Questões de Concurso Sobre significação contextual de palavras e expressões. sinônimos e antônimos. em português

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Q766364 Português
Leia o texto para responder a questão a seguir.

Entreouvida na rua: “O que isso tem a ver com o meu café com leite?” Não sei se é uma frase feita comum que só eu não conhecia ou se estava sendo inventada na hora, mas gostei. Tudo, no fim, se resume no que tem e não tem a ver com o nosso café com leite, no que afeta ou não afeta diretamente nossas vidas e nossos hábitos. É uma questão que envolve mais do que a vizinhança próxima. Outro dia ficamos sabendo que o Stephen Hawking voltou atrás na sua teoria sobre os buracos negros, aqueles furos no Universo em que a matéria desaparece. Nem eu nem você entendíamos a teoria, e agora somos obrigados a rever nossa ignorância: os buracos negros não eram nada daquilo que a gente não sabia que eram, são outra coisa que a gente nunca vai entender. Nosso consolo é que nada disto tem a ver com nosso café com leite. Os buracos negros e o nosso café com leite são, mesmo, extremos opostos, a extrema angústia do desconhecido e o extremo conforto do familiar. Não cabem na mesma mesa ou no mesmo cérebro.

(Luis Fernando Verissimo. O mundo é bárbaro e o que nós temos a ver com isso. Rio de Janeiro, Objetiva, 2008, p. 09)
O sentido atribuído pelo autor à frase – “O que isso tem a ver com o meu café com leite?” – está expresso, em outras palavras, na alternativa:
Alternativas
Q766359 Português
Leia o texto para responder a questão a seguir.

Muito antes de haver história, já havia seres humanos. Animais bastante similares aos humanos modernos surgiram por volta de 2,5 milhões de anos atrás. Mas, por incontáveis gerações, eles não se destacaram da miríade de outros organismos com os quais partilhavam seu habitat.
Em um passeio pela África Oriental de 2 milhões de anos atrás, você poderia muito bem observar certas características humanas familiares: mães ansiosas acariciando seus bebês e bandos de crianças despreocupadas brincando na lama; jovens temperamentais rebelando-se contra as regras da sociedade e idosos cansados que só queriam ficar em paz; machos orgulhosos tentando impressionar as beldades locais e velhas matriarcas sábias que já tinham visto de tudo. Esses humanos arcaicos amavam, brincavam, formavam laços fortes de amizade e competiam por status e poder – mas os chimpanzés, os babuínos e os elefantes também. Não havia nada de especial nos humanos. Ninguém, muito menos eles próprios, tinha qualquer suspeita de que seus descendentes um dia viajariam à Lua, dividiriam o átomo, mapeariam o código genético e escreveriam livros de história. A coisa mais importante a saber acerca dos humanos pré-históricos é que eles eram animais insignificantes, cujo impacto sobre o ambiente não era maior que o de gorilas, vaga-lumes ou águas-vivas.
(Yuval Noah Harari. Sapiens: uma breve história da humanidade. Trad. Janaína Marcoantonio, Porto Alegre, L&PM, 2015, p. 08-09)
Um termo que expressa sentido de “posse” está destacado em:
Alternativas
Q766358 Português
Leia o texto para responder a questão a seguir.

Muito antes de haver história, já havia seres humanos. Animais bastante similares aos humanos modernos surgiram por volta de 2,5 milhões de anos atrás. Mas, por incontáveis gerações, eles não se destacaram da miríade de outros organismos com os quais partilhavam seu habitat.
Em um passeio pela África Oriental de 2 milhões de anos atrás, você poderia muito bem observar certas características humanas familiares: mães ansiosas acariciando seus bebês e bandos de crianças despreocupadas brincando na lama; jovens temperamentais rebelando-se contra as regras da sociedade e idosos cansados que só queriam ficar em paz; machos orgulhosos tentando impressionar as beldades locais e velhas matriarcas sábias que já tinham visto de tudo. Esses humanos arcaicos amavam, brincavam, formavam laços fortes de amizade e competiam por status e poder – mas os chimpanzés, os babuínos e os elefantes também. Não havia nada de especial nos humanos. Ninguém, muito menos eles próprios, tinha qualquer suspeita de que seus descendentes um dia viajariam à Lua, dividiriam o átomo, mapeariam o código genético e escreveriam livros de história. A coisa mais importante a saber acerca dos humanos pré-históricos é que eles eram animais insignificantes, cujo impacto sobre o ambiente não era maior que o de gorilas, vaga-lumes ou águas-vivas.
(Yuval Noah Harari. Sapiens: uma breve história da humanidade. Trad. Janaína Marcoantonio, Porto Alegre, L&PM, 2015, p. 08-09)
O termo miríade, em destaque no primeiro parágrafo do texto, está empregado com o sentido de
Alternativas
Q765277 Português
Ser deficiente é privilégio de ser diferente
Uma cena usual no dia a dia de um parampa (que é como os paraplégicos paulistas se denominam, melhorzinho que o metálico chumbado, termo preferido pelos cariocas): num estacionamento, esperando o manobrista número um trazer o carro. Se aproxima o manobrista número dois, olha minha cadeira de rodas, o horizonte, e pergunta na lata: Foi acidente? Olho rápido para a rua e devolvo: Onde? Algum ferido? Melhor chamar uma ambulância! Vocês têm telefone?
Outra cena: numa fila de espera, se aproxima um sujeito, aponta a cadeira de rodas e diz: É duro, né? Minha resposta: Não, é até confortável. Quer experimentar? Mais uma: uma criança brincando pelos corredores de um shopping me vê na cadeira e pergunta: Por que você está na cadeira de rodas? Devolvo: Porque eu quero. E você, por que não está na sua? Já vi crianças me apontando e dizendo para os pais: Quero uma igual àquela! Quando o pai vem se desculpar (e não sei por quê, sempre se desculpar), eu logo interrompo: Compre logo uma para ele. Sem contar os incontáveis comentários tipo Tem que se conformar, O que se pode fazer?, A vida tem dessas coisas...
Peculiar curiosidade essa de saber se um paraplégico é um acidentado ou de nascença. À beira da piscina de um hotel, lá vem o hóspede. Para ao meu lado e solta um Foi acidente?. Antes que eu vem exibisse minha grosseria e impaciência, ele foi avisando: Sou ortopedista. Costumo operar casos como o seu. Aqui na região há muitos motoqueiros que se acidentam... Entramos numa conversa técnica que até poderia render se ele não dissesse, me olhando nos olhos: Jesus cura isso aí.Antes que eu perguntasse o endereço do consultório desse Jesus, ele continuou: Você pode não acreditar, mas já o vi curando muitos iguais a você. Eu não quero ser curado. Eu estou bem assim costuma ser minha resposta que, se não me engano, é verdadeira.
Aliás, Paulo Roberto, paraplégico, professor de filosofia de Brasília, anunciou seu novo enunciado: “Nós não devemos ser curados. Seria um trauma maior que o próprio acidente. Não conseguiríamos reconstruir uma terceira identidade. Não saberíamos administrar nossa falta de diferença. O homem cultural, diferente do homem natural, é aquele que constrói a si próprio, pelo respeito ao que possa ter de igual e de diferente.” Foi minha última e definitiva revelação nesses 13 anos de paraplegia. Se alguém me ouvisse, um dia, nas ruas do centro, dizendo a mim mesmo Que sorte ter ficado paraplégico, não acreditaria. Mas eu disse: Conheço um mundo que poucos conhecem. Sou diferente. Sou um privilegiado.

 PAIVA, Marcelo Rubens. Crônicas para ler na escola. Seleção Regina Zilberman. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011.
Quando o pai vem se desculpar [...], eu logo interrompo: [...], a palavra em negrito poderia ser substituída, nesse contexto, por
Alternativas
Q765250 Português
Ainda sobre o excerto acima a expressão ‘‘aversão’’ a luz, de acordo com a gramática da língua portuguesa, como um:
Alternativas
Q765248 Português

Imagem associada para resolução da questão

No texto abaixo as palavras ‘‘administração e doses’’ são sinônimos de:

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Q764535 Português
A linguagem sintética e expressiva, característica dos provérbios e ditos populares, encontra adequada tradução de sentido, numa formulação conceitual, em:
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Q764444 Português

Serviço público 

   Entre os serviços oferecidos pelo Estado (com recursos provenientes da arrecadação de impostos) e a população (sobretudo os que dependem inteiramente da qualidade desses serviços), está a figura do servidor público. Para fazer essa importante mediação, costuma-se garantir ao servidor a estabilidade e o salário que lhe permitam exercer sua função com a independência e a dignidade de quem não pode e não deve se submeter a troca de favores ou de vantagens que não as da legislação que rege seu contrato de trabalho. 
    Não convém esquecer que entre os servidores públicos, além dos que se entregam ao cumprimento da burocracia, estão aqueles que têm importância fundamental em áreas vitais como a Educação, a Saúde, a Segurança, o controle do meio ambiente e outras que concorrem diretamente para qualificar nosso nível de vida. Há quem julgue que todos os empreendimentos sociais deveriam regular-se pelo Mercado, e não pelo Estado. Para quem assim pensa, a figura do servidor público surge não como um cidadão operoso e eficiente, mas como um entrave à excelência dos negócios, que se regulamentariam por si mesmos.
    É nessa ordem de coisas que professores, médicos, agentes de segurança e tantos outros profissionais do setor público precisam tomar em suas mãos a responsabilidade de quem estabelece, na prática, o vínculo entre o cidadão e o Estado, o indivíduo e sua cidadania. O contato entre o servidor e a população deve espelhar uma relação de confiança em que, cidadãos ambos, reconhecem-se como integrantes de uma mesma ordem social mediada pelo direito público e não pelo privilégio privado. O equilíbrio entre o que o Estado tem o dever de oferecer e o Mercado tem o interesse em vender e comprar é um desafio a ser enfrentado pela sociedade moderna. A figura do servidor público é não apenas emblemática: é a encarnação do vínculo profissional e humano entre os direitos do povo e os deveres do Estado.



(Josimar Castelo, inédito

Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de um segmento em:
Alternativas
Q764375 Português
Um estudo publicado por um instituto de pesquisas indica que o debate político nas redes sociais mobiliza paixões, mas, na prática, resulta em quase nenhum entendimento, porque o ambiente virtual convida ao confronto irracional e à manutenção irredutível de opiniões − o que é a negação da política. O estudo evidencia que o melhor da política, entendida como a atividade por meio da qual se convence o outro a aderir a determinado ponto de vista, manifesta-se em sua plenitude principalmente no contato pessoal, olho no olho, situação em que os argumentos tendem a prevalecer aos punhos.
A pesquisa em questão foi feita nos Estados Unidos, mas pode-se presumir que seus resultados sirvam para o cenário brasileiro. Lá como cá, não é incomum que amigos rompam relacionamentos em razão da defesa de posições conflitantes.
De acordo com o instituto, 59% dos entrevistados disseram que as interações com quem sustenta pontos de vista divergentes nas redes sociais costumam ser “estressantes” − porque envolvem linguagem ofensiva e porque, muitas vezes, representam a possibilidade de ruptura com pessoas conhecidas − e “frustrantes” − uma vez que o outro lado não apresenta nenhuma disposição de ceder e não se extrai da conversa nada que se possa considerar aceitável para reflexão. Para 84%, as pessoas dizem nas redes sociais coisas que provavelmente não diriam numa discussão política travada numa conversa pessoal.
Para não perder os amigos por conta das paixões políticas, a maioria dos usuários das redes sociais diz que quando conhecidos postam comentários políticos dos quais discordam é melhor ignorá-los a alimentar uma discussão que, no mais das vezes, resulta em tensão.
Não obstante, um em cada cinco entrevistados que revelaram maior gosto pelo envolvimento político disse interagir nas redes sociais para defender seus pontos de vista, e um terço deles entende que a internet possibilita a inclusão de novas vozes no debate.
Logo, não se trata de descartar as redes sociais como lugar para o debate político, pois é evidente que, especialmente entre os mais jovens, a interação virtual tornou-se a principal forma de comunicação. No entanto, por ora o que se tem não pode ser classificado de debate, mas de guerra.
(Adaptado de: A política nas redes sociais. O Estado de São Paulo, p. A3, 6/11/16) 
Sem prejuízo da correção e do sentido, os termos Logo e No entanto (último parágrafo) podem ser substituídos, respectivamente, por:
Alternativas
Q764144 Português

Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte.

Pensar o outro

    A expressão “colocar-se no lugar do outro” é antes um clichê da boa conduta que uma prática efetivamente assumida. É mais fácil repetir a fórmula desse pré-requisito para uma discussão consequente do que levar a efeito o que esta implica. Quem, de fato, é capaz de se colocar no lugar do outro para bem discernir um ponto de vista alheio ao seu? Qualquer pessoa que, por exemplo, frequente as redes sociais, sabe que, numa discussão, os argumentos de um contendor não levam em conta a argumentação do outro. Em vez de se contraporem ideias em movimento, batem-se posições já cristalizadas. A rigor, não há propriamente confronto: cada um olha apenas para si mesmo. 

    Há a convicção de que aceitar a razão do outro é perder a própria. Por que não avaliar que o exame dos argumentos alheios pode ser uma forma de fortalecer os nossos? E se os nossos forem de fato mais fracos, por que não abdicar deles, acolher a verdade que está do outro lado e fortalecer-nos com ela? A dinâmica de um debate deve admitir o pensamento crítico, que é, e deve ser sempre, um pensamento disposto à crise. A vida não para de nos mostrar que é com os momentos críticos que mais aprendemos. Colocar-se no lugar do outro inclui a possibilidade de querer ficar nele: por que não admitir que a razão pode estar do outro lado? Negar o outro é condenar-nos à imobilidade – essa irmã gêmea da morte.

(MELLO, Aristides de, inédito)

Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de um segmento em:
Alternativas
Q764142 Português

Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte.

Pensar o outro

    A expressão “colocar-se no lugar do outro” é antes um clichê da boa conduta que uma prática efetivamente assumida. É mais fácil repetir a fórmula desse pré-requisito para uma discussão consequente do que levar a efeito o que esta implica. Quem, de fato, é capaz de se colocar no lugar do outro para bem discernir um ponto de vista alheio ao seu? Qualquer pessoa que, por exemplo, frequente as redes sociais, sabe que, numa discussão, os argumentos de um contendor não levam em conta a argumentação do outro. Em vez de se contraporem ideias em movimento, batem-se posições já cristalizadas. A rigor, não há propriamente confronto: cada um olha apenas para si mesmo. 

    Há a convicção de que aceitar a razão do outro é perder a própria. Por que não avaliar que o exame dos argumentos alheios pode ser uma forma de fortalecer os nossos? E se os nossos forem de fato mais fracos, por que não abdicar deles, acolher a verdade que está do outro lado e fortalecer-nos com ela? A dinâmica de um debate deve admitir o pensamento crítico, que é, e deve ser sempre, um pensamento disposto à crise. A vida não para de nos mostrar que é com os momentos críticos que mais aprendemos. Colocar-se no lugar do outro inclui a possibilidade de querer ficar nele: por que não admitir que a razão pode estar do outro lado? Negar o outro é condenar-nos à imobilidade – essa irmã gêmea da morte.

(MELLO, Aristides de, inédito)

A resolução de efetivamente “colocar-se no lugar do outro” constitui,
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Q763983 Português

Para responder à questão, leia o texto abaixo, de autoria de Patativa do Assaré:

Vaca Estrela e Boi Fubá

Seu dotô me dê licença

Pra minha história contar

Hoje eu tô nu’a terra estranha

E é bem triste o meu penar

Mas já fui muito feliz

Vivendo no meu lugar

Eu tinha cavalo bão

Gostava de campear

E todo dia aboiava

Na porteira do currá 

Ê, vaca Estrela! Ô, boi Fubá!

Eu sou fio do nordeste

Não nego o meu naturá

Mas uma seca medonha

Me tangeu de lá pra cá

Lá eu tinha meu gadinho

Num é bão nem alembrar

Minha linda vaca Estrela

E o meu belo boi Fubá

Quando era de tardinha

Eu começava aboiar

Ê, vaca Estrela! Ô, boi Fubá! 

Aquela seca medonha

Fez tudo se atrapaiar

Não nasceu capim no campo

Para o gado sustentar

O sertão se esturricou

Fez os açude secar

Morreu minha vaca Estrela

Se acabou meu boi Fubá

Perdi tudo quanto tinha

Nunca mais pude aboiar

Ê, vaca Estrela! Ô, boi Fubá! 

Hoje nas terra do sul

Longe do torrão natá

Quando eu vejo em minha frente

Uma boiada passar

As água corre dos óio

Começo logo a chorar

Lembro minha vaca Estrela

E o meu belo boi Fubá

Com sodade do nordeste

Dá vontade de aboiar

Ê, vaca Estrela! Ô, boi Fubá!

Assinale abaixo a alternativa que não substitui, sem alteração de sentido, a expressão “o meu penar” no verso “E é bem triste o meu penar”:
Alternativas
Q763738 Português

Amor de passarinho

  Desde que mandei colocar na minha janela uns vasos de gerânio, eles começaram a aparecer. Dependurei ali um bebedouro, desses para beija-flor, mas são de outra espécie os que aparecem todas as manhãs e se fartam de água açucarada, na maior algazarra. Pude observar então que um deles só vem quando os demais já se foram.

  Vem todas as manhãs. Sei que é ele e não outro por um pormenor que o distingue dos demais: só tem uma perna. Não é todo dia que costuma aparecer mais de um passarinho com uma perna só. 

  [...] 

  Ao pousar, equilibra-se sem dificuldade na única perna, batendo as asas e deixando à mostra, em lugar da outra, apenas um cotozinho. É de se ver as suas passarinhices no peitoril da janela, ou a saltitar de galho em galho, entre os gerânios, como se estivesse fazendo bonito para mim. Às vezes se atreve a passar voando pelo meu nariz e vai-se embora pela outra janela.

  [...] 

  Enquanto escrevo, ele acaba de chegar. Paro um pouco e fico a olhá-lo. Acostumado a ser observado por mim, já está perdendo a cerimônia. Finge que não me vê, beberica um pouco a sua aguinha, dá um pulo para lá, outro para cá, esvoaça sobre um gerânio, volta ao bebedouro, apoiando-se num galho. Mas agora acaba de chegar outro que, prevalecendo-se da superioridade que lhe conferem as duas pernas, em vez de confraternizar, expulsa o pernetinha a bicadas, e passa a beber da sua água. A um canto da janela, meio jururu, ele fica aguardando os acontecimentos, enquanto eu enxoto o seu atrevido semelhante. Quer dizer que até entre eles predomina a lei do mais forte! De novo senhor absoluto da janela, meu amiguinho volta a bebericar e depois vai embora, não sem me fazer uma reverência de agradecimento.

  [...]

  Chamei-o de amiguinho, e entendo agora por que Jayme Ovalle, que chegou a ficar noivo de uma pomba, dizia que Deus era Poeta, sendo o passarinho o mais perfeito soneto de Sua Criação. Com sua única perninha, este é o meu pequenino e sofrido companheiro, a me ensinar que a vida é boa e vale a pena, é possível ser feliz. 

  Desde então muita coisa aconteceu. Para começar, a comprovação de que não era amiguinho e sim amiguinha – segundo me informou o jardineiro: responsável pelos gerânios e pelo bebedouro, seu Lourival entende de muitas coisas, e também do sexo dos passarinhos.

  A prova de que era fêmea estava no companheiro que arranjou e com quem logo começou a aparecer. Este, um pouco maior e mais empombadinho, tomava conta dela, afastando os concorrentes. E os dois ficavam de brincadeira um com o outro, de cá para lá, ou mesmo de namoro, esfregando as cabecinhas. Às vezes ela se afastava desses afagos, voava em minha direção e se detinha no ar a um metro de minha cabeça, agitando as asas, para em seguida partir feito uma seta janela afora. Não sei o que procurava exprimir com o ritual dessa proeza de colibri. Alguma mensagem de amor, em código de passarinho? Talvez não mais que um recado prosaico, vou ali e volto já.

  E assim a Pernetinha, como se tornou conhecida entre os meus amigos – alguns chegaram a conhecê-la pessoalmente –, não passou mais um só dia sem aparecer. Mesmo durante minhas viagens continuou vindo, segundo seu Lourival, que se encarrega de manter cheio o bebedouro na minha ausência.

  Só de uns dias para cá deixou de vir. Fiquei apreensivo, pois a última vez que veio foi num dia de chuva, estava toda molhada, as peninhas do peito arrepiadas. Talvez tivesse adoecido. Não sei se passarinho pega gripe ou morre de pneumonia. Segundo me esclareceu Rubem Braga, o sádico, costuma morrer é de gato. Ainda mais sendo perneta. Hoje pela manhã conversei com o jardineiro sobre a minha apreensão: vários dias sem aparecer! Ele tirou o boné, coçou a cabeça, e acabou contando o que vinha escondendo de mim, uma pequena tragédia.  Debaixo do bebedouro fica um prato fundo, de plástico, para aparar a água que os passarinhos deixam respingar – mesmo os bem-educados como a Pernetinha. Numa dessas manhãs, ele a encontrou caída no fundo do prato, as penas presas num resto pegajoso de água com açúcar. Provavelmente perdeu o equilíbrio, tombou ali dentro e não conseguiu mais se desprender com a única perninha.

  Compungido, seu Lourival preferiu não me contar nada, porque me viu triste com a morte do poeta, também meu amigo.

  Naquele mesmo dia.

(SABINO, Fernando. 1923-2004 – As melhores crônicas – 14ª ed. – Rio de Janeiro: Record, 2010. Adaptado.) 

“Talvez não mais que um recado prosaico, vou ali e volto já.” (7º§) A palavra que possui o significado oposto de “prosaico” é:
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Q763695 Português

TORQUATO NETO: LITERATO CANTABILE


O poeta piauiense Torquato Neto, morto prematuramente em 1972, foi um dos grandes nomes da contracultura brasileira, nos anos 1960. O texto adiante é parte da primeira estrofe de seu marcante poema “Literato Cantabile”. 


“agora não se fala mais

toda palavra guarda uma cilada

(...)”

Caso quiséssemos estragar ainda mais o belíssimo poema de Torquato Neto, poderíamos, por exemplo, ousar substituir, por um sinônimo ou, pior, por um antônimo, o termo “cilada” – tão eloquente e esteticamente adequado ao poema e ao seu contexto sócio-histórico-cultural. Assinale a única alternativa que apresenta um termo antônimo de “cilada”.
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Q763339 Português

Texto


“Existe uma pequena chance de supervulcões (e não asteroides, como alguns pensam) terem acabado com os dinossauros, milhões de anos atrás, com sua lava e a sua fumaça tóxica. Então, como não conseguiriam destruir a nós, meros humanos?

Hoje, existem cerca de cinco supervulcões no mundo. Um dos menores consegue alcançar 240 mil km cúbicos (quase a Itália inteira) só com a lava. A fumaça alcançaria mais. Juntos, os cinco conseguiriam torrar uma grande parcela da população mundial, e ainda espalhariam fumaça letal aos montes. Isso sem falar que a fumaça ainda iria cobrir o céu da Terra por muito tempo, impedindo o sol de chegar às matas, matando tudo à nossa volta.”

Victor Bianchin: Adapt. de 6 maneiras como o mundo pode realmente acabar no futuro. In: Mundo estranho. São Paulo: Abril, 21 dez. 2012.


Obs.: Os números entre parênteses nas questões indicam o parágrafo em que se encontram os fragmentos apresentados.

Assinale a alternativa correta.
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Q763233 Português

TEXTO I 

A busca da felicidade Pesquisas desvendam os mecanismos do prazer e da felicidade. Como esse novo conhecimento pode melhorar sua vida?

(Barbara Axt)

    A busca da felicidade é o combustível que move a humanidade – é ela que nos força a estudar, trabalhar, ter fé, construir casas, realizar coisas, juntar dinheiro, gastar dinheiro, fazer amigos, brigar, casar, separar, ter filhos e depois protegê-los. Ela nos convence de que cada uma dessas conquistas é a coisa mais importante do mundo e nos dá disposição para lutar por elas. Mas tudo isso é ilusão. A cada vitória surge uma nova necessidade. Felicidade é uma cenoura pendurada numa vara de pescar amarrada no nosso corpo. Às vezes, com muito esforço, conseguimos dar uma mordidinha. Mas a cenoura continua lá adiante, apetitosa, nos empurrando para a frente. Felicidade é um truque.

(www.super.abril.com.br/cultura/busca-da-felicidade. Acesso: 7.2.14 )

Considerando-se o contexto como um todo, a expressão destacada na frase Às vezes, com muito esforço, conseguimos dar uma mordidinha., equivale, quanto ao sentido, a
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Q762815 Português

Considere as palavras abaixo.

I. Coação.

II. Repressão.

III. Coibição.

IV. Violação.

Quais substituem corretamente a expressão ‘coerção’ (l.17), de acordo com o significado expresso no contexto?

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Q762427 Português

Trecho do livro Dois Irmãos, de Milton Hatoum

    Naquela época, quando Omar saiu do presídio, eu ainda o vi num fim de tarde.

    O aguaceiro era tão intenso que a cidade fechou suas portas e janelas bem antes do anoitecer. Lembrome de que estava ansioso naquela tarde de meio-céu. Eu acabara de dar minha primeira aula no liceu onde havia estudado e vim a pé pra cá, sob a chuva, observando as valetas que dragavam o lixo, os leprosos amontoados, encolhidos debaixo dos outizeiros. Olhava com assombro e tristeza a cidade que se mutilava e crescia ao mesmo tempo, afastada do porto e do rio, irreconciliável com seu passado.

    Um relâmpago havia provocado um curto-circuito na Casa Rochiram. O bazar indiano tornara-se um breu na tarde sombria, coberta de nuvens baixas e pesadas. Entrei no meu quarto, este mesmo quarto nos fundos da casa de outrora. Trouxera para perto de mim o bestiário esculpido por minha mãe. Era tudo o que restara dela, do trabalho que lhe dava prazer: os únicos gestos que lhe devolviam durante a noite a dignidade que ela perdia durante o dia. Assim pensava ao observar e manusear esses bichinhos de pau-rainha, que antes me pareciam apenas miniaturas imitadas da natureza. Agora meu olhar os vê como seres estranhos.

    [...] O toró que cobria Manaus, trégua na quentura do equador, me aliviava. Frutas e folhas boiavam nas poças que cercavam a porta do meu quarto. Nos fundos, o capim crescera, e a cerca de pau podre, cheia de buracos, não era mais uma fronteira com o cortiço. Desde a partida de Zana, eu havia deixado ao furor do sol e da chuva o pouco que restara das árvores e trepadeiras. Zelar por essa natureza significava uma submissão ao passado, a um tempo que morria dentro de mim.

    Ainda chovia, com trovoadas, quando Omar invadiu o meu refúgio. Aproximou-se do meu quarto devagar, um vulto. Avançou mais um pouco e estacou bem perto da velha seringueira, diminuído pela grandeza da árvore. Não pude ver com nitidez o seu rosto. Ele ergueu a cabeça para a copa que cobria o quintal. Depois virou o corpo, olhou para trás: não havia mais alpendre, a rede vermelha não o esperava. Um muro alto e sólido separava o meu canto da Casa Rochiram. Ele ousou e veio avançando, os pés descalços no aguaçal. Um homem de meia-idade, o Caçula. E já quase velho. Ele me encarou. Eu esperei. Queria que ele confessasse a desonra, a humilhação. Uma palavra bastava, uma só. O perdão.

    Omar titubeou. Olhou para mim, emudecido. Assim ficou por um tempo, o olhar cortando a chuva e a janela para além de qualquer ângulo ou ponto fixo. Era um olhar à deriva. Depois recuou lentamente, deu as costas e foi embora.

(HATOUM, Milton. Dois irmãos. São Paulo: Companhia das Letras, 2000).

Quanto à frase: “Eu acabara de dar minha primeira aula no liceu onde havia estudado e vim a pé pra cá, sob a chuva”, é correto afirmar que:
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Q762215 Português
A árvore que pensava
Houve uma árvore que pensava. E pensava muito. Um dia transpuseram-na para a praça no centro da cidade. Fez-lhe bem a deferência. Ela entusiasmou-se, cresceu, agigantou-se.
Aí vieram os homens e podaram seus galhos. A árvore estranhou o fato e corrigiu seu crescimento, pensando estar na direção de seus galhos a causa da insatisfação dos homens. Mas quando ela novamente se agigantou os homens voltaram e novamente amputaram seus galhos.
A árvore queria satisfazer os homens por julgá-los seus benfeitores, e parou de crescer. E como ela não crescesse mais, os homens a arrancaram da praça e colocaram outra em seu lugar.
Oswaldo França Jr. As laranjas iguais. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1996, p. 17.
Pela compreensão do Texto 2, podemos concluir que o sentido da palavra ‘deferência’ (1º parágrafo) corresponde a: 1) consideração. 2) reverência. 3) contestação. 4) altercação. 5) atenção. Estão corretas:
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Ano: 2015 Banca: Centec Órgão: Centec Prova: Centec - 2015 - Centec - Professor - Inglês |
Q761879 Português

Leia atentamente os textos a seguir.

Texto 01

A árvore é grande, com tronco grosso e galhos longos. É cheia de cores, pois tem o marrom, o verde, o vermelho das flores e até um ninho de passarinhos. O rio espesso com suas águas barrentas desliza lento por entre pedras polidas pelos ventos e gastas pelo tempo.

Texto 02

Conta a lenda que um velho funcionário público de Veneza noite e dia, dia e noite rezava e implorava para o seu Santo que o fizesse ganhar sozinho na loteria, para realizar todos seus desejos e vontades. Assim passavam os dias, as semanas, os meses e anos. E nada acontecia. Até que no dia do Santo, de tanto que seu fiel devoto chorava e implorava, o Santo surgiu do nada e numa voz de desespero e raiva gritou: Pelo menos meu filho compra o bilhete!!!

Texto 03

Bolinho de chuva Ingredientes: 2 xícaras de chá de farinha de trigo, 1 ovo, 2 colheres de sopa de açúcar, 1 colher pequena de fermento em pó, 1/2 copo de leite e canela em pó. Preparo: Coloque em um recipiente o açúcar, o ovo inteiro, o trigo e o leite. Bata até obter uma massa homogênea. Frite e polvilhe com açúcar e canela.

Texto 04

Signo de Sagitário Geral: O empenho aos assuntos dos amigos tomará atenção especial. Possibilidades para retomar convivências. Amor: Bom momento para conversas com seu par sobre interferências de pessoas na vida a dois ou diante de paquera. Carreira: Tendências a tratar assuntos que envolvam novos projetos e esclarecimentos com situações que esteja envolvido em grupo.

Dica: Dedique um pouco mais de atenção a amizades e pessoas que estejam distantes. Fará bem ao seu cotidiano. 

Observe a frase abaixo:

“Serei cauteloso quando tratar os outros, como quero que eles sejam comigo”.

Assinale o item que corresponde ao ANTÔNIMO da palavra destacada na frase acima.

Alternativas
Respostas
10081: E
10082: E
10083: C
10084: A
10085: A
10086: B
10087: E
10088: C
10089: C
10090: E
10091: C
10092: B
10093: B
10094: B
10095: B
10096: C
10097: D
10098: B
10099: B
10100: D