a psicologia explica, muitos stalkers não conseguem lidar com suas perdas e frustrações. Existe um certo desequilíbrio emocional, principalmente, diante à uma rejeição ou qualquer outro motivo que cause a insegurança, tristeza ou inferioridade. Sendo assim, eles se sentem motivados a estarem próximos ao indivíduo que os causa essa reação, pois, assim, procuram entender o porquê de tudo isso que estão sentindo. Dessa forma, sempre visualizam como está a rotina e o dia a dia dessa pessoa.

De acordo com um estudo de 2012, publicado na revista “Aggression and Violent Behavior“, “as motivações para perseguir incluem uma crença ilusória no destino romântico, um desejo de recuperar um relacionamento anterior, um desejo sádico de atormentar a vítima ou uma super identificação psicótica com o vítima e o desejo de substituí-lo”. Além disso, vale ressaltar que para o perseguidor não importa a forma usada para contato com esse outro indivíduo. Então, ela pode acontecer pelas redes sociais ou até mesmo com presentes, declarações ou perseguições em público.

(Fonte: https://www.telavita.com.br/blog/stalker-stalkear/. ADAPTADO).
De acordo com o texto, qual das seguintes afirmações é correta sobre o comportamento de um stalker, segundo o texto?
Alternativas
Q2497181 Português
Utilize o texto a seguir para responder a questão:

STALKER: SAIBA O QUE SIGNIFICA

Stalkear. O que significa essa expressão, afinal? Bem, a origem da palavra vem do inglês e significa “perseguidor”, mas também é traduzido como “ato de perseguir” = stalkear (adaptação ao português). Além disso, essa classificação de comportamento não é atual. Ainda na década de 1980, a expressão referia-se as perseguições que as celebridades sofriam. Já no contexto atual, ela é utilizada principalmente a partir das redes sociais, que facilitou (e muito) essas ações escondidas.

Porém, o que nem todos sabem é que o seu significado denota alguém que pratica um ato abusivo. Sendo assim, tal atividade tem capacidade de virar um grande problema psicológico sem que a própria pessoa perceba. Vale ressaltar que a sua prática não é considerada um crime ou problema psicológico até um certo limite. Nesse sentido, quando o indivíduo passa a ficar obcecado e começa a adotar atitudes compulsivas, pode-se, então, identificar problemas emocionais.

Ainda, por trás de um stalker compulsivo existem diversos problemas mal resolvidos, como: traumas, rejeições ou inseguranças. Muitas vezes, a pessoa começa aprendendo como investigar uma pessoa e depois se torna um viciado em vasculhar a vida alheia. Em diversos casos, o indivíduo esquece-se de cuidar a própria vida e negligencia a sua saúde física e mental.

A palavra stalker é muito conhecida entre os participantes das redes sociais. Afinal, ela nasceu na internet como uma nomenclatura no sentido de espionar as atividades de outras pessoas. Como dito antes, tal atitude é bem comum dentro do ambiente digital. Hoje em dia, é muito fácil pesquisar sobre dados e informações sobre qualquer indivíduo, por isso, torna-se uma prática recorrente.

Dessa forma, é comum stalkear o Facebook de alguém ou até ser o Instagram stalker de uma pessoa. Bisbilhotar a vida alheia com um pouco mais de afinco é o que concebe o stalker digital. Então, tal prática aparece quando observamos bastante o feed e stories de algum perfil.

Apesar de ser fácil aprender como investigar uma pessoa na internet, a pesquisa simples e sem profundidade não configura a atitude que caracteriza, de fato, o stalker. Aprender a diferença é fundamental na hora de configurar algum desvio psicológico.

Como percebemos, o que é stalkear uma pessoa pode ser definido como um comportamento extravagante e que foge do controle dos indivíduos, entretanto, as suas causas ainda estão sendo investigadas.

Conforme a psicologia explica, muitos stalkers não conseguem lidar com suas perdas e frustrações. Existe um certo desequilíbrio emocional, principalmente, diante à uma rejeição ou qualquer outro motivo que cause a insegurança, tristeza ou inferioridade. Sendo assim, eles se sentem motivados a estarem próximos ao indivíduo que os causa essa reação, pois, assim, procuram entender o porquê de tudo isso que estão sentindo. Dessa forma, sempre visualizam como está a rotina e o dia a dia dessa pessoa.

De acordo com um estudo de 2012, publicado na revista “Aggression and Violent Behavior“, “as motivações para perseguir incluem uma crença ilusória no destino romântico, um desejo de recuperar um relacionamento anterior, um desejo sádico de atormentar a vítima ou uma super identificação psicótica com o vítima e o desejo de substituí-lo”. Além disso, vale ressaltar que para o perseguidor não importa a forma usada para contato com esse outro indivíduo. Então, ela pode acontecer pelas redes sociais ou até mesmo com presentes, declarações ou perseguições em público.

(Fonte: https://www.telavita.com.br/blog/stalker-stalkear/. ADAPTADO).
De acordo com o texto, qual é a origem da palavra "stalkear" e como seu significado evoluiu ao longo do tempo?
Alternativas
Q2497141 Português

O verbo for


    Vestibular de verdade era no meu tempo. Já estou chegando, ou já cheguei, à altura da vida em que tudo de bom era no meu tempo; meu e dos outros coroas. Acho inadmissível e mesmo chocante (no sentido antigo) um coroa não ser reacionário. Somos uma força histórica de grande valor. Se não agíssemos com o vigor necessário – evidentemente o condizente com a nossa condição provecta –, tudo sairia fora de controle, mais do que já está. O vestibular, é claro, jamais voltará ao que era outrora e talvez até desapareça, mas julgo necessário falar do antigo às novas gerações e lembrá-lo às minhas coevas (ao dicionário outra vez; domingo, dia de exercício).

    O vestibular de Direito a que me submeti, na velha Faculdade de Direito da Bahia, tinha só quatro matérias: português, latim, francês ou inglês e sociologia, sendo que esta não constava dos currículos do curso secundário e a gente tinha que se virar por fora. Nada de cruzinhas, múltipla escolha ou matérias que não interessassem diretamente à carreira. Tudo escrito tão ruybarbosianamente quanto possível, com citações decoradas, preferivelmente. Os textos em latim eram As Catilinárias ou a Eneida, dos quais até hoje sei o comecinho. 

    Havia provas escritas e orais. A escrita já dava nervosismo, da oral muitos nunca se recuperaram inteiramente, pela vida afora. Tirava-se o ponto (sorteava-se o assunto) e partia-se para o martírio, insuperável por qualquer esporte radical desta juventude de hoje. A oral de latim era particularmente espetacular, porque se juntava uma multidão, para assistir à performance do saudoso mestre de Direito Romano Evandro Baltazar de Silveira. Franzino, sempre de colete e olhar vulpino (dicionário, dicionário), o mestre não perdoava.

     – Traduza aí quousque tandem, Catilina, patientia nostra – dizia ele ao entanguido vestibulando.

    – “Catilina, quanta paciência tens?” – retrucava o infeliz.

    Era o bastante para o mestre se levantar, pôr as mãos sobre o estômago, olhar para a plateia como quem pede solidariedade e dar uma carreirinha em direção à portada sala. 

    – Ai, minha barriga! – exclamava ele. – Deus, oh Deus, que fiz eu para ouvir tamanha asnice? Que pecados cometi, que ofensas Vos dirigi? Salvai essa alma de alimária. Senhor meu Pai!

    Pode-se imaginar o resto do exame. Um amigo meu, que por sinal passou, chegou a enfiar, sem sentir, as unhas nas palmas das mãos, quando o mestre sentiu duas dores de barriga seguidas, na sua prova oral. Comigo, a coisa foi um pouco melhor, eu falava um latinzinho e ele me deu seis, nota do mais alto coturno em seu elenco.

    O maior público das provas orais era o que já tinha ouvido falar alguma coisa do candidato e vinha vê-lo “dar um show”. Eu dei      de português e inglês. O de português até que foi moleza, em certo sentido. O professor José Lima, de pé e tomando um cafezinho, me dirigiu as seguintes palavras aladas:

    – Dou-lhe dez, se o senhor me disser qual é o sujeito da primeira oração do Hino Nacional!

    – As margens plácidas – respondi instantaneamente e o mestre quase deixa cair a xícara.

    – Por que não é indeterminado, “ouviram, etc.”?

    – Porque o “as” de “as margens plácidas” não é craseado. Quem ouviu foram as margens plácidas. É uma anástrofe, entre as muitas que existem no hino. “Nem tem quem te adora a própria morte”: sujeito “quem te adora”. Se pusermos na ordem direta...

    – Chega! – berrou ele. – Dez! Vá para a glória! A Bahia será sempre a Bahia!

    Quis o irônico destino, uns anos mais tarde, que eu fosse professor da Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia e me designassem para a banca de português, com prova oral e tudo. Eu tinha fama de professor carrasco, que até hoje considero injustíssima, e ficava muito incomodado com aqueles rapazes e moças pálidos e trêmulos diante de mi. Uma bela vez, chegou um sem o menor sinal de nervosismo, muito elegante, paletó, gravata e abotoaduras vistosas. A prova oral era bestíssima. Mandava-se o candidato ler umas dez linhas em voz alta (sim, porque alguns não sabiam ler) e depois se perguntava o que queria dizer uma palavra trivial ou outra, qual era o plural de outra e assim por diante. Esse mal sabia ler, mas não perdia a pose. Não acertou a responder nada. Então, eu, carrasco fictício, peguei no texto uma frase em que a palavra “for” tanto podia ser do verbo “ser” quanto do verbo “ir”. Pronto, pensei. Se ele distinguir qual é o verbo, considero-o um gênio, dou quatro, ele passa e seja o que Deus quiser.

    – Esse “for” aí, que verbo é esse?

    Ele considerou a frase longamente, como se eu estivesse pedindo que resolvesse a quadratura do circula, depois ajeitou as abotoaduras e me encarou sorridente.

    – Verbo for.

    – Verbo o quê?

    – Verbo for.

     – Conjugue aí o presente do indicativo desse verbo.

    – Eu fonho, tu fões, ele fõe – recitou ele, impávido. – Nós fomos, vós fondes, eles fõem.

    Não, dessa vez ele não passou. Mas, se perseverou, deve ter acabado passando e hoje há de estar num posto qualquer do Ministério da Administração ou na equipe econômica, ou ainda aposentado como marajá, ou as três coisas. Vestibular, no meu tempo, era muito mais divertido do que hoje e, nos dias que correm, devidamente diplomado, ele deve estar fondo para quebrar. Fões tu? Com quase toda a certeza, não. Eu tampouco fonho. Mas ele fõe.


(João Ubaldo Ribeiro. O Globo. Em: 13/09/1998.)

O texto “O verbo for”, de João Ubaldo Ribeiro, é uma crônica em que o autor expõe a sua opinião. A alternativa que aponta o assunto principal do texto é:
Alternativas
Q2497115 Português

Leia o texto abaixo, extraído do perfil do instagram @psitarjapreta, e responda à questão.  



Fonte: <https://www.instagram.com/p/C30_k5gPTsd/?hl=pt-br>

Analise as proposições abaixo a respeito da postagem do perfil @psitarjapreta

I- No período “Financeiramente estou num momento que não posso ajudar ninguém, mas emocionalmente podemos chorar juntos”, há uma relação sintática que predomina entre as orações, por meio de um termo de oposição.
II- A construção do humor no post, é provocado pelo verbo “chorar”, que contribui para a construção do sentido (trágico/cômico).
III- As palavras “financeiramente” e “emocionalmente”, não possuem valores morfossemânticos da classe modificadora de sentido no post.

É CORRETO o que se afirma em:
Alternativas
Q2497101 Português
Leia com atenção o texto a seguir para responder à questão.

Texto 1

Tentação 

       Ela estava com soluço. E como se não bastasse a claridade das duas horas, ela era ruiva.
       Na rua vazia as pedras vibravam de calor - a cabeça da menina flamejava. Sentada nos degraus de sua casa, ela suportava. Ninguém na rua, só uma pessoa esperando inutilmente no ponto do bonde. E como se não bastasse seu olhar submisso e paciente, o soluço a interrompia de momento a momento, abalando o queixo que se apoiava conformado na mão. Que fazer de uma menina ruiva com soluço? Olhamo-nos sem palavras, desalento contra desalento. Na rua deserta nenhum sinal de bonde. Numa terra de morenos, ser ruivo era uma revolta involuntária. Que importava se num dia futuro sua marca ia fazê-la erguer insolente uma cabeça de mulher? Por enquanto ela estava sentada num degrau faiscante da porta, às duas horas. O que a salvava era uma bolsa velha de senhora, com alça partida. Segurava-a com um amor conjugal já habituado, apertando-a contra os joelhos.
       Foi quando se aproximou a sua outra metade neste mundo, um irmão em Grajaú. A possibilidade de comunicação surgiu no ângulo quente da esquina, acompanhando uma senhora, e encarnada na figura de um cão. Era um basset lindo e miserável, doce sob a sua fatalidade. Era um basset ruivo.
       Lá vinha ele trotando, à frente de sua dona, arrastando seu comprimento. Desprevenido, acostumado, cachorro.
       A menina abriu os olhos pasmada. Suavemente avisado, o cachorro estacou diante dela. Sua língua vibrava. Ambos se olhavam.
       Entre tantos seres que estão prontos para se tornarem donos de outro ser, lá estava a menina que viera ao mundo para ter aquele cachorro. Ele fremia suavemente, sem latir. Ela olhava-o sob os cabelos, fascinada, séria. Quanto tempo se passava? Um grande soluço sacudiu-a desafinado. Ele nem sequer tremeu. Também ela passou por cima do soluço e continuou a fitá-lo.
       Os pêlos de ambos eram curtos, vermelhos.
       Que foi que se disseram? Não se sabe. Sabe-se apenas que se comunicaram rapidamente, pois não havia tempo. Sabe-se também que sem falar eles se pediam. Pediam-se com urgência, com encabulamento, surpreendidos.
       No meio de tanta vaga impossibilidade e de tanto sol, ali estava a solução para a criança vermelha. E no meio de tantas ruas a serem trotadas, de tantos cães maiores, de tantos esgotos secos - lá estava uma menina, como se fora carne de sua ruiva carne. Eles se fitavam profundos, entregues, ausentes de Grajaú. Mais um instante e o suspenso sonho se quebraria, cedendo talvez à gravidade com que se pediam.
       Mas ambos eram comprometidos.
       Ela com sua infância impossível, o centro da inocência que só se abriria quando ela fosse uma mulher. Ele, com sua natureza aprisionada.
       A dona esperava impaciente sob o guarda-sol. O basset ruivo afinal despregou-se da menina e saiu sonâmbulo. Ela ficou espantada, com o acontecimento nas mãos, numa mudez que nem pai nem mãe compreenderiam. Acompanhou-o com olhos pretos que mal acreditavam, debruçada sobre a bolsa e os joelhos, até vê-la dobrar a outra esquina.
       Mas ele foi mais forte que ela. Nem uma só vez olhou para trás.

Fonte: (LISPECTOR, Clarice. Tentação. In Felicidade Clandestina. Rio de Janeiro: Rocco, 1998, p. 46-48.) 
Leia as proposições abaixo sobre a ideia principal do texto.

I- O texto valoriza a riqueza interior das personagens destacando os aspectos do sentimento de solidão e a descoberta do outro.
II- O texto acaba promovendo uma reflexão sobre a emoção do amor entre um animal e uma menina.
III- O texto não é ficcional e, logo, tem a finalidade de denunciar problemas sociais.
IV- O texto foi escrito no século XXI, de modo que a sua preocupação estética é com a forma literária do gênero.

É CORRETO o que se afirma em:
Alternativas
Q2497080 Português
Leia o texto abaixo para responder à questão:


Eu quero comer brigadeiro. 

Por Dôra Limeira 


Preto, traje roto, sandálias de dedo, ele morava num aglomerado habitacional de taipa, na periferia. Era menino ainda, mas suspeitaram que fosse bandido. Seu corpo amiúde fazia mogangas sobre um monte de barro, no arruado onde morava, equilibrando-se com agilidade. Brincava de ser cristo redentor, braços esticados, mãos estendidas sobre um corcovado de brasilites e isopores rasgados. Vadiava sob os aplausos da meninada e dos adultos desocupados. De tanto repetir a brincadeira, ganhou um apelido: “Cristo Redentor”, Cristim na intimidade. Era franzino, comprido e não tinha medo de nada. Nos horários da escola, ora estendia seus braços em cruz sobre o arruado, ora se postava junto aos semáforos. Fazia malabarismos e virava cambalhotas diante dos carros parados no sinal vermelho. Comia fogo, canivetes, tesouras. Assim, ganhava uns trocados e entregava, em casa, à sua mãe que também tinha apelido – Dona Maria de Cristim. Um dia, final de tarde, parou junto à vitrine de uma lanchonete. Foi quando suspeitaram que fosse bandido. Imóvel, avistou os doces e brigadeiros, bolos confeitados, empadas e pastéis. As glândulas salivaram. Com a fome nos olhos e a boca babando, Cristim apalpou os bolsos rasos da bermuda. Ouviu o tilintar das moedas que arrecadara comendo tesouras no último semáforo. Retirou as moedas do bolso e pensou: “Eu quero comer brigadeiro”. Mas não houve tempo. Um jato de sangue jorrou-lhe das entranhas e as moedas tilintaram no chão. Rolaram ladeira abaixo, alegres. Para Cristim, já não valiam nada. Seu corpo deu entrada no IML, sem sinais especiais que o identificassem, sem dono. Serviu de exemplo nos noticiários de televisão. O rosto morto foi capa de revista policial. Tarjas pretas cobriram-lhe os olhos desbotados, envergonhados. Cristo Redentor era menor de idade, um menino ainda, mas pensaram que fosse bandido. Em casa, sua mãe esperou a noite inteira. Volta para casa, Cristim, pensava. E chorava feito uma pietá. Dona Maria não sabia que, rígido e frio, Cristo jazia numa gaveta de frigorífico, sem túnica.

Sobre a autora: Dôra Limeira nasceu em João Pessoa no dia 21 de abril do século passado. Graduou-se e especializou-se em História na UFPB. Depois que se aposentou enquanto professora, fez teatro, foi uma das fundadoras do Grupo Teatrália. Depois enveredou pela Literatura, tendo publicado seu primeiro livro aos 60 anos, o livro de contos "Arquitetura de um Abandono". Por causa desse livro, recebeu o prêmio de Revelação Literária 2003, promovido pelo Suplemento Literário Correio das Artes, do jornal AUnião. Em 2002, participou do Concurso Talentos da Maturidade (promovido pelo Banco Real) com o conto "Não há sinais", concorrendo com 10.338 inscritos em todo o país. Foi incluída entre os vinte melhores concorrentes. Como tal, teve seu conto publicado na antologia "Todas as estações", pela editora Peirópolis. Em 2005 publicou seu segundo livro de contos, o "Preces e Orgasmos dos Desvalidos". Dôra Limeira é uma das fundadoras do Clube do Conto da Paraíba.

Fonte: Limeira, Dôra. Eu quero comer brigadeiro. Disponível em: https://clubedoconto.blogspot.com/ Acesso em 02 de abr de 2024.
A palavra "brasilites" utilizada no trecho "equilibrando-se com agilidade. Brincava de ser cristo redentor, braços esticados, mãos estendidas sobre um corcovado de brasilites e isopores rasgados" refere-se a: 
Alternativas
Q2497079 Português
Leia o texto abaixo para responder à questão:


Eu quero comer brigadeiro. 

Por Dôra Limeira 


Preto, traje roto, sandálias de dedo, ele morava num aglomerado habitacional de taipa, na periferia. Era menino ainda, mas suspeitaram que fosse bandido. Seu corpo amiúde fazia mogangas sobre um monte de barro, no arruado onde morava, equilibrando-se com agilidade. Brincava de ser cristo redentor, braços esticados, mãos estendidas sobre um corcovado de brasilites e isopores rasgados. Vadiava sob os aplausos da meninada e dos adultos desocupados. De tanto repetir a brincadeira, ganhou um apelido: “Cristo Redentor”, Cristim na intimidade. Era franzino, comprido e não tinha medo de nada. Nos horários da escola, ora estendia seus braços em cruz sobre o arruado, ora se postava junto aos semáforos. Fazia malabarismos e virava cambalhotas diante dos carros parados no sinal vermelho. Comia fogo, canivetes, tesouras. Assim, ganhava uns trocados e entregava, em casa, à sua mãe que também tinha apelido – Dona Maria de Cristim. Um dia, final de tarde, parou junto à vitrine de uma lanchonete. Foi quando suspeitaram que fosse bandido. Imóvel, avistou os doces e brigadeiros, bolos confeitados, empadas e pastéis. As glândulas salivaram. Com a fome nos olhos e a boca babando, Cristim apalpou os bolsos rasos da bermuda. Ouviu o tilintar das moedas que arrecadara comendo tesouras no último semáforo. Retirou as moedas do bolso e pensou: “Eu quero comer brigadeiro”. Mas não houve tempo. Um jato de sangue jorrou-lhe das entranhas e as moedas tilintaram no chão. Rolaram ladeira abaixo, alegres. Para Cristim, já não valiam nada. Seu corpo deu entrada no IML, sem sinais especiais que o identificassem, sem dono. Serviu de exemplo nos noticiários de televisão. O rosto morto foi capa de revista policial. Tarjas pretas cobriram-lhe os olhos desbotados, envergonhados. Cristo Redentor era menor de idade, um menino ainda, mas pensaram que fosse bandido. Em casa, sua mãe esperou a noite inteira. Volta para casa, Cristim, pensava. E chorava feito uma pietá. Dona Maria não sabia que, rígido e frio, Cristo jazia numa gaveta de frigorífico, sem túnica.

Sobre a autora: Dôra Limeira nasceu em João Pessoa no dia 21 de abril do século passado. Graduou-se e especializou-se em História na UFPB. Depois que se aposentou enquanto professora, fez teatro, foi uma das fundadoras do Grupo Teatrália. Depois enveredou pela Literatura, tendo publicado seu primeiro livro aos 60 anos, o livro de contos "Arquitetura de um Abandono". Por causa desse livro, recebeu o prêmio de Revelação Literária 2003, promovido pelo Suplemento Literário Correio das Artes, do jornal AUnião. Em 2002, participou do Concurso Talentos da Maturidade (promovido pelo Banco Real) com o conto "Não há sinais", concorrendo com 10.338 inscritos em todo o país. Foi incluída entre os vinte melhores concorrentes. Como tal, teve seu conto publicado na antologia "Todas as estações", pela editora Peirópolis. Em 2005 publicou seu segundo livro de contos, o "Preces e Orgasmos dos Desvalidos". Dôra Limeira é uma das fundadoras do Clube do Conto da Paraíba.

Fonte: Limeira, Dôra. Eu quero comer brigadeiro. Disponível em: https://clubedoconto.blogspot.com/ Acesso em 02 de abr de 2024.
No trecho: "Seu corpo amiúde fazia mogangas sobre um monte de barro," a expressão "fazia mogangas" representa uma variante linguística chamada:
Alternativas
Respostas
4001: C
4002: C
4003: A
4004: A
4005: D
4006: A
4007: D
4008: A
4009: B
4010: C
4011: B
4012: A
4013: C
4014: C
4015: B
4016: C
4017: D
4018: A
4019: B
4020: E