Questões de Concurso
Sobre temas educacionais pedagógicos em pedagogia
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Lecionando para uma turma na modalidade de educação de jovens e adultos, um professor percebeu que vários de seus alunos tinham algum tipo de experiência profissional e histórias de vida em comum: vinham de famílias pertencentes às camadas populares, tiveram percurso escolar descontínuo etc. Desse diagnóstico inicial, ele passou a anotar, no decorrer das aulas, algumas palavras que circulavam no universo daqueles alunos, palavras ligadas às suas experiências de vida e trabalho. Elas foram mobilizadas na sequência das aulas, configurando temas geradores a partir dos quais a turma era levada a discutir, refletindo em grupo e trabalhando o processo de escrita. O professor tinha clareza de que, junto com o aprendizado da escrita, vinha uma maior capacidade dos alunos em interpretar criticamente o mundo e de eles serem, ainda que numa escala pouco visível, agentes de transformação.
Elaborado pelo(a) autor(a).
O quadro acima descreve uma prática pedagógica desenvolvida por um professor em sala de aula com seus alunos. Toda prática pedagógica porta uma teoria e uma concepção de educação, ainda que seus agentes possam não ter consciência disso. No que diz respeito ao caso descrito, é possível inferir que nele se expressa a concepção pedagógica própria à
Em um Instituto Federal de Educação, uma professora que leciona química para as turmas do segundo ano do Ensino Médio organizou, com bastantes detalhes, o trabalho pedagógico do semestre. Ela utilizou como recurso metodológico um júri simulado ao qual os experimentos feitos pelos alunos em pequenos grupos deveriam ser submetidos. Cada experimento realizado pelos grupos deveria ser acompanhado da descrição do que foi realizado, dos meios empregados e da sequência das ações. O júri, formado pela professora e por alunos previamente sorteados, deveria avaliar o que foi realizado e observar se os critérios científicos foram corretamente empregados. O veredito final do júri fechava o bloco de aulas, com as respectivas devolutivas a respeito do que foi realizado por cada grupo.
Elaborado pelo(a) autor(a).
Com base no que foi descrito, é possível afirmar que a professora utilizou, em suas aulas, o que se denomina de
Ao se considerar o perfil socioeconômico dos negros, nota-se que eles representam 9,4% do grupo dos 10% mais pobres do Brasil e apenas 1,8% do grupo dos 10% mais ricos dos brasileiros. Como reflexo dessa condição socioeconômica, ao se considerar a escolarização por grupos étnicos, constata-se que a taxa de escolarização em nível superior dos indivíduos com 25 anos, idade regular de ter concluído a educação superior, é de 15% na etnia branca, 5,3% na etnia parda e de 4,7% na etnia negra. Esse é, pois, um indicativo de que os afrodescendentes se encontram em maior desvantagem em termos de acesso à escolarização superior.
ROSA, Chaiane de Medeiros. Limites da democratização da educação superior: entraves na permanência e a evasão na Universidade Federal de Goiás. Poíesis Pedagógica, Catalão (GO), v. 12, n. 1, p. 240-257, 2014.
Ao analisar o texto acima, no que se refere à escolarização no Brasil, as desvantagens quanto ao êxito acadêmico se dão entre os
Sacristán (2000, p. 16) conceitua currículo como “[...] uma prática na qual se estabelece um diálogo, por assim dizer, entre agentes sociais, elementos técnicos, alunos que reagem frente a ele, professores que o modelam, etc.”. Assim, currículo é uma prática que estabelece a função socializadora de cada instituição, expressando-se por intermédio de diversas práticas, dentre elas as práticas pedagógicas, voltadas ao ensino. É construído através de um projeto ou plano ordenado por determinados princípios, que agregam valores e tornam a instituição peculiar em relação às outras. Em relação ao conceito de integrar (integração), não podemos nos prender aos conceitos morais do sentido da palavra, como tornar íntegro, inteiro. O termo deve ser compreendido em sua completude, como as partes no seu todo, a unidade no diverso, onde a educação é tratada como em sua totalidade social, desde suas mediações históricas até a concretização dos processos educativos.
ANA, Wallace Pereira Sant; NOGUEIRA, Sara Maria Souza; BRITO, Wanderley Azevedo de. Reflexões sobre o currículo integrado na educação profissional e tecnológica: desafios e possibilidades. Revista Brasileira da Educação Profissional e Tecnológica, [S. l.], v. 1, n. 18, p.e8813, 2020.
A educação, segundo o texto, é composta de
A formação politécnica, proposta dos Institutos Federais, é uma formação que “diz respeito ao domínio dos fundamentos científicos das diferentes técnicas que caracterizam o processo de trabalho produtivo moderno [e] está relacionada aos fundamentos das diferentes modalidades de trabalho.”
SAVIANI, Dermeval. Sobre a concepção de Politecnia. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1989. [Adaptado].
Politecnia, nesse sentido, se baseia
Nosso objetivo central não é formar um profissional para o mercado, mas sim um cidadão para o mundo do trabalho – um cidadão que tanto poderia ser um técnico quanto um filósofo, um escritor ou tudo isso. Significa superar o preconceito de classe de que um trabalhador não pode ser um intelectual, um artista. A música, tão cultivada em muitas de nossas escolas, deve ser incentivada e fazer parte da formação de nossos alunos, assim como as artes plásticas, o teatro e a literatura. Novas formas de inserção no mundo do trabalho e novas formas de organização produtiva como a economia solidária e o cooperativismo devem ser objeto de estudo na Rede Federal.
PACHECO, Eliezer Moreira. Os Institutos Federais: uma revolução na educação profissional e tecnológica. Natal: IFRN, 2010.
Segundo o texto, os Institutos Federais objetivam uma formação para
Uma cultura é identificada pelos seus sistemas de explicações, filosofias, teorias, e ações e pelos comportamentos cotidianos. Tudo isso se apoia em processos de comunicação, de representações, de classificação, de comparação, de quantificação, de contagem, de medição, de inferências. Esses processos se dão de maneiras diferentes nas diversas culturas e se transformam ao longo do tempo. Eles sempre revelam as influências do meio e se organizam com uma lógica interna, se codificam e se formalizam.
D`AMBROSIO, U. Sociedade, cultura, matemática e seu ensino. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 1, p. 99-120, jan./abr. 2005.
No texto, o professor e pesquisador Ubiratan D`Ambrosio (1932-2021), idealizador do Programa Etnomatemática, está descrevendo processos por meio dos quais, na sua visão, surge
Embora a modelagem matemática seja um processo característico do trabalho do matemático profissional, especialmente da matemática aplicada, muitos educadores matemáticos têm defendido e criado propostas para ensinar matemática na Educação Básica por meio desse processo.
A estratégia para desenvolver a modelagem matemática no ensino envolve algumas etapas que, mesmo diferentes em sua proposição por parte dos educadores, contém similaridades e compreendem uma série de ações pedagógicas que orientam o trabalho do professor. Como exemplos dessas etapas, pode-se citar as propostas por Almeida, Silva e Vertuan, no livro "Modelagem matemática na educação básica" (2012): "inteiração", "matematização", "resolução", "interpretação de resultados e validação". E as propostas por Biembengut e Hein, em seu livro "Modelagem matemática no ensino" (2011): "interação", "matematização" e "modelo matemático".
Elaborado pelo(a) autor(a).
Como evidencia-se no texto, o início de um trabalho com modelagem matemática na Educação Básica está na etapa da interação, na qual os estudantes
Modelagem matemática é um processo dinâmico utilizado para a obtenção e validação de modelos matemáticos. É uma forma de abstração e generalização com a finalidade de previsão de tendências. A modelagem consiste, essencialmente, na arte de transformar situações da realidade em problemas matemáticos cujas soluções devem ser interpretadas na linguagem usual.
BASSANEZI, R. C. Ensino e aprendizagem com modelagem matemática. São Paulo: Contexto, 2002.
No contexto da conceituação de modelagem matemática feita pelo autor do texto, a expressão modelo matemático significa
Leia o texto a seguir.
De maneira geral, têm sido valiosas as discussões sobre a resolução de problemas e são muito úteis os esforços para desenvolver currículos e materiais para estudantes e professores. Hoje em dia, é largamente aceita a ideia de que a resolução de problemas possuiu um proeminente papel no currículo. Entretanto, a discussão ainda não chegou a um consenso e, por isso, há diferentes abordagens para resolução de problemas, sintetizadas nas três seguintes:
I) Ensinar sobre resolução de problemas;
II) Ensinar a resolver problemas;
III) Ensinar matemática através da resolução de problemas.
Embora, na teoria, essas três abordagens possam ser isoladas, na prática em sala de aula elas se sobrepõem e ocorrem em diferentes combinações e sequências.
Em todo caso, se os desenvolvedores de currículo, autores de
livros didáticos ou professores almejam tornar a resolução de
problemas o foco do ensino, eles precisam estar atentos à
limitação inerente caso a adesão seja exclusiva às duas
primeiras abordagens.
SCHROEDER, Thomas L.; LESTER, Frank K. Developing understanding in mathematics via problem solving. New directions for elementary school mathematics, v. 31, 1989. [Adaptado].
A discussão presente no texto, difundida também entre
pesquisadores brasileiros, o que influenciou a concepção
presente nos "Parâmetros Curriculares Nacionais:
Matemática" (1998), sugere que "ensinar matemática
através da resolução de problemas" difere-se das outras
duas abordagens, pois o aprendizado, na terceira abordagem,
é
O Ensino Fundamental deve ter compromisso com o desenvolvimento [...] de competências e habilidades de raciocinar, representar, comunicar e argumentar matematicamente, de modo a favorecer o estabelecimento de conjecturas, a formulação e a resolução de problemas em uma variedade de contextos, utilizando conceitos, procedimentos, fatos e ferramentas matemáticas.
Deve também ter o compromisso de assegurar aos alunos reconhecer que os conhecimentos matemáticos são fundamentais para a compreensão e a atuação no mundo e perceber o caráter de jogo intelectual da matemática, como aspecto que favorece o desenvolvimento do raciocínio lógico e crítico, estimula a investigação e pode ser prazeroso (fruição).
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: MEC, 2017. [Adaptado].
Nesse trecho da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), introdutório ao capítulo destinado à área de matemática, o documento descreve um conceito preconizado como orientador para o ensino de matemática no ensino fundamental. Tal conceito é intitulado
Ora, definir um conceito é explicá-lo em termos de outros conceitos, estes anteriormente definidos, e demonstrar uma propriedade de um conceito, expressa por uma proposição, é mostrá-la decorrente de outras proposições, já antes demonstradas, por meio de regras de inferências fornecidas [...] pela Lógica costumeiramente usada na matemática.
Como tanto o definir quanto o demonstrar, na concepção enunciada, levam a um retrocesso indefinido, temos um sério problema a resolver. E a solução proposta pelo matemático, num caso e no outro, é aceitar uns tantos conceitos sem definição e umas tantas propriedades desses conceitos sem demonstração, assumindo o compromisso de, a partir daí, definir todos os outros conceitos e demonstrar todas as outras propriedades dos conceitos envolvidos. [...]
Essa é, grosseiramente falando, a arquitetura da matemática que nos foi doada pelo pensamento grego do V e VI séculos a.C., e sistematizada por Euclides em sua obra Elementos, três séculos antes de nossa era.
BICUDO, I. História da matemática: o pensamento da filosofia grega antiga e seus reflexos na educação matemática do mundo ocidental. In: BICUDO, M. A.V. (org.) Pesquisa em Educação Matemática: concepções & perspectivas. São Paulo: Editora UNESP, 1999.
Ao descrever a "arquitetura" do livro de Euclides, entre outros aspectos, o autor do texto refere-se a proposições acolhidas sem demonstração, em contraposição a proposições acolhidas por meio de demonstrações. A esses dois tipos de proposições, que compõem os Elementos, dá-se, respectivamente, o nome de:
"… toda ciência pode ser exposta mediante dois caminhos essencialmente distintos: o caminho histórico e o caminho dogmático. [...] Pelo primeiro procedimento, expomos sucessivamente os conhecimentos na mesma ordem efetiva segundo a qual o espírito humano os obteve realmente, adotando, tanto quanto possível, as mesmas vias.[...] O primeiro modo é evidentemente aquele pelo qual começa, com toda necessidade, o estudo de cada ciência nascente, pois apresenta a propriedade de não exigir, para exposição dos conhecimentos, nenhum novo trabalho distinto daquele de sua formação. Toda didática se resume, então, em estudar, sucessivamente, na ordem cronológica, as diversas obras originais que contribuam para o progresso da ciência."
Augusto Comte (1798-1857), filósofo francês.
"O educador deve fazer a criança passar novamente por onde passaram seus antepassados, mais rapidamente, mas sem omitir etapa. Por essa razão, a história da ciência deve ser nosso primeiro guia."
Euclides de Medeiros Guimarães Roxo (1890-1950), engenheiro e professor de matemática brasileiro.
MIGUEL, A.; MIORIM, M. A. História na educação matemática: propostas e desafios. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.
Nos trechos citados, oriundos de figuras que exerceram influência na história do ensino da matemática no Brasil, depreende-se uma posição sobre o uso da história da matemática no ensino, conhecida como "princípio genético", alvo de críticas por parte de especialistas educadores matemáticos pois, em sua versão pedagógica, tal princípio considera que
Leia o texto a seguir.
Em seu livro "A arte de resolver problemas" (1945), o matemático George Polya (1887-1985) apresenta 4 fases para a resolução de um problema, intituladas:
1. Compreensão do problema;
2. Estabelecimento de um plano;
3. Execução do plano;
4. Retrospecto.
Caso o resolvedor não consiga, de imediato, encontrar uma conexão entre os dados apresentados no problema e a incógnita, Polya sugere que se procure "problemas correlatos", auxiliares nesse processo.
Elaborado pelo(a) autor(a).
Procurar “problemas correlatos”, auxiliares no processo de
resolução de um problema, é uma estratégia que, segundo
sugere o matemático citado no texto, deve ocorrer na fase