Questões de Português - Orações coordenadas sindéticas: Aditivas, Adversativas, Alternativas, Conclusivas... para Concurso

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Q1978923 Português

Atenção: Para responder à questão, leia a crônica “Tatu”, de Carlos Drummond de Andrade.


O luar continua sendo uma graça da vida, mesmo depois que o pé do homem pisou e trocou em miúdos a Lua, mas o tatu pensa de outra maneira. Não que ele seja insensível aos amavios do plenilúnio; é sensível, e muito. Não lhe deixam, porém, curtir em paz a claridade noturna, de que, aliás, necessita para suas expedições de objetivo alimentar. Por que me caçam em noites de lua cheia, quando saio precisamente para caçar? Como prover a minha subsistência, se de dia é aquela competição desvairada entre bichos, como entre homens, e de noite não me dão folga? 

Isso aí, suponho, é matutado pelo tatu, e se não escapa do interior das placas de sua couraça, em termos de português, é porque o tatu ignora sabiamente os idiomas humanos, sem exceção, além de não acreditar em audiência civilizada para seus queixumes. A armadura dos bípedes é ainda mais invulnerável que a dele, e não há sensibilidade para a dor ou a problemática do tatu.

Meu amigo andou pelas encostas do Corcovado, em noite de prata lunal, e conseguiu, por artimanhas só dele sabidas, capturar vivo um tatu distraído. É, distraído. Do contrário não o pegaria. Estava imóvel, estático, fruindo o banho de luz na folhagem, essa outra cor que as cores assumem debaixo da poeira argentina da Lua. Esquecido das formigas, que lhe cumpria pesquisar e atacar, como quem diz, diante de um motivo de prazer: “Daqui a pouco eu vou trabalhar; só um minuto mais, alegria da vida”, quedou-se à mercê de inimigos maiores. Sem pressentir que o mais temível deles andava por perto, em horas impróprias à deambulação de um professor universitário. 

      − Mas que diabo você foi fazer naqueles matos, de madrugada?

      − Nada. Estava sem sono, e gosto de andar a esmo, quando todos roncam. 

Sem sono e sem propósito de agredir o reino animal, pois é de feitio manso, mas o velho instinto cavernal acordou nele, ao sentir qualquer coisa a certa distância, parecida com a forma de um bicho. Achou logo um cipó bem forte, pedindo para ser usado na caça; e jamais tendo feito um laço de caçador, soube improvisá-lo com perícia de muitos milhares de anos (o que a universidade esconde, nas profundas camadas do ser, e só permite que venha aflorar em noite de lua cheia!).

Aproximou-se sutil, laçou de jeito o animal desprevenido. O coitado nem teve tempo de cravar as garras no laçador. Quando agiu, já este, num pulo, desviara o corpo. Outra volta no laço. E outra. Era fácil para o tatu arrebentar o cipó com a força que a natureza depositou em suas extremidades. Mas esse devia ser um tatu meio parvo, e se embaraçou em movimentos frustrados. Ou o sereno narrador mentiu, sei lá. Talvez o tenha comprado numa dessas casas de suplício que há por aí, para negócio de animais. Talvez na rua, a um vendedor de ocasião, quando tudo se vende, desde o mico à alma, se o PM não ronda perto.

Não importa. O caso é que meu amigo tem em sua casa um tatu que não se acomodou ao palmo de terra nos fundos da casa e tratou de abrigar longa escavação que o conduziu a uma pedreira, e lá faz greve de fome. De lá não sai, de lá ninguém o tira. A noite perdeu para ele seu encanto luminoso. A ideia de levá-lo para o zoológico, aventada pela mulher do caçador, não frutificou. Melhor reconduzi-lo a seu hábitat, mas o tatu se revela profundamente contrário a qualquer negociação com o bicho humano, que pensa em apelar para os bombeiros a fim de demolir o metrô tão rapidamente feito, ao contrário do nosso, urbano, e salvar o infeliz. O tatu tem razões de sobra para não confiar no homem e no luar do Corcovado.

Não é fábula. Eu compreendo o tatu. 

(Adaptado de: ANDRADE, Carlos Drummond. Os dias lindos. São Paulo: Companhia das Letras, 2013)

o tatu ignora sabiamente os idiomas humanos, sem exceção, além de não acreditar em audiência civilizada para seus queixumes (2º parágrafo)
No contexto em que se insere, a expressão sublinhada expressa ideia de 
Alternativas
Q1978835 Português
Leia o Texto I para responder à questão.

Texto I

   A gente nunca dormiu tão mal – nem tão pouco. Segundo uma pesquisa feita pelo Instituto do Sono de São Paulo, os brasileiros estão dormindo 1h30 a menos, em média, do que na década de 1990: são só 6h30 por noite, em média. Mais de 70 milhões de brasileiros têm algum grau de insônia – muitos dormem só 4 horas por noite.
   Por essas, as vendas de remédios pra dormir explodiram nos últimos anos. Só um deles, o zolpidem, cresceu 560% na última década – e hoje vende mais de 11 milhões de caixas por ano no Brasil. Mas o que pode estar causando essa epidemia de insônia? É seguro tomar remédios para dormir? Qual é a relação entre doenças mentais, como ansiedade e depressão, e a dificuldade para pegar no sono? E o que você pode fazer para dormir melhor? [...]

Disponível em: https://super.abril.com.br/saude/podcastterapia-6-sono-por-que-nunca-dormimos-tao-mal/. Acesso em: 16/07/2022
Em “A gente nunca dormiu tão mal – nem tão pouco.” (1º§), o termo destacado é uma conjunção que apresenta o seguinte valor semântico: 
Alternativas
Q1976611 Português

Bruna Godoy. Desperta a dor. Internet: <https://www.psicologobh.com.br/desperta-dor> (com adaptações).

Em relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto apresentado, julgue o item. 

Na linha 20, o conectivo “portanto” introduz uma oração que indica a causa da declaração feita em “Se dói, é porque tem alguma função”.

Alternativas
Q1975217 Português
Em 2020, a pandemia de Covid-19 alterou profundamente a vida no planeta Terra. Suas consequências sociais, econômicas e psicológicas ainda não são plenamente conhecidas – mas serão certamente duradouras. Os dois textos desta prova discutem algumas dessas consequências.


Texto 1

Z de depressão (fragmento)

     “Quando o sol nasce em Minas Gerais, Caio está em seu quarto. Ao cair da noite, também é lá que o rapaz fica, isolado. Ele tem 21 anos e mora em Luz, cidade mineira de pouco mais de 18 mil habitantes. Até os 8 anos, levou a vida tranquila de alguém que cresce numa cidade pequena. Mas então um dos seus tios se matou, e o menino foi se tornando cada vez mais triste. Virou alvo de bullying na escola, perdeu os amigos – ‘não sobrou ninguém’, ele conta. Aos 10 anos, tentou suicídio e precisou ser internado às pressas. [...]
    Na adolescência, Caio identificou que era um homem transgênero, e sua sensação de isolamento só cresceu. Com o agravamento do quadro depressivo, foi levado ao hospital algumas vezes depois de se automutilar. Embora os médicos tenham recomendado, ele nunca tratou a depressão por um longo período de tempo. Cresceu encontrando pequenos alívios para a angústia: cachorros, namoradas, bebidas alcoólicas, cortes nos braços. Conseguiu terminar o ensino médio, mas não teve motivação para prestar vestibular ou trabalhar. [...]
     Caio representa uma história, mas não a única, de um quadro de adoecimento mental de crianças e jovens brasileiros, com casos repetidos de depressão, ansiedade e síndrome do pânico. [...] Em um Boletim Epidemiológico divulgado setembro passado, o Ministério da Saúde apontava que as taxas de suicídio saltaram 116% entre crianças e adolescentes de 5 a 14 anos no intervalo de 2010 a 2019; nos jovens de 15 a 19 anos, o aumento foi de 81%. Nas demais faixas etárias, a taxa não cresceu mais que 30%. Os dados levaram o governo federal a classificar o suicídio como ‘um problema de saúde pública crescente no Brasil, com destaque aos grupos etários mais jovens’.
        [...]
      Entre junho e novembro de 2020, [Guilherme] Polanczyk e outros pesquisadores da USP e do Hospital das Clínicas entrevistaram remotamente 5.795 crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos de todas as regiões do país para medir os efeitos da pandemia sobre a saúde mental deles. No segundo semestre do primeiro ano de isolamento, 36% apresentaram sintomas de depressão e ansiedade. Como as escolas estavam fechadas e seria perigoso realizar as entrevistas presencialmente, só participaram aqueles com conexão à internet. ‘A gente sabe que os dados da pesquisa não refletem a realidade das crianças e dos adolescentes mais pobres’, Polanczyk diz. Ainda assim, os resultados indicaram que a insegurança alimentar esteve associada a maiores níveis de ansiedade e a sintomas depressivos. [...]
        [...]
     O Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde não aponta causas exatas do sofrimento mental dos jovens brasileiros, mas dá a entender que certas particularidades ajudariam a explicar o aumento das taxas de suicídio juvenil. Com base em estudos americanos, menciona que a geração Z, formada por nascidos a partir de 1995, está mais propensa a ter depressão por ser menos resiliente e não saber lidar com frustrações. [...]
        [...]” 

Disponível em: https://piaui.folha.uol.com.br/z-de-depressao/.
Acesso em: 22/07/2022
“Mas então um dos seus tios se matou, e o menino foi se tornando cada vez mais triste.” A passagem acima, retirada do texto 1, mostra que a conjunção “e” pode veicular ideia de conclusão. Outra passagem do mesmo texto em que essa conjunção apresenta valor conclusivo é: 
Alternativas
Q1975216 Português
Em 2020, a pandemia de Covid-19 alterou profundamente a vida no planeta Terra. Suas consequências sociais, econômicas e psicológicas ainda não são plenamente conhecidas – mas serão certamente duradouras. Os dois textos desta prova discutem algumas dessas consequências.


Texto 1

Z de depressão (fragmento)

     “Quando o sol nasce em Minas Gerais, Caio está em seu quarto. Ao cair da noite, também é lá que o rapaz fica, isolado. Ele tem 21 anos e mora em Luz, cidade mineira de pouco mais de 18 mil habitantes. Até os 8 anos, levou a vida tranquila de alguém que cresce numa cidade pequena. Mas então um dos seus tios se matou, e o menino foi se tornando cada vez mais triste. Virou alvo de bullying na escola, perdeu os amigos – ‘não sobrou ninguém’, ele conta. Aos 10 anos, tentou suicídio e precisou ser internado às pressas. [...]
    Na adolescência, Caio identificou que era um homem transgênero, e sua sensação de isolamento só cresceu. Com o agravamento do quadro depressivo, foi levado ao hospital algumas vezes depois de se automutilar. Embora os médicos tenham recomendado, ele nunca tratou a depressão por um longo período de tempo. Cresceu encontrando pequenos alívios para a angústia: cachorros, namoradas, bebidas alcoólicas, cortes nos braços. Conseguiu terminar o ensino médio, mas não teve motivação para prestar vestibular ou trabalhar. [...]
     Caio representa uma história, mas não a única, de um quadro de adoecimento mental de crianças e jovens brasileiros, com casos repetidos de depressão, ansiedade e síndrome do pânico. [...] Em um Boletim Epidemiológico divulgado setembro passado, o Ministério da Saúde apontava que as taxas de suicídio saltaram 116% entre crianças e adolescentes de 5 a 14 anos no intervalo de 2010 a 2019; nos jovens de 15 a 19 anos, o aumento foi de 81%. Nas demais faixas etárias, a taxa não cresceu mais que 30%. Os dados levaram o governo federal a classificar o suicídio como ‘um problema de saúde pública crescente no Brasil, com destaque aos grupos etários mais jovens’.
        [...]
      Entre junho e novembro de 2020, [Guilherme] Polanczyk e outros pesquisadores da USP e do Hospital das Clínicas entrevistaram remotamente 5.795 crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos de todas as regiões do país para medir os efeitos da pandemia sobre a saúde mental deles. No segundo semestre do primeiro ano de isolamento, 36% apresentaram sintomas de depressão e ansiedade. Como as escolas estavam fechadas e seria perigoso realizar as entrevistas presencialmente, só participaram aqueles com conexão à internet. ‘A gente sabe que os dados da pesquisa não refletem a realidade das crianças e dos adolescentes mais pobres’, Polanczyk diz. Ainda assim, os resultados indicaram que a insegurança alimentar esteve associada a maiores níveis de ansiedade e a sintomas depressivos. [...]
        [...]
     O Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde não aponta causas exatas do sofrimento mental dos jovens brasileiros, mas dá a entender que certas particularidades ajudariam a explicar o aumento das taxas de suicídio juvenil. Com base em estudos americanos, menciona que a geração Z, formada por nascidos a partir de 1995, está mais propensa a ter depressão por ser menos resiliente e não saber lidar com frustrações. [...]
        [...]” 

Disponível em: https://piaui.folha.uol.com.br/z-de-depressao/.
Acesso em: 22/07/2022

“Cresceu encontrando pequenos alívios para a angústia: cachorros, namoradas, bebidas alcoólicas, cortes nos braços.” Nessa passagem, retirada do texto 1, uma enumeração de elementos é encerrada com vírgula – e não, como seria mais usual, com a conjunção aditiva “e”.

Nesse contexto, a omissão da conjunção aditiva produz o efeito de:

Alternativas
Q1974958 Português

Cecília Meireles. O fim do mundo. In: Quatro Vozes, Rio de Janeiro, 1998, p. 73 (com adaptações).

Em relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto, julgue o item. 

Sem alteração dos sentidos e da correção gramatical do texto, o conectivo “porém” (linha 2) poderia ser substituído por mais

Alternativas
Q1973272 Português

Texto CG101-I


        Alguns idiomas fictícios foram criados especialmente para a série Game of Thrones. Daí surgiram palavras e expressões bem conhecidas pelos fãs, como “dracarys” – palavra que a personagem Daenerys Targ Aryen (Emilia Clarke) usa para mandar seus dragões cuspirem fogo. A palavra faz parte do alto valiriano, uma língua muito presente no decorrer da trama dos Targaryen e que apareceu de novo em House of the Dragon, spin-off de Game of Thrones.

        A Antiga Valíria era um antigo império localizado em Essos, continente a leste de Westeros. Ela é pouco mencionada na série, pois não existe mais, mas sua língua (o alto valiriano) ainda é usada por uma elite seleta. Seria como falar latim clássico na Europa medieval.

        Segundo As Crônicas de Gelo e Fogo, livros escritos por George R. R. Martin que inspiraram a série, o alto valiriano não seria uma linguagem de comunicação cotidiana, mas utilizada pela nobreza na literatura e na música. Ao longo do tempo, o idioma originou dialetos simplificados, falados em várias regiões, como o baixo valiriano, sendo possível traçar um paralelo com o latim clássico e o latim vulgar. Daenerys, inclusive, domina e usa estrategicamente ambas as variações.

         No alto valiriano, idioma do mundo de GOT, diferentemente do português, há quatro gêneros gramaticais, divididos entre lunares, solares, terrestres ou aquáticos. Nomes que se referem a humanos são geralmente lunares; profissões e partes do corpo, solares; alimentos e plantas são terrestres; e os líquidos são aquáticos.

Internet: <super.abril.com.br>(com adaptações)

Com base nas ideias e construções linguísticas do texto CG101-I, julgue o item a seguir.


No segundo período do segundo parágrafo, os vocábulos “pois” e “mas” introduzem, respectivamente, orações com sentido explicativo e adversativo.

Alternativas
Q1973020 Português
Leia o texto a seguir, analisando o emprego das palavras em destaque.
“Durante anos, o rei Charles se preparou para assumir o papel de monarca após o reinado histórico da rainha Elizabeth. Enquanto isso, ele mantinha outro emprego: proprietário de um negócio lucrativo.
Charles – há muito um defensor apaixonado de causas ambientais – fundou a Duchy Originals em 1990, quando era o príncipe de Gales, para comercializar produtos de sua fazenda. Desde então, tornou-se a maior marca de alimentos e bebidas orgânicas do Reino Unido, conforme a empresa. No ano até março de 2021, a Duchy Originals ganhou quase 3,6 milhões libras (US $ 4,1 milhões) sem contar os impostos.
A marca teve seus altos e baixos. Mas prosperou desde que entrou em uma parceria com a Waitrose em 2009. A cadeia de supermercados de luxo agora tem o direito exclusivo de vender produtos sob o nome Duchy, e os compradores podem encontrar salmão, salsichas, leite, cenouras e mirtilos com o nome ‘Waitrose Duchy Organic’ em suas lojas.
‘Tornou-se um negócio de muito sucesso’, disse Andrew Bloch, especialista em relações públicas de Londres. ‘Você pode sentir como esta marca tem coração e alma por trás disso.’
O futuro é incerto, no entanto. O controle da marca Duchy Originals está no ar durante um período de luto nacional que culminou no funeral de estado da rainha na segundafeira.
‘Vamos entrar em contato com a Casa Real sobre acordos futuros quando for a hora certa para fazê-lo’, disse um porta-voz de Waitrose. [...]”  
HOROWITZ, Julia. Como o novo rei do Reino Unido construiu marca de alimentos orgânicos. CNN Brasil, 16 de setembro de 2022. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/business/como-o-novo-reido-reino-unido-construiu-marca-de-alimentos-organicos/. Acesso em: 17 set. 2022.
Com base no uso das palavras destacadas, analise as proposições a seguir.
I. A palavra “Enquanto” (1º parágrafo) veicula uma ideia de simultaneidade de ações do rei Charles antes do falecimento de sua mãe.
II. Na expressão “conforme a empresa” (2º parágrafo), percebe-se uma atribuição de discurso por meio do vocábulo “conforme”.
III. Devido a seu sentido adversativo, o conectivo “Mas” (3º parágrafo) pode ser substituído, sem prejuízo de sentido ao enunciado, por “Portanto”.
IV. A expressão “no entanto” (5º parágrafo) expressa uma conclusão no período em que ela está inserida. 
Está(ão) CORRETA(S):  
Alternativas
Q1972706 Português

Texto para a questão. 




O conectivo “Porém” (linha 45) poderia ser substituído, sem prejuízo da coerência e dos sentidos do texto, por 
Alternativas
Q1972664 Português

TEXTO 1


        Estava conversando com uma amiga, dia desses. Ela comentava sobre uma terceira pessoa, que eu não conhecia. Descreveu-a como sendo boa gente, esforçada, ótimo caráter. “Só tem um probleminha: não é habitada.” Rimos. É uma expressão coloquial na França – habité – mas nunca tinha escutado por estas paragens e com este sentido. Lembrei-me de uma outra amiga que, de forma parecida, também costuma dizer “aquela ali tem gente em casa” quando se refere a pessoas que fazem diferença.

        Uma pessoa habitada é uma pessoa possuída, não necessariamente pelo demo, ainda que satanás esteja longe de ser má referência. Clarice Lispector certa vez escreveu uma carta a Fernando Sabino dizendo que faltava demônio em Berna, onde morava na ocasião. A Suíça, de fato, é um país de contos de fada onde tudo funciona, onde todos são belos, onde a vida parece uma pintura, um rótulo de chocolate. Mas falta uma ebulição que a salve do marasmo. Retornando ao assunto: pessoas habitadas são aquelas possuídas por si mesmas, em diversas versões. Os habitados estão preenchidos de indagações, angústias, incertezas, mas não são menos felizes por causa disso. Não transformam suas “inadequações” em doença, mas em força e curiosidade. Não recuam diante de encruzilhadas, não se amedrontam com transgressões, não adotam as opiniões dos outros para facilitar o diálogo. São pessoas que surpreendem com um gesto ou uma fala fora do script, sem nenhuma disposição para serem bonecos de ventríloquos. Ao contrário, encantam pela verdade pessoal que defendem. Além disso, mantêm com a solidão uma relação mais do que cordial. (Pessoas habitadas – Martha Medeiros).

No seguinte trecho: “É uma expressão coloquial na França – habité – mas nunca tinha escutado por estas paragens e com este sentido”, temos:
Alternativas
Q1972482 Português

INSTRUÇÃO: Leia esta citação de Fernando Pessoa para responder à questão.


“Considero a vida uma estalagem onde tenho que me demorar até que chegue a diligência do abismo. Não sei onde me levará, porque não sei nada. Poderia considerar esta estalagem uma prisão, porque estou compelido a aguardar nela; poderia considerá-la um lugar de sociáveis, porque aqui me encontro com outros. Não sou, porém, nem impaciente nem comum. Deixo ao que são os que se fecham no quarto, deitados moles na cama onde esperam sem sono; deixo ao que fazem os que conversam nas salas, de onde as músicas e as vozes chegam cômodas até mim. Sento-me à porta e embebo meus olhos e ouvidos nas cores e nos sons da paisagem, e canto lento, para mim só, vagos cantos que componho enquanto espero.”


Disponível em: www.livroecafe.com. Acesso em: 27 mar. 2021. 

“Não sou, porém, nem impaciente nem comum”.


O conectivo em destaque na oração tem o mesmo valor semântico de

Alternativas
Q1972206 Português
Cada uma das alternativas a seguir apresenta uma proposta de reescrita do último período do texto. Assinale a alternativa cuja proposta mantém a correção gramatical e o sentido original do período. 
Alternativas
Q1972054 Português
Texto CG101-I

      Alguns idiomas fictícios foram criados especialmente para a série Game of Thrones. Daí surgiram palavras e expressões bem conhecidas pelos fãs, como “dracarys” – palavra que a personagem Daenerys Targaryen (Emilia Clarke) usa para mandar seus dragões cuspirem fogo. A palavra faz parte do alto valiriano, uma língua muito presente no decorrer da trama dos Targaryen e que apareceu de novo em House of the Dragon, spin-off de Game of Thrones.
       A Antiga Valíria era um antigo império localizado em Essos, continente a leste de Westeros. Ela é pouco mencionada na série, pois não existe mais, mas sua língua (o alto valiriano) ainda é usada por uma elite seleta. Seria como falar latim clássico na Europa medieval.
      Segundo As Crônicas de Gelo e Fogo, livros escritos por George R. R. Martin que inspiraram a série, o alto valiriano não seria uma linguagem de comunicação cotidiana, mas utilizada pela nobreza na literatura e na música. Ao longo do tempo, o idioma originou dialetos simplificados, falados em várias regiões, como o baixo valiriano, sendo possível traçar um paralelo com o latim clássico e o latim vulgar. Daenerys, inclusive, domina e usa estrategicamente ambas as variações.   
      No alto valiriano, idioma do mundo de GOT, diferentemente do português, há quatro gêneros gramaticais, divididos entre lunares, solares, terrestres ou aquáticos. Nomes que se referem a humanos são geralmente lunares; profissões e partes do corpo, solares; alimentos e plantas são terrestres; e os líquidos são aquáticos. 
  Internet: <super.abril.com.br>(com adaptações). 

Com base nas ideias e construções linguísticas do texto CG101-I, julgue o item.


No segundo período do segundo parágrafo, os vocábulos “pois” e “mas” introduzem, respectivamente, orações com sentido explicativo e adversativo.

Alternativas
Q1971945 Português

Texto para a questão



''Faz voar sua imaginação pensar que temos estruturas tão grandes quanto cinco a seis campos de futebol, feitas de milhares de toneladas de pedra, que não apenas cobrem uma região geográfica enorme, como também têm 7.000 anos”, diz Hugh Thomas, codiretor dos Projetos de Arqueologia Aérea do Reino da Arábia Saudita (AAKSAU, na sigla em inglês). (linhas 48 a 50)
A estrutura sublinhada no período acima apresente valor semântico de  
Alternativas
Q1971638 Português
*ESTAÇÕES*

   1º de setembro, para muitos, o mês da primavera, para outros, o mês da campanha contra o suicídio. E, para certos "alguéns", apenas um mês. Hoje, aqui, para mim, continua sendo o mês das primaveras, o mês de lembrar alguém que ele é importante, mas jamais apenas um mês, mas sim O MÊS.

   Aliás, todos os meses são, para mim, O MÊS, pois a todos tenho o privilégio de me deliciar com brindes a que cada um oferece: o verão, brindo o fervor da ousadia, o desnudar da sedução em suor; o outono, brindo o desejo de desfolhar-me sem medo de trocar o figurino, pois o amanhecer e o entardecer do outono é surreal; o inverno, aconchego-me não acobertando contra o vento, mas sentindo o seu soprar enquanto os retalhos me abraçam; o setembro, ahhhhh.... aqui estou, em meio a um arbusto, talvez numa mata que se parece fechada, entretanto, mais uma vez, sem temer, pois sinto o cheiro da primavera, "travestindo-me" em pétalas de rosas, mesmo que alguns espinhos me arranhem, ou até machuquem, pois enquanto me recolho neste arbusto, sei que há margaridas me esperando, crisântemos, tantas flores... girassóis rodopiando em sintonia com o sol para que eu não perca o passo do bailar no jardim da primavera, à espera de brindarmos a fragrância do prazer de experimentar o viver, e não me deixar somente existir.

(Tulius Mendonça - 01/09/2022)
"Aliás, todos os meses são, para mim, O MÊS, pois a todos tenho o privilégio de me deliciar com brindes a que cada um oferece:" A conjunção destacada "pois" pode ser trocada sem prejuízo de sentido por: 
Alternativas
Q1970295 Português
A forma verbal “entreguem” (linha 4) está empregada no modo
Alternativas
Ano: 2022 Banca: Quadrix Órgão: CRO - RS Prova: Quadrix - 2022 - CRO - RS - Advogado |
Q1969760 Português
A relação sintática entre as duas orações do primeiro período do último parágrafo do texto é de 
Alternativas
Q1967860 Português

Texto CG1A1-I


  Considerado o principal idealizador das grandes mudanças que marcaram a educação brasileira no século 20, Anísio Teixeira (1900-1971) foi pioneiro na implantação de escolas públicas de todos os níveis, que refletiam seu objetivo de oferecer educação gratuita para todos. A marca do pensador Anísio era uma atitude de inquietação permanente diante dos fatos, considerando a verdade não como algo definitivo, mas que se busca continuamente.  

   O mundo em transformação requer um novo tipo de homem, consciente e bem-preparado para resolver seus próprios problemas, acompanhando a tríplice revolução da vida atual: intelectual, pelo incremento das ciências; industrial, pela tecnologia; e social, pela democracia. Essa concepção exige, segundo Anísio, “uma educação em mudança permanente, em permanente reconstrução”.

  As novas responsabilidades da escola eram, portanto, educar em vez de instruir; formar homens livres em vez de homens dóceis; preparar para um futuro incerto em vez de transmitir um passado claro; e ensinar a viver com mais inteligência, mais tolerância e mais felicidade. Para isso, seria preciso reformar a escola, começando-se por dar a ela uma nova visão da psicologia infantil.

 O próprio ato de aprender, dizia Anísio, durante muito tempo significou simples memorização; depois seu sentido passou a incluir a compreensão e a expressão do que fora ensinado; por último, envolveu algo mais: ganhar um modo de agir. Só aprendemos quando assimilamos uma coisa de tal jeito que, chegado o momento oportuno, sabemos agir de acordo com o aprendido.

   Para o pensador, não se aprendem apenas ideias ou fatos, mas também atitudes, ideais e senso crítico — desde que a escola disponha de condições para exercitá-los. Assim, uma criança só pode praticar a bondade em uma escola onde haja condições reais para desenvolver o sentimento. A nova psicologia da aprendizagem obriga a escola a se transformar num local onde se vive, e não em um centro preparatório para a vida. Como não aprendemos tudo o que praticamos, e sim aquilo que nos dá satisfação, o interesse do aluno deve orientar o que ele vai aprender. Portanto, é preciso que ele escolha suas atividades.

   Para ser eficiente, dizia Anísio, a escola pública para todos deve ser de tempo integral para professores e alunos, como a escola parque, por ele fundada em 1950, em Salvador, que mais tarde inspirou os centros integrados de educação pública (CIEP) do Rio de Janeiro e as demais propostas de escolas de tempo integral que se sucederam. Cuidando da higiene e saúde da criança, bem como da sua preparação para a cidadania, essa escola é apontada como solução para a educação básica no livro Educação não é privilégio. Além de integral, pública, laica e obrigatória, ela deveria ser também municipalizada, para atender aos interesses de cada comunidade. O ensino público deveria ser articulado numa rede até a universidade.

 Márcio Ferrari. Anísio Teixeira, o inventor da escola pública no Brasil. In: Revista Nova Escola, jul./2008 (com adaptações). 

Considerando aspectos sintáticos e semânticos do texto CG1A1-I, julgue o próximo item. 


No terceiro parágrafo do texto, o vocábulo “portanto” veicula sentido conclusivo.

Alternativas
Q1967428 Português
Texto para o item.




Internet: <www.terra.com.br> (com adaptações).
A respeito do texto e de seus aspectos linguísticos, julgue o item.

É de coordenação a relação entre as duas primeiras orações do segundo parágrafo do texto, sendo a segunda uma explicação da primeira, evidenciada pelo conectivo “por isso”, empregado na ligação de uma à outra. 
Alternativas
Respostas
641: B
642: C
643: C
644: E
645: B
646: B
647: E
648: C
649: B
650: D
651: A
652: C
653: C
654: C
655: E
656: A
657: C
658: A
659: C
660: E