Questões de Concurso Sobre uso dos conectivos em português

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Q1068995 Português

Leia o texto, para responder a questão.


O hacker é essencial ao sistema


      Os incidentes planetários na internet não devem causar espanto. Todos sabem que quanto mais avançada é uma tecnologia, melhor ela se presta ao atentado.

      O automóvel que dirijo agora faz coisas que o velho carro com o qual obtive minha carteira nem sequer sonhava, mas, se tivesse começado a dirigir então com meu carro de hoje, já teria me arrebentado em alguma esquina. Por sorte, cresci com meu carro, adaptando-me pouco a pouco ao aumento de sua potência.

      Com o computador, ao contrário, ainda nem tive tempo de aprender todas as possibilidades da máquina e do programa quando modelos mais complexos chegam ao mercado. Tampouco posso continuar com o velho computador, que talvez fosse suficiente para mim, porque algumas melhorias indispensáveis só rodam nas novas máquinas. O mesmo acontece com os celulares, gravadores, palm tops e com todo o digital em geral.

      Esse drama não atinge apenas o usuário comum, mas também os que precisam controlar o fluxo telemático, inclusive agentes do FBI, bancos e até o Pentágono.

      Quem é que tem 24 horas por dia para entender as novas possibilidades do próprio meio? O hacker, que é uma espécie de anacoreta, de eremita do deserto que dedica todas as horas de seu dia à meditação (eletrônica). Sendo os únicos especialistas totais de uma inovação em ritmo insustentável, eles têm tempo de entender tudo o que podem fazer com a máquina e a rede, mas não de elaborar uma nova filosofia e de estudar suas aplicações positivas, de modo que se dedicam à única ação imediata que sua desumana competência permite: desviar, bagunçar, desestabilizar o sistema global.

      Nesta ação, é possível que muitos deles pensem que atuam no “espírito de Seattle”*, ou seja, a oposição ao novo Moloch**. Na verdade, acabam por ser os melhores colaboradores do sistema, pois para neutralizá-los é preciso inovar mais ainda e com maior rapidez. É um círculo diabólico, no qual o contestador potencializa aquilo que acredita estar destruindo.

                 (Umberto Eco, Pape Satàn Aleppe: crônicas de uma sociedade líquida. Adaptado)


* Referência a protestos contra a globalização e o capitalismo, ocorridas em Seattle em 1999.

** Moloch, divindade que exigia sacrifícios humanos.

Na passagem – O automóvel que dirijo agora faz coisas que o velho carro com o qual obtive minha carteira nem sequer sonhava, mas, se tivesse começado a dirigir então com meu carro de hoje, já teria me arrebentado em alguma esquina. – as expressões destacadas exprimem, em relação ao momento da produção do texto,
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Q1068823 Português

Leia o texto de Lygia Fagundes Telles para responder à questão.

                             

                            A disciplina do amor

    

     Foi na França, durante a Segunda Grande Guerra: um

jovem tinha um cachorro que todos os dias, pontualmente,

ia esperá-lo voltar do trabalho. Postava-se na esquina, um

pouco antes das seis da tarde. Assim que via o dono, ia cor-

rendo ao seu encontro e, na maior alegria, acompanhava-o

com seu passinho saltitante de volta à casa.

     A vila inteira já conhecia o cachorro, e as pessoas que

passavam faziam-lhe festinhas e ele correspondia, chegava

a correr todo animado atrás dos mais íntimos. Para logo vol-

tar atento ao seu posto e ali ficar sentado até o momento em

que seu dono apontava lá longe.

     Mas eu avisei que o tempo era de guerra, o jovem foi

convocado. Pensa que o cachorro deixou de esperá-lo? Con-

tinuou a ir diariamente até a esquina, fixo o olhar ansioso

naquele único ponto, a orelha em pé, atenta ao menor ruído

que pudesse indicar a presença do dono bem-amado. Assim

que anoitecia, ele voltava para casa e levava sua vida normal

de cachorro até chegar o dia seguinte. Então, disciplinada-

mente, como se tivesse um relógio preso à pata, voltava ao

posto de espera.

     O jovem morreu num bombardeio, mas no pequeno cora-

ção do cachorro não morreu a esperança. Quiseram prendê-

lo, distraí-lo. Tudo em vão. Quando ia chegando aquela hora,

ele disparava para o compromisso assumido, todos os dias.

     Com o passar dos anos (a memória dos homens!) as pes-

soas foram se esquecendo do jovem soldado que não voltou.

Casou-se a noiva com um primo. Os familiares voltaram-se

para outros familiares. Os amigos, para outros amigos. Só o

cachorro já velhíssimo continuou a esperá-lo na sua esqui-

na. As pessoas estranhavam, mas quem esse cachorro está

esperando?… Uma tarde (era inverno) ele lá ficou, o focinho

voltado para “aquela” direção.

(http://www.beatrix.pro.br/index.php/a-disciplina-do-amor-lygia-fagundes-telles/ Adaptado)

No primeiro parágrafo, em – Assim que via o dono, ia correndo ao seu encontro... –, a expressão destacada indica tempo, como na frase da alternativa:
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Q1068767 Português
       A prosperidade sustentável, afinal, depende de um fluxo constante de inovações e ganhos de produtividade que são coibidos quando indivíduos não podem trocar ideias livremente.
Assinale a alternativa em que o acréscimo da conjunção destacada dá sequência à passagem inicial – A prosperidade sustentável, afinal, depende de um fluxo constante de inovações e ganhos de produtividade… – expressando sentido compatível com o contexto do trecho.
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Q1068542 Português
Geração canguru: os filhos adultos
que moram com os pais

No Brasil, uma a cada quatro pessoas de 25 a 34 anos ainda não saiu de casa. Dinheiro não é o único motivo
Prestes a completar 28 anos, Thomás Moreno da Silveira não se constrange em morar com a mãe, com quem divide apartamento no bairro Auxiliadora, em Porto Alegre. A responsabilidade sobre as contas fica com a produtora cultural de 59 anos, que também cuida das refeições diárias dele e dos afazeres domésticos. Sem essas preocupações, o advogado consegue se dedicar inteiramente aos clientes e a fazer suas reservas financeiras.

— É um conforto para mim, porque é ela quem faz comida, lava roupa. Com isso, me sobra mais tempo. Cuidar de uma casa é trabalhoso — reconhece. A última pesquisa divulgada pelo IBGE sobre o tema mostra que Thomás integra um grupo em ascensão no Brasil. Embora tivesse algum tipo de renda, um a cada quatro pessoas de 25 a 34 anos ainda vivia com a família em 2015. Onze anos antes, a proporção era menor: uma a cada cinco.

A percepção do gerente da área de Indicadores Sociais do IBGE, André Simões, é de que a quantidade de pessoas nessas condições aumentou desde então.

– O que observamos é que até 2015 havia um crescimento. Com o aumento da violência, a tendência é de que a taxa tenha se mantido em elevação. Para os jovens, é melhor ficar em casa, protegidos – diz Simões. Pesquisadora do Núcleo de Estudos de População da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em São Paulo, a professora Joice Melo Vieira avalia a chamada geração canguru como um “fenômeno que veio para ficar” e que tende a se intensificar à medida que conquistar independência financeira se torna cada vez mais difícil.

– A noção de juventude também tem mudado. É como se as pessoas se percebessem como jovens por mais tempo. Além disso, viver sozinho ainda não é uma experiência obrigatória no Brasil antes de formar a própria família. Muitos só saem quando casam. Nesse contexto, ao adiar o matrimônio, para alguns é quase automático que irão ficar na casa dos pais – comenta. [...]

É uma escolha pessoal, dizem pesquisadoras

No artigo “A Geração Canguru no Brasil” (2010), as pesquisadoras Barbara Cobo e Ana Lucia Saboia dizem que essa configuração no arranjo familiar tem como gênese a escolha pessoal. Para elas, a maioria dos filhos tem condições econômicas de se sustentar. Opcional ou não, especialistas citam diferentes fatores para o apego ao ninho: mais anos dedicados aos estudos, casamentos tardios, alto custo de vida, fatores emocionais, desemprego, violência, viagens e divórcio dos pais – a separação estimula filhos a ficarem com um deles como companhia. Enquanto os casamentos aumentaram em 2,78% entre 2012 e 2017 no Rio Grande do Sul, os divórcios subiram 23,25% no mesmo período.

Presidente da Associação Brasileira de Estudos Populacionais (Abep), o professor Ricardo Ojima acrescenta o adiamento da maternidade e da paternidade.

— Decidem que vão sair quando alcançarem condição financeira que propicie os benefícios que o ambiente familiar oferece — avalia Ojima.

A pesquisadora Joice, do Núcleo de Estudos de População da Unicamp, cita, ainda no contexto social, o preço dos imóveis e o custo de manutenção de um domicílio. Isso, atrelado aos motivos já citados, estimula a manutenção daquele convívio.

— Há também jovens que se veem como importantes provedores complementares da renda familiar. Sem eles ali, entendem que as dificuldades poderiam ser maiores — comenta.

Mestre em Antropologia Social e doutora em Demografia, ela lembra mudanças culturais importantes que, por vezes, facilitaram o prolongamento da convivência. Pais e filhos passaram a se enxergar como amigos que podem dividir o espaço doméstico, inclusive, aceitando a vida afetiva e sexual um do outro.

Impacta o cérebro, diz neuropsicóloga

Para a neuropsicóloga da PUCRS, Rochele Paz Fonseca, a busca tardia pela autonomia passa, também, pelo desenvolvimento lento da parte do cérebro responsável por organização, planejamento, controle de impulsos e tomada de decisão. Ligadas à autonomia, as chamadas funções executivas, explica Rochele, estão na última parte do cérebro a amadurecer – até 32 anos nas mulheres e até os 37 anos nos homens. 

— Há evidências científicas que comprovam que essas funções estão se atrasando cada vez mais, pois precisam de um estímulo do ambiente para se desenvolverem. Se tem uma pessoa que lava roupa, paga as contas e resolve a maioria dos seus problemas, essas funções não são exigidas. Esses jovens adultos vão encontrar mais dificuldade para levar uma vida independente, para adquirir conhecimento financeiro — diz.

O psicanalista Paulo Gleich, que escreveu uma coluna que inspirou este texto, alerta para dificuldades dos filhos em estabelecerem outras relações íntimas que não as familiares:

— O conforto do conhecido acaba limitando a oportunidade de novas experiências. Para ele, o cenário com o melhor de dois mundos pode ser, muitas vezes, uma espécie de prisão de luxo.

— Seduzidos pelas tolerantes benesses, os filhos não veem sentido em passar perrengues, como juntar trocados para pagar a conta de luz ou comer miojo por uma semana, apenas para ter algo que, supostamente, têm em casa: a liberdade de ir e vir, de fazer o que desejam. Com esse véu de liberalidade, a alienação passa quase despercebida, mas com frequência está lá: há uma dependência que transcende a questão econômica — avalia.
[...]
 Disponível em: <https://gauchazh.clicrbs.com.
br/comportamento/noticia/2019/05/geracaocanguru-os-filhos-adultos-que-moram-com-os-paiscjwavy0wn018v01qt7mm1eczs.html>. Acesso em 11 set. 2019.
(Adaptação)

Releia este trecho.

“A noção de juventude também tem mudado. É como se as pessoas se percebessem como jovens por mais tempo. Além disso, viver sozinho ainda não é uma experiência obrigatória no Brasil antes de formar a própria família.”

O termo destacado une os períodos explicitando uma noção de

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Q1068205 Português

                                       Parece, mas não é


      A paisagem desmedida da língua, que nenhum ponto de vista abarca em sua inteireza, está cheia de coisas que parecem ser, mas não são. Vale a pena dar um zoom em algumas dessas arapucas, que as patrulhas do sabichonismo adoram explorar para exercer seus mesquinhos poderes sobre falantes desavisados.

      Pode parecer que a expressão correta é “um peso e duas medidas”, embora não seja. O certo é mesmo aquilo que todo mundo sempre falou: “dois pesos e duas medidas”.

      Pode parecer também que o provérbio “Quem tem boca vai a Roma” contém um erro constrangedor, pois o certo é “Quem tem boca vaia Roma”, ou seja, exerce o saudável direito de protestar contra a tirania dos césares. Só que isso é uma falácia1 . Quem sabe perguntar chega aonde quiser, eis a moral do ditado. Assim como sempre soubemos, até surgirem os sabichões. Vaia neles!

      Pode parecer ainda que a palavra “aluno” tem origem num vocábulo latino que quer dizer “sem luz”, motivo pelo qual deve ser evitada, uma vez que trai uma concepção pedagógica anacrônica2 em que o professor sabe tudo e o estudante não sabe nada. Repetida até por educadores, essa “tese” é uma bobagem. O latim alumnus quer dizer criança de peito e, por extensão, discípulo, aquele que precisa ser nutrido para crescer. Só isso.

      Pode parecer que a contração “num”, empregada no parágrafo anterior, é um coloquialismo que, na sua informalidade de bermuda e chinelo, deve ser evitado a todo custo na linguagem escrita. É o que vêm repetindo muitos professores nos últimos anos. Não procede. Um pouco de leitura nos ensina que autores clássicos da língua recorreram à eufonia de “num” e “numa” em textos apuradíssimos.

      Pode parecer que quando dizemos “Não vejo ninguém” estamos dando curso a uma grosseria ilógica da língua portuguesa, sem perceber que uma negação anula a outra e que, se não vemos ninguém, alguém nós vemos. A verdade é que não existe nada mais tosco3 no mundo do sabichonismo do que supor que línguas naturais sejam submissas à linguagem matemática. A negação dupla, que reforça em vez de anular, é um recurso consagrado e de raízes profundas no português.

      Pode parecer, enfim, que nossa língua detém o recorde mundial de pegadinhas, idioma dificílimo que só pós-doutores conseguem falar sem escorregar a cada frase. Mesmo que haja razões históricas para essa percepção, trata-se, em termos objetivos, de mais um engano. Se nos livrássemos dos patrulheiros sabichões e sua usina de erros imaginários, a paisagem já ficaria bem mais acolhedora.

(Sergio Rodrigues. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/sergio-rodrigues/2017/11/ 1932343-parece-mas-nao-e-defenda-se-dos-sabichoes-e-seuserros-imaginarios.shtml. Acesso em 17.06.2018. Adaptado)

Glossário:

1 falácia – falatório, falar demais

2 anacrônico – cronológico

3 tosco – grosseiro

Considere o seguinte trecho do texto:


Mesmo que haja razões históricas para essa percepção, trata-se, em termos objetivos, de mais um engano. (último parágrafo).

O termo em destaque pode ser substituído, sem prejuízo de sentido, corretamente, por

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Q1068084 Português

A respeito das estruturas linguísticas e das ideias do texto, julgue o item


O vocábulo “Entretanto” (linha 12) exprime a ideia de oposição ao que é dito no parágrafo anterior.

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Q1066172 Português

UM PLANO GENIAL

                    Apparício Torelly (Barão de Itararé)

           Joaquim Rebolão estava desempregado e lutava com grandes dificuldades para se manter. A sua situação ainda mais se agravava pelo fato de ter que dar assistência a um filho, rapaz inexperiente que também estava no desvio. Joaquim Rebolão, porém, defendia-se como um autêntico leão da Núbia, neste deserto de homens e idéias.

           O seu cérebro, torturado pela miséria, era fértil e brilhante, engendrando planos verdadeiramente geniais, graça aos quais sem pre se saía galhardamente das aperturas diárias com que o destino cruel o torturava.

          Naquele dia, o seu grude já estava garantido. Recebera convite para um banquete de cerimônia, em homenagem a um alto figurão que estava necessitando de claque. Mas o nosso herói não estava satisfeito, porque não conseguira um convite para o filho.

          À hora marcada, porém, Rebolão, acompanhado do rapaz, dirige-se para o salão, onde se celebraria a cerimônia. Antes de penetrar no recinto, diz a seu filho faminto:

          — Fica firme aqui na porta um momento, porque preciso dar um jeito a fim de que tu também tomes parte no festim.

          Já estavam todos os convidados sentados nos respectivos lugares, na grande mesa em forma de ferradura, quando, ao começar o bródio, Rebolão se levanta e exclama:

          — Senhores, em vista da ausência do Sr. Vigário nesta festa, tomo a liberdade de benzer a mesa. Em nome do Padre e do Espírito Santo!

         — E o filho? — perguntou-lhe um dos convivas.

         — Está na porta — responde prontamente.

         E, voltando-se para o rapaz, ordena, autoritário e enérgico:

         — Entra de uma vez, menino! Não vês que estes senhores te estão chamando? 


(TORTELLV. Apparício. Fonte: http://contobrasileiro.com.br/umplano-genial-cronica-do-barao-de-itarare/)

O conectivo sublinhado no trecho “A sua situação ainda mais se agravava pelo fato de ter que dar assistência a um filho...” (§ 1) pode ser substituído, sem alteração de sentido pelo conectivo:
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Q1066116 Português

Leia o texto abaixo e responda à questão.

UM PLANO GENIAL

                      Apparício Torelly (Barão de Itararé)


   Joaquim Rebolão estava desempregado e lutava com grandes dificuldades para se manter. A sua situação ainda mais se agravava pelo fato de ter que dar assistência a um filho, rapaz inexperiente que também estava no desvio. Joaquim Rebolão, porém, defendia-se como um autêntico leão da Núbia, neste deserto de homens e ideias.

   O seu cérebro, torturado pela miséria, era fértil e brilhante, engendrando planos verdadeiramente geniais, graça aos quais sempre se saía galhardamente das aperturas diárias com que o destino cruel o torturava. 

  Naquele dia, o seu grude já estava garantido. Recebera convite para um banquete de cerimônia, em homenagem a um alto figurão que estava necessitando de claque. Mas o nosso herói não estava satisfeito, porque não conseguira um convite para o filho.

   À hora marcada, porém, Rebolão, acompanhado do rapaz, dirige-se para o salão, onde se celebraria a cerimônia. Antes de penetrar no recinto, diz a seu filho faminto:

    — Fica firme aqui na porta um momento, porque preciso dar um jeito a fim de que tu também tomes parte no festim.

   Já estavam todos os convidados sentados nos respectivos lugares, na grande mesa em forma de ferradura, quando, ao começar o bródio, Rebolão se levanta e exclama:

    — Senhores, em vista da ausência do Sr. Vigário nesta festa, tomo a liberdade de benzer a mesa. Em nome do Padre e do Espírito Santo!

     — E o filho? — perguntou-lhe um dos convivas.

     — Está na porta — responde prontamente.

     E, voltando-se para o rapaz, ordena, autoritário e enérgico:

     — Entra de uma vez, menino! Não vês que estes senhores te estão chamando?


  1. (TORTELLY. Apparício. Fonte: http://contobrasileiro.com.br/um-
  2.                                   plano-genial-cronica-do-barao-de-itarare/)

Leia com atenção os dois períodos abaixo.


“Naquele dia, o seu grude já estava garantido.” (§ 3)


“Mas o nosso herói não estava satisfeito, porque não conseguira um convite para o filho." (§ 3)


Nas opções abaixo, foram redigidos cinco períodos com a junção dos dois períodos acima. O único período que foi estruturado em correspondência semântica com o texto é:

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Q1066112 Português

Leia o texto abaixo e responda à questão.

UM PLANO GENIAL

                      Apparício Torelly (Barão de Itararé)


   Joaquim Rebolão estava desempregado e lutava com grandes dificuldades para se manter. A sua situação ainda mais se agravava pelo fato de ter que dar assistência a um filho, rapaz inexperiente que também estava no desvio. Joaquim Rebolão, porém, defendia-se como um autêntico leão da Núbia, neste deserto de homens e ideias.

   O seu cérebro, torturado pela miséria, era fértil e brilhante, engendrando planos verdadeiramente geniais, graça aos quais sempre se saía galhardamente das aperturas diárias com que o destino cruel o torturava. 

  Naquele dia, o seu grude já estava garantido. Recebera convite para um banquete de cerimônia, em homenagem a um alto figurão que estava necessitando de claque. Mas o nosso herói não estava satisfeito, porque não conseguira um convite para o filho.

   À hora marcada, porém, Rebolão, acompanhado do rapaz, dirige-se para o salão, onde se celebraria a cerimônia. Antes de penetrar no recinto, diz a seu filho faminto:

    — Fica firme aqui na porta um momento, porque preciso dar um jeito a fim de que tu também tomes parte no festim.

   Já estavam todos os convidados sentados nos respectivos lugares, na grande mesa em forma de ferradura, quando, ao começar o bródio, Rebolão se levanta e exclama:

    — Senhores, em vista da ausência do Sr. Vigário nesta festa, tomo a liberdade de benzer a mesa. Em nome do Padre e do Espírito Santo!

     — E o filho? — perguntou-lhe um dos convivas.

     — Está na porta — responde prontamente.

     E, voltando-se para o rapaz, ordena, autoritário e enérgico:

     — Entra de uma vez, menino! Não vês que estes senhores te estão chamando?


  1. (TORTELLY. Apparício. Fonte: http://contobrasileiro.com.br/um-
  2.                                   plano-genial-cronica-do-barao-de-itarare/)
O conectivo sublinhado no trecho “A sua situação ainda mais se agravava pelo fato de ter que dar assistência a um filho...” (§ 1) pode ser substituído, sem alteração de sentido pelo conectivo: 
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Q1066078 Português

Para ser um cidadão responsável, necessita de algo mais: (linha 34)

No sexto parágrafo, o trecho citado, considerando as ideias expostas antes e depois dele, poderia ser introduzido pelo seguinte conectivo:

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Q1066010 Português
Considerando o sentido da expressão destacada no período “A despeito do grande avanço promovido pela resolução nº 44/2013, não se afasta a capacidade de o magistrado, atento ao caso concreto e com base em fundamentos idôneos, concluir em sentido diverso.” (linhas 26-27), assinale a alternativa que preserva integralmente a mensagem original do texto. 
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Q1065246 Português
Leia o seguinte cartaz:
Imagem associada para resolução da questão
Disponível em: <http://www.statusimagens.com/listings/ou-voce-muda-outudo-se-repete/>.
Na frase, é CORRETO afirmar que a relação lógico-semântica estabelecida pela conjunção "ou" é de:
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Q1065136 Português

      A história do animal de estimação revela mudanças sociais ao longo do tempo. Na França, por exemplo, a corte de Luís XVI já rompera com o animal-máquina dos cartesianos. A afeição que Rousseau dedicou a seu cão fizera escola nos salões; deixara-se de considerar o animal como um boneco vivo para ver nele um indivíduo, digno de sentimento.

      A época romântica fornece numerosos exemplos de atitudes de ternura para com o animal de companhia. O animal faz-se recurso contra os temores da solidão. Isolado em 1841 em Citavecchia, Stendhal afaga seus dois cachorros. Victor Hugo mostra-se muito apegado ao cão que o acompanha no exílio.

      Em 1845, a Sociedade Protetora dos Animais instala-se em Paris. Desde então amplia-se a mania das exposições caninas; a fotografia do bicho junta-se à das crianças no álbum de família. O cão chega a colocar um problema para as companhias ferroviárias, que reservam um vagão para eles.

      Durante o final do século XIX, o status do animal tende a modificar-se. A crescente influência dos livres-pensadores favorece o crescimento de uma nova fraternidade entre o homem e o bicho. Garantir seus direitos, assegurar sua felicidade é tentar romper com a nova solidão do gênero humano. O problema absolutamente não se coloca em termos ecológicos; trata-se de enaltecer simultaneamente o sentimento de humanidade e a utilidade social. A escola primária empenha-se em dar uma crescente atenção aos animais. A vulgarização das doutrinas evolucionistas, a expansão da medicina veterinária, os êxitos da zootecnia trabalham em favor desta nova fraternidade e avivam a inclinação ao antropomorfismo. Este alcança então o seu ápice.

      Entretanto, igualmente neste domínio, as descobertas de Pasteur convidam a uma mudança de conduta. É certo que não parece que o cuidado com a assepsia, que levava a não se acariciar um animal sem usar luvas, tenha sobrevivido por muito tempo à moda inicial das novas teorias; o medo dos micróbios irá atuar pelo menos em favor do gato de apartamento, reputado como mais limpo que seu concorrente. O felino, até então limitado à alta sociedade e aos meios artísticos, expande-se entre o povo. Ao raiar do século XX, inaugura-se entre o homem e o animal uma inversão na relação afetiva de dependência; o último já se apresta a tornar-se o soberano e o senhor do espaço doméstico.

                                      (Adaptado de: A história da vida privada. Volume IV, 1993) 

Entretanto, [...] as descobertas de Pasteur convidam a uma mudança de conduta. (5° parágrafo)


O elemento sublinhado acima estabelece, em relação ao que se afirmou antes, uma

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Q1065071 Português

                          Um grande teste de sustentabilidade


      Ao se considerar que a raça humana já está consumindo anualmente 50% a mais do que a Terra produz nesse período, torna-se forçoso planejar como conseguiremos alimentar toda a população prevista para o futuro – em 2050, de acordo com as estimativas, seremos mais de 9 bilhões. É quando pensamos nas variáveis envolvidas nessa questão que começamos a ter uma ideia do desafio à nossa frente.

      Não basta pensar simplesmente em produzir alimentos para essa enorme quantidade de pessoas. A solução tem que levar em conta simultaneamente premissas como minimizar as emissões de gases de efeito estufa, inibir a expansão de áreas cultivadas, impedir a extinção de espécies animais e preservar a água. Além de aumentar o volume de alimentos produzidos nas terras agrícolas existentes, é necessário reduzir à metade o desperdício de comida registrado principalmente nas sociedades mais desenvolvidas.

      Um fator comum aos estudos existentes, inclusive ao que deu origem à chamada “dieta da saúde planetária”, é que a criação de bovinos para abate nas atuais proporções precisa ser revista urgentemente. Esses animais realmente exercem uma pressão substancial sobre os recursos naturais – boa parte da produção agrícola mundial, aliás, é destinada a alimentá-los. E, no balanço final, os bovinos são responsáveis por apenas 33% das proteínas e 17% das calorias consumidas ao redor do mundo.

      Isso significa que todos devem pensar em consumir apenas produtos de origem vegetal? É prematuro dizer isso. Previsivelmente, não há como impor de cima para baixo uma proposta como essa. Existem tradições, culturas, hábitos arraigados (o churrasco brasileiro é um exemplo) que não serão abandonados de uma hora para outra. Existe também toda uma cadeia econômica fundamentada na proteína animal que certamente vai lutar por sua sobrevivência nos moldes atuais. Mais cedo ou mais tarde, porém, teremos que encarar esse assunto. Em jogo está a nossa própria sobrevivência neste planeta.

                         (Eduardo Araia. Revista Planeta. Editorial, abril/maio, 2019. Adaptado)

Na frase “É quando se pensa nas variáveis envolvidas nessa questão...”, a palavra destacada estabelece sentido de
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Q1064709 Português

      Na história da humanidade, jamais se viveu um período de tão radical metamorfose, especialmente no campo das concretudes, materializadas sobretudo no cenário das máquinas. Em velocidade vertiginosa, o mundo se reorganiza a partir da revolução científica e tecnológica permanente, cuja influência se estende da biologia à engenharia da comunicação. Criam-se, assim, diariamente, novas categorias para as coisas e para os fabulosos eventos a elas relacionados. Trata-se de um momento de deslumbramento, mas também de dura incerteza.

      Se resiste ..I.. ilusão de que ..II.. felicidade vem ..III.. reboque dessas transformações, também é fato que os homens frequentemente se desanimam com as próprias invenções.

(Adaptado de: MIRANDA, Danilo Santos de. “Mutações: caminhos sinuosos e inquietações na busca do futuro”. In: Adauto Novaes (org.). Mutações. São Paulo: Edições SESC SP, 2008) 

Em Trata-se de um momento de deslumbramento, mas também de dura incerteza. (1° parágrafo), a expressão destacada apresenta valor
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Q1061981 Português

Todo filho é pai da morte de seu pai

Há uma quebra na história familiar onde as idades se acumulam e se sobrepõem e a ordem natural não tem sentido: é quando o filho se torna pai de seu pai.

É quando o pai envelhece e começa a trotear como se estivesse dentro de uma névoa. Lento, devagar, impreciso.

É quando aquele pai que segurava com força nossa mão já não tem como se levantar sozinho. É quando aquele pai, outrora firme e intransponível, enfraquece de vez e demora o dobro da respiração para sair de seu lugar.

É quando aquele pai, que antigamente mandava e ordenava, hoje só suspira, só geme, só procura onde é a porta e onde é a janela – tudo é corredor, tudo é longe.

É quando aquele pai, antes disposto e trabalhador, fracassa ao tirar sua própria roupa e não lembrará de seus remédios.

E nós, como filhos, não faremos outra coisa senão trocar de papel e aceitar que somos responsáveis por aquela vida. Aquela vida que nos gerou depende de nossa vida para morrer em paz.

Todo filho é pai da morte de seu pai.

Ou, quem sabe, a velhice do pai e da mãe seja curiosamente nossa última gravidez. Nosso último ensinamento. Fase para devolver os cuidados que nos foram confiados ao longo de décadas, de retribuir o amor com a amizade da escolta.

E assim como mudamos a casa para atender nossos bebês, tapando tomadas e colocando cercadinhos, vamos alterar a rotina dos móveis para criar os nossos pais.

Uma das primeiras transformações acontece no banheiro.

Seremos pais de nossos pais na hora de pôr uma barra no box do chuveiro.

A barra é emblemática. A barra é simbólica. A barra é inaugurar um cotovelo das águas.

Porque o chuveiro, simples e refrescante, agora é um temporal para os pés idosos de nossos protetores. Não podemos abandoná-los em nenhum momento, inventaremos nossos braços nas paredes.

A casa de quem cuida dos pais tem braços dos filhos pelas paredes. Nossos braços estarão espalhados, sob a forma de corrimões.

Pois envelhecer é andar de mãos dadas com os objetos, envelhecer é subir escada mesmo sem degraus.

Seremos estranhos em nossa residência. Observaremos cada detalhe com pavor e desconhecimento, com dúvida e preocupação. Seremos arquitetos, decoradores, engenheiros frustrados. Como não previmos que os pais adoecem e precisariam da gente?

Nos arrependeremos dos sofás, das estátuas e do acesso caracol, nos arrependeremos de cada obstáculo e tapete. E feliz do filho que é pai de seu pai antes da morte, e triste do filho que aparece somente no enterro e não se despede um pouco por dia.

Meu amigo José Klein acompanhou o pai até seus derradeiros minutos.

No hospital, a enfermeira fazia a manobra da cama para a maca, buscando repor os lençóis, quando Zé gritou de sua cadeira:

— Deixa que eu ajudo.

Reuniu suas forças e pegou pela primeira vez seu pai no colo.

Colocou o rosto de seu pai contra seu peito.

Ajeitou em seus ombros o pai consumido pelo câncer: pequeno, enrugado, frágil, tremendo.

Ficou segurando um bom tempo, um tempo equivalente à sua infância, um tempo equivalente à sua adolescência, um bom tempo, um tempo interminável.

Embalou o pai de um lado para o outro.

Aninhou o pai. Acalmou o pai.

E apenas dizia, sussurrado:

— Estou aqui, estou aqui, pai!

O que um pai quer apenas ouvir no fim de sua vida é que seu filho está ali.

(Autor desconhecido. Disponível em: http://www.contioutra.com/todo-filho-e-pai-da-morte-de-seu-pai/. Acesso em: 27/12/2016.)

E assim como mudamos a casa para atender nossos bebês, tapando tomadas e colocando cercadinhos, vamos alterar a rotina dos móveis para criar os nossos pais.” A expressão “assim como” introduz no período uma ideia de: 
Alternativas
Q1061980 Português

Todo filho é pai da morte de seu pai

Há uma quebra na história familiar onde as idades se acumulam e se sobrepõem e a ordem natural não tem sentido: é quando o filho se torna pai de seu pai.

É quando o pai envelhece e começa a trotear como se estivesse dentro de uma névoa. Lento, devagar, impreciso.

É quando aquele pai que segurava com força nossa mão já não tem como se levantar sozinho. É quando aquele pai, outrora firme e intransponível, enfraquece de vez e demora o dobro da respiração para sair de seu lugar.

É quando aquele pai, que antigamente mandava e ordenava, hoje só suspira, só geme, só procura onde é a porta e onde é a janela – tudo é corredor, tudo é longe.

É quando aquele pai, antes disposto e trabalhador, fracassa ao tirar sua própria roupa e não lembrará de seus remédios.

E nós, como filhos, não faremos outra coisa senão trocar de papel e aceitar que somos responsáveis por aquela vida. Aquela vida que nos gerou depende de nossa vida para morrer em paz.

Todo filho é pai da morte de seu pai.

Ou, quem sabe, a velhice do pai e da mãe seja curiosamente nossa última gravidez. Nosso último ensinamento. Fase para devolver os cuidados que nos foram confiados ao longo de décadas, de retribuir o amor com a amizade da escolta.

E assim como mudamos a casa para atender nossos bebês, tapando tomadas e colocando cercadinhos, vamos alterar a rotina dos móveis para criar os nossos pais.

Uma das primeiras transformações acontece no banheiro.

Seremos pais de nossos pais na hora de pôr uma barra no box do chuveiro.

A barra é emblemática. A barra é simbólica. A barra é inaugurar um cotovelo das águas.

Porque o chuveiro, simples e refrescante, agora é um temporal para os pés idosos de nossos protetores. Não podemos abandoná-los em nenhum momento, inventaremos nossos braços nas paredes.

A casa de quem cuida dos pais tem braços dos filhos pelas paredes. Nossos braços estarão espalhados, sob a forma de corrimões.

Pois envelhecer é andar de mãos dadas com os objetos, envelhecer é subir escada mesmo sem degraus.

Seremos estranhos em nossa residência. Observaremos cada detalhe com pavor e desconhecimento, com dúvida e preocupação. Seremos arquitetos, decoradores, engenheiros frustrados. Como não previmos que os pais adoecem e precisariam da gente?

Nos arrependeremos dos sofás, das estátuas e do acesso caracol, nos arrependeremos de cada obstáculo e tapete. E feliz do filho que é pai de seu pai antes da morte, e triste do filho que aparece somente no enterro e não se despede um pouco por dia.

Meu amigo José Klein acompanhou o pai até seus derradeiros minutos.

No hospital, a enfermeira fazia a manobra da cama para a maca, buscando repor os lençóis, quando Zé gritou de sua cadeira:

— Deixa que eu ajudo.

Reuniu suas forças e pegou pela primeira vez seu pai no colo.

Colocou o rosto de seu pai contra seu peito.

Ajeitou em seus ombros o pai consumido pelo câncer: pequeno, enrugado, frágil, tremendo.

Ficou segurando um bom tempo, um tempo equivalente à sua infância, um tempo equivalente à sua adolescência, um bom tempo, um tempo interminável.

Embalou o pai de um lado para o outro.

Aninhou o pai. Acalmou o pai.

E apenas dizia, sussurrado:

— Estou aqui, estou aqui, pai!

O que um pai quer apenas ouvir no fim de sua vida é que seu filho está ali.

(Autor desconhecido. Disponível em: http://www.contioutra.com/todo-filho-e-pai-da-morte-de-seu-pai/. Acesso em: 27/12/2016.)

E nós, como filhos, não faremos outra coisa senão trocar de papel e aceitar que somos responsáveis por aquela vida.” (6º§) O termo sublinhado pode ser substituído, sem alterar o sentido do trecho, por: 
Alternativas
Q1061978 Português

Todo filho é pai da morte de seu pai

Há uma quebra na história familiar onde as idades se acumulam e se sobrepõem e a ordem natural não tem sentido: é quando o filho se torna pai de seu pai.

É quando o pai envelhece e começa a trotear como se estivesse dentro de uma névoa. Lento, devagar, impreciso.

É quando aquele pai que segurava com força nossa mão já não tem como se levantar sozinho. É quando aquele pai, outrora firme e intransponível, enfraquece de vez e demora o dobro da respiração para sair de seu lugar.

É quando aquele pai, que antigamente mandava e ordenava, hoje só suspira, só geme, só procura onde é a porta e onde é a janela – tudo é corredor, tudo é longe.

É quando aquele pai, antes disposto e trabalhador, fracassa ao tirar sua própria roupa e não lembrará de seus remédios.

E nós, como filhos, não faremos outra coisa senão trocar de papel e aceitar que somos responsáveis por aquela vida. Aquela vida que nos gerou depende de nossa vida para morrer em paz.

Todo filho é pai da morte de seu pai.

Ou, quem sabe, a velhice do pai e da mãe seja curiosamente nossa última gravidez. Nosso último ensinamento. Fase para devolver os cuidados que nos foram confiados ao longo de décadas, de retribuir o amor com a amizade da escolta.

E assim como mudamos a casa para atender nossos bebês, tapando tomadas e colocando cercadinhos, vamos alterar a rotina dos móveis para criar os nossos pais.

Uma das primeiras transformações acontece no banheiro.

Seremos pais de nossos pais na hora de pôr uma barra no box do chuveiro.

A barra é emblemática. A barra é simbólica. A barra é inaugurar um cotovelo das águas.

Porque o chuveiro, simples e refrescante, agora é um temporal para os pés idosos de nossos protetores. Não podemos abandoná-los em nenhum momento, inventaremos nossos braços nas paredes.

A casa de quem cuida dos pais tem braços dos filhos pelas paredes. Nossos braços estarão espalhados, sob a forma de corrimões.

Pois envelhecer é andar de mãos dadas com os objetos, envelhecer é subir escada mesmo sem degraus.

Seremos estranhos em nossa residência. Observaremos cada detalhe com pavor e desconhecimento, com dúvida e preocupação. Seremos arquitetos, decoradores, engenheiros frustrados. Como não previmos que os pais adoecem e precisariam da gente?

Nos arrependeremos dos sofás, das estátuas e do acesso caracol, nos arrependeremos de cada obstáculo e tapete. E feliz do filho que é pai de seu pai antes da morte, e triste do filho que aparece somente no enterro e não se despede um pouco por dia.

Meu amigo José Klein acompanhou o pai até seus derradeiros minutos.

No hospital, a enfermeira fazia a manobra da cama para a maca, buscando repor os lençóis, quando Zé gritou de sua cadeira:

— Deixa que eu ajudo.

Reuniu suas forças e pegou pela primeira vez seu pai no colo.

Colocou o rosto de seu pai contra seu peito.

Ajeitou em seus ombros o pai consumido pelo câncer: pequeno, enrugado, frágil, tremendo.

Ficou segurando um bom tempo, um tempo equivalente à sua infância, um tempo equivalente à sua adolescência, um bom tempo, um tempo interminável.

Embalou o pai de um lado para o outro.

Aninhou o pai. Acalmou o pai.

E apenas dizia, sussurrado:

— Estou aqui, estou aqui, pai!

O que um pai quer apenas ouvir no fim de sua vida é que seu filho está ali.

(Autor desconhecido. Disponível em: http://www.contioutra.com/todo-filho-e-pai-da-morte-de-seu-pai/. Acesso em: 27/12/2016.)

É quando aquele pai, que antigamente mandava e ordenava, hoje só suspira, só geme, só procura onde é a porta e onde é a janela – tudo é corredor, tudo é longe.” (4º§) De acordo com o contexto empregado, o termo “só” pode ser substituído, sem que haja alteração de sentido, por:
Alternativas
Q1057756 Português
Leia o texto para responder à questão.

    Uma comparação que ajuda a entender o ponto de vista de quem critica a meritocracia como sistema de seleção e também por que ela tem relação com a desigualdade é que o mercado de trabalho funciona como uma competição para a qual o participante começa a se preparar desde a infância. As pessoas acumulam capital humano, termo usado por economistas para denominar o conjunto de capacidades, competências e atributos de personalidade que favorecem a produção de trabalho. Para isso, contam com três recursos: os privados, os públicos e seus próprios talentos – daí a importância da educação. Como os recursos públicos e, principalmente, os privados não são os mesmos para todos, ao observar somente o final da corrida, vê-se que o sistema privilegia poucos.

(Marília Marasciulo, “Como a meritocracia contribui para a desigualdade”. Galileu. https://revistagalileu.globo.com. Adaptado)
Em conformidade com a norma-padrão e o sentido do texto, a passagem final “Como os recursos públicos e, principalmente, os privados não são os mesmos para todos, ao observar somente o final da corrida, vê-se que o sistema privilegia poucos.” está adequadamente reescrita em:
Alternativas
Q1057666 Português
Leia a tira para responder à questão.


(Bill Watterson. O melhor de Calvin, 07.07.2019. https://cultura.estadao.com.br)
Assinale a alternativa que completa corretamente a frase a seguir, segundo a norma-padrão da língua portuguesa e as ideias presentes no texto.
No último quadro, __________ a garota __________ do que Calvin propunha, ela __________, irritada.
Alternativas
Respostas
2361: D
2362: E
2363: C
2364: A
2365: A
2366: C
2367: C
2368: B
2369: D
2370: C
2371: A
2372: C
2373: A
2374: A
2375: A
2376: B
2377: B
2378: D
2379: B
2380: C