Questões de Concurso Sobre ortografia em português

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Q2502188 Português
De acordo com as regras de ortografia, assinalar a alternativa que apresenta ERRO em sua grafia.
Alternativas
Q2502187 Português
Qual alternativa preenche CORRETAMENTE as lacunas?  

Minha ___ gosta muito de ver a ________ das nove.  
Alternativas
Q2501848 Português
Não há erro ortográfico na alternativa:  
Alternativas
Q2501845 Português
Assinale a alternativa que contém um par de palavras paronímias:
Alternativas
Q2501597 Português
Assinale a alternativa que apresenta um erro ortográfico no título da matéria jornalística.
Alternativas
Q2501010 Português

Leia um trecho do poema abaixo para responder à questão.


Ispinho e fulô
É nascê, vivê e morrê
Nossa herança natura
Todos tem que obedecê
Sem tê a quem se quexá
[...]

Até a propa criança
Tão nova e tão atraente
Conduzindo a mesma herança
Sai do seu berço inocente,
[...]

Fora da infança querida
No seu rosto de razão
Vê muntas fulô caída
Machucada pelo chão,
Pois vê neste mundo ingrato
Injustiça, assassinato
E uns aos outros perseguindo
E assim nós vamo penando
Vendo os ispinho omentando
E as fulô dimimnuindo.
[...] 

(Patativa do Assaré. Ispinho e fulô. São Paulo: Hedra, 2005. p. 25 e 26)

Assinale a alternativa que foi acentuada pela mesma regra da palavra “caída”, presente na última estrofe do poema:
Alternativas
Q2500378 Português


A idosa que passa o tempo ensinando como entrar para a história fazendo o que ninguém consegue


Mauro Condé



“Desistir não é estratégia”.


Acabo de voltar de uma viagem rumo ao conhecimento, usando como meio de transporte excelentes filmes disponíveis na Netflix.


Eles me levaram para Havana, capital de Cuba, onde fui recebido por Diana Nyad, a quem fui logo pedindo:


Ensina-me algo que eu ainda não saiba e tenha o poder de mudar a minha vida para melhor.


— Acredite ... você nunca será velho demais para desistir dos seus sonhos ... qualquer que seja a sua outra margem... o que quer que você queira fazer... o que quer que te inspire... você sempre encontrará uma maneira de chegar lá.


Onze anos atrás, quando Nyad tinha 64 anos, ela acordou durante um pesadelo, lembrando que a vida é caótica, que a gente não controla o tempo e que vivemos para morrer um dia. 


Alguma vez na sua vida você também já pensou assim?


Ela não esperou o dia clarear, acordou aos gritos a sua melhor amiga e treinadora de longa data, dizendo-se decidida a retornar ao desafio de nadar os mais de 160 km de Cuba até a Flórida, por quase 60 horas ininterruptas (quase uma hora para cada ano de vida)... feito que ela já tinha tentado um punhado de vezes sem sucesso, a primeira quando tinha 28 anos.


Foi taxada de louca varrida.


Você conhece alguém irritantemente determinado e teimoso desse jeito?


E acredita que ela mandou pintar a frase... “O diamante é um carvão que só se transformou porque foi submetido a alta e constante pressão”... na parede do seu quarto?!


Rapidamente Nyad persuadiu a treinadora a embarcar no seu sonho, depois de tantos anos, e organizou um pequeno time de apoio com coadjuvantes melhores do que ela, gente boa... a treinadora, velejadores, médicos e meteorologistas... todos incrédulos diante de tanta chama acesa numa pessoa só.


Ocê acredita que pouco tempo depois ela pulou na água do mar de Cuba e enfrentou as maiores adversidades pelo caminho?... tubarões, águas vivas, desvios de rota por causa da traiçoeira corrente do Golfo, a alta temperatura das águas daquela região.


E que, desta vez, ela finalmente chegou do outro lado do seu sonho, através de uma heróica trajetória, braçada a braçada, até Miami?


Desde que assisti ao filme Nyad, eu não tiro da cabeça aquela música dos Beatles “When I’m sixty-four (Quando eu tiver 64 anos)”... Estranhei sua ausência na ótima trilha sonora.


Disponível em: https://www.hojeemdia.com.br/opiniao/opiniao/aidosa-que-passa-o-tempo-ensinando-como-entrar-para-a-historiafazendo-o-que-ninguem-consegue-1.1007486

Uma porcentagem das palavras da língua portuguesa recebe acento gráfico. A acentuação de tais palavras é feita seguindo regras definidas, a fim de que haja uma unidade no que diz respeito ao tema. Quanto à acentuação gráfica e o acordo ortográfico vigente, examine as afirmações abaixo, indicando a INCORRETA.
Alternativas
Q2499497 Português

A CARTEIRA 

Machado de Assis


... De repente, Honório olhou para o chão e viu uma carteira. Abaixar-se, apanhá-la e guardá-la foi obra de alguns instantes. Ninguém o viu, salvo um homem que estava à porta de uma loja, e que, sem o conhecer, lhe disse rindo:

— Olhe, se não dá por ela; perdia-a de uma vez.

— É verdade, concordou Honório envergonhado.

Para avaliar a oportunidade desta carteira, é preciso saber que Honório tem de pagar amanhã uma dívida, quatrocentos e tantos mil-réis, e a carteira trazia o bojo recheado. A dívida não parece grande para um homem da posição de Honório, que advoga; mas todas as quantias são grandes ou pequenas, segundo as circunstâncias, e as dele não podiam ser piores. Gastos de família excessivos, a princípio por servir a parentes, e depois por agradar à mulher, que vivia aborrecida da solidão; baile daqui, jantar dali, chapéus, leques, tanta cousa mais, que não havia remédio senão ir descontando o futuro. Endividou-se. Começou pelas contas de lojas e armazéns; passou aos empréstimos, duzentos a um, trezentos a outro, quinhentos a outro, e tudo a crescer, e os bailes a darem-se, e os jantares a comerem-se, um turbilhão perpétuo, uma voragem.

— Tu agora vais bem, não? dizia-lhe ultimamente o Gustavo C..., advogado e familiar da casa.

— Agora vou, mentiu o Honório

A verdade é que ia mal. Poucas causas, de pequena monta, e constituintes remissos; por desgraça perdera ultimamente um processo, em que fundara grandes esperanças. Não só recebeu pouco, mas até parece que ele lhe tirou alguma cousa à reputação jurídica; em todo caso, andavam mofinas nos jornais.

D. Amélia não sabia nada; ele não contava nada à mulher, bons ou maus negócios. Não contava nada a ninguém. Fingia-se tão alegre como se nadasse em um mar de prosperidades. Quando o Gustavo, que ia todas as noites à casa dele, dizia uma ou duas pilhérias, ele respondia com três e quatro; e depois ia ouvir os trechos de música alemã, que D. Amélia tocava muito bem ao piano, e que o Gustavo escutava com indizível prazer, ou jogavam cartas, ou simplesmente falavam de política.

Um dia, a mulher foi achá-lo dando muitos beijos à filha, criança de quatro anos, e viu-lhe os olhos molhados; ficou espantada, e perguntou-lhe o que era.

— Nada, nada.

Compreende-se que era o medo do futuro e o horror da miséria. Mas as esperanças voltavam com facilidade. A idéia de que os dias melhores tinham de vir dava-lhe conforto para a luta. Estava com trinta e quatro anos; era o princípio da carreira: todos os princípios são difíceis. E toca a trabalhar, a esperar, a gastar, pedir fiado ou: emprestado, para pagar mal, e a más horas. 

A dívida urgente de hoje são uns malditos quatrocentos e tantos mil-réis de carros. Nunca demorou tanto a conta, nem ela cresceu tanto, como agora; e, a rigor, o credor não lhe punha a faca aos peitos; mas disse-lhe hoje uma palavra azeda, com um gesto mau, e Honório quer pagar-lhe hoje mesmo. Eram cinco horas da tarde. Tinha-se lembrado de ir a um agiota, mas voltou sem ousar pedir nada. Ao enfiar pela Rua da Assembléia é que viu a carteira no chão, apanhou-a, meteu no bolso, e foi andando.

Durante os primeiros minutos, Honório não pensou nada; foi andando, andando, andando, até o Largo da Carioca. No Largo parou alguns instantes, - enfiou depois pela Rua da Carioca, mas voltou logo, e entrou na Rua Uruguaiana. Sem saber como, achou-se daí a pouco no Largo de S. Francisco de Paula; e ainda, sem saber como, entrou em um Café. Pediu alguma cousa e encostou-se à parede, olhando para fora. Tinha medo de abrir a carteira; podia não achar nada, apenas papéis e sem valor para ele. Ao mesmo tempo, e esta era a causa principal das reflexões, a consciência perguntava-lhe se podia utilizar-se do dinheiro que achasse. Não lhe perguntava com o ar de quem não sabe, mas antes com uma expressão irônica e de censura. Podia lançar mão do dinheiro, e ir pagar com ele a dívida? Eis o ponto. A consciência acabou por lhe dizer que não podia, que devia levar a carteira à polícia, ou anunciá-la; mas tão depressa acabava de lhe dizer isto, vinham os apuros da ocasião, e puxavam por ele, e convidavam-no a ir pagar a cocheira. Chegavam mesmo a dizer-lhe que, se fosse ele que a tivesse perdido, ninguém iria entregar-lha; insinuação que lhe deu ânimo.

Tudo isso antes de abrir a carteira. Tirou-a do bolso, finalmente, mas com medo, quase às escondidas; abriu-a, e ficou trêmulo. Tinha dinheiro, muito dinheiro; não contou, mas viu duas notas de duzentos mil-réis, algumas de cinqüenta e vinte; calculou uns setecentos mil-réis ou mais; quando menos, seiscentos. Era a dívida paga; eram menos algumas despesas urgentes. Honório teve tentações de fechar os olhos, correr à cocheira, pagar, e, depois de paga a dívida, adeus; reconciliar-se-ia consigo. Fechou a carteira, e com medo de a perder, tornou a guardá-la.

Mas daí a pouco tirou-a outra vez, e abriu-a, com vontade de contar o dinheiro. Contar para quê? era dele? Afinal venceu-se e contou: eram setecentos e trinta mil-réis. Honório teve um calafrio. Ninguém viu, ninguém soube; podia ser um lance da fortuna, a sua boa sorte, um anjo... Honório teve pena de não crer nos anjos... Mas por que não havia de crer neles? E voltava ao dinheiro, olhava, passava-o pelas mãos; depois, resolvia o contrário, não usar do achado, restituí-lo. Restituí-lo a quem? Tratou de ver se havia na carteira algum sinal.

"Se houver um nome, uma indicação qualquer, não posso utilizar-me do dinheiro," pensou ele.

Esquadrinhou os bolsos da carteira. Achou cartas, que não abriu, bilhetinhos dobrados, que não leu, e por fim um cartão de visita; leu o nome; era do Gustavo. Mas então, a carteira?... Examinou-a por fora, e pareceu-lhe efetivamente do amigo. Voltou ao interior; achou mais dois cartões, mais três, mais cinco. Não havia duvidar; era dele.

A descoberta entristeceu-o. Não podia ficar com o dinheiro, sem praticar um ato ilícito, e, naquele caso, doloroso ao seu coração porque era em dano de um amigo. Todo o castelo levantado esboroou-se como se fosse de cartas. Bebeu a última gota de café, sem reparar que estava frio. Saiu, e só então reparou que era quase noite. Caminhou para casa. Parece que a necessidade ainda lhe deu uns dois empurrões, mas ele resistiu.

"Paciência, disse ele consigo; verei amanhã o que posso fazer."

Chegando a casa, já ali achou o Gustavo, um pouco preocupado, e a própria D. Amélia o parecia também. Entrou rindo, e perguntou ao amigo se lhe faltava alguma coisa.

— Nada.

— Nada?

— Por quê?

— Mete a mão no bolso; não te falta nada?

— Falta-me a carteira, disse o Gustavo sem meter a mão no bolso. Sabes se alguém a achou?

— Achei-a eu, disse Honório entregando-lha.

Gustavo pegou dela precipitadamente, e olhou desconfiado para o amigo. Esse olhar foi para Honório como um golpe de estilete; depois de tanta luta com a necessidade, era um triste prêmio. Sorriu amargamente; e, como o outro lhe perguntasse onde a achara, deu-lhe as explicações precisas.

— Mas conheceste-a?

— Não; achei os teus bilhetes de visita.

Honório deu duas voltas, e foi mudar de toilette para o jantar. Então Gustavo sacou novamente a carteira, abriu-a, foi a um dos bolsos, tirou um dos bilhetinhos, que o outro não quis abrir nem ler, e estendeu-o a D. Amélia, que, ansiosa e trêmula, rasgou-o em trinta mil pedaços: era um bilhetinho de amor. 


Sabendo que na língua portuguesa as palavras seguem regras de acentuação gráfica, variando de acordo com suas especificidades, avalie as asserções acerca desse tema e a relação proposta entre elas.


I. As palavras “idéia” (parágrafo 11), “Assembléia” (parágrafo 12) e “mil-réis” (4º parágrafo) não devem mais ser acentuadas


PORQUE


II. segundo o acordo ortográfico vigente, não são mais acentuados os ditongos abertos eu e ei.


Assinale a opção CORRETA.

Alternativas
Ano: 2024 Banca: Instituto Referência Órgão: Prefeitura de Rio Bonito - RJ Provas: Instituto Referência - 2024 - Prefeitura de Rio Bonito - RJ - Contador | Instituto Referência - 2024 - Prefeitura de Rio Bonito - RJ - Arquiteto | Instituto Referência - 2024 - Prefeitura de Rio Bonito - RJ - Assistente Social | Instituto Referência - 2024 - Prefeitura de Rio Bonito - RJ - Biólogo | Instituto Referência - 2024 - Prefeitura de Rio Bonito - RJ - Engenheiro Civil | Instituto Referência - 2024 - Prefeitura de Rio Bonito - RJ - Engenheiro Agrônomo | Instituto Referência - 2024 - Prefeitura de Rio Bonito - RJ - Fonoaudiólogo | Instituto Referência - 2024 - Prefeitura de Rio Bonito - RJ - Nutricionista | Instituto Referência - 2024 - Prefeitura de Rio Bonito - RJ - Orientador Educacional | Instituto Referência - 2024 - Prefeitura de Rio Bonito - RJ - Professor I - Língua Portuguesa | Instituto Referência - 2024 - Prefeitura de Rio Bonito - RJ - Professor I - Artes | Instituto Referência - 2024 - Prefeitura de Rio Bonito - RJ - Professor I - Ciências Biológicas | Instituto Referência - 2024 - Prefeitura de Rio Bonito - RJ - Professor I - Inglês | Instituto Referência - 2024 - Prefeitura de Rio Bonito - RJ - Professor I - História | Instituto Referência - 2024 - Prefeitura de Rio Bonito - RJ - Professor I - Geografia | Instituto Referência - 2024 - Prefeitura de Rio Bonito - RJ - Professor I - Matemática | Instituto Referência - 2024 - Prefeitura de Rio Bonito - RJ - Professor I - Educação Física | Instituto Referência - 2024 - Prefeitura de Rio Bonito - RJ - Psicólogo | Instituto Referência - 2024 - Prefeitura de Rio Bonito - RJ - Supervisor Educacional | Instituto Referência - 2024 - Prefeitura de Rio Bonito - RJ - Professor Orientador Pedagógico | Instituto Referência - 2024 - Prefeitura de Rio Bonito - RJ - Veterinário |
Q2499259 Português
Tatuapé. O caminho do Tatu

Daniel Munduruku
07 de agosto de 2023

          Uma das mais intrigantes invenções humanas é o metrô. Não digo que seja intrigante para o homem comum, acostumado com os avanços tecnológicos. Penso no homem da floresta, acostumado com o silêncio da mata, com o canto dos pássaros ou com a paciência constante do rio que segue seu fluxo rumo ao mar. Penso nos povos da floresta.
       Os índios sempre ficam encantados com a agilidade do grande tatu metálico. Lembro de mim mesmo quando cheguei a São Paulo. Ficava muito tempo atrás desse tatu, apenas para observar o caminho que ele fazia.
         O tatu da floresta tem uma característica muito interessante: ele corre para sua toca quando se vê acuado pelos seus predadores. É uma forma de escapar ao ataque deles. Mas isso é o instinto de sobrevivência. Quem vive na floresta sabe, bem lá dentro de si, que não pode se permitir andar desatento, pois corre um sério perigo de não ter amanhã.
       O tatu metálico da cidade não tem esse medo. É ele que faz o seu caminho, mostra a direção, rasga os trilhos como quem desbrava. É ele que segue levando pessoas para os seus destinos. Alguns sofrem com a sua chegada, outros sofrem com a sua partida.
        Voltei a pensar no tatu da floresta, que desconhece o próprio destino mas sabe aonde quer chegar.
       Pensei também no tempo de antigamente, quando o Tatuapé era um lugar de caça ao tatu. Índios caçadores entravam em sua mata apenas para saber onde estavam as pegadas do animal. Depois eles ficavam à espreita daquele parente, aguardando pacientemente sua manifestação. Nessa hora — quando o tatu saía da toca — eles o pegavam e faziam um suculento assado que iria alimentar os famintos caçadores.
      Voltei a pensar no tatu da cidade, que não pode servir de alimento, mas é usado como transporte, para a maioria das pessoas poder encontrar o seu próprio alimento. Andando no metrô que seguia rumo ao Tatuapé, fiquei mirando os prédios que ele cortava como se fossem árvores gigantes de concreto. Naquele itinerário eu ia buscando algum resquício das antigas civilizações que habitaram aquele vale. Encontrei apenas urubus que sobrevoavam o trem que, por sua vez, cortava o coração da Mãe Terra como uma lâmina afiada. Vi pombos e pombas voando livremente entre as estações. Vi um gavião que voava indiferente por entre os prédios. Não vi nenhum tatu e isso me fez sentir saudades de um tempo em que a natureza imperava nesse pedaço de São Paulo habitado por índios Puris. Senti saudades de um ontem impossível de se tornar hoje novamente.
       Pensando nisso deixei o trem me levar entre Itaquera e o Anhangabaú. Precisava levar minha alma ao princípio de tudo.

In: Crônicas de São Paulo: um olhar indígena. Callis Editora, 2ª
edição, 2010, pp,15-17.
As palavras “saía” (6º parágrafo) e “Anhangabaú” (último parágrafo) foram acentuadas segundo a regra dos “i” e “u”, quando representam a segunda vogal tônica de um hiato; conforme esta regra, todas as opções abaixo devem ser acentuadas graficamente, com EXCEÇÃO de: 
Alternativas
Q2499046 Português
O que são os manguezais e por que é importante conservá-los

         Os manguezais estão na lista dos mais produtivos ecossistemas do mundo, de acordo com especialistas. Segundo a Convenção de Ramsar (Convenção sobre as Áreas Úmidas de Importância Internacional), os ecossistemas de mangue são únicos, raros e extremamente ricos em biodiversidade. Com espécies da flora, fauna e até solo exclusivos, esse ambiente, quando gerenciado de forma sustentável, tem um papel importante na mitigação das mudanças climáticas, na proteção de zonas costeiras e na subsistência de milhões de pessoas.
           Entretanto, segundo a Unesco, as áreas úmidas estão desaparecendo três a cinco vezes mais rápido do que as outras florestas no mundo, trazendo sérios impactos ecológicos e socioeconômicos. O órgão estima que a cobertura de mangue global foi reduzida à metade da área original nos últimos 40 anos.

O que são os manguezais

       A bióloga Marta Vannucci, uma das pioneiras em estudos oceanográficos no Brasil e responsável por mais de 100 publicações científicas sobre os mangues, descreve as florestas desse ecossistema como “grandiosas, únicas e maravilhosas”. “Não há, como nas outras florestas, chão sobre o qual andar. Durante a maré cheia, a floresta está inundada e, quando a maré recua, deixa atrás de si um emaranhado caótico de raízes de todo tipo, recobertos por mucilagem, liquens e algas que crescem também sobre os galhos e emergem do lodo, onde é possível afundar-se até os joelhos, se houver espaço suficiente para apoiar os pés”, escreve ela.
       Trata-se de um lugar que funciona como uma transição do meio marinho para o terrestre, comumente encontrado em regiões tropicais e subtropicais onde a vida é controlada pelo ritmo das marés.
         Por serem donos de características tão específicas, os manguezais abrigam espécies únicas, como algumas adaptadas para ambientes com água salobra (onde a salinidade é maior que nos rios e menor que no mar).
        Árvores típicas do ecossistema, os mangues propriamente ditos chamam atenção por suas raízes, que ficam expostas acima do solo lodoso e formam redes complexas capazes de sustentar os altos troncos e as copas cheias.

Onde encontramos ecossistemas de mangue

         Os manguezais colonizam os litorais de 123 nações e territórios pelo mundo, segundo a Unesco. Entretanto, eles ainda são considerados ecossistemas raros, já que representam menos de 1% das florestas tropicais e menos de 0,4% das superfícies florestais do planeta.
        Ainda que espalhados por todo o mundo, apenas um punhado de países abriga mais de 70% dos manguezais do planeta.
      Só no Brasil, de acordo com o levantamento do Atlas dos Manguezais do Brasil, lançado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em 2018, existem aproximadamente 14 mil km² de florestas de mangue ao longo do litoral. Isso coloca o país como o segundo com a maior extensão de manguezais no mundo, com 12% do total, atrás apenas da Indonésia.

Por que os manguezais são importantes

    Com toda essa biodiversidade, os manguezais também são responsáveis por inúmeros serviços ecossistêmicos, que beneficiam tanto os seres humanos quanto as demais espécies que os habitam. A importância dos manguezais vai desde a proteção de costas e controle climático até a reprodução de espécies.
     “O emaranhado de raízes e o solo rico em nutrientes formam um excelente berçário para muitos animais, principalmente marinhos, que vivem nas raízes submersas quando jovens e seguem para o mar aberto depois de adultos”, explica Aburto.
     “Por exemplo, entre as espécies de interesse comercial, a tainha, o linguado, a sardinha e o mero são altamente dependentes do manguezal para a manutenção de suas populações", diz Monica Tognella, da Ufes.
     Outro serviço prestado é a redução da vulnerabilidade de zonas costeiras a perigos naturais. “[O manguezal] impede a erosão das costas e protege qualquer infraestrutura, sejam casas, hotéis, ou outros empreendimentos, porque consegue barrar a força das ondas e de tempestades”, diz Aburto.
       Segundo a Unesco, uma faixa de 500 metros de mangues consegue diminuir a altura das ondas que chegam ao litoral em 50 a 99%.
       Em relação ao controle climático, os manguezais também são importantes sequestradores de carbono. “Eles sequestram CO2 da atmosfera 50 vezes mais rápido do que qualquer outra árvore, e o armazenam no solo em uma quantidade que pode ser até cinco vezes maior do que qualquer outra floresta”, diz Aburto. Dados da Unesco mostram que um hectare de bosque de mangues é capaz de armazenar 3.754 toneladas de carbono, o equivalente ao emitido por 2.650 carros em um ano. “É por isso que os manguezais têm sido considerados os grandes super-heróis que podem nos ajudar a combater as mudanças climáticas”, afirma o explorador.
       O Atlas dos Manguezais do Brasil reforça que eles também impactam na sobrevivência humana no dia a dia. O documento informa que, aproximadamente 120 milhões de pessoas em todo o mundo vivem a pelo menos 10 quilômetros de distância de áreas significativas de mangue, se beneficiando deles de diversas formas, como com a pesca e extração de produtos florestais, a obtenção de água potável e a proteção contra erosão e eventos climáticos extremos. O Atlas também menciona que os manguezais são importantes para a recreação e o turismo, além de serem importantes para religiões populares.

Ameaças aos manguezais

      A União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês) alerta para os danos aos manguezais causados por extração predatória de lenha e alimentos (caranguejos, lagostas, peixes, camarões, etc.); retirada da vegetação nativa para culturas agrícolas – como arroz, cana-de-açúcar, palmeiras (extração de óleo de palma); e construção de estradas, imóveis e grandes empreendimentos turísticos. “A agricultura e a criação de animais, principalmente a cultura de camarão, são os principais problemas, porque entram em conflito com as áreas de manguezais, causando o desmatamento”, explica Aburto.
       Segundo o IUCN, nos últimos 20 anos, o mundo perdeu 36% dos seus manguezais. Só no Brasil, de acordo com o Atlas, 25% das florestas de mangue foram destruídas desde o começo do século 20. A situação é particularmente grave nas regiões Nordeste e Sudeste do Brasil, que apresentam um alto nível de fragmentação – estimativas recentes sugerem que cerca de 40% do que um dia foi uma extensão contínua de manguezais já não existe mais.

Como ajudar na conservação de manguezais

    “O primeiro passo é saber mais sobre eles”, diz Aburto. Segundo ele, por ser um ambiente que ocorre em poucas áreas do planeta, há quem não saiba da sua existência, o que dificulta ações coletivas de conservação. “Muitas pessoas consomem produtos que vêm ou dependem dos manguezais, mas nunca ouviram falar desse ecossistema. Como se protege algo que não se conhece?”
    Para a professora Monica Tognella, “devemos construir um diálogo entre os estudos científicos que mostram como os ambientes intactos são mais benéficos do que a retirada dos bosques de mangue, influenciando esforços coletivos para a conservação."
     Outras ações possíveis para proteger os manguezais, segundo os especialistas, estão ligadas ao consumo consciente. “Saber da onde vem e como são produzidos os alimentos que consumimos, por exemplo, é um meio de proteger esses ecossistemas, considerando que a produção de camarão e óleo de palma para alimentação é uma das principais causas do desmatamento dos mangues”, diz Aburto. “Exigir produções mais sustentáveis e que empreendimentos, como grandes hotéis, não destruam áreas de mangue também são ações que cidadãos comuns podem se comprometer.”
    “Compartilhar e se informar sobre o valor dos manguezais para os humanos e o meio ambiente", diz Aburto, "é uma forma de promover, cada vez mais, sua proteção e o uso sustentável."

Adaptado de: https://www.nationalgeographicbrasil.com/meio-
ambiente/2022/07/o-que-sao-os-manguezais-e-por-que-e-
importante-conserva-los Acesso em: 25/03/24
 
“O Atlas dos Manguezais do Brasil reforça que eles também impactam na sobrevivência humana no dia a dia.” A expressão em destaque deixou de ser ligada por hífen no último Acordo Ortográfico de Língua Portuguesa. O mesmo não ocorreu com o termo grifado em “arroz, cana-de-açúcar, palmeiras”, que continua sendo escrito com hífen. Isso se justifica porque emprega-se o hífen:
Alternativas
Q2499045 Português
O que são os manguezais e por que é importante conservá-los

         Os manguezais estão na lista dos mais produtivos ecossistemas do mundo, de acordo com especialistas. Segundo a Convenção de Ramsar (Convenção sobre as Áreas Úmidas de Importância Internacional), os ecossistemas de mangue são únicos, raros e extremamente ricos em biodiversidade. Com espécies da flora, fauna e até solo exclusivos, esse ambiente, quando gerenciado de forma sustentável, tem um papel importante na mitigação das mudanças climáticas, na proteção de zonas costeiras e na subsistência de milhões de pessoas.
           Entretanto, segundo a Unesco, as áreas úmidas estão desaparecendo três a cinco vezes mais rápido do que as outras florestas no mundo, trazendo sérios impactos ecológicos e socioeconômicos. O órgão estima que a cobertura de mangue global foi reduzida à metade da área original nos últimos 40 anos.

O que são os manguezais

       A bióloga Marta Vannucci, uma das pioneiras em estudos oceanográficos no Brasil e responsável por mais de 100 publicações científicas sobre os mangues, descreve as florestas desse ecossistema como “grandiosas, únicas e maravilhosas”. “Não há, como nas outras florestas, chão sobre o qual andar. Durante a maré cheia, a floresta está inundada e, quando a maré recua, deixa atrás de si um emaranhado caótico de raízes de todo tipo, recobertos por mucilagem, liquens e algas que crescem também sobre os galhos e emergem do lodo, onde é possível afundar-se até os joelhos, se houver espaço suficiente para apoiar os pés”, escreve ela.
       Trata-se de um lugar que funciona como uma transição do meio marinho para o terrestre, comumente encontrado em regiões tropicais e subtropicais onde a vida é controlada pelo ritmo das marés.
         Por serem donos de características tão específicas, os manguezais abrigam espécies únicas, como algumas adaptadas para ambientes com água salobra (onde a salinidade é maior que nos rios e menor que no mar).
        Árvores típicas do ecossistema, os mangues propriamente ditos chamam atenção por suas raízes, que ficam expostas acima do solo lodoso e formam redes complexas capazes de sustentar os altos troncos e as copas cheias.

Onde encontramos ecossistemas de mangue

         Os manguezais colonizam os litorais de 123 nações e territórios pelo mundo, segundo a Unesco. Entretanto, eles ainda são considerados ecossistemas raros, já que representam menos de 1% das florestas tropicais e menos de 0,4% das superfícies florestais do planeta.
        Ainda que espalhados por todo o mundo, apenas um punhado de países abriga mais de 70% dos manguezais do planeta.
      Só no Brasil, de acordo com o levantamento do Atlas dos Manguezais do Brasil, lançado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em 2018, existem aproximadamente 14 mil km² de florestas de mangue ao longo do litoral. Isso coloca o país como o segundo com a maior extensão de manguezais no mundo, com 12% do total, atrás apenas da Indonésia.

Por que os manguezais são importantes

    Com toda essa biodiversidade, os manguezais também são responsáveis por inúmeros serviços ecossistêmicos, que beneficiam tanto os seres humanos quanto as demais espécies que os habitam. A importância dos manguezais vai desde a proteção de costas e controle climático até a reprodução de espécies.
     “O emaranhado de raízes e o solo rico em nutrientes formam um excelente berçário para muitos animais, principalmente marinhos, que vivem nas raízes submersas quando jovens e seguem para o mar aberto depois de adultos”, explica Aburto.
     “Por exemplo, entre as espécies de interesse comercial, a tainha, o linguado, a sardinha e o mero são altamente dependentes do manguezal para a manutenção de suas populações", diz Monica Tognella, da Ufes.
     Outro serviço prestado é a redução da vulnerabilidade de zonas costeiras a perigos naturais. “[O manguezal] impede a erosão das costas e protege qualquer infraestrutura, sejam casas, hotéis, ou outros empreendimentos, porque consegue barrar a força das ondas e de tempestades”, diz Aburto.
       Segundo a Unesco, uma faixa de 500 metros de mangues consegue diminuir a altura das ondas que chegam ao litoral em 50 a 99%.
       Em relação ao controle climático, os manguezais também são importantes sequestradores de carbono. “Eles sequestram CO2 da atmosfera 50 vezes mais rápido do que qualquer outra árvore, e o armazenam no solo em uma quantidade que pode ser até cinco vezes maior do que qualquer outra floresta”, diz Aburto. Dados da Unesco mostram que um hectare de bosque de mangues é capaz de armazenar 3.754 toneladas de carbono, o equivalente ao emitido por 2.650 carros em um ano. “É por isso que os manguezais têm sido considerados os grandes super-heróis que podem nos ajudar a combater as mudanças climáticas”, afirma o explorador.
       O Atlas dos Manguezais do Brasil reforça que eles também impactam na sobrevivência humana no dia a dia. O documento informa que, aproximadamente 120 milhões de pessoas em todo o mundo vivem a pelo menos 10 quilômetros de distância de áreas significativas de mangue, se beneficiando deles de diversas formas, como com a pesca e extração de produtos florestais, a obtenção de água potável e a proteção contra erosão e eventos climáticos extremos. O Atlas também menciona que os manguezais são importantes para a recreação e o turismo, além de serem importantes para religiões populares.

Ameaças aos manguezais

      A União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês) alerta para os danos aos manguezais causados por extração predatória de lenha e alimentos (caranguejos, lagostas, peixes, camarões, etc.); retirada da vegetação nativa para culturas agrícolas – como arroz, cana-de-açúcar, palmeiras (extração de óleo de palma); e construção de estradas, imóveis e grandes empreendimentos turísticos. “A agricultura e a criação de animais, principalmente a cultura de camarão, são os principais problemas, porque entram em conflito com as áreas de manguezais, causando o desmatamento”, explica Aburto.
       Segundo o IUCN, nos últimos 20 anos, o mundo perdeu 36% dos seus manguezais. Só no Brasil, de acordo com o Atlas, 25% das florestas de mangue foram destruídas desde o começo do século 20. A situação é particularmente grave nas regiões Nordeste e Sudeste do Brasil, que apresentam um alto nível de fragmentação – estimativas recentes sugerem que cerca de 40% do que um dia foi uma extensão contínua de manguezais já não existe mais.

Como ajudar na conservação de manguezais

    “O primeiro passo é saber mais sobre eles”, diz Aburto. Segundo ele, por ser um ambiente que ocorre em poucas áreas do planeta, há quem não saiba da sua existência, o que dificulta ações coletivas de conservação. “Muitas pessoas consomem produtos que vêm ou dependem dos manguezais, mas nunca ouviram falar desse ecossistema. Como se protege algo que não se conhece?”
    Para a professora Monica Tognella, “devemos construir um diálogo entre os estudos científicos que mostram como os ambientes intactos são mais benéficos do que a retirada dos bosques de mangue, influenciando esforços coletivos para a conservação."
     Outras ações possíveis para proteger os manguezais, segundo os especialistas, estão ligadas ao consumo consciente. “Saber da onde vem e como são produzidos os alimentos que consumimos, por exemplo, é um meio de proteger esses ecossistemas, considerando que a produção de camarão e óleo de palma para alimentação é uma das principais causas do desmatamento dos mangues”, diz Aburto. “Exigir produções mais sustentáveis e que empreendimentos, como grandes hotéis, não destruam áreas de mangue também são ações que cidadãos comuns podem se comprometer.”
    “Compartilhar e se informar sobre o valor dos manguezais para os humanos e o meio ambiente", diz Aburto, "é uma forma de promover, cada vez mais, sua proteção e o uso sustentável."

Adaptado de: https://www.nationalgeographicbrasil.com/meio-
ambiente/2022/07/o-que-sao-os-manguezais-e-por-que-e-
importante-conserva-los Acesso em: 25/03/24
 
“O órgão estima que a cobertura de mangue global foi reduzida à metade da área original nos últimos 40 anos.”
A ocorrência do acento grave no termo em destaque se deve ao fato de que, no caso em questão:
Alternativas
Q2498998 Português
O ASSALTO

Carlos Drummond de Andrade

Na feira, a gorda senhora protestou a altos brados contra o preço do chuchu:
— Isto é um assalto!
Houve um rebuliço. Os que estavam perto fugiram. Alguém, correndo, foi chamar o guarda. Um minuto depois, a rua inteira, atravancada, mas provida de um admirável serviço de comunicação espontânea, sabia que se estava perpetrando um assalto ao banco. Mas que banco? Havia banco naquela rua? Evidente que sim, pois do contrário como poderia ser assaltado?
— Um assalto! Um assalto! — a senhora continuava a exclamar, e quem não tinha escutado, escutou, multiplicando a notícia. Aquela voz subindo do mar de barracas e legumes era como a própria sirena policial, documentando, por seu uivo, a ocorrência grave, que fatalmente se estaria consumando ali, na claridade do dia, sem que ninguém pudesse evitá-la. Moleques de carrinho corriam em todas as direções, atropelando-se uns aos outros. Queriam salvar as mercadorias que transportavam. Não era o instinto de propriedade que os impelia. Sentiam-se responsáveis pelo transporte. E no atropelo da fuga, pacotes rasgavam-se, melancias rolavam, tomates esborrachavam-se no asfalto. Se a fruta cai no chão, já não é de ninguém; é de qualquer um, inclusive do transportador. Em ocasiões de assalto, quem é que vai reclamar uma penca de bananas meio amassadas?
— Olha o assalto! Tem um assalto ali adiante!
O ônibus na rua transversal parou para assuntar. Passageiros ergueram-se, puseram o nariz para fora. Não se via nada. O motorista desceu, desceu o trocador, um passageiro advertiu:
— No que você vai a fim do assalto, eles assaltam sua caixa. Ele nem escutou. Então os passageiros também acharam de bom alvitre abandonar o veículo, na ânsia de saber, que vem movendo o homem, desde a idade da pedra até a idade do módulo lunar. Outros ônibus pararam, a rua entupiu.
— Melhor. Todas as ruas estão bloqueadas.
Assim eles não podem dar no pé.
— É uma mulher que chefia o bando!
— Já sei. A tal dondoca loira.
— A loura assalta em São Paulo. Aqui é morena.
— Uma gorda. Está de metralhadora. Eu vi.
— Minha Nossa Senhora, o mundo está virado!
— Vai ver que está caçando é marido.
— Não brinca numa hora dessas. Olha aí sangue escorrendo!
— Sangue nada, é tomate.
Na confusão, circularam notícias diversas. O assalto fora a uma joalheria, as vitrinas tinham sido esmigalhadas a bala. E havia joias pelo chão, braceletes, relógios. O que os bandidos não levaram, na pressa, era agora objeto de saque popular. Morreram no mínimo duas pessoas, e três estavam gravemente feridas. Barracas derrubadas assinalavam o ímpeto da convulsão coletiva. Era preciso abrir caminho a todo custo. No rumo do assalto, para ver, e no rumo contrário, para escapar. Os grupos divergentes chocavam-se, e às vezes trocavam de direção; quem fugia dava marcha à ré, quem queria espiar era arrastado pela massa oposta. Os edifícios de apartamentos tinham fechado suas portas, logo que o primeiro foi invadido por pessoas que pretendiam, ao mesmo tempo, salvar o pelo e contemplar lá de cima. Janelas e balcões apinhados de moradores, que gritavam:
— Pega! Pega! Correu pra lá!
— Olha ela ali!
— É um mascarado! Não, são dois mascarados!
Ouviu-se nitidamente o pipocar de uma metralhadora, a pequena distância. Foi um deitar-no-chão geral, e como não havia espaço uns caíam por cima de outros. Cessou o ruído. Voltou. Que assalto era esse, dilatado no tempo, repetido, confuso?
— Olha, um menino tocando matraca! E a gente com dor-de-barriga, pensando que era metralhadora!
Caíram em cima do garoto, que sorveteu na multidão. A senhora gorda apareceu, muito vermelha, protestando sempre:
— É um assalto! Chuchu por aquele preço é um verdadeiro assalto!

“Foi um deitar-no-chão geral”


“E a gente com dor-de-barriga” 


Conforme o Acordo Ortográfico vigente:

Alternativas
Q2498994 Português
O ASSALTO

Carlos Drummond de Andrade

Na feira, a gorda senhora protestou a altos brados contra o preço do chuchu:
— Isto é um assalto!
Houve um rebuliço. Os que estavam perto fugiram. Alguém, correndo, foi chamar o guarda. Um minuto depois, a rua inteira, atravancada, mas provida de um admirável serviço de comunicação espontânea, sabia que se estava perpetrando um assalto ao banco. Mas que banco? Havia banco naquela rua? Evidente que sim, pois do contrário como poderia ser assaltado?
— Um assalto! Um assalto! — a senhora continuava a exclamar, e quem não tinha escutado, escutou, multiplicando a notícia. Aquela voz subindo do mar de barracas e legumes era como a própria sirena policial, documentando, por seu uivo, a ocorrência grave, que fatalmente se estaria consumando ali, na claridade do dia, sem que ninguém pudesse evitá-la. Moleques de carrinho corriam em todas as direções, atropelando-se uns aos outros. Queriam salvar as mercadorias que transportavam. Não era o instinto de propriedade que os impelia. Sentiam-se responsáveis pelo transporte. E no atropelo da fuga, pacotes rasgavam-se, melancias rolavam, tomates esborrachavam-se no asfalto. Se a fruta cai no chão, já não é de ninguém; é de qualquer um, inclusive do transportador. Em ocasiões de assalto, quem é que vai reclamar uma penca de bananas meio amassadas?
— Olha o assalto! Tem um assalto ali adiante!
O ônibus na rua transversal parou para assuntar. Passageiros ergueram-se, puseram o nariz para fora. Não se via nada. O motorista desceu, desceu o trocador, um passageiro advertiu:
— No que você vai a fim do assalto, eles assaltam sua caixa. Ele nem escutou. Então os passageiros também acharam de bom alvitre abandonar o veículo, na ânsia de saber, que vem movendo o homem, desde a idade da pedra até a idade do módulo lunar. Outros ônibus pararam, a rua entupiu.
— Melhor. Todas as ruas estão bloqueadas.
Assim eles não podem dar no pé.
— É uma mulher que chefia o bando!
— Já sei. A tal dondoca loira.
— A loura assalta em São Paulo. Aqui é morena.
— Uma gorda. Está de metralhadora. Eu vi.
— Minha Nossa Senhora, o mundo está virado!
— Vai ver que está caçando é marido.
— Não brinca numa hora dessas. Olha aí sangue escorrendo!
— Sangue nada, é tomate.
Na confusão, circularam notícias diversas. O assalto fora a uma joalheria, as vitrinas tinham sido esmigalhadas a bala. E havia joias pelo chão, braceletes, relógios. O que os bandidos não levaram, na pressa, era agora objeto de saque popular. Morreram no mínimo duas pessoas, e três estavam gravemente feridas. Barracas derrubadas assinalavam o ímpeto da convulsão coletiva. Era preciso abrir caminho a todo custo. No rumo do assalto, para ver, e no rumo contrário, para escapar. Os grupos divergentes chocavam-se, e às vezes trocavam de direção; quem fugia dava marcha à ré, quem queria espiar era arrastado pela massa oposta. Os edifícios de apartamentos tinham fechado suas portas, logo que o primeiro foi invadido por pessoas que pretendiam, ao mesmo tempo, salvar o pelo e contemplar lá de cima. Janelas e balcões apinhados de moradores, que gritavam:
— Pega! Pega! Correu pra lá!
— Olha ela ali!
— É um mascarado! Não, são dois mascarados!
Ouviu-se nitidamente o pipocar de uma metralhadora, a pequena distância. Foi um deitar-no-chão geral, e como não havia espaço uns caíam por cima de outros. Cessou o ruído. Voltou. Que assalto era esse, dilatado no tempo, repetido, confuso?
— Olha, um menino tocando matraca! E a gente com dor-de-barriga, pensando que era metralhadora!
Caíram em cima do garoto, que sorveteu na multidão. A senhora gorda apareceu, muito vermelha, protestando sempre:
— É um assalto! Chuchu por aquele preço é um verdadeiro assalto!
Todas as opções a seguir apresentam palavras do texto que foram acentuadas seguindo a mesma regra de acentuação, EXCETO:
Alternativas
Q2498833 Português
Leia o texto a seguir para responder à questão.

TEXTO 01:

Manicômios foram instrumentos de repressão e mercantilização durante a ditadura militar brasileira

Por que, décadas depois, a lógica manicomial ainda é usada como aparato de punição?

Por Lucio Costa

    Durante a ditadura militar brasileira, que se estendeu de 1964 a 1985, o Estado não hesitou em utilizar instituições psiquiátricas como ferramentas de opressão, tortura e até mesmo de ocultação dos rastros de seus opositores. Os presos políticos, nesse período, enfrentaram uma série de horrores dentro dessas instituições.

    Submetidos a violências desumanas, como a eletroconvulsoterapia e o uso de medicamentos à base de escopolamina, também conhecidos como "soro da verdade", eles eram forçados a suportar uma série de torturas dentro desses espaços. Essas práticas, disfarçadas de tratamento terapêutico eram, na verdade, formas de punição.

    Investigações realizadas pela Comissão Estadual da Verdade, no Rio de Janeiro, revelaram que o Hospital Central do Exército foi cenário de inúmeras atrocidades contra aqueles que se opunham ao regime militar. Além das sessões de tortura, o hospital era usado para encobrir as verdadeiras circunstâncias das mortes dos presos políticos, muitas vezes fabricando laudos falsos. 

    O horror não se limitava apenas aos hospitais militares. Em alguns casos, os próprios torturadores estavam inseridos no corpo clínico, como no caso do coronel-médico do exército Carlos Victor Mondaine Maia, conhecido como "Dr. José", responsável por liderar equipes de tortura.

    Denúncias também apontaram para a ocultação de documentos, superlotação, condições insalubres e indivíduos submetidos a castigos físicos e químicos. Muitos eram internados cronicamente, passando o resto de suas vidas em manicômios.

    No Complexo do Juquery, em Franco da Rocha (SP), por exemplo, um levantamento interno revelou mais de 12 mil óbitos entre 1965 e 1989, muitos com paradeiro desconhecido. Incêndios que atingiram parte dos arquivos do hospital tornaram a investigação ainda mais complexa.
    
     Alguns corpos foram enterrados no próprio Juquery, enquanto outros foram encontrados em valas clandestinas, como a de Perus, no Cemitério Dom Bosco, destinada a populações tidas como indigentes. Em investigações recentes, ossadas de desaparecidos políticos foram descobertas.


(Fonte: https://www.brasildefato.com.br/2024/04/06/manicomiosforam-instrumentos-de-repressao-e-mercantilizacao-durante-aditadura-militar-brasileira)
Releia o seguinte período do texto e analise as afirmações a seu respeito.

“Por que, décadas depois, a lógica manicomial ainda é usada como aparato de punição?”

I – A pergunta, apresentada no subtítulo do texto, além de denunciar o viés argumentativo do autor, funciona como elemento incentivador da leitura, já que desperta expectativa no leitor a respeito do assunto tratado.
II – Segundo a ortografia oficial, a palavra “que”, presente na expressão “por que”, deveria receber acento circunflexo, já que é forma tônica e antecede um sinal de pontuação.
III – A palavra “ainda” possui, no período, valor temporal, indicando continuidade de evento que se inicia em tempo passado.
IV – A pergunta feita encontra-se estruturada na voz passiva analítica e tem como núcleo do sujeito paciente a palavra “lógica”.

Assinale a alternativa que apresenta a correta análise das afirmações feitas acima. 
Alternativas
Q2497417 Português

Leia atentamente o texto a seguir e responda à questão.


'DNA saltador' ajudou ancestrais do ser humano a perder a cauda





(Reinaldo José Lopes. https://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2024/02/dna-saltador-ajudouancestrais-do-ser-humano-a-perder-a-cauda.shtml. 29.fev.2024)

Em relação à palavra “cóccix” (L.18), analise as afirmativas a seguir:
I. É uma palavra proparoxítona. II. O plural se faz com acréscimo de -ES. III. É uma palavra de duplo gênero e número.
Assinale
Alternativas
Q2497312 Português

Leia o texto a seguir para responder à questão.


O Que Eu Também Não Entendo

Jota Quest


Essa não é mais uma carta de amor

São pensamentos soltos

Traduzidos em palavras

Pra que você possa entender

O que eu também não entendo


Amar não é ter que ter

Sempre certeza

É aceitar que ninguém

É perfeito pra ninguém

É poder ser você mesmo

E não precisar fingir

É tentar esquecer

E não conseguir fugir, fugir


[...]


Agora o que vamos fazer

Eu também não sei

Afinal, será que amar

É mesmo tudo?


Se isso não é amor

O que mais pode ser?

Tô aprendendo também.


Disponível em: < https://www.letras.mus.br/jotaquest/46693/>. Acesso em: 16 de abril de 20204.

[Fragmento].



Indique a alternativa em que todas as palavras são oxítonas devido à mesma regra.
Alternativas
Q2497234 Português
No que diz respeito à ortografia, assinale, abaixo, a alternativa cuja frase apresenta uma palavra grafada incorretamente.
Alternativas
Q2497184 Português
Assinale a alternativa isenta de erro ortográfico:
Alternativas
Q2497064 Português
Leia o texto abaixo para responder à questão:


O Sentinela 


Por Andréa de Nicola

O vermelho se espalha
Por toda a paisagem
Estrondos de canhões ardem
O ser vivente açoita.

E faz surgir o abismo
Limo no que foi formosura
Gritos, sufocos, gemidos
Choro na bela Alexandria.  

E veloz tal qual um Pégaso 
Um pássaro reluzente sobrevoa
Cortando o solo e o espaço
Nas fendas abertas da Pátria.

Bravos fardados tombam 
Em suas medalhas, ouro e prata
Em seus túmulos, mármore e bronze
Em seus corpos, nada. 

Tristes memórias, um clarim toca
Num grande silêncio seus espíritos habitam
Nos alvos braços celestiais dormem
Velando está um sentinela.

Fonte: Nicola, Andréa. O sentinela. In: ALMEIDA, Heriberto Coelho De (org.). Antologia Contemporânea da Poesia Paraibana. Paraíba: O Sebo Cultural, 1995. 
O que justifica a utilização de letra maiúscula no início das palavras Alexandria e Pégaso, destacadas no poema? 
Alternativas
Q2496757 Português
TEXTO

Últimos 20 anos são os mais secos em 500 anos

    Um estudo revelou que o Ocidente tem experimentado um período de seca e calor sem precedentes nos últimos 20 anos. A pesquisa, que analisou anéis de árvores que datam de 1553, concluiu que as condições atuais são as mais secas em pelo menos 500 anos.
    O estudo, liderado por Karen King, professora assistente da Universidade do Tennessee, Knoxville, aponta que a mudança climática causada pelo homem está intensificando o calor extremo e as condições secas, criando um ciclo de feedback positivo conhecido como “seca quente”.
    “Os resultados do estudo demonstram que a seca quente nunca foi tão grave quanto nos últimos 20 anos”, disse King. “Isso torna as projeções futuras e as medidas de mitigação mais incertas.”
    Para realizar o estudo, os cientistas utilizaram um método inovador que envolve a manipulação da luz para medir a densidade dos anéis das árvores. Essa técnica, mais segura, fácil e menos dispendiosa do que métodos tradicionais, permitiu aos pesquisadores obter uma imagem mais precisa das temperaturas ao longo dos últimos 5 séculos.
    A pesquisa se soma a um conjunto crescente de estudos que demonstram o impacto da mudança climática no planeta. Em 2023, outro estudo mostrou que as condições do Ocidente nos últimos 20 anos foram as mais secas em 1.200 anos.
    Os resultados do estudo de King reforçam a necessidade de medidas urgentes para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e mitigar os impactos da mudança climática. 


Fonte: Consulta ao link
https://www.ecodebate.com.br/2024/02/05/ultimos
-20-anos-sao-os-mais-secos-em-500-anos/
Indique o único enunciado no qual há um erro de concordância ou de grafia:
Alternativas
Respostas
1701: A
1702: C
1703: A
1704: D
1705: A
1706: E
1707: A
1708: A
1709: C
1710: C
1711: A
1712: C
1713: A
1714: A
1715: D
1716: C
1717: E
1718: C
1719: C
1720: C