Questões de Concurso Sobre significação contextual de palavras e expressões. sinônimos e antônimos. em português

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Q2055516 Português
Assinale a alternativa correta:
I- Eminente: algo que está prestes a acontecer. II- Iminente: elevado. III- Discrição: ato de descrever. IV- Dispensa: isenção/ licença. 
Alternativas
Q2055376 Português

HARD ROCK CAFE


As pessoas precisam de uma língua internacional para fazer negócios, viajar, estudar ciências, tecnologia, etc. Essa língua é o inglês. As pessoas também precisam de uma linguagem internacional para expressar emoções. Esta linguagem é a música. Os jovens precisam de um santuário. Eles gostam de se encontrar, comer decentemente, tomar um sorvete, expressar seus sentimentos e ideias, ouvir um bom pop/rock. Esse lugar é com certeza, o Hard Rock Cafe.
Início de uma promissora franquia, o primeiro restaurante HRC foi fundado em Londres, em 14 de junho de 1971, por dois jovens, Isaac Tigrett e Peter Morton. Sua estreia ocorreu em Londres, na área denominada de Piccadilly, próximo ao Hyde Park. O imóvel era amplo, pois, anteriormente fora um salão de automóveis. A decoração foi iniciada pelos dois sócios, eles preencheram as paredes com objetos relacionados ao Rock.
Atualmente, a decoração do HRC é composta por uma enorme coleção de itens como: instrumentos musicais, fotos, pôsteres, motos, roupas, etc. Essas relíquias pertenceram a roqueiros famosos como Madonna, Jimi Hendrix, Elvis, Peter Gabriel, Michael Jackson, Beatles, Prince, entre outros. O Hard Rock Cafe tem um slogan: “Ame todos, sirva todos". E dizem que não é só um slogan: é o modo de vida deles.
Um exemplo é o de Eric Clapton, o qual dispensa apresentações, e vai ao HRC comer “Pig”, seu sanduíche favorito. Ele gosta de lá, pois é bem servido em um ambiente acolhedor. Mas se você não é uma estrela do rock... Não importa! Suponha que você esteja visitando o HRC pela primeira vez: você também será muito bem tratado, e vão lhe dar boas-vindas, por ser o mais novo membro da Família Hard Rock.
Talvez esta seja uma das razões do sucesso do Hard Rock Cafe. A outra pode ser a forma acolhedora como tratam a nós, brasileiros, o HRC oferece, também, bebidas tropicais com manga, abacaxi, banana, além do inesquecível café! Café expresso, café com leite, entre outras variedades. Vale conferir! 
No excerto: “Essas RELÍQUIAS pertenceram a roqueiros famosos”, em relação à sinonímia, assinale a alternativa que apresenta o vocábulo que realmente se assemelha à palavra em destaque. Importa atentar ao sentido original da palavra destacada no texto
Alternativas
Q2055372 Português
Texto 2

A infração que mais incomoda o motorista é a mesma que cresce anualmente em SP

(Texto modificado especificamente para este concurso.
Texto original de Maurício Oliveira, no jornal
O Estado de S. Paulo, 29-09-22-
Economia e Negócios – B7)

   1º § O uso do celular é um problema para o trânsito nacional. A infração gravíssima aumenta o risco de acidentes em até 400%, atrapalha o tráfego e ______ (tem - têm) crescido anualmente. Ao mesmo tempo, é apontada como a atitude que mais incomoda outros condutores.

    2º § Levantamento divulgado pela concessionária CCR na última semana indica que para 31% dos motoristas o que mais irrita no trânsito é ver outra pessoa ao telefone enquanto ______ (dirige - dirije). O estudo foi realizado em 11 praças de pedágio no Estado de São Paulo e ouviu 8.979 pessoas.

   3º § Se incomoda ver o outro ao celular, ______ (porque - por que) grande parte da população não deixa de cometer essa infração gravíssima? O número de multas no Estado de São Paulo pelo uso do telefone ao volante quase dobrou, saltando de 6,9% no primeiro semestre de 2021 para 12,5% no mesmo período de 2022. Nada menos que 77,7% dessas multas foram registradas na capital, na qual 600 motoristas são flagrados por dia cometendo a irregularidade.
   
    4º § Apesar do nível semelhante de risco, o ato de usar celular ao volante ainda não sofre a mesma pressão social que dirigir alcoolizado e a prerrogativa legal é mais branda”, avalia Mauro Voltarelli, gerente de Educação Para o Trânsito do Detran-SP.
   
   5º § Essa infração gera sete pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e multa de R$ 293,47. A autuação pode ser combinada com outro tipo de infração, a condução de veículo sem as duas mãos ao volante, com valor de R$ 130,16 e mais cinco pontos na carteira.
   

    6º § Voltarelli informa que, para quem está dirigindo, é proibido não apenas segurar o celular, mas também mexer no aparelho mesmo quando ele está no suporte instalado no painel. Outro ponto importante é que estar parado no semáforo ou em ritmo lento durante um congestionamento não são situações que liberam o uso do celular.

        Estudo

     7º § Qualquer distração acrescenta ao ato de dirigir uma série de variáveis que fogem do controle do motorista — e o celular se tornou a mais comum e perigosa das distrações. Conduzir um veículo é tarefa que exige atenção plena. “Infelizmente, muita gente ainda resiste a esse entendimento básico”, observa o médico Antônio Meira Jr., presidente da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet) (...). 

A partir das afirmativas, assinale a alternativa que indique a relação de sentido da palavra ‘veículo’ com as demais:


Veículo  carro, motocicleta, bicicleta, ônibus, automóvel.


I. ‘Carro’ e ‘ônibus’ são antônimos do vocábulo ‘veículo’.

II. ‘Veículo’ é hiperônimo e as demais palavras são hipônimas.

III. Veículo é hipônimo e as demais são hiperônimos. 

Alternativas
Q2055361 Português
Texto 2

A infração que mais incomoda o motorista é a mesma que cresce anualmente em SP

(Texto modificado especificamente para este concurso.
Texto original de Maurício Oliveira, no jornal
O Estado de S. Paulo, 29-09-22-
Economia e Negócios – B7)

   1º § O uso do celular é um problema para o trânsito nacional. A infração gravíssima aumenta o risco de acidentes em até 400%, atrapalha o tráfego e ______ (tem - têm) crescido anualmente. Ao mesmo tempo, é apontada como a atitude que mais incomoda outros condutores.

    2º § Levantamento divulgado pela concessionária CCR na última semana indica que para 31% dos motoristas o que mais irrita no trânsito é ver outra pessoa ao telefone enquanto ______ (dirige - dirije). O estudo foi realizado em 11 praças de pedágio no Estado de São Paulo e ouviu 8.979 pessoas.

   3º § Se incomoda ver o outro ao celular, ______ (porque - por que) grande parte da população não deixa de cometer essa infração gravíssima? O número de multas no Estado de São Paulo pelo uso do telefone ao volante quase dobrou, saltando de 6,9% no primeiro semestre de 2021 para 12,5% no mesmo período de 2022. Nada menos que 77,7% dessas multas foram registradas na capital, na qual 600 motoristas são flagrados por dia cometendo a irregularidade.
   
    4º § Apesar do nível semelhante de risco, o ato de usar celular ao volante ainda não sofre a mesma pressão social que dirigir alcoolizado e a prerrogativa legal é mais branda”, avalia Mauro Voltarelli, gerente de Educação Para o Trânsito do Detran-SP.
   
   5º § Essa infração gera sete pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e multa de R$ 293,47. A autuação pode ser combinada com outro tipo de infração, a condução de veículo sem as duas mãos ao volante, com valor de R$ 130,16 e mais cinco pontos na carteira.
   

    6º § Voltarelli informa que, para quem está dirigindo, é proibido não apenas segurar o celular, mas também mexer no aparelho mesmo quando ele está no suporte instalado no painel. Outro ponto importante é que estar parado no semáforo ou em ritmo lento durante um congestionamento não são situações que liberam o uso do celular.

        Estudo

     7º § Qualquer distração acrescenta ao ato de dirigir uma série de variáveis que fogem do controle do motorista — e o celular se tornou a mais comum e perigosa das distrações. Conduzir um veículo é tarefa que exige atenção plena. “Infelizmente, muita gente ainda resiste a esse entendimento básico”, observa o médico Antônio Meira Jr., presidente da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet) (...). 
Volte ao título do Texto 2, A infração que mais incomoda o motorista é a mesma que cresce anualmente em SP, observe a palavra ‘incomoda’, ela tem como antônimo um dos grupos semânticos apresentados. Assinale-o.
Alternativas
Q2055107 Português
Para responder a essa questão, assinale APENAS UMA ÚNICA alternativa correta e marque o número correspondente na Folha de Respostas.  

A FÊMEA DO CUPIM

    Tenho um amigo, cujo filho pretendeu entrar para a diplomacia. Não que tivesse vocação para a carreira, a vocação dele era para o turismo, mas como quem é pobre a maneira mais fácil de arranjar viagem é fazer-se diplomata, candidatou-se ao curso do Instituto Rio Branco. Foi reprovado em português no vestibular. Os leitores hão de imaginar que ele redigia mal, ou que havia na banca um funcionário do DASP que lhe tivesse perguntado, por exemplo, o presente do indicativo do verbo “precaver”. Foi pior do que isto: um dos examinadores saiu-se com esta questão absolutamente inesperada para um candidato a diplomata: qual o nome da fêmea do cupim? O rapaz embatucou e o mais engraçado é que ignora até hoje. Inquiriu todo mundo, ninguém sabia.
     Eu também não sabia, mas tomei o negócio a peito. Saí indagando dos mais doutos. O dicionarista Aurélio decerto saberia. Pois não sabia. O filólogo Nascentes levou a mal a minha curiosidade e respondeu aborrecido que o nome da fêmea do cupim só podia interessar... ao cupim! Uma minha amiga professora, sabidíssima em femininos e plurais esquisitos, foi mais severa e me perguntou se eu estava ficando gagá e dando para obsceno!
    (...)
    Isto, pensei comigo, é problema que só poderá ser resolvido por algum decifrador de palavras cruzadas, gente que sabe que o ferrinho onde se reúnem as varetas do guarda-chuva se chama “noete”, que o pato “grasna’, o tordo “trucila”, a garça “gazeia”, e outras coisas assim. Telefonei para minha amiga Jeni, cruzadista exímia. “Jeni, me salve! Como se chama a fêmea do cupim?” E ela, do outro lado do fio: “Arará”.
     Fui verificar nos dicionários. Dos que eu tenho em casa só um trazia a preciosa informação: “Arará”, s. m. (Bras.) Ave aquática do Rio Grande do Sul; fêmea alada do cupim.”
    Mestre Aurélio, a fêmea do cupim se chama “arará”, está no meu, no teu, no nosso dicionário - Pequeno Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa!

Manuel Bandeira
Marque a alternativa que NÃO corrresponde a palavra e o seu antônimo: 
Alternativas
Q2055103 Português
Para responder a essa questão, assinale APENAS UMA ÚNICA alternativa correta e marque o número correspondente na Folha de Respostas.  

A FÊMEA DO CUPIM

    Tenho um amigo, cujo filho pretendeu entrar para a diplomacia. Não que tivesse vocação para a carreira, a vocação dele era para o turismo, mas como quem é pobre a maneira mais fácil de arranjar viagem é fazer-se diplomata, candidatou-se ao curso do Instituto Rio Branco. Foi reprovado em português no vestibular. Os leitores hão de imaginar que ele redigia mal, ou que havia na banca um funcionário do DASP que lhe tivesse perguntado, por exemplo, o presente do indicativo do verbo “precaver”. Foi pior do que isto: um dos examinadores saiu-se com esta questão absolutamente inesperada para um candidato a diplomata: qual o nome da fêmea do cupim? O rapaz embatucou e o mais engraçado é que ignora até hoje. Inquiriu todo mundo, ninguém sabia.
     Eu também não sabia, mas tomei o negócio a peito. Saí indagando dos mais doutos. O dicionarista Aurélio decerto saberia. Pois não sabia. O filólogo Nascentes levou a mal a minha curiosidade e respondeu aborrecido que o nome da fêmea do cupim só podia interessar... ao cupim! Uma minha amiga professora, sabidíssima em femininos e plurais esquisitos, foi mais severa e me perguntou se eu estava ficando gagá e dando para obsceno!
    (...)
    Isto, pensei comigo, é problema que só poderá ser resolvido por algum decifrador de palavras cruzadas, gente que sabe que o ferrinho onde se reúnem as varetas do guarda-chuva se chama “noete”, que o pato “grasna’, o tordo “trucila”, a garça “gazeia”, e outras coisas assim. Telefonei para minha amiga Jeni, cruzadista exímia. “Jeni, me salve! Como se chama a fêmea do cupim?” E ela, do outro lado do fio: “Arará”.
     Fui verificar nos dicionários. Dos que eu tenho em casa só um trazia a preciosa informação: “Arará”, s. m. (Bras.) Ave aquática do Rio Grande do Sul; fêmea alada do cupim.”
    Mestre Aurélio, a fêmea do cupim se chama “arará”, está no meu, no teu, no nosso dicionário - Pequeno Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa!

Manuel Bandeira
Assinale a alternativa em que a palavra destacada NÃO se escreve de acordo com o significado expresso pelo contexto geral da frase.
Alternativas
Q2055094 Português
Para responder a essa questão, assinale APENAS UMA ÚNICA alternativa correta e marque o número correspondente na Folha de Respostas.  

A FÊMEA DO CUPIM

    Tenho um amigo, cujo filho pretendeu entrar para a diplomacia. Não que tivesse vocação para a carreira, a vocação dele era para o turismo, mas como quem é pobre a maneira mais fácil de arranjar viagem é fazer-se diplomata, candidatou-se ao curso do Instituto Rio Branco. Foi reprovado em português no vestibular. Os leitores hão de imaginar que ele redigia mal, ou que havia na banca um funcionário do DASP que lhe tivesse perguntado, por exemplo, o presente do indicativo do verbo “precaver”. Foi pior do que isto: um dos examinadores saiu-se com esta questão absolutamente inesperada para um candidato a diplomata: qual o nome da fêmea do cupim? O rapaz embatucou e o mais engraçado é que ignora até hoje. Inquiriu todo mundo, ninguém sabia.
     Eu também não sabia, mas tomei o negócio a peito. Saí indagando dos mais doutos. O dicionarista Aurélio decerto saberia. Pois não sabia. O filólogo Nascentes levou a mal a minha curiosidade e respondeu aborrecido que o nome da fêmea do cupim só podia interessar... ao cupim! Uma minha amiga professora, sabidíssima em femininos e plurais esquisitos, foi mais severa e me perguntou se eu estava ficando gagá e dando para obsceno!
    (...)
    Isto, pensei comigo, é problema que só poderá ser resolvido por algum decifrador de palavras cruzadas, gente que sabe que o ferrinho onde se reúnem as varetas do guarda-chuva se chama “noete”, que o pato “grasna’, o tordo “trucila”, a garça “gazeia”, e outras coisas assim. Telefonei para minha amiga Jeni, cruzadista exímia. “Jeni, me salve! Como se chama a fêmea do cupim?” E ela, do outro lado do fio: “Arará”.
     Fui verificar nos dicionários. Dos que eu tenho em casa só um trazia a preciosa informação: “Arará”, s. m. (Bras.) Ave aquática do Rio Grande do Sul; fêmea alada do cupim.”
    Mestre Aurélio, a fêmea do cupim se chama “arará”, está no meu, no teu, no nosso dicionário - Pequeno Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa!

Manuel Bandeira
Em todas alternativas a palavra destacada está corretamente interpretada, de acordo com o seu sentido no texto, EXCETO em:
Alternativas
Q2054063 Português

                 

                                 

Julgue o item, que consistem em propostas de reescrita para trechos destacados do texto, no que diz respeito à correção gramatical e à manutenção das ideias do texto.


“remanescente” (linha 41) por sobejante 

Alternativas
Q2054003 Português
Para responder a questão, considere o excerto transcrito abaixo.

Esquecemos que a tecnologia é o nosso espelho e que, por isso, ela incorpora, implicitamente, nossos preconceitos, impulsos e valores. Eles estão exteriorizados em máquinas, sobretudo naquelas que são utilizadas para aperfeiçoar as burocracias. A tecnologia é uma expressão do que somos. Temos de aprender a lidar com essa expressão quando a encontramos nas sociedades. A tecnologia segue uma marcha inexorável na história. Mas nossas atitudes em relação a ela não precisam ser tão ingênuas a ponto de não percebermos como seus fabricantes embutem seus valores nas máquinas e inibem as discussões sobre o modo como elas são utilizadas.
Sem prejuízo do sentido, o elemento linguístico destacado pode ser substituído por 
Alternativas
Q2053476 Português
A Volta

   Da janela do trem o homem avista a velha cidadezinha que o viu nascer. Seus olhos se enchem de lágrimas. Trinta anos. Desce na estação – a mesma do seu tempo, não mudou nada – e respira fundo. Até o cheiro é o mesmo! Cheiro de mato e poeira. Só não tem mais cheiro de carvão, porque o trem agora é elétrico. E o chefe da estação, será possível? Ainda é o mesmo. Fora a careca, os bigodes brancos, as rugas e o corpo encurvado pela idade, não mudou nada.
     O homem não precisa perguntar como se chega ao centro da cidade. Vai a pé, guiando-se por suas lembranças. O centro continua como era. A praça. A igreja. A prefeitura. Até o vendedor de bilhetes na frente do Clube Comercial parece o mesmo.
    — Você não tinha um cachorro?
    — O Cusca? Morreu, ih, faz vinte anos.
   O homem sabe que subindo a Rua Quinze vai dar num cinema. O Elite. Sobe a Rua Quinze. O cinema ainda existe. Mas mudou de nome. Agora é o Rex. Do lado tem uma confeitaria. Ah, os doces da infância... Ele entra na confeitaria. Tudo igual. Fora o balcão de fórmica, tudo igual. Ou muito se engana ou o dono ainda é o mesmo.
    — Seu Adolfo, certo?
    — Lupércio.
   — Errei por pouco. Estou procurando a casa onde nasci. Sei que ficava ao lado de uma farmácia.
    — Qual delas, a Progresso, a Tem Tudo ou a Moderna?
    — Qual é a mais antiga?
    — A Moderna.
    — Então é essa.
    — Fica na Rua Voluntários da Pátria.
   Claro. A velha Voluntários. Sua casa está lá intacta. Ele sente vontade de chorar. A cor era outra. Tinham mudado a porta e provavelmente emparedado uma das janelas. Mas não havia dúvida, era a casa da sua infância. Bateu na porta. A mulher que abriu lhe parecia vagamente familiar. Seria...
    — Titia?
    — Puluca!
    — Bem, meu nome é...
    — Todos chamavam você de Puluca. Entre.
  Ela lhe serviu licor. Perguntou por parentes que ele não conhecia. Ele perguntou por parentes de que ela não se lembrava. Conversaram até escurecer. Então ele se levantou e disse que precisava ir embora. Não podia, infelizmente, demorar-se em Riachinho. Só viera matar a saudade. A tia parecia intrigada.
     — Riachinho, Puluca?
     — É, por quê?
     — Você vai para Riachinho?
     Ele não entendeu.
     — Eu estou em Riachinho.
    — Não, não. Riachinho é a próxima parada do trem. Você está em Coronel Assis.
     — Então eu desci na estação errada!
     Durante alguns minutos os dois ficaram se olhando em silêncio. Finalmente a velha pergunta:
     — Como é mesmo o seu nome?
    Mas ele estava na rua, atordoado. E agora? Não sabia como voltar para a estação, naquela cidade estranha.

(Luís Fernando Veríssimo. A mulher do Silva. Porto Alegre. L&PM).

Considere o trecho a seguir:
A mulher que abriu lhe parecia vagamente familiar.
Assinale a alternativa que contém o antônimo da palavra em destaque.
Alternativas
Q2053475 Português
A Volta

   Da janela do trem o homem avista a velha cidadezinha que o viu nascer. Seus olhos se enchem de lágrimas. Trinta anos. Desce na estação – a mesma do seu tempo, não mudou nada – e respira fundo. Até o cheiro é o mesmo! Cheiro de mato e poeira. Só não tem mais cheiro de carvão, porque o trem agora é elétrico. E o chefe da estação, será possível? Ainda é o mesmo. Fora a careca, os bigodes brancos, as rugas e o corpo encurvado pela idade, não mudou nada.
     O homem não precisa perguntar como se chega ao centro da cidade. Vai a pé, guiando-se por suas lembranças. O centro continua como era. A praça. A igreja. A prefeitura. Até o vendedor de bilhetes na frente do Clube Comercial parece o mesmo.
    — Você não tinha um cachorro?
    — O Cusca? Morreu, ih, faz vinte anos.
   O homem sabe que subindo a Rua Quinze vai dar num cinema. O Elite. Sobe a Rua Quinze. O cinema ainda existe. Mas mudou de nome. Agora é o Rex. Do lado tem uma confeitaria. Ah, os doces da infância... Ele entra na confeitaria. Tudo igual. Fora o balcão de fórmica, tudo igual. Ou muito se engana ou o dono ainda é o mesmo.
    — Seu Adolfo, certo?
    — Lupércio.
   — Errei por pouco. Estou procurando a casa onde nasci. Sei que ficava ao lado de uma farmácia.
    — Qual delas, a Progresso, a Tem Tudo ou a Moderna?
    — Qual é a mais antiga?
    — A Moderna.
    — Então é essa.
    — Fica na Rua Voluntários da Pátria.
   Claro. A velha Voluntários. Sua casa está lá intacta. Ele sente vontade de chorar. A cor era outra. Tinham mudado a porta e provavelmente emparedado uma das janelas. Mas não havia dúvida, era a casa da sua infância. Bateu na porta. A mulher que abriu lhe parecia vagamente familiar. Seria...
    — Titia?
    — Puluca!
    — Bem, meu nome é...
    — Todos chamavam você de Puluca. Entre.
  Ela lhe serviu licor. Perguntou por parentes que ele não conhecia. Ele perguntou por parentes de que ela não se lembrava. Conversaram até escurecer. Então ele se levantou e disse que precisava ir embora. Não podia, infelizmente, demorar-se em Riachinho. Só viera matar a saudade. A tia parecia intrigada.
     — Riachinho, Puluca?
     — É, por quê?
     — Você vai para Riachinho?
     Ele não entendeu.
     — Eu estou em Riachinho.
    — Não, não. Riachinho é a próxima parada do trem. Você está em Coronel Assis.
     — Então eu desci na estação errada!
     Durante alguns minutos os dois ficaram se olhando em silêncio. Finalmente a velha pergunta:
     — Como é mesmo o seu nome?
    Mas ele estava na rua, atordoado. E agora? Não sabia como voltar para a estação, naquela cidade estranha.

(Luís Fernando Veríssimo. A mulher do Silva. Porto Alegre. L&PM).

Considere o trecho abaixo:
Mas ele estava na rua, atordoado.
Assinale a alternativa que substitui o termo em destaque, sem alteração de sentido.
Alternativas
Q2052944 Português
Nascer no Cairo, ser fêmea de cupim. 

Rubem Braga

    Conhece o vocábulo escardinchar? Qual o feminino de cupim? Qual o antônimo de póstumo? Como se chama o natural de Cairo? 
       O leitor que responder "não sei" a todas estas perguntas não passará provavelmente em nenhuma prova de Português de nenhum concurso oficial. Aliás, se isso pode servir de algum consolo à sua ignorância, receberá um abraço de felicitações deste modesto cronista, seu semelhante e seu irmão. 
      Porque a verdade é que eu também não sei. Você dirá, meu caro professor de Português , que eu não deveria confessar isso; que é uma vergonha pra mim, que vivo de escrever, não conhecer meu instrumento de trabalho, que é a língua. 
        Concordo. Confesso que escrevo de palpite, como outras pessoas tocam piano de ouvido. De vez em quando um leitor culto se irrita comigo e me manda um recorte de crônica anotado, apontando erros de Português. Um deles chegou a me passar um telegrama, felicitando-me porque não encontrara, na minha crônica daquele dia, um só erro de Português; acrescentava que eu produzira uma "página de bom vernáculo, exemplar". Tive vontade de responder: "Mera coincidência" - mas não o fiz para não entristecer o homem. 
      Espero que uma velhice tranquila - no hospital ou na cadeia, com seus longos ócios - me permita um dia estudar com toda calma a nossa língua, e me penitenciar dos abusos que tenho praticado ocontra a sua pulcritude. (Sabem qual o superlativo de pulcro? Isto eu sei por acaso: pulquérrimo! Mas não é desanimador saber uma coisa dessas? Que me aconteceria se eu dissesse a uma bela dama: a senhora é pulquérrima? Eupoderia me queixar se o meu marido me descesse a mão?). 
        Alguém já me escreveu também - que eu sou um escoteiro ao contrário. "Cada dia você parece que tem de praticar a sua má ação - contra a língua". Mas acho que isso é exagero. 
        Como também é exagero saber o que quer dizer escardinchar. Já estou mais perto dos cinquenta que dos quarenta; vivo de meu trabalho quase sempre honrado, gozo de boa saúde e estou até gordo demais, pensando em meter um regime no organismo - e nunca soube o que fosse escardinchar. Espero que nunca, na minha vida, tenha escardinchado ninguém; se o fiz, mereço desculpas, pois nunca tive uma intenção. 
        Vários problemas e algumas mulheres já me tiraram o sono, mas não o feminino de cupim. Morrerei sem saber isso. E o pior é que não quero saber; nego-me terminantemente a saber, e, se o senhor é um desses cavalheiros que sabem qual é o feminino de cupim, tenha a vbondade de não me cumprimentar. 
         Por que exigir essas coisas dos candidatos aos nossos cargos públicos? POr que fazer do estudo da língua portuguesa uma série de alçapões e adivinhas, como essas histórias que uma pessoa conta para "pegar" as outras? O habitante do Cairo pode ser cairense, cairei, caireta, cairota ou cairiri - e a única utilidade de saber qual a palavra certa será para decifrar um problema de palavras cruzadas. Vocês não acham que nossos funcionários públicos já gastam uma parte excessiva do expediente matando palavras cruzadas da "Última Hora" ou lendo o horóscopo e as histórias em quadrinhos de "O Globo?"
     No fundo, o que esse tipo de gramático deseja é tornar a língua portuguesa odiosa; não alguma coisa através da qual as pessoas se entendam, mas um instrumento de suplício e de opressão que ele, gramático, aplica sobre nós, os ignaros. 
          Mas a mim é que não me escardincham assim, sem mais nem menos: não sou fêmea de cupim nem antônimo de póstumo nenhum; e sou cachoeirense, de Cachoeiro, honradamente - de Cachoeiro de Itapemirim! 

Texto extraído do livro "Ai de Ti, Copacabana", 
Editora do Autor - Rio de Janeiro, 1960, pág. 197. 
No treco "que ele, gramática, aplica sobre nós - os ignaros" (penúltimo parágrafo), a palavra em destaque pode ser substituída, sem alterar o sentido da frase, por: 
Alternativas
Q2052893 Português
Me engana que eu gosto

texto_1 - 10 .png (769×376) 
FRANCO, Bernardo Mello. Me engana que eu gosto. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/236258-
me-engana-que-eu-gosto.shtml. Acesso em 13 de outubro de 2015.
A palavra 'acordão' (linha 09) significa no contexto em que aparece:
Alternativas
Q2052722 Português
A corrupção como violência e ausência de comportamento moral

Por Lúcia Cavalcanti de Albuquerque Williams e Paula Inez Cunha em 24/01/2018 na edição 972

[P1] Somos professoras universitárias há pelo menos três décadas investigando a origem dos comportamentos violentos, como o do adolescente infrator e do agressor da parceira íntima. Pesquisadoras e cidadãs, observamos que o descalabro revelado pelas investigações dos últimos três anos sobre a corrupção no alto escalão nacional tem deixado o Brasil estarrecido. De fato, a corrupção também pode ser considerada uma modalidade de violência, na qual há um acordo entre pelo menos dois ofensores – o corruptor e o corrompido – para lesar uma terceira parte – no caso, a sociedade brasileira. Como toda violência, a corrupção, se não freada, tende a aumentar significativamente em frequência e intensidade.

[P2] Curiosamente a imprensa brasileira não tem feito uma análise diversificada sobre a origem da corrupção, restringindo-se a explicações da ciência política ou sociológica, logo o nosso interesse em mostrar como a psicologia pode contribuir para a compreensão do problema. As consequências nefastas de outras modalidades de violência por nós estudadas sequer podem ser comparadas à extensão dos danos causados pelos atos de corrupção praticados por presidentes, senadores, deputados, governadores, políticos, funcionários públicos, empresários, juristas e tantos outros. Isso porque os efeitos nocivos da corrupção atingem toda a coletividade: na área econômica, com o desemprego; na da saúde, com o adoecimento e mortes, no caso dos hospitais sucateados; na educacional, com universidades sem verba, escolas públicas abandonadas e evasão de alunos, os quais, sem outra opção, adotam trajetórias delituosas. Enfim, restam uma população sem esperanças e o aumento da desigualdade econômica, da qual há tempos somos campeões mundiais. Os corruptos estão tão distantes dos efeitos de suas ações que tampouco são afetados por elas. Apenas percebem algo errado quando são presos, investigados, processados e condenados; assim mesmo, sentem-se indignados e vítimas.

[P3] Frente a cenas reais filmadas, nas quais empresários de firmas consideradas modernas descrevem com candura atos gravíssimos de corrupção ou que revelam a obscenidade de malas robustas com milhões – em moeda nacional ou estrangeira – obtidos criminosamente, como psicólogas nossas perguntas surgiram inevitáveis. Como tais pessoas chegaram a tal ponto? Não aprenderam a diferença entre o certo e o errado? Seus pais não lhes ensinaram valores universais, por exemplo, de “não fazer ao outro o que não gostaria que fizessem a você”? Não lhes ensinaram virtudes, como a honestidade? Não lhes deram modelos de comportamento moral ou ético, como “não se apropriar do que é do outro”? Esses ensinamentos passaram ao largo de sua formação enquanto crianças e adolescentes? As emoções morais da vergonha e da culpa não foram por eles vivenciadas? Seus pais não sabiam que as emoções morais são os mais poderosos inibidores do comportamento violento? Sim, pois pessoas que sentem culpa ou vergonha se arrependem dos seus atos e têm baixa probabilidade de voltar a cometê-los. No entanto, é preciso vivenciar essas emoções, e normalmente são os pais que favorecem tais experiências na infância e adolescência.

[P4] Conhecer a diferença entre o certo e o errado não significa necessariamente ser um indivíduo que adote comportamento moral. Qualquer investigação científica com condenados criminosos mostra que os mesmos a discriminam. Somente aqueles que cometem crimes sem conhecê-la e recebem diagnóstico de problemas de saúde mental podem, se presentes os requisitos legais, ser considerados inimputáveis e cumprem medidas de segurança em Hospital de Custódia recebendo tratamento Psiquiátrico. Não basta, portanto, conhecer o certo e o errado; é preciso que os valores sejam incorporados, vivenciados, e praticados regularmente, até fazerem parte da essência do ser humano.

[P5] A empatia – ato de se colocar no lugar do outro – não parece ser identificável no comportamento desses “cidadãos corruptos”. As pesquisas revelam o aspecto intergeracional da violência, assim pais corruptos têm maior probabilidade de ter filhos também corruptos. Mas aqui é preciso cuidado. Sabemos que apesar da enorme influência dos pais na formação e desenvolvimento saudável do indivíduo, os mesmos jamais podem ser “culpados” por todos os erros dos filhos. Portanto, ainda que não tenha havido negligência no exercício da paternidade quanto ao ensino de valores éticos, há contribuições biológicas nas condutas criminais, como no caso de indivíduos que por condições cerebrais adversas têm dificuldades genuínas de serem empáticos. E mais, há fatores individuais e socioculturais a considerar: algumas pessoas são mais suscetíveis ao poder de persuasão alheio. A cultura brasileira, altamente leniente com a corrupção, favorece racionalizações, normatizando a corrupção, como alguns mantras: “O brasileiro sempre foi corrupto”, “Sempre existiu Caixa Dois”, “Não dá para fazer política de outro jeito”, “Os fins justificam os meios”, “Rouba, mas faz”, e assim por diante.

[P6] Lembramo-nos do filosofo chinês Confúcio, que elaborou, há mais de dois mil anos, um código de conduta em que somente homens com qualidades morais e éticas, alcançadas por rígida formação, poderiam exercer o poder. Para Confúcio, o cerne da degradação humana estava na ausência do comportamento moral. Certamente, se pudéssemos avaliar o comportamento moral de políticos e funcionários públicos envolvidos em corrupção, a grande maioria seria reprovada para o exercício de sua função.

[P7] O Congresso Nacional aprova leis em seu próprio benefício. Sem dúvida. Por que seria diferente? Por que os legisladores abririam mão de seus privilégios e negociatas? Os adolescentes e adultos infratores com os quais trabalhamos também não recusariam o lucro ilícito espontaneamente. O agressor de mulheres não deixa de fazê-lo porque percebe que a companheira sofre.

[P8] Dessa maneira, o adolescente infrator e o agressor da parceira íntima precisam de tratamento para mudar. Haveria tratamento para corruptos? Na ausência de evidências científicas preferimos não especular.

[P9] Melhor mesmo é refundar o Brasil com outro perfil de políticos, funcionários públicos, empresários e demais agentes envolvidos de alguma forma na execução da função pública, e, paralelamente, alterar nossa cultura, a fim de combater e prevenir a corrupção em todas as suas modalidades – a sistêmica, sindrômica e a privada (aqueles atos banais praticados no dia a dia).

[P10] Para que o Brasil se modernize e seja mais igualitário em oportunidades e resultados, concordamos que a luta contra a corrupção deve ser realizada em todos os espaços, a começar pelos lares brasileiros, seguido por nossas escolas e a sociedade em geral. Tal tarefa hercúlea, talvez inédita, não será fácil, requerendo criatividade e esforços sistêmicos. Como se muda um aspecto generalizado e doentio de nossa cultura? Nossa sugestão seria convocar pais brasileiros a refletir sobre seu papel em criar filhos éticos que se comportem moralmente; nossas escolas estimuladas a questionar os impactos de comportamentos que destoem da conduta ética, agindo para preveni-los – algo frontalmente distante daquilo que a ditadura chamou de Educação Moral e Cívica. Para isso teríamos que convocar o apoio das ciências humanas, entre as quais a Psicologia faz uma contribuição marcante na pesquisa de prevenção à violência. Por fim, toda a sociedade precisaria se engajar nesse movimento de refundar o Brasil para nos transformarmos em uma nação menos corrupta e violenta.

Disponível em: <http://observatoriodaimprensa.com.br/interesse-publico/corrupcao-como-violencia-e-ausencia-de-comportamento-moral/>. Acesso: 01 fev. 2018. (Adaptado).
Os vocábulos destacados podem ser substituídos pelos que estão entre parênteses, sem alteração do sentido original, EXCETO em: 
Alternativas
Q2052679 Português

Sua história é semelhante à de muitos brasileiros que não têm a oportunidade de estudar porque precisam, desde cedo, ajudar na subsistência da família. 


O conector porque, destacado, pode, sem alterar o sentido, ser substituído por

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Q2052675 Português
Para[1] dar voz às vítimas[2] da escravidão moderna, o ator[3] e embaixador da Boa Vontade, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Wagner Moura, foi convidado a conhecer quatro trabalhadores resgatados e vulneráveis ao trabalho forçado, entre eles Durval. 


A expressão [3] funciona como um
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Q2052457 Português
Ordem, progresso e desenrascanço
Gregório Duvivier*

Os portugueses, levaram pro Brasil, por exemplo, pelo menos 100 mil palavras. Tenho pena que tenham esquecido em casa algumas das minhas preferidas. Talvez não tenha sido esquecimento, mas ciúmes: gostavam tanto delas que não queriam vê-las em nossas bocas. Há, definitivamente, todo um rol de palavras que nunca atravessaram o Atlântico.

Gosto em especial da palavra ronha – e de praticá-la. A palavra parece outra coisa, e de fato já foi: uma espécie de sarna, e, também, uma doença de plantas. Ninguém mais usa nesse sentido. A expressão "ficar na ronha" se refere à prática de abrir os olhos, mas permanecer na cama. Não imaginam minha excitação ao descobrir que existe uma palavra pro meu esporte preferido.

A arte da ronha consiste em acordar sem, no entanto, se levantar. Trata-se do primeiro trambique do dia: a procrastinada inaugural de todas as manhãs. "Dormi pouco", dizem, "mas fiquei duas horas na ronha" – e pode parecer que ronha equivale à função soneca. Não, durante a soneca voltamos a dormir. E na ronha permanecemos naquele meio termo que Proust demorou dez páginas pra descrever, mas aos portugueses bastaram cinco letras.

Tenho muita pena de não usarmos a palavra javardo. Trata-se de um sinônimo pra javali, mas que nunca será usado pra designar o animal propriamente dito. Chamam de javardo alguém que se comporta como um javali, ou melhor, que se comporta como imaginamos que um javali se comportaria: de forma grosseira, estúpida, abjeta. Gosto porque a palavra soa precisamente o que ela significa.

Da mesma forma, não há xingamentos bons como "aldrabão", termo que designa com especial precisão um farsante muito específico, algo entre o trapaceiro e o impostor, que comete aldrabices, pequenas fraudes – não confundir com batotas, outra palavra que não viajou, que se refere às trapaças vultosas quando cometidas dentro de um jogo, por exemplo, embora algumas sem grande importância.

De todas as palavras esquecidas, tenho uma predileta, aquela que designa a solução que resolve um problema de maneira temporária, mas não em definitivo: desenrascanço. Trata-se de uma gambiarra, mas não necessariamente mecânica – pode ser qualquer coisa que nos safe, como um papelão que faz às vezes de guarda-chuva. Gambiarra é um achado importante e gambiarra se aceita nesse contexto.

Nunca ouvi essa palavra em nossas bandas, e ao mesmo tempo nunca uma palavra definiu tão bem a atividade diária do brasileiro, esse desenrascado. Queria essa palavra em nossa bandeira: ordem, progresso e desenrascanço.

* É ator e escritor. Também é um dos criadores do portal de humor Porta dos Fundos.
Folha de São Paulo, Ilustrada, 01 dez. 2021. Adaptado
Para se falar de texto é preciso considerar vários fatores que o complementam. Entre os vários aspectos mobilizados na sua construção, os linguísticos se voltam para o funcionamento da língua quanto a sua sistematização, conforme se aponta nos textos a seguir.
Texto I
“Da mesma forma, não há xingamentos bons como 'aldrabão', termo que designa com especial precisão um farsante muito específico, algo entre o trapaceiro e o impostor, que comete aldrabices, pequenas fraudes – não confundir com batotas, outra palavra que não viajou, que se refere às trapaças vultosas quando cometidas dentro de um jogo, por exemplo, embora algumas sem grande importância”.
Texto II Imagem associada para resolução da questão
Isto É, n. 2715, 09 fev. 2022, p. 12
A esse respeito, avalie as afirmações seguintes.
I - Na expressão “trapaças vultosas” (Texto I), o adjetivo pode ser substituído por “vultuosas” sem prejuízo para o sentido do texto.
II - No Texto II há uma inadequação quanto à grafia de uma das palavras usadas para reproduzir, na escrita, a fala do tenista Rafael Nadal.
III - Em “que se refere às trapaças” (Texto I), o sinal indicativo de crase foi indevidamente assinalado, pois não se verifica a contração da preposição “as” com o artigo feminino “as”.
IV - Na frase “... não há xingamentos bons como "aldrabão" (Texto I), o verbo “haver” pode ser trocado por “existir”, sem prejuízo de sentido e de acordo com a norma-padrão, assim: “... não existe xingamentos bons como 'aldrabão'...”
V - No Texto II se identifica a presença de monossílabos tônicos, acentuados por terminarem em vogais, e de monossílabos átonos, assim considerados pelo fato de não possuírem autonomia fonética e por dispensarem acentuação.

Está correto apenas o que se afirma em
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Q2052179 Português

Mitos da criminalidade juvenil no Brasil

Marília Rovaron


Propostas de emenda à Constituição que reduzem a maioridade penal e projetos de lei que ampliam o tempo de internação de adolescentes envolvidos em crimes hediondos têm reaparecido nas pautas do Senado brasileiro. A análise dessa complexa questão demanda, porém, um conhecimento mais objetivo da realidade dos atos infracionais praticados por adolescentes em relação ao problema da violência no Brasil. Muitos mitos circundam o debate acerca da autoria de jovens na criminalidade urbana, sendo três deles mais ce ntrais nas discussões.

O primeiro mito aponta uma criminalidade crescente e descontrolada, praticada por crianças e adolescentes, contrariando as estatísticas oficiais que, na verdade, revelam um hiperdimensionamento na apresentação das violências praticadas por jovens, se comparadas às praticadas por adultos. No ano de 2012, por exemplo, só 8,4% dos homicídios registrados no país foram cometidos por adolescentes. E, no ano de 2010, das 8.686 crianças e adolescentes assassinados no Brasil, 2,5% das mortes foram cometidas por adolescentes, segundo o estudo Porque dizemos não à redução da maioridade penal, de 2013, da Fundação Abrinq. Portanto, ao contrário do que afirma a opinião pública, é baixa a proporção de jovens que cometem atos infracionais graves, como os homicídios. E o mesmo se observa em roubo e tráfico.

O segundo mito associa a pobreza à criminalidade, determinando o risco que as crianças e os adolescentes pobres oferecem à sociedade, como criminosos em potencial. Diversas pesquisas comprovam a participação de jovens de diferentes classes sociais em atos infracionais. O que importa considerar, nesses casos, são os encaminhamentos dados: a diferenciação entre dependente químico e traficante é um exemplo claro dos tipos de tratamento possíveis aos sujeitos a partir de recortes de cor, classe social e região de moradia.

O terceiro mito sustenta que há uma passividade do Estado frente às ações consideradas criminosas praticadas por jovens, reforçando o desejo de grande parte da sociedade por uma menor tolerância no trato com crianças e adolescentes autores de ato infracional, desconsiderando, assim, os índices crescentes das medidas socioeducativas no país, sobretudo das medidas privativas de liberdade.

As simplificações das justificativas normalmente empregadas na defesa por mais punição aos jovens envolvidos (ou em risco de se envolver) em atos criminais parecem sempre mover a atenção para os indivíduos e não para as estruturas sociais. É quando o papel da punição na política criminal contemporânea adquire força e capilaridade no tecido da sociedade, afetando um público-alvo específico e legitimado por uma sociedade conivente com o recrudescimento de um sistema que se mostra seletivo em suas punições. Apesar da gravidade de acontecimentos violentos no país, deve-se ressaltar que, do total de adolescentes em conflito com a lei, apenas 8,4% cometeram homicídios. A maioria dos delitos juvenis é roubo, seguido por tráfico. Sabemos também que a maioria dos adolescentes em conflito com a lei já abandonou a escola ainda no Ensino Fundamental e que é imensa a dificuldade daqueles que estão cumprindo medidas socioeducativas, principalmente em liberdade assistida, em retomar seus estudos.

Ao mesmo tempo, não existem indícios suficientes de que aumentar a repressão e o rigor das medidas socioeducativas em si seja o bastante para reduzir a criminalidade e os homicídios. Ao contrário, dados do Conselho Nacional de Justiça atestam que 70% dos egressos do sistema prisional retornam a ele por reincidirem. Assim, a extensão dessa situação às infrações juvenis 

— ou seja, mais encarceramentos de adolescentes — não amenizará os índices de crimes cometidos por eles no país.

É dever do Estado aprimorar e ampliar as políticas sociais que amparam a juventude vulnerável. E é, sobretudo, a ausência dessas políticas que gera as condições de vulnerabilidade, empurrando os adolescentes para a criminalidade. Desse modo, a simples ausência de universalidade de direitos fundamentais, como o direito à moradia, à educação, à saúde, à inserção produtiva qualificada, já se constitui em violência contra a infância e a adolescência.

Nos sistemas judiciário, executivo e legislativo, ainda está bem presente a “lógica menorista” (visão antiga que ainda considera crianças e adolescentes “objetos do direito”, assujeitados, em situação irregular, e não sujeitos em desenvolvimento, que demandam proteção, respeito e autonomia), e pouco avançamos em leis que permitem saltos nessa visão. Debatemos a ineficácia de um Estatuto da Criança e do Adolescente que nem sequer foi implantado por completo e opinamos sobre a redução da maioridade penal, esquecendo -nos de que as causas da questão social continuam intocáveis em praticamente todas as esferas.

A efetivação da mudança de paradigma no sistema de justiça juvenil exige uma transformação coletiva na mentalidade da sociedade para que a opinião pública aprofunde as reflexões acerca da cultura punitiva e possa, assim, vislumbrar novas formas de sociabilidade, pautadas na liberdade. Da mesma forma que à lei não pode ser atribuído o papel de salvar a humanidade, o cárcere não resolverá as desigualdades sociais que marcam tão profundamente as vidas dos jovens e sua busca por sobrevivência, expressão, visibilidade e ascensão social.


Disponível em: <www.cartaeducacao.com.br>. Acesso em: 14 dez. 2017. [Adaptado]

Considere o período a seguir.

É quando o papel da punição na política criminal contemporânea adquire força e capilaridade no tecido da sociedade, afetando um público-alvo específico e legitimado por uma sociedade conivente com o recrudescimento de um sistema que se mostra seletivo em suas punições.


Sem alterar o sentido do período, o elemento linguístico destacado pode ser substituído por

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Q2052120 Português

Texto 2


    Sabe-se que o sertanejo costumava realizar suas necessidades fisiológicas no próprio quintal de sua casa, entre as folhagens de um cajueiro ou qualquer outra árvore baixa e frondosa. Nas Concentrações, o flagelado era obrigado a mudar o seu comportamento. Deveria sentir-se envergonhado por não usar o banheiro para as necessidades fisiológicas. Na perspectiva da civilização baseada no saber médico, o homem deveria ficar distante de seus excrementos. Com efeito, o concentrado deveria incorporar novos parâmetros para definir o nojo. Para o sertanejo, o lugar dos dejetos fecais era os arredores de sua casa. Não havia necessidade de banheiro.

     Esse contraste entre noções diferenciadas da construção do nojo era uma das grandes tensões cotidianas dos Campos de Concentração. Enquanto os “inspetores de higiene” procuravam, a todo custo, mostrar a insubstituível função das “sentinas”, os sertanejos mostravam-se pouco motivados para abandonar seus hábitos tradicionais. Muitos concentrados usavam o aparelho sanitário, enquanto outros decidiam continuar com seus hábitos, criando toda sorte de conflitos.

     Ao ser entrevistado por jornalistas do Correio do Ceará, em março de 1932, o inspetor de higiene do Campo de Concentração do Urubu falou com detalhes e entusiasmo sobre a existência e a organização dos banheiros: “São todos muito bem fechados e foram construídos com madeira serrada, cobertos de zinco novos e muito bem feitos. Aqueles dois que ainda não foram totalmente cobertos não estão funcionando”. Ao passarem pela frente dos banheiros, os jornalistas receberam do Inspector a seguinte informação: “este é o banheiro ‘Major Manoel Tibúrcio’, este chama-se ‘Senhoras da Caridade’, este é o ‘Interventor Federal Roberto Carneiro de Mendonça’...” (Correio do Ceará, 06/05/1932). A homenagem a grupos ou pessoas importantes era figurada nos banheiros. Nesse sentido, é possível imaginar que esses lugares da higiene pessoal constituíam-se como templos do sanitarismo nesses Campos de Concentração.

     O momento do banho ganhava, respeitando as especificidades, ares de sacralidade em todos os Campos de Concentração. Na Concentração do Tauape, localizada em Fortaleza, mulheres e crianças banhavam-se vestidas numa Lagoa que ficava junto ao Campo. Entretanto, os higienistas afirmavam que neste momento – precisamente às cinco horas da manhã – formava-se um cordão de vigilantes para impedir qualquer tipo de indecoro ou de molestamento àquelas mulheres. No meio rural, homens, mulheres e crianças banhavam-se vestidos e juntos. Ao que parece, esse momento tinha mais o sentido do lazer do que do asseio pessoal. Nos Campos de Concentração, tentava-se inculcar uma nova maneira de pensar sobre o momento do asseio pessoal a partir da noção de vergonha. O banho, fosse realizado em banheiros ou açudes, deveria caracterizar-se como um momento de foro íntimo dominado pela ideia civilizada de moral, pudor e rapidez.

  Os jornalistas d’O Povo, numa tentativa de romantizar a cena, acrescentavam que as mulheres sentiam muita satisfação naquele momento, pois o encontro com a água traria de volta a lembrança do “sertão querido”. A descrição chega a imagens cinematográficas: “A lagoa, com as suas águas frescas e azuladas parecia atenuar a tristeza daquela gente... Dava gosto ver as sertanejas lembrando-se dos bons invernos e nadando a largas braçadas na superfície da Lagoa”. Mesmo ocupando-se largamente com a satisfação do banho, os jornalistas acabaram registrando o incômodo que causava nessas senhoras a constante vigilância do banho e da lavagem de roupa. Com um tom irônico, que procurava produzir o riso a partir de informações sobre “a vida do povo”, os jornalistas chegam a reproduzir o “falar do sertanejo pobre”: “Num sei pru qui é qui os diabo desses guarda num larga da gente”

(O Povo, 16/04/32).

(RIOS, K. S. Isolamento e poder: Fortaleza e os campos de concentração na seca de 1932. Fortaleza: Imprensa Universitária, 2014. p. 119-121).

A palavra destacada pode ser substituída pela palavra entre parênteses, sem prejuízo para a correção gramatical do texto nem para seus sentidos originais, somente no item:
Alternativas
Q2052097 Português

TEXTO I 


Catavento e girassol

(Guinga - Aldir Blanc)


Meu catavento tem dentro

O que há do lado de fora do teu girassol.

Entre o escancaro e o contido,

E eu te pedi sustenido

E você riu bemol.

Você só pensa no espaço,

Eu exigi duração...

Eu sou um gato de subúrbio,

Você é litorânea.


Quando eu respeito os sinais,

Vejo você de patins vindo na contramão

Mas quando ataco de macho,

Você se faz de capacho

E não quer confusão.

Nenhum dos dois se entrega.

Nós não ouvimos conselho:

E eu sou você que se vai

No sumidouro do espelho. 


Eu sou o Engenho de Dentro

E você vive no vento do Arpoador.

Eu tenho um jeito arredio

E você é expansiva - o inseto e a flor.

Um torce para Mia Farrow

E o outro é Woody Allen...

Quando assovio uma seresta

Você dança havaiana.


Eu vou de tênis e jeans,

Encontro você demais:

Scarpin, soirée.

Quando o pau quebra na esquina,

Você ataca de fina

e me oferece em inglês:

É fuck you, bate-bronha...

E ninguém mete o bedelho,

Você sou eu que me vou

No sumidouro do espelho.


A paz é feita num motel

De alma lavada e passada

Pra descobrir logo depois

Que não serviu pra nada.

Nos dias de carnaval

Aumentam os desenganos:

Você vai pra Parati

E eu pro Cacique de Ramos...


Meu catavento tem dentro

O vento escancarado do Arpoador,

Teu girassol tem de fora

O escondido do Engenho de Dentro da flor.

Eu sinto muita saudade,

Você é contemporânea,

Eu penso em tudo quanto faço,

Você é tão espontânea.

Sei que um depende do outro

Só pra ser diferente,

Pra se completar.

Sei que um se afasta do outro,

No sufoco, somente pra se aproximar.

Cê tem um jeito verde de ser

E eu sou meio vermelho

Mas os dois juntos se vão

No sumidouro do espelho.


http://www.guinga.com/index.php/2015-08-27-03-

18-48/2015-08-27-03-29-50/151-delirio-carioca1993 Acesso em: 05/01/2019.



No trecho “Mas quando ataco de macho, você se faz de capacho e não quer confusão.”, o melhor significado, no contexto, para capacho é: 
Alternativas
Respostas
3441: C
3442: E
3443: B
3444: E
3445: C
3446: C
3447: D
3448: C
3449: B
3450: B
3451: E
3452: D
3453: E
3454: C
3455: C
3456: B
3457: B
3458: A
3459: C
3460: B