Questões de Concurso
Sobre vícios da linguagem em português
Foram encontradas 633 questões
Relacione as frases abaixo aos seus respectivos vícios de linguagem.
Coluna 1 Frases
1. Eles advinharam que você viria.
2. Fazem dois anos que ela aprendeu a dirigir.
3. Todos foram unânimes quanto ao candidato.
4. Não me preocupei, já que tinha pago a prestação.
Coluna 2 Vícios de linguagem
( ) solecismo.
( ) cacofonia.
( ) cacografia.
( ) pleonasmo.
Assinale a alternativa que indica a sequência correta, de cima para baixo
1. Na sala ao lado, alguns trabalhadores ficam à espera de clientes para serem contatados. 2. Afrânio querido, para que destino segues assim tão lesto, circunspecto e assaz atribulado? 3. Atualmente Vicente está bem diferente, pois já não sente tantas dores de dente quanto antigamente. 4. A questão é que o gerente foi apanhado com a mão na botija, apropriando-se indevidamente de uma vultuosa quantia de dinheiro. 5. Dei um rolê na área, ganhei a mina, mas acabei dançando: a mina estava a fim de outra parada.
De cima para baixo, as frases são exemplos dos seguintes vícios de linguagem:
Analisando os vícios de linguagem listados abaixo, relacione adequadamente:
I. ambiguidade
II. pleonasmo
III. cacófato
IV. eco
V. solecismo
( ) A boca dela tinha dentes cariados.
( ) Aquele era o pai da moça que estava doente.
( ) Vou te contar uma novidade inédita.
( ) Aqueles rapazes estava sem rumo.
( ) Teve vontade de ir à cidade só por maldade.
Está correta a sequência:
Observe a seguinte frase: “Ajudei a colega cansada no final do expediente.” Agora, analise as informações acerca da organização da estrutura da frase:
I. A frase sob o ponto de vista estrutural, não apresenta nenhum problema;
II. Há ambiguidade na frase, pois não deixa claro quem está cansada;
III. Para reorganizar a frase de modo a informar que quem está cansada é a locutora, pode-se reescrever a frase assim “cansada, ajudei a colega no final do expediente”;
IV. Para reorganizar a frase de modo que, quem esteja cansada é a colega, poderia ser reestruturada assim: “Ajudei a colega, que estava cansada, no final do expediente”.
Estão corretas:
Leia o texto abaixo e responda ao que se pede.
A TRISTEZA PERMITIDA
Se eu disser pra você que acordei triste, que foi difícil sair da cama, mesmo sabendo que o sol estava se exibindo lá fora, e o céu convidava para a farra de viver. Mesmo sabendo que havia muitas providências a tomar, acordei triste e tive preguiça de cumprir os rituais que normalmente faço, sem nem prestar atenção no que estou sentindo, como tomar banho, colocar uma roupa, ir pro computador, sair para compras e reuniões — se eu disser que foi assim, o que você me diz”? Se eu lhe disser que hoje não foi um dia como os outros, que não encontrei energia nem para sentir culpa pela minha letargia, que hoje levantei devagar e tarde e que não tive vontade de nada, você vai reagir como?
Você vai dizer “te anima” e me recomendar um antidepressivo, ou vai dizer que tem gente vivendo coisas muito mais graves do que eu (mesmo desconhecendo a razão da minha tristeza), vai dizer para eu colocar uma roupa leve, ouvir uma música revigorante e voltar a ser aquela que sempre fui, velha de guerra.
Você vai fazer isso porque gosta de mim, mas também porque é mais um que não tolera a tristeza: nem a minha, nem a sua, nem a de ninguém. Tristeza é considerada uma anomalia do humor, uma doença contagiosa, que é melhor eliminar desde o primeiro sintoma. Não sorriu hoje? Medicamento. Sentiu uma vontade de chorar à toa? Gravíssimo, telefone já para o seu psiquiatra.
A verdade é que eu não acordei triste hoje, nem mesmo com uma suave melancolia, está tudo normal. Mas quando fico triste, também está tudo normal. Porque ficar triste é comum, é um sentimento tão legítimo quanto a alegria, é um registro da nossa sensibilidade, que ora gargalha em grupo, ora busca o silêncio e a solidão. Estar triste não é estar deprimido. Depressão é coisa muito mais séria, contínua e complexa. Estar triste é estar atento a si próprio, é estar desapontado com alguém, com vários Ou com si mesmo, é estar um pouco cansado de certas repetições, é descobrir-se frágil num dia qualquer, sem uma razão aparente — as razões têm essa mania de serem discretas.
“Eu não sei o que meu corpo abriga
nestas noites quentes de verão
e não importa que mil raios partam
qualquer sentido vago de razão
eu ando tão down...”
Lembra da música? Cazuza ainda dizia, lá no meio dos versos, que pega mal sofrer. Pois é, pega. Melhor sair pra balada, melhor forçar um sorriso, melhor dizer que está tudo bem, melhor desamarrar a cara. “Não quero te ver triste assim”, sussurrava Roberto Carlos em meio a outra música. Todos cantam a tristeza, mas poucos a enfrentam de fato. Os esforços não são para compreendê-la, e sim para disfarçá-la, sufocá-la, ela que, humilde, só quer usufruir do seu direito de existir, de assegurar o seu espaço nesta sociedade que exalta apenas o oba-oba e a verborragia, e que desconfia de quem está calado demais. Claro que é melhor ser alegre que ser triste (agora é Vinicius), mas melhor mesmo é ninguém privar você de sentir o que for. Em tempo: na maioria das vezes, é a gente mesmo que não se permite estar alguns degraus abaixo da euforia.
Tem dias que não estamos pra samba, pra rock, pra hip hop, e nem por isso devemos buscar pílulas mágicas para camuflar nossa introspecção, nem aceitar convites para festas em que nada temos para brindar. Que nos deixem quietos, que quietude é armazenamento de força e sabedoria, daqui a pouco a gente volta, a gente sempre volta, anunciando o fim de mais uma dor — até que venha a próxima, normais que somos.
Martha Medeiros
Observe os segmentos abaixo.
“...o sol estava se exibindo lá fora...”
“... O céu convidava para a farra de viver...”
A figura de linguagem empregada é a mesma verificada na alternativa:
TEXTO 03
Na pobreza e na riqueza
No trecho que segue, apela-se para um valor como forma de argumentar: “Ele é pobre e sofreu muito na vida; se ele diz que a situação econômica do país é boa, temos de levar em conta seu ponto de vista”.
Nesse caso, temos o que se chama argumentum ad lazarum (argumento em que se apela para a pobreza). O ponto de vista de alguém deve ser considerado, porque ele é pobre. É o argumento em que a veracidade da tese que se defende está fundada na pobreza de quem anuncia. Isso significa que o valor em que se baseia esse argumento é de que os pobres são mais sábios, mais sensatos e mais virtuosos do que os ricos.
O nome desse raciocínio vem da parábola do pobre Lázaro (Lucas 16: 19-31) que narra a história do mendigo, de nome Lázaro, que coberto de chagas, ficava à porta de um homem rico, querendo matar a fome com as migalhas que caíam de sua mesa. Ambos morreram e o pobre foi levado “ao seio de Abraão”, enquanto o rico padecia muitos tormentos na montanha dos mortos. Este pede a Abraão que permita que Lázaro molhe a ponta de um dedo para refrescar-lhe a língua [...].
FIORIN, José Luiz. Revista Língua Portuguesa. São Paulo: Ed. Segmento. Abril. / 2015, p. 20.
O título do texto se apresenta sob a forma de
A figura de linguagem presente nos versos foi corretamente indicada em
Analise a oração a seguir.
O guia do grupo, que nos veio encontrar hoje, prometeu-nos atividades lúdicas.
Nota-se que o pronome relativo está distante do seu antecedente, o que pode gerar ambiguidade de sentido. Indique a alternativa que melhor substituirá o pronome relativo sem perda de sentido.
Texto 1
- ESTRANGEIRO: – Pois bem: nas ciências teóricas
- nós começamos por distinguir uma parte diretiva, e
- nesta, uma divisão a que chamamos, por analogia,
- autodirigente. A criação dos animais foi, por sua vez,
- considerada como uma das divisões da ciência auto-
- diretiva, da qual é um gênero e certamente não o
- menor; a criação de animais nos deu a espécie da
- criação em rebanho, e a criação em rebanho, por
- sua vez, deu-nos a arte de criar os animais pedes-
- tres; e a seguir, esta arte de criar os animais pedes-
- tres nos deu, como seção principal, a arte que cria
- raça de animais sem chifres; e, ainda, esta raça de
- animais sem chifres inclui uma parte que só poderá
- ser compreendida por um único termo pela adição
- necessária de três nomes; ela se chamará: “a arte
- de criar raças que não se cruzam”. Por fim, a última
- subdivisão restante, nos rebanhos bípedes, será a
- arte de dirigir os homens. É precisamente o que pro-
- curamos; a arte que se honra por dois nomes: políti-
- ca e real.
PLATÃO. Diálogos – Fédon, Sofista, Político. Trad. Jorge Paleikat; João Cruz Costa. Rio de Janeiro: Ediouro, s.d. p. 177.
Releia o Texto 1 e leia o Texto 2 para responder às questões de 06 a 10.
Texto 2
Admirável gado novo
- Vocês que fazem parte dessa massa
- Que passa nos projetos do futuro
- É duro tanto ter que caminhar
- E dar muito mais do que receber
- E ter que demonstrar sua coragem
- À margem do que possa parecer
- E ver que toda essa engrenagem
- Já sente a ferrugem lhe comer
- Êh, ôô, vida de gado
- Povo marcado
- Êh, povo feliz!
- Lá fora faz um tempo confortável
- A vigilância cuida do normal
- Os automóveis ouvem a notícia
- Os homens a publicam no jornal
- E correm através da madrugada
- A única velhice que chegou
- Demoram-se na beira da estrada
- E passam a contar o que sobrou!
- Êh, ôô, vida de gado
- Povo marcado
- Êh, povo feliz!
- O povo foge da ignorância
- Apesar de viver tão perto dela
- E sonham com melhores tempos idos
- Contemplam esta vida numa cela
- Esperam nova possibilidade
- De verem esse mundo se acabar
- A arca de Noé, o dirigível,
- Não voam, nem se pode flutuar
- Êh, ôô, vida de gado
- Povo marcado
- Êh, povo feliz!
RAMALHO, Zé. Zé Ramalho da Paraíba. Discobertas. © Avohai Editora (EMI) BRSME9700721, 2008. Disponível em: <http://www.zeramalho.com.-br/sec_discografia_view.php?id=65>. Acesso em: 15 fev. 2018.
Na última estrofe do Texto 2, a retomada do sujeito “o povo”, verbalizado no primeiro verso, é feita por silepse com os verbos no plural. Trata-se de
Veja e leia o grafite abaixo:
(ITO, Paulo. São Paulo, Vila Madalena, Março 2014.)
A imagem mostra o dirigente de uma companhia falando a seus colaboradores. O líder procura motivar os comandados ao afirmar que “o ser humano está acima de tudo”, é a preocupação central da empresa. Mas se o discurso é motivador, o gesto de sentar sobre um empregado é desalentador. Esse conflito entre o falar e o agir faz com que a cena seja:
Estudo que avaliou a vida de 165 mil pessoas chegou a uma conclusão surpreendente: é na velhice que estamos mais satisfeitos com nós mesmos
Quando você era jovem e achava que tinha o mundo nas mãos, talvez sua autoestima fosse boa. Mas, acredite, ela só estará no topo quando você estiver na melhor idade, aos 60. Pelo menos é o que diz um novo estudo feito por cientistas da Universidade de Berna, na Suíça. E eles garantem: esse sentimento pode permanecer no auge por uma década inteira.
Com a pesquisa, os cientistas queriam investigar a trajetória da autoestima ao longo da vida. Eles descobriram que esse sentimento começa a se elevar entre 4 e 11 anos de idade, à medida que as crianças se desenvolvem social e cognitivamente – e ganham algum senso de independência. Os níveis, então, se estabilizam à medida que a adolescência começa, dos 11 aos 15 anos.
Isso é surpreendente, pois o senso comum afirma que a auto-estima cai durante a adolescência. “Essa impressão acontece devido a mudanças na puberdade e maior ênfase na comparação social na escola”, diz Ulrich Orth, autor do estudo, mas, na prática, não é o que acontece.
Segundo os pesquisadores, a autoestima se mantém estável até a metade da adolescência. Depois disso, ela tende a aumentar significativamente até os 30 anos. Após a faixa dos 30 podem até existir oscilações, mas o sentimento de autoconfiança tende a crescer. Quando os 60 chegam, a autoestima alcança o seu auge – e permanece assim até os 70 anos.
Mas, quem tem a sorte de chegar até os 70 pode sentir sua autoestima baixar. Os pesquisadores afirmam que esse sentimento declina drasticamente dos 70 aos 90 anos. “Essa idade frequentemente envolve perda de papéis sociais e, possivelmente, viuvez, fatores que podem ameaçar a autoestima”, explica o autor. “Além disso, o envelhecimento muitas vezes leva a mudanças negativas em outras possíveis fontes de autoestima, como habilidades cognitivas e saúde.”
Toda essa análise se baseou em 191 artigos científicos sobre autoestima, que incluíam dados de quase 165 mil pessoas. Os cientistas conseguiram, com esse estudo, apresentar uma visão bem abrangente sobre como essa auto percepção muda com a idade – por isso optaram por diferentes grupos demográficos e faixas etárias.
Na cultura de hoje, que é quase obcecada pela juventude, muitos temem o envelhecimento. Mas, segundo a pesquisa, uns aninhos a mais podem fazer bem para sua autopercepção.
Por Ingrid Luisa access_time 24 ago 2018, 18h02
Disponível em https://super.abril.com.br/ciencia/saiba-em-que-idade- a-sua-autoestima-esta-no-topo-e-nao-e-aos-17/
Considerando o texto apresentado, julgue, como VERDADEIRO ou FALSO, os itens a seguir.
No excerto “Depois disso, ela tende a aumentar significativamente até os 30 anos. Após a faixa dos 30 podem até existir oscilações...”, a palavra “anos” é omitida no segundo período. A essa figura de linguagem que omite um termo já mencionado anteriormente se atribui o nome de perífrase.
Considere a oração a seguir e assinale a alternativa que apresenta a figura de sintaxe CORRETA: Natália estuda Gastronomia; sua irmã, Pedagogia.
Leia o texto para responder as questões 9 e 10.
Desencanto
Manuel Bandeira
Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.
Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.
E nestes versos de angústia rouca,
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
Eu faço versos como quem morre.
De acordo com o contexto, o poeta afirma que o verso, as suas escritas, dão vida a ele. Para o autor, é preciso de sangue correndo nas veias para sobreviver. Em “Meu verso é sangue.” A figura de linguagem é a:
Texto 2
CÔNSUL!
Domício da Gama
No café de Londres, às onze horas da noite.
Chove desabridamente. Entre a zoada dos aguaceiros,
que lavam a rua, ouvem-se raros passos apressados de
transeuntes invisíveis na sombra. A espaços um ronco
5 rápido e surdo, como um rufo de tambor molhado,
assinala a passagem de um guarda-chuva por baixo do
jorro de uma goteira que transborda. Corre um sopro
glacial de tédio e desconforto pelo café profusamente
iluminado, em que já pouca gente resta. O silêncio só é
10 quebrado pelo ruído dos talheres e da conversa de três
rapazes cavaqueando numa ceia econômica ao fundo.
O homem do contador cochila. Sentado a uma mesinha,
em frente ao prato vazio, em que um osso descarnado
de galinha comemora a passagem de uma canja, está
15 um homem que cisma sobre um jornal.
GAMA, Domício. Apud SANDANELLO, F. B. Domício da Gama e o impressionismo literário no Brasil. São Luís, MA: EDUFMA, 2017. p. 169.
“A espaços um ronco rápido e surdo, como um rufo de tambor molhado, assinala a passagem de um guarda-chuva por baixo do jorro de uma goteira que transborda.” (linhas 4-7). A expressão sublinhada é classificada como:
“Saltei num instante para cima da laje que pesava sobre meu corpo, meus olhos de início foram de espanto, redondos e parados, olhos de lagarto que abandonando a água imensa tivesse deslizado a barriga numa rocha firme;”
As figuras de linguagem são recursos estilísticos usados na escrita ou na fala para realçar a mensagem, tornando-a mais expressiva. São muito recorrentes nos textos literários. No trecho acima, do romance “Lavoura Arcaica”, de Raduan Nassar, a figura de linguagem que se destaca é a
O texto a seguir é referência para as questões 08 a 10.
O nobilíssimo ponto e vírgula
Estava na “capa” do UOL ontem: “Medo de ser assassinado atinge 3 em 4 brasileiros; 67% de jovens temem a PM”. Por favor, veja o ponto e vírgula, prezado leitor. Que faz ele aí? É correto o seu emprego? [...]
Posto isso, voltemos ao título do UOL e ao ponto e vírgula que há nele. Esse título diz respeito a uma pesquisa realizada pelo Datafolha e publicada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O tema da pesquisa, obviamente, é a violência no Brasil, que, como se sabe, é um país pacífico, solidário etc., etc., etc.
As duas informações que há no título são distintas: a primeira diz respeito ao medo de ser assassinado, sentimento de 76% dos entrevistados; a segunda diz respeito ao temor que 67% dos jovens entrevistados têm da Polícia Militar.
As informações são distintas, mas integram o mesmo assunto, o mesmo campo, o mesmo território, por isso foi empregado (corretissimamente) o ponto e vírgula, que separa o primeiro bloco, completo, autônomo etc., do segundo bloco, também completo, autônomo etc.
O papel do ponto e vírgula é sempre o de separar partes autônomas de um todo, isto é, blocos que apresentam sentido e informação completos e pertencem ao mesmo conjunto, ao mesmo assunto. […]
(Pasquale Cipro Neto, publicado em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/pasquale/2016/11/1828820-o-nobilissimo-ponto-e-virgula.shtml?logged paywall. Acesso em 01/06/18. Adaptado)
Em determinado momento do texto, o autor faz uso da ironia. Assinale a alternativa na qual podemos constatar tal uso.
Infolatria tecnofágica: a era do smartphone
A cibercultura e as realidades virtuais estão transformando radicalmente a nossa experiência psicossocial coletiva: a forma como vivemos, nos comportamos, nos sentimos, nos compreendemos e a própria realidade ao nosso redor.
Toda essa cultura cibernético-informacional é, de fato, incrivelmente cômoda, útil, funcional, sedutora, mas, ainda assim, afirmamos que mais informação circulando nas redes e mídias não significa de modo algum mais conhecimento assimilado, educação, cidadania; e que muito menos a tecnologia, por si, seja sinal seguro de mais esclarecimento, humanidade, erudição e desenvolvimento cultural. O que vale dizer que mais disponibilidade – de dados, conteúdos, twitters, posts, zaps e congêneres – não determina, por si só, qualquer tipo de evolução cognitiva e intelectual.
Outro mito muito propalado aos quatro ventos é o de que a tecnologia seria essencial e necessariamente benéfica às coletividades humanas. O que é – diga-se – uma balela. Pois nós – que pesquisamos a referida matéria há quase uma década – chegamos à dura conclusão de que as tecnologias sempre acabam servindo primeiro aos poderes hegemônicos já dominantes e, tardiamente, à sociedade de uma maneira mais ampla. Sim, pois os investidores que apostam nesses projetos só o fazem com vistas – é óbvio – ao retorno financeiro que eles possam proporcionar, e não num altruísmo improvável que não tem lugar no mundo materialista e venal que aí está. Mesmo porque vivemos numa realidade mercantilista, cuja lógica comercial rege grande parte das relações sociais humanas e assim molda a realidade factual, consuma o presente e vai plasmando também o próprio futuro.
Ipso facto, podemos afirmar que a cibercultura e o ciberespaço seguem as mesmas leis, operam no mesmo meio societal, sob o mesmo regime econômico, e, por isso mesmo, estão sujeitos às mesmas dinâmicas. E essa fixação – que hoje se observa em relação, por exemplo, aos smartphones, seu culto e massiva utilização – reflete exatamente essa exploração das massas por meio das tecnologias e da própria cultura que se cria em torno delas. Em pouquíssimas palavras, a pessoa paga uma verdadeira fortuna para comprar o aparelho, e ainda adquire um custo fixo considerável para o fornecimento de um serviço – frise-se – que é executado, em sua maioria, por máquinas e sequências algorítmicas. Sim, pois mais uma linha telefônica conectada à rede de qualquer operadora significa, na prática, apenas um comando de computador.
QUARESMA, Alexandre.
<http://sociologiacienciaevida.com.br/infolatria-tecnofagica-era-do-smartphone/> Acesso em 27/março/2018. [Adaptado]