Questões de Português - Uso dos conectivos para Concurso
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Texto I
À natureza nos ensina a agir coletivamente
Clarice Cudischevitch
Por que peixes nadam em cardumes? Como pássaros voam em bando tão harmonicamente? O que motivou pessoas a não usarem máscara em uma pandemia? Um dos fenômenos mais fascinantes das ciências da vida é, justamente, o conflito entre o comportamento individual e o coletivo. Mas ele não é exclusivo do mundo biológico. O ecólogo Simon Levin o extrapola para as ciências sociais buscando entender condutas de uma espécie em particular: a humana.
Isso porque, embora a seleção natural atue nas diferenças entre indivíduos, a cooperação existe na natureza desde o nível celular até em diferentes animais. Diretor do Centro de BioComplexidade e professor de ecologia e biologia evolutiva da Universidade de Princeton (EUA), Levin aplica a matemática, sua formação original, para estudar essas duas tendências conflitantes.
Na biologia, elas já são relativamente conhecidas. Pela seleção natural, os organismos mais aptos a sobreviver têm mais chances de passar suas características para os descendentes e, assim, perpetuar seus genes. Em “O Gene Egoista”, o biólogo Richard Dawkins afirma que um comportamento coletivo, como voar em bando, é adotado por conferir maior probabilidade de sobrevivência a uma linhagem genética.
Quando falamos de interações humanas, no entanto, a conversa é mais complexa. Se peixes nadam em cardumes para benefício mútuo — lutar contra predadores, por exemplo —, adotar um comportamento coletivo que gere benefícios em maior escala para a sociedade geralmente implica restringir ações individuais. “Precisamos aprender com a natureza como alcançar a cooperação”, diz Levin.
Na matemática, é a teoria dos jogos, técnica que modula o comportamento estratégico de agentes em diferentes situações, que dá conta de entender essas relações. Um exemplo clássico: se as pessoas priorizassem o transporte público ao carro, o congestionamento diminuiria, beneficiando a todos. Nesse cenário, no entanto, indivíduos acabariam saindo de carro para aproveitar o fluxo do trânsito, voltando a sobrecarregar as vias. Para a coletividade, seria melhor a cooperação do que ações individuais egoístas.
Essa mistura de matemática com sociologia e toques de biologia é útil para entender a pandemia da Covid-19. Levin, que passou mais de 40 anos estudando a dinâmica de doenças infecciosas, explica que, no caso do coronavirus, aplicamos modelos que predizem a disseminação do vírus, as diferenças entre pacientes com e sem sintomas e outros aspectos que ajudam a pensar em estratégias. Mas falta o componente social.
“Vemos grupos que hesitaram em se vacinar. Por quê?”, questiona Levin. “Há os que se recusaram a usar máscaras. China, Japão e Ásia em geral são países mais abertos a esse tipo de proteção, enquanto outros, como a Suécia, resistiram. Entender isso é um problema das ciências sociais.”
Levin vai além: como decisões coletivas são tomadas? Como normas sociais são criadas e mantidas? Como indivíduos interagem? Um de seus estudos do momento quer entender a dinâmica das polarizações políticas. “Pessoas fazem parte de grupos diferentes, que às vezes se sobrepõem. Desenvolvemos modelos em que os indivíduos mudam suas opiniões ou migram de grupo baseados em interações com outras pessoas.”
Modelos desse tipo também são aplicados em contextos internacionais. Analisam, por exemplo, não apenas as relações entre nações, mas também as influências de organizações como ONU e OMS nas decisões e mudanças de posicionamento dos países.
Disponível em https://cienciafundamental.blogfolha.uol.com.br/ 2021/02/27/a-natureza-nos-ensina-a-agir-coletivamente/ (Adaptado)
No trecho “Isso porque, embora a seleção natural atue nas diferenças entre indivíduos, a cooperação existe...” ( 2º parágrafo), o conectivo em destaque tem como função:
Tendo em vista a estrutura gramatical do texto, julgue (C ou E) o item a seguir.
O conectivo “pois” (linha 8) tem valor conclusivo acerca
do silenciamento de escritores que acabam sendo
esquecidos, uma vez que a referida conjunção se
apresenta após a forma verbal “é”.
Texto 6 para responder às questões de 60 a 64.
---------------------O que é gramática?
1---------Num certo sentido, gramática é algo estático – é um
-----conjunto de descrições a respeito de uma língua. É nesse
-----sentido que a palavra é usada quando dizemos “a gramática
4----do Celso Cunha”, “a gramática do Rocha Lima”. Cada uma
-----dessas gramáticas tem suas propriedades específicas. A de
-----Rocha Lima é tida em geral como a mais normativa das
7----duas. A de Celso Cunha já é não normativa, mas
-----compartilha com a de Rocha Lima o caráter taxionômico,
-----porque arrola fatos e regras de estrutura linguística. Um
10---exemplo disso é o capítulo dessas gramáticas sobre
-----conjunções e tipos de orações. São apresentadas uma lista de
-----conjunções coordenativas e subordinativas e uma lista de
13---orações coordenadas e subordinadas. De qualquer modo,
-----gramática nesse sentido é um compêndio com descrições de
-----uma língua.
16--------Num outro sentido, gramática tem caráter dinâmico e
-----corresponde a um construto mental, que cada membro da
-----espécie humana desenvolve, desde que exposto a dados da
19---língua em questão, já que se trata aqui de gramática de uma
-----língua. [...] Quando se começa a refletir quanto a fatos de
-----língua, fica claro que os seres humanos nascem com uma
22---estrutura mental organizada de tal modo que torna a
-----aquisição de língua algo inevitável, inexorável. Podemos
-----chamar essa estrutura mental inata de diferentes nomes.
25---Muitos usam as expressões gramática universal, faculdade
26---de linguagem ou dispositivo de aquisição de língua.
------LOBATO, Lúcia. Linguística e Ensino de Línguas. Brasília:
-------------------------Editora UnB, 2015, com adaptações.
Tendo em vista que, em um texto, as ideias organizam-se estabelecendo relações que constroem os sentidos, assinale a alternativa correta.