Questões de Concurso Público Prefeitura de Natal - RN 2025 para Professor de Artes/Música

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Q3227069 Não definido
O tempo da economia e o tempo da educação


Raphael Fagundes


        O sociólogo Christian Laval levanta uma questão interessante: “O mercado exige ‘reações’ fortes, enquanto a solução para muitos dos problemas da educação demanda decisões que funcionam no longo prazo”. Sem dúvida este é um dos motivos da crise da educação.

          O neoliberalismo tem como objetivo mercantilizar todas as manifestações humanas. Isso porque F. A. Hayek criou uma espécie de “formação discursiva neoliberal” que pode ser aplicada como episteme capaz de dar conta de diversas áreas. Para Hayek não pode haver um planejamento econômico. O governo deve apenas “fixar normas determinando as condições em que podem ser usados os recursos disponíveis, deixando aos indivíduos a decisão relativa aos fins para os quais eles serão aplicados”. Ou seja, o governo não deve promover um plano econômico com o objetivo de acabar com a fome, desenvolver a tecnologia etc.

       Na visão neoliberal, a economia é um “local” em que cada indivíduo irá extrair recursos para saciar suas necessidades pessoais. Um lugar livre em que se compram ações, fazem-se investimentos para se recolher os lucros. Se o indivíduo quiser criar uma instituição de caridade, escolas etc., ele tem o direito de fazer isto com as quantias provenientes do seu investimento. Por outro lado, “o Estado deve limitar-se a estabelecer normas aplicáveis a situações gerais, deixando os indivíduos livres em tudo que depende das circunstâncias de tempo e lugar, porque só os indivíduos poderão conhecer plenamente as circunstâncias relativas a cada caso e a elas adaptar suas ações”.

      Este mesmo discurso pode vir a ser aplicado a outras áreas, como na educação. A educação acaba se tornando um bem privado. Não deve haver uma política educacional. O Estado não deve investir na educação para formar cidadãos, pessoas críticas etc.

     Nesse contexto, a educação deve ser encarada como um recurso usado por cada indivíduo, visando atender suas necessidades privadas, como, por exemplo, a de arranjar uma boa posição no mercado de trabalho. Assim sendo, ela deixa de ser um bem coletivo e tornase um bem individual, cuja lógica, importada da economia, provoca uma crise insolúvel na política pública. Insolúvel no sentido de ser impossível resolvê-la dentro das próprias premissas neoliberais.

     A grande revolução capitalista foi a Revolução Industrial, mas antes dela já estava sendo trabalhada uma alteração temporal no trabalho. A invenção do relógio foi fundamental. O tempo de produção não estaria mais submetido às intempéries naturais. “O pequeno instrumento que regulava os novos ritmos da vida industrial era, ao mesmo tempo, uma das mais urgentes dentre as novas necessidades que o capitalismo industrial exigia para impulsionar o seu avanço”, explica E. P. Thompson.

    Sendo assim, o valor da mercadoria passou a ser determinado pelo tempo que leva para ser produzida, ou seja, como pontuou Marx, “impõe-se o tempo de trabalho socialmente necessário à sua produção, que é a lei natural reguladora, que não leva em conta pessoas […] A determinação da quantidade do valor pelo tempo do trabalho é, por isso, um segredo oculto sob os movimentos visíveis dos valores relativos das mercadorias”. As máquinas vieram exatamente para produzir uma maior quantidade de mercadorias num menor período de tempo. Diversos inventos foram criados com esse objetivo. A tecnologia pragmática está voltada para essa visão econômica.

    A partir de então, como destaca Harmut Rosa, “as transações monetárias modernas facilitam, multiplicam e aceleram transações sociais e econômicas e, com isso, praticamente, todas as relações sociais”. Antes, um problema que surgia no trabalho na sexta-feira, só seria resolvido na segunda-feira da semana seguinte. Hoje, com a tecnologia criada para acelerar o mundo, o trabalhador recebe uma mensagem no ônibus que pega para voltar para casa ou no happy hour exigindo dele soluções para tratar da situação indesejada para os lucros finais da empresa.

      A educação entra nessa lógica. O indivíduo quer o resultado mais imediato possível, já que o mundo ao seu redor está cada vez mais acelerado. Mas como algo que exige tempo pode auxiliar um indivíduo que vive em um mundo imediatista?

      Assim surgem os cursinhos. Os youtubers, com suas soluções mágicas, explicações “simples” etc., faturam muito nessa economia totalizadora do curto prazo. Se tudo deve ser mercantilizado, tudo deverá ser acelerado. É possível adquirir cada vez mais conhecimento num espaço de tempo cada vez menor? A indústria do conhecimento diz que é.

     O desinteresse pela educação formal vem diminuindo por conta dessa lógica. O aluno quer o resultado imediato, e isso é justamente o que a escola não pode fornecer. Na busca de adequar a escola às exigências do mercado e de seus consumidores, as reformas educacionais vêm tentando encontrar mecanismos que aceleram a produção de pessoas aptas ao mercado de trabalho. Cursos de como fazer brigadeiros a como ser um influenciador digital já estão tomando o espaço de disciplinas como História e Sociologia. Exatamente porque o resultado é muito mais imediato.

     Esse é um movimento antigo. Thompson mostra que, em 1772, já se “via a educação como um treinamento para adquirir o ‘hábito do trabalho'”. O historiador inglês destaca que, ainda no século XVIII, já se observava que “uma vez dentro dos portões da escola, a criança entrava no novo universo do tempo disciplinado”. Com o advento de uma tecnologia voltada para a eficiência (que, no capitalismo, é produzir mais em um período mais curto de tempo), essa função da escola tornou-se mais necessária para o capital.

       Alguns poderiam dizer que os Tigres Asiáticos seriam um exemplo positivo de relacionamento entre educação e economia. Só esquecem que lá houve muito planejamento econômico. Mariana Mazzucato mostra que foi “através do planejamento e políticas industriais ativas [que os países do Leste Asiático] conseguiram se ‘equiparar’ tecnológica e economicamente ao Ocidente”. Ou seja, o casamento entre educação e economia só funciona longe da lógica neoliberal.

     Rosa entende o tempo como uma dimensão central e constitutiva dos fenômenos da modernidade. A aceleração social é um fenômeno crucial para entender o mundo moderno: “a desintegração social seria, assim, uma consequência da crescente dessincronização social; a destruição ambiental, uma consequência da sobrecarga do ciclo cronológico de regeneração da natureza; a perda da individualidade ‘qualitativa’, um subproduto do aumento do ritmo da vida; e o abandono da autonomia racional, resultado da ‘temporalização do tempo'”.

     Onde isto vai parar? As fake news ganham espaço porque muitos preferem as explicações curtas e objetivas sem uma reflexão mais pormenorizada dos fatos. Informações são produzidas numa velocidade cada vez maior pelos próprios veículos confiáveis, porque é necessário vender informação em um intervalo de tempo cada vez mais reduzido. A lógica neoliberal está destruindo a educação, não porque se trata de uma conspiração dos donos do capital por tornar as pessoas mais burras, mas porque a sua dinâmica é a aceleração. A velocidade é um dos principais obstáculos para o conhecimento. Não será possível salvar a educação, a menos que alteremos a lógica econômica que se impõe sobre todo o mundo.


Disponível em: https ://diplomatique.org.br/o-tempo-da-economia-e-o-tempo-da-educacao/. Aces so em: 09 nov. 2024. [Adaptado]
No texto, há um predomínio do tipo 
Alternativas
Q3227070 Não definido
O tempo da economia e o tempo da educação


Raphael Fagundes


        O sociólogo Christian Laval levanta uma questão interessante: “O mercado exige ‘reações’ fortes, enquanto a solução para muitos dos problemas da educação demanda decisões que funcionam no longo prazo”. Sem dúvida este é um dos motivos da crise da educação.

          O neoliberalismo tem como objetivo mercantilizar todas as manifestações humanas. Isso porque F. A. Hayek criou uma espécie de “formação discursiva neoliberal” que pode ser aplicada como episteme capaz de dar conta de diversas áreas. Para Hayek não pode haver um planejamento econômico. O governo deve apenas “fixar normas determinando as condições em que podem ser usados os recursos disponíveis, deixando aos indivíduos a decisão relativa aos fins para os quais eles serão aplicados”. Ou seja, o governo não deve promover um plano econômico com o objetivo de acabar com a fome, desenvolver a tecnologia etc.

       Na visão neoliberal, a economia é um “local” em que cada indivíduo irá extrair recursos para saciar suas necessidades pessoais. Um lugar livre em que se compram ações, fazem-se investimentos para se recolher os lucros. Se o indivíduo quiser criar uma instituição de caridade, escolas etc., ele tem o direito de fazer isto com as quantias provenientes do seu investimento. Por outro lado, “o Estado deve limitar-se a estabelecer normas aplicáveis a situações gerais, deixando os indivíduos livres em tudo que depende das circunstâncias de tempo e lugar, porque só os indivíduos poderão conhecer plenamente as circunstâncias relativas a cada caso e a elas adaptar suas ações”.

      Este mesmo discurso pode vir a ser aplicado a outras áreas, como na educação. A educação acaba se tornando um bem privado. Não deve haver uma política educacional. O Estado não deve investir na educação para formar cidadãos, pessoas críticas etc.

     Nesse contexto, a educação deve ser encarada como um recurso usado por cada indivíduo, visando atender suas necessidades privadas, como, por exemplo, a de arranjar uma boa posição no mercado de trabalho. Assim sendo, ela deixa de ser um bem coletivo e tornase um bem individual, cuja lógica, importada da economia, provoca uma crise insolúvel na política pública. Insolúvel no sentido de ser impossível resolvê-la dentro das próprias premissas neoliberais.

     A grande revolução capitalista foi a Revolução Industrial, mas antes dela já estava sendo trabalhada uma alteração temporal no trabalho. A invenção do relógio foi fundamental. O tempo de produção não estaria mais submetido às intempéries naturais. “O pequeno instrumento que regulava os novos ritmos da vida industrial era, ao mesmo tempo, uma das mais urgentes dentre as novas necessidades que o capitalismo industrial exigia para impulsionar o seu avanço”, explica E. P. Thompson.

    Sendo assim, o valor da mercadoria passou a ser determinado pelo tempo que leva para ser produzida, ou seja, como pontuou Marx, “impõe-se o tempo de trabalho socialmente necessário à sua produção, que é a lei natural reguladora, que não leva em conta pessoas […] A determinação da quantidade do valor pelo tempo do trabalho é, por isso, um segredo oculto sob os movimentos visíveis dos valores relativos das mercadorias”. As máquinas vieram exatamente para produzir uma maior quantidade de mercadorias num menor período de tempo. Diversos inventos foram criados com esse objetivo. A tecnologia pragmática está voltada para essa visão econômica.

    A partir de então, como destaca Harmut Rosa, “as transações monetárias modernas facilitam, multiplicam e aceleram transações sociais e econômicas e, com isso, praticamente, todas as relações sociais”. Antes, um problema que surgia no trabalho na sexta-feira, só seria resolvido na segunda-feira da semana seguinte. Hoje, com a tecnologia criada para acelerar o mundo, o trabalhador recebe uma mensagem no ônibus que pega para voltar para casa ou no happy hour exigindo dele soluções para tratar da situação indesejada para os lucros finais da empresa.

      A educação entra nessa lógica. O indivíduo quer o resultado mais imediato possível, já que o mundo ao seu redor está cada vez mais acelerado. Mas como algo que exige tempo pode auxiliar um indivíduo que vive em um mundo imediatista?

      Assim surgem os cursinhos. Os youtubers, com suas soluções mágicas, explicações “simples” etc., faturam muito nessa economia totalizadora do curto prazo. Se tudo deve ser mercantilizado, tudo deverá ser acelerado. É possível adquirir cada vez mais conhecimento num espaço de tempo cada vez menor? A indústria do conhecimento diz que é.

     O desinteresse pela educação formal vem diminuindo por conta dessa lógica. O aluno quer o resultado imediato, e isso é justamente o que a escola não pode fornecer. Na busca de adequar a escola às exigências do mercado e de seus consumidores, as reformas educacionais vêm tentando encontrar mecanismos que aceleram a produção de pessoas aptas ao mercado de trabalho. Cursos de como fazer brigadeiros a como ser um influenciador digital já estão tomando o espaço de disciplinas como História e Sociologia. Exatamente porque o resultado é muito mais imediato.

     Esse é um movimento antigo. Thompson mostra que, em 1772, já se “via a educação como um treinamento para adquirir o ‘hábito do trabalho'”. O historiador inglês destaca que, ainda no século XVIII, já se observava que “uma vez dentro dos portões da escola, a criança entrava no novo universo do tempo disciplinado”. Com o advento de uma tecnologia voltada para a eficiência (que, no capitalismo, é produzir mais em um período mais curto de tempo), essa função da escola tornou-se mais necessária para o capital.

       Alguns poderiam dizer que os Tigres Asiáticos seriam um exemplo positivo de relacionamento entre educação e economia. Só esquecem que lá houve muito planejamento econômico. Mariana Mazzucato mostra que foi “através do planejamento e políticas industriais ativas [que os países do Leste Asiático] conseguiram se ‘equiparar’ tecnológica e economicamente ao Ocidente”. Ou seja, o casamento entre educação e economia só funciona longe da lógica neoliberal.

     Rosa entende o tempo como uma dimensão central e constitutiva dos fenômenos da modernidade. A aceleração social é um fenômeno crucial para entender o mundo moderno: “a desintegração social seria, assim, uma consequência da crescente dessincronização social; a destruição ambiental, uma consequência da sobrecarga do ciclo cronológico de regeneração da natureza; a perda da individualidade ‘qualitativa’, um subproduto do aumento do ritmo da vida; e o abandono da autonomia racional, resultado da ‘temporalização do tempo'”.

     Onde isto vai parar? As fake news ganham espaço porque muitos preferem as explicações curtas e objetivas sem uma reflexão mais pormenorizada dos fatos. Informações são produzidas numa velocidade cada vez maior pelos próprios veículos confiáveis, porque é necessário vender informação em um intervalo de tempo cada vez mais reduzido. A lógica neoliberal está destruindo a educação, não porque se trata de uma conspiração dos donos do capital por tornar as pessoas mais burras, mas porque a sua dinâmica é a aceleração. A velocidade é um dos principais obstáculos para o conhecimento. Não será possível salvar a educação, a menos que alteremos a lógica econômica que se impõe sobre todo o mundo.


Disponível em: https ://diplomatique.org.br/o-tempo-da-economia-e-o-tempo-da-educacao/. Aces so em: 09 nov. 2024. [Adaptado]
Ao concluir o texto, o autor
Alternativas
Q3227071 Não definido
O tempo da economia e o tempo da educação


Raphael Fagundes


        O sociólogo Christian Laval levanta uma questão interessante: “O mercado exige ‘reações’ fortes, enquanto a solução para muitos dos problemas da educação demanda decisões que funcionam no longo prazo”. Sem dúvida este é um dos motivos da crise da educação.

          O neoliberalismo tem como objetivo mercantilizar todas as manifestações humanas. Isso porque F. A. Hayek criou uma espécie de “formação discursiva neoliberal” que pode ser aplicada como episteme capaz de dar conta de diversas áreas. Para Hayek não pode haver um planejamento econômico. O governo deve apenas “fixar normas determinando as condições em que podem ser usados os recursos disponíveis, deixando aos indivíduos a decisão relativa aos fins para os quais eles serão aplicados”. Ou seja, o governo não deve promover um plano econômico com o objetivo de acabar com a fome, desenvolver a tecnologia etc.

       Na visão neoliberal, a economia é um “local” em que cada indivíduo irá extrair recursos para saciar suas necessidades pessoais. Um lugar livre em que se compram ações, fazem-se investimentos para se recolher os lucros. Se o indivíduo quiser criar uma instituição de caridade, escolas etc., ele tem o direito de fazer isto com as quantias provenientes do seu investimento. Por outro lado, “o Estado deve limitar-se a estabelecer normas aplicáveis a situações gerais, deixando os indivíduos livres em tudo que depende das circunstâncias de tempo e lugar, porque só os indivíduos poderão conhecer plenamente as circunstâncias relativas a cada caso e a elas adaptar suas ações”.

      Este mesmo discurso pode vir a ser aplicado a outras áreas, como na educação. A educação acaba se tornando um bem privado. Não deve haver uma política educacional. O Estado não deve investir na educação para formar cidadãos, pessoas críticas etc.

     Nesse contexto, a educação deve ser encarada como um recurso usado por cada indivíduo, visando atender suas necessidades privadas, como, por exemplo, a de arranjar uma boa posição no mercado de trabalho. Assim sendo, ela deixa de ser um bem coletivo e tornase um bem individual, cuja lógica, importada da economia, provoca uma crise insolúvel na política pública. Insolúvel no sentido de ser impossível resolvê-la dentro das próprias premissas neoliberais.

     A grande revolução capitalista foi a Revolução Industrial, mas antes dela já estava sendo trabalhada uma alteração temporal no trabalho. A invenção do relógio foi fundamental. O tempo de produção não estaria mais submetido às intempéries naturais. “O pequeno instrumento que regulava os novos ritmos da vida industrial era, ao mesmo tempo, uma das mais urgentes dentre as novas necessidades que o capitalismo industrial exigia para impulsionar o seu avanço”, explica E. P. Thompson.

    Sendo assim, o valor da mercadoria passou a ser determinado pelo tempo que leva para ser produzida, ou seja, como pontuou Marx, “impõe-se o tempo de trabalho socialmente necessário à sua produção, que é a lei natural reguladora, que não leva em conta pessoas […] A determinação da quantidade do valor pelo tempo do trabalho é, por isso, um segredo oculto sob os movimentos visíveis dos valores relativos das mercadorias”. As máquinas vieram exatamente para produzir uma maior quantidade de mercadorias num menor período de tempo. Diversos inventos foram criados com esse objetivo. A tecnologia pragmática está voltada para essa visão econômica.

    A partir de então, como destaca Harmut Rosa, “as transações monetárias modernas facilitam, multiplicam e aceleram transações sociais e econômicas e, com isso, praticamente, todas as relações sociais”. Antes, um problema que surgia no trabalho na sexta-feira, só seria resolvido na segunda-feira da semana seguinte. Hoje, com a tecnologia criada para acelerar o mundo, o trabalhador recebe uma mensagem no ônibus que pega para voltar para casa ou no happy hour exigindo dele soluções para tratar da situação indesejada para os lucros finais da empresa.

      A educação entra nessa lógica. O indivíduo quer o resultado mais imediato possível, já que o mundo ao seu redor está cada vez mais acelerado. Mas como algo que exige tempo pode auxiliar um indivíduo que vive em um mundo imediatista?

      Assim surgem os cursinhos. Os youtubers, com suas soluções mágicas, explicações “simples” etc., faturam muito nessa economia totalizadora do curto prazo. Se tudo deve ser mercantilizado, tudo deverá ser acelerado. É possível adquirir cada vez mais conhecimento num espaço de tempo cada vez menor? A indústria do conhecimento diz que é.

     O desinteresse pela educação formal vem diminuindo por conta dessa lógica. O aluno quer o resultado imediato, e isso é justamente o que a escola não pode fornecer. Na busca de adequar a escola às exigências do mercado e de seus consumidores, as reformas educacionais vêm tentando encontrar mecanismos que aceleram a produção de pessoas aptas ao mercado de trabalho. Cursos de como fazer brigadeiros a como ser um influenciador digital já estão tomando o espaço de disciplinas como História e Sociologia. Exatamente porque o resultado é muito mais imediato.

     Esse é um movimento antigo. Thompson mostra que, em 1772, já se “via a educação como um treinamento para adquirir o ‘hábito do trabalho'”. O historiador inglês destaca que, ainda no século XVIII, já se observava que “uma vez dentro dos portões da escola, a criança entrava no novo universo do tempo disciplinado”. Com o advento de uma tecnologia voltada para a eficiência (que, no capitalismo, é produzir mais em um período mais curto de tempo), essa função da escola tornou-se mais necessária para o capital.

       Alguns poderiam dizer que os Tigres Asiáticos seriam um exemplo positivo de relacionamento entre educação e economia. Só esquecem que lá houve muito planejamento econômico. Mariana Mazzucato mostra que foi “através do planejamento e políticas industriais ativas [que os países do Leste Asiático] conseguiram se ‘equiparar’ tecnológica e economicamente ao Ocidente”. Ou seja, o casamento entre educação e economia só funciona longe da lógica neoliberal.

     Rosa entende o tempo como uma dimensão central e constitutiva dos fenômenos da modernidade. A aceleração social é um fenômeno crucial para entender o mundo moderno: “a desintegração social seria, assim, uma consequência da crescente dessincronização social; a destruição ambiental, uma consequência da sobrecarga do ciclo cronológico de regeneração da natureza; a perda da individualidade ‘qualitativa’, um subproduto do aumento do ritmo da vida; e o abandono da autonomia racional, resultado da ‘temporalização do tempo'”.

     Onde isto vai parar? As fake news ganham espaço porque muitos preferem as explicações curtas e objetivas sem uma reflexão mais pormenorizada dos fatos. Informações são produzidas numa velocidade cada vez maior pelos próprios veículos confiáveis, porque é necessário vender informação em um intervalo de tempo cada vez mais reduzido. A lógica neoliberal está destruindo a educação, não porque se trata de uma conspiração dos donos do capital por tornar as pessoas mais burras, mas porque a sua dinâmica é a aceleração. A velocidade é um dos principais obstáculos para o conhecimento. Não será possível salvar a educação, a menos que alteremos a lógica econômica que se impõe sobre todo o mundo.


Disponível em: https ://diplomatique.org.br/o-tempo-da-economia-e-o-tempo-da-educacao/. Aces so em: 09 nov. 2024. [Adaptado]
No que se refere à progressão temática,
Alternativas
Q3227072 Não definido
O tempo da economia e o tempo da educação


Raphael Fagundes


        O sociólogo Christian Laval levanta uma questão interessante: “O mercado exige ‘reações’ fortes, enquanto a solução para muitos dos problemas da educação demanda decisões que funcionam no longo prazo”. Sem dúvida este é um dos motivos da crise da educação.

          O neoliberalismo tem como objetivo mercantilizar todas as manifestações humanas. Isso porque F. A. Hayek criou uma espécie de “formação discursiva neoliberal” que pode ser aplicada como episteme capaz de dar conta de diversas áreas. Para Hayek não pode haver um planejamento econômico. O governo deve apenas “fixar normas determinando as condições em que podem ser usados os recursos disponíveis, deixando aos indivíduos a decisão relativa aos fins para os quais eles serão aplicados”. Ou seja, o governo não deve promover um plano econômico com o objetivo de acabar com a fome, desenvolver a tecnologia etc.

       Na visão neoliberal, a economia é um “local” em que cada indivíduo irá extrair recursos para saciar suas necessidades pessoais. Um lugar livre em que se compram ações, fazem-se investimentos para se recolher os lucros. Se o indivíduo quiser criar uma instituição de caridade, escolas etc., ele tem o direito de fazer isto com as quantias provenientes do seu investimento. Por outro lado, “o Estado deve limitar-se a estabelecer normas aplicáveis a situações gerais, deixando os indivíduos livres em tudo que depende das circunstâncias de tempo e lugar, porque só os indivíduos poderão conhecer plenamente as circunstâncias relativas a cada caso e a elas adaptar suas ações”.

      Este mesmo discurso pode vir a ser aplicado a outras áreas, como na educação. A educação acaba se tornando um bem privado. Não deve haver uma política educacional. O Estado não deve investir na educação para formar cidadãos, pessoas críticas etc.

     Nesse contexto, a educação deve ser encarada como um recurso usado por cada indivíduo, visando atender suas necessidades privadas, como, por exemplo, a de arranjar uma boa posição no mercado de trabalho. Assim sendo, ela deixa de ser um bem coletivo e tornase um bem individual, cuja lógica, importada da economia, provoca uma crise insolúvel na política pública. Insolúvel no sentido de ser impossível resolvê-la dentro das próprias premissas neoliberais.

     A grande revolução capitalista foi a Revolução Industrial, mas antes dela já estava sendo trabalhada uma alteração temporal no trabalho. A invenção do relógio foi fundamental. O tempo de produção não estaria mais submetido às intempéries naturais. “O pequeno instrumento que regulava os novos ritmos da vida industrial era, ao mesmo tempo, uma das mais urgentes dentre as novas necessidades que o capitalismo industrial exigia para impulsionar o seu avanço”, explica E. P. Thompson.

    Sendo assim, o valor da mercadoria passou a ser determinado pelo tempo que leva para ser produzida, ou seja, como pontuou Marx, “impõe-se o tempo de trabalho socialmente necessário à sua produção, que é a lei natural reguladora, que não leva em conta pessoas […] A determinação da quantidade do valor pelo tempo do trabalho é, por isso, um segredo oculto sob os movimentos visíveis dos valores relativos das mercadorias”. As máquinas vieram exatamente para produzir uma maior quantidade de mercadorias num menor período de tempo. Diversos inventos foram criados com esse objetivo. A tecnologia pragmática está voltada para essa visão econômica.

    A partir de então, como destaca Harmut Rosa, “as transações monetárias modernas facilitam, multiplicam e aceleram transações sociais e econômicas e, com isso, praticamente, todas as relações sociais”. Antes, um problema que surgia no trabalho na sexta-feira, só seria resolvido na segunda-feira da semana seguinte. Hoje, com a tecnologia criada para acelerar o mundo, o trabalhador recebe uma mensagem no ônibus que pega para voltar para casa ou no happy hour exigindo dele soluções para tratar da situação indesejada para os lucros finais da empresa.

      A educação entra nessa lógica. O indivíduo quer o resultado mais imediato possível, já que o mundo ao seu redor está cada vez mais acelerado. Mas como algo que exige tempo pode auxiliar um indivíduo que vive em um mundo imediatista?

      Assim surgem os cursinhos. Os youtubers, com suas soluções mágicas, explicações “simples” etc., faturam muito nessa economia totalizadora do curto prazo. Se tudo deve ser mercantilizado, tudo deverá ser acelerado. É possível adquirir cada vez mais conhecimento num espaço de tempo cada vez menor? A indústria do conhecimento diz que é.

     O desinteresse pela educação formal vem diminuindo por conta dessa lógica. O aluno quer o resultado imediato, e isso é justamente o que a escola não pode fornecer. Na busca de adequar a escola às exigências do mercado e de seus consumidores, as reformas educacionais vêm tentando encontrar mecanismos que aceleram a produção de pessoas aptas ao mercado de trabalho. Cursos de como fazer brigadeiros a como ser um influenciador digital já estão tomando o espaço de disciplinas como História e Sociologia. Exatamente porque o resultado é muito mais imediato.

     Esse é um movimento antigo. Thompson mostra que, em 1772, já se “via a educação como um treinamento para adquirir o ‘hábito do trabalho'”. O historiador inglês destaca que, ainda no século XVIII, já se observava que “uma vez dentro dos portões da escola, a criança entrava no novo universo do tempo disciplinado”. Com o advento de uma tecnologia voltada para a eficiência (que, no capitalismo, é produzir mais em um período mais curto de tempo), essa função da escola tornou-se mais necessária para o capital.

       Alguns poderiam dizer que os Tigres Asiáticos seriam um exemplo positivo de relacionamento entre educação e economia. Só esquecem que lá houve muito planejamento econômico. Mariana Mazzucato mostra que foi “através do planejamento e políticas industriais ativas [que os países do Leste Asiático] conseguiram se ‘equiparar’ tecnológica e economicamente ao Ocidente”. Ou seja, o casamento entre educação e economia só funciona longe da lógica neoliberal.

     Rosa entende o tempo como uma dimensão central e constitutiva dos fenômenos da modernidade. A aceleração social é um fenômeno crucial para entender o mundo moderno: “a desintegração social seria, assim, uma consequência da crescente dessincronização social; a destruição ambiental, uma consequência da sobrecarga do ciclo cronológico de regeneração da natureza; a perda da individualidade ‘qualitativa’, um subproduto do aumento do ritmo da vida; e o abandono da autonomia racional, resultado da ‘temporalização do tempo'”.

     Onde isto vai parar? As fake news ganham espaço porque muitos preferem as explicações curtas e objetivas sem uma reflexão mais pormenorizada dos fatos. Informações são produzidas numa velocidade cada vez maior pelos próprios veículos confiáveis, porque é necessário vender informação em um intervalo de tempo cada vez mais reduzido. A lógica neoliberal está destruindo a educação, não porque se trata de uma conspiração dos donos do capital por tornar as pessoas mais burras, mas porque a sua dinâmica é a aceleração. A velocidade é um dos principais obstáculos para o conhecimento. Não será possível salvar a educação, a menos que alteremos a lógica econômica que se impõe sobre todo o mundo.


Disponível em: https ://diplomatique.org.br/o-tempo-da-economia-e-o-tempo-da-educacao/. Aces so em: 09 nov. 2024. [Adaptado]
     Nesse contexto, a educação deve ser encarada como um recurso usado por cada indivíduo, visando atender suas necessidades privadas, como, por exemplo, a de arranjar uma boa posição no mercado de trabalho. Assim sendo, ela deixa de ser um bem coletivo e torna-se um bem individual, cuja lógica, importada da economia, provoca uma crise insolúvel na política pública. Insolúvel no sentido de ser impossível resolvê-la dentro das próprias premissas neoliberais.

 A palavra “cuja”, nesse contexto linguístico, é pronome
Alternativas
Q3227073 Não definido
O tempo da economia e o tempo da educação


Raphael Fagundes


        O sociólogo Christian Laval levanta uma questão interessante: “O mercado exige ‘reações’ fortes, enquanto a solução para muitos dos problemas da educação demanda decisões que funcionam no longo prazo”. Sem dúvida este é um dos motivos da crise da educação.

          O neoliberalismo tem como objetivo mercantilizar todas as manifestações humanas. Isso porque F. A. Hayek criou uma espécie de “formação discursiva neoliberal” que pode ser aplicada como episteme capaz de dar conta de diversas áreas. Para Hayek não pode haver um planejamento econômico. O governo deve apenas “fixar normas determinando as condições em que podem ser usados os recursos disponíveis, deixando aos indivíduos a decisão relativa aos fins para os quais eles serão aplicados”. Ou seja, o governo não deve promover um plano econômico com o objetivo de acabar com a fome, desenvolver a tecnologia etc.

       Na visão neoliberal, a economia é um “local” em que cada indivíduo irá extrair recursos para saciar suas necessidades pessoais. Um lugar livre em que se compram ações, fazem-se investimentos para se recolher os lucros. Se o indivíduo quiser criar uma instituição de caridade, escolas etc., ele tem o direito de fazer isto com as quantias provenientes do seu investimento. Por outro lado, “o Estado deve limitar-se a estabelecer normas aplicáveis a situações gerais, deixando os indivíduos livres em tudo que depende das circunstâncias de tempo e lugar, porque só os indivíduos poderão conhecer plenamente as circunstâncias relativas a cada caso e a elas adaptar suas ações”.

      Este mesmo discurso pode vir a ser aplicado a outras áreas, como na educação. A educação acaba se tornando um bem privado. Não deve haver uma política educacional. O Estado não deve investir na educação para formar cidadãos, pessoas críticas etc.

     Nesse contexto, a educação deve ser encarada como um recurso usado por cada indivíduo, visando atender suas necessidades privadas, como, por exemplo, a de arranjar uma boa posição no mercado de trabalho. Assim sendo, ela deixa de ser um bem coletivo e tornase um bem individual, cuja lógica, importada da economia, provoca uma crise insolúvel na política pública. Insolúvel no sentido de ser impossível resolvê-la dentro das próprias premissas neoliberais.

     A grande revolução capitalista foi a Revolução Industrial, mas antes dela já estava sendo trabalhada uma alteração temporal no trabalho. A invenção do relógio foi fundamental. O tempo de produção não estaria mais submetido às intempéries naturais. “O pequeno instrumento que regulava os novos ritmos da vida industrial era, ao mesmo tempo, uma das mais urgentes dentre as novas necessidades que o capitalismo industrial exigia para impulsionar o seu avanço”, explica E. P. Thompson.

    Sendo assim, o valor da mercadoria passou a ser determinado pelo tempo que leva para ser produzida, ou seja, como pontuou Marx, “impõe-se o tempo de trabalho socialmente necessário à sua produção, que é a lei natural reguladora, que não leva em conta pessoas […] A determinação da quantidade do valor pelo tempo do trabalho é, por isso, um segredo oculto sob os movimentos visíveis dos valores relativos das mercadorias”. As máquinas vieram exatamente para produzir uma maior quantidade de mercadorias num menor período de tempo. Diversos inventos foram criados com esse objetivo. A tecnologia pragmática está voltada para essa visão econômica.

    A partir de então, como destaca Harmut Rosa, “as transações monetárias modernas facilitam, multiplicam e aceleram transações sociais e econômicas e, com isso, praticamente, todas as relações sociais”. Antes, um problema que surgia no trabalho na sexta-feira, só seria resolvido na segunda-feira da semana seguinte. Hoje, com a tecnologia criada para acelerar o mundo, o trabalhador recebe uma mensagem no ônibus que pega para voltar para casa ou no happy hour exigindo dele soluções para tratar da situação indesejada para os lucros finais da empresa.

      A educação entra nessa lógica. O indivíduo quer o resultado mais imediato possível, já que o mundo ao seu redor está cada vez mais acelerado. Mas como algo que exige tempo pode auxiliar um indivíduo que vive em um mundo imediatista?

      Assim surgem os cursinhos. Os youtubers, com suas soluções mágicas, explicações “simples” etc., faturam muito nessa economia totalizadora do curto prazo. Se tudo deve ser mercantilizado, tudo deverá ser acelerado. É possível adquirir cada vez mais conhecimento num espaço de tempo cada vez menor? A indústria do conhecimento diz que é.

     O desinteresse pela educação formal vem diminuindo por conta dessa lógica. O aluno quer o resultado imediato, e isso é justamente o que a escola não pode fornecer. Na busca de adequar a escola às exigências do mercado e de seus consumidores, as reformas educacionais vêm tentando encontrar mecanismos que aceleram a produção de pessoas aptas ao mercado de trabalho. Cursos de como fazer brigadeiros a como ser um influenciador digital já estão tomando o espaço de disciplinas como História e Sociologia. Exatamente porque o resultado é muito mais imediato.

     Esse é um movimento antigo. Thompson mostra que, em 1772, já se “via a educação como um treinamento para adquirir o ‘hábito do trabalho'”. O historiador inglês destaca que, ainda no século XVIII, já se observava que “uma vez dentro dos portões da escola, a criança entrava no novo universo do tempo disciplinado”. Com o advento de uma tecnologia voltada para a eficiência (que, no capitalismo, é produzir mais em um período mais curto de tempo), essa função da escola tornou-se mais necessária para o capital.

       Alguns poderiam dizer que os Tigres Asiáticos seriam um exemplo positivo de relacionamento entre educação e economia. Só esquecem que lá houve muito planejamento econômico. Mariana Mazzucato mostra que foi “através do planejamento e políticas industriais ativas [que os países do Leste Asiático] conseguiram se ‘equiparar’ tecnológica e economicamente ao Ocidente”. Ou seja, o casamento entre educação e economia só funciona longe da lógica neoliberal.

     Rosa entende o tempo como uma dimensão central e constitutiva dos fenômenos da modernidade. A aceleração social é um fenômeno crucial para entender o mundo moderno: “a desintegração social seria, assim, uma consequência da crescente dessincronização social; a destruição ambiental, uma consequência da sobrecarga do ciclo cronológico de regeneração da natureza; a perda da individualidade ‘qualitativa’, um subproduto do aumento do ritmo da vida; e o abandono da autonomia racional, resultado da ‘temporalização do tempo'”.

     Onde isto vai parar? As fake news ganham espaço porque muitos preferem as explicações curtas e objetivas sem uma reflexão mais pormenorizada dos fatos. Informações são produzidas numa velocidade cada vez maior pelos próprios veículos confiáveis, porque é necessário vender informação em um intervalo de tempo cada vez mais reduzido. A lógica neoliberal está destruindo a educação, não porque se trata de uma conspiração dos donos do capital por tornar as pessoas mais burras, mas porque a sua dinâmica é a aceleração. A velocidade é um dos principais obstáculos para o conhecimento. Não será possível salvar a educação, a menos que alteremos a lógica econômica que se impõe sobre todo o mundo.


Disponível em: https ://diplomatique.org.br/o-tempo-da-economia-e-o-tempo-da-educacao/. Aces so em: 09 nov. 2024. [Adaptado]
     Nesse contexto, a educação deve ser encarada como um recurso usado por cada indivíduo, visando atender suas necessidades privadas, como, por exemplo, a de arranjar uma boa posição no mercado de trabalho. Assim sendo, ela deixa de ser um bem coletivo e torna-se um bem individual, cuja lógica, importada da economia, provoca uma crise insolúvel na política pública. Insolúvel no sentido de ser impossível resolvê-la dentro das próprias premissas neoliberais.

A palavra “encarada” pode ser substituída, sem que haja prejuízo de sentido, por 
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Q3227074 Não definido
Jonas, que almeja ser professor da rede municipal de ensino de Natal, ao estudar a Lei Complementar nº 241/2024 descobre a regulamentação da carreira docente. A partir dos seus estudos acerca da progressão e da promoção na carreira de professor, Jonas afirma corretamente que
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Q3227075 Não definido
A Educação é exaltada como direito universal e um dos alicerces do Estado brasileiro, conforme disposto na Constituição Federal brasileira de 1988. Esse dever estatal referente à educação será efetivado com a garantia de
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Q3227076 Não definido
O ensino, conforme exaltado pelo Estado brasileiro em todas as esferas federativas, deve estar efetivamente integrado à sociedade para que cumpra seu papel na formação de cidadãos, havendo contribuições de diversos atores para a consolidação desse fim. Dentro do dever de educar do Estado, conforme detalhado no título III da Lei nº 9.394/96, está a compreensão de que
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Q3227077 Não definido
O ensino fundamental, voltado para o desenvolvimento da capacidade de aprender, com foco no domínio da leitura, da escrita e do cálculo, tem disposições específicas e regramentos na redação da Lei nº 9.394/96. A partir dessas disposições, avalie as assertivas a seguir:

I O currículo do Ensino Fundamental incluirá, obrigatoriamente, conteúdo que trate dos direitos das crianças e dos adolescentes, tendo como diretriz o Estatuto da Criança e do Adolescente, observada a produção e a distribuição de material didático adequado.
II O ensino religioso de matrícula obrigatória é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários regulares das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo.
III A jornada escolar no ensino fundamental incluirá pelo menos oito horas de trabalho efetivo em sala de aula, sendo progressivamente ampliado o período de permanência na escola.
IV O estudo sobre os símbolos nacionais será incluído como tema transversal nos currículos do ensino fundamental.

As assertivas que representam regulamentações da Lei nº 9.394/96 acerca do ensino fundamental são 
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Q3227078 Não definido
A base da efetivação das políticas públicas em educação são os próprios profissionais da educação, os quais devem ser valorizados em seu ofício e fomentados com condições dignas, conforme exaltadas na legislação que trata da educação nacional. Assim, respeitando o que dispõe a Lei nº 9.394/96 acerca dos profissionais da educação, tem-se que
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Q3227079 Não definido
A avaliação é um componente importante do sistema de categorias da Didática. Em relação a essa categoria, uma professora de uma escola de ensino fundamental, numa reunião pedagógica, faz as afirmações abaixo.

I A avaliação da aprendizagem é, essencialmente, o julgamento do resultado final da aprendizagem do estudante que tem como finalidade atestar seu sucesso ou fracasso.
II A avaliação inicial (diagnóstico inicial da aprendizagem) é pertinente sempre que o professor propuser novos conteúdos ou novas sequências didáticas.
III Uma função da avaliação, no processo de ensino e aprendizagem, é obter informações sobre as aprendizagens dos estudantes para os ajustes nas orientações e na intervenção pedagógica do professor.
IV A prova escrita final é o instrumento mais confiável para avaliar o processo de aprendizagem dos estudantes.


As afirmações corretas quanto à avaliação da aprendizagem estão nos itens
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Q3227080 Não definido
Para J. Libâneo (1990), as reflexões sobre a Didática, seu objeto de estudo, sua natureza e seu campo de aplicação têm importante papel na formação e na prática dos professores. Para o autor, a Didática 
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Q3227081 Não definido
Uma professora se propõe a planejar uma atividade de ensino de um dado conteúdo de ciências naturais, fundamentado nas ideias da teoria de J. Piaget sobre a aprendizagem, mas apresenta algumas dúvidas que formulou, sob a forma de perguntas, para esclarecer com a coordenadora pedagógica da escola aquelas que NÃO se relacionam com a referida teoria. As perguntas estão explicitadas nos itens abaixo.


I A teoria de aprendizagem de Piaget explica os processos de formação de habilidades e atitudes dos estudantes?
II Na aprendizagem de um conteúdo conceitual, deve-se produzir um desequilíbrio na estrutura cognitiva inicial do estudante?
III Os processos de acomodação antecedem os de assimilação quando se aprende um novo conteúdo?
IV O processo de aprendizagem, sob a perspectiva de Piaget, pode ser considerado como o de construção de novos conhecimentos?

Para planejar adequadamente a atividade, com base nas ideias de Piaget, a professora deve esclarecer, com a coordenadora, as dúvidas, sob a forma de perguntas, presentes nos itens
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Q3227082 Não definido
Na atual Base Nacional Comum Curricular (BNCC), os conteúdos se estruturam na base das categorias competências e habilidades. O conhecimento profissional dessas categorias é imprescindível para que os professores, com base na BNCC, possam organizar suas atividades de ensino. Na BNCC,
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Q3227083 Não definido
As ideias de Paulo Freire têm uma importância significativa no pensamento pedagógico brasileiro, contribuindo para que se desenvolva uma educação de qualidade social que fortaleça a sociedade democrática. Em uma reunião de planejamento, duas professoras que discutiam as ideias de Freire fizeram quatro afirmações, explicitadas nos itens abaixo.

I Para Freire, no desenvolvimento da consciência crítica, a educação pode ter um papel essencial.
II O método de Freire é específico para alfabetizar crianças nos anos iniciais do ensino fundamental, pois favorece a formação da consciência política.
III Para Freire, a inseparabilidade entre os atos educativos e os políticos bem como a busca permanente de compreensão das especificidades de cada um deles decorrem da não redutibilidade de um ato em outro.
IV O método de Freire, para alfabetizar, se fundamenta no caráter neutro dos conteúdos específicos do currículo da escola.

As afirmações corretas quanto ao pensamento de Freire estão nos itens 
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Q3227084 Não definido
No planejamento didático de atividades de ensino, deve-se ter uma visão sistêmica das categorias didáticas objetivos, conteúdos, meios didáticos, métodos e avaliação. Essa visão se justifica pelo fato de 
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Q3227085 Não definido
A elaboração do Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola é uma condição necessária a seu funcionamento no sentido de contribuir para a gestão democrática da instituição escolar, que tem como foco a educação dos estudantes. Nessa perspectiva, o currículo é parte integrante desse projeto e se relaciona com as experiências escolares, vivenciadas em torno de conhecimentos e permeadas por relações sociais. Em relação ao PPP e ao currículo da escola, considere as afirmações abaixo.

I Um diagnóstico inicial de diversos aspectos da escola e da vida dos estudantes pode contribuir para uma maior clareza das metas da escola na elaboração do PPP.
II Na elaboração do PPP da escola, as metas para os diferentes componentes curriculares devem ser definidas pela equipe gestora.
III A autonomia da escola supõe um currículo com total independência dos referenciais curriculares nacionais e estaduais.
IV O currículo é um dispositivo de grande efeito para a construção da identidade cultural dos estudantes.

Das afirmações, estão corretas
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Q3227086 Não definido
Durante a aprendizagem, a postura epistemológica do professor, perante os erros dos estudantes, influencia as estratégias didáticas que ele desenvolve na sala de aula. Em relação a essa situação, uma professora, no início de sua atividade profissional, faz quatro afirmações durante uma discussão com a coordenadora pedagógica, pois pretende saber quais delas estão INCORRETAS. Essas afirmações estão explicitadas nos itens abaixo.

I Durante o processo de aprendizagem, os erros dos estudantes são obstáculos, sendo necessário, em razão disso, evitá-los.
II Quando os estudantes têm consciência dos erros cometidos, estes podem ser fonte de aprendizagem reflexiva.
III Os erros se revelam nas respostas dos estudantes, enquanto as dificuldades de aprendizagem podem ser consideradas causas que os provocam.
IV Os erros sempre são consequências de limitações cognitivas dos estudantes e se revelam quando estes respondem a avaliações padronizadas.

Sob as perspectivas construtivistas, as ideias a serem discutidas com a coordenadora pedagógica, por serem consideradas INCORRETAS, estão nos itens 
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Q3227087 Não definido
Um grupo de professores de uma escola municipal do ensino fundamental se reúne para definir estratégias que possam contribuir com a formação da habilidade de autorregulação das aprendizagens dos estudantes, ou seja, com o aprender a aprender, considerada essencial à educação do século XXI, caracterizada pela quantidade exponencial de informações e conhecimentos. Uma estratégia adequada a esse propósito é 
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Q3227088 Não definido
Durante a semana pedagógica de uma escola do Ensino Fundamental, um grupo de professores decide debater sobre a Educação Especial e as questões de ensino-aprendizagem associadas a ela. Durante o debate, surgiram algumas dúvidas a serem analisadas no grupo. Nos itens abaixo, estão explicitadas essas dúvidas, formuladas sob a forma de perguntas.

I A Educação Especial é uma modalidade transversal presente em todos os níveis, etapas e modalidades do ensino, devendo estar presente no PPP?
II Os estudantes com deficiências, transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades/superdotação devem ser matriculados, preferentemente, no Atendimento Educacional Especializado?
III A tarefa fundamental do professor com estudantes de baixa visão é superar as limitações cognitivas deles para aprender?
IV A escola deve assegurar, aos estudantes com deficiências, um currículo, métodos e uma organização específica para atender suas necessidades?

As dúvidas, formuladas sob a forma de perguntas, que devem ser discutidas pelos professores, por NÃO serem coerentes com as orientações atuais da Educação Especial, estão nos itens 
Alternativas
Respostas
1: A
2: A
3: A
4: A
5: A
6: A
7: A
8: A
9: A
10: A
11: A
12: A
13: A
14: A
15: A
16: A
17: A
18: A
19: A
20: A