Questões de Concurso Público SEDU-ES 2016 para Professor - Biologia/Ciências

Foram encontradas 70 questões

Q712350 Pedagogia
A utilização da experimentação em sala de aula é uma tendência já defendida desde a década de 1970 pelos projetos curriculares, no entanto até hoje há resistências para sua incorporação. Uma das potencialidades pedagógicas e os principais desafios de se utilizar a experimentação nas aulas de ciências são, respectivamente,
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Q712351 Pedagogia
As atividades de estudo do meio vêm sendo cada vez mais realizadas nas escolas, em outros espaços de educação e podem ser feitas pontualmente ou se constituir com verdadeiros projetos durante um bimestre, semestre ou ano. (KRASILCHIK, M. MARANDINO, M. Ensino de Ciências e cidadania, Editora Moderna, 1. ed., 2004. p.47) Diante desta afirmação, são pressupostos importantes para a realização de estudos do meio:
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Q712352 Pedagogia
Para introduzir na sala de aula um projeto pedagógico que tenha como eixo principal um tema de pesquisa atual na ciência, o professor pode escolher diferentes estratégias, dentre elas: I. Utilizar materiais audiovisuais, como um vídeo de divulgação cientifica sobre o assunto. II. Convidar um pesquisador especialista para dar uma palestra sobre o assunto, levantando anteriormente com os alunos questões para serem discutidas com o convidado. III. Dar como tarefa de casa a leitura na íntegra de um artigo científico publicado em revista internacional sobre o assunto. IV. Elaborar uma questão “problema” para introduzir o tema, incentivando atividades de pesquisa roteirizada sobre o tema. Dentre as afirmativas, são adequadas para a realidade escolar brasileira APENAS
Alternativas
Q712353 Pedagogia
Recentes pesquisas sobre educação em ciências defendem a Alfabetização Científica como meta de ensino e aprendizagem das ciências. A alternativa que descreve um objetivo da Alfabetização Científica é:
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Q747822 Português

Medo da eternidade

    Jamais esquecerei o meu aflitivo e dramático contato com a eternidade. 
    Quando eu era muito pequena ainda não tinha provado chicles e mesmo em Recife falava-se pouco deles. Eu nem sabia bem de que espécie de bala ou bombom se tratava. Mesmo o dinheiro que eu tinha não dava para comprar: com o mesmo dinheiro eu lucraria não sei quantas balas. 
    Afinal minha irmã juntou dinheiro, comprou e ao sairmos de casa para a escola me explicou: 
    − Tome cuidado para não perder, porque esta bala nunca se acaba. Dura a vida inteira. 
    − Como não acaba? – Parei um instante na rua, perplexa. 
    − Não acaba nunca, e pronto. 
    Eu estava boba: parecia-me ter sido transportada para o reino de histórias de príncipes e fadas. Peguei a pequena pastilha cor-de-rosa que representava o elixir do longo prazer. Examinei-a, quase não podia acreditar no milagre. Eu que, como outras crianças, às vezes tirava da boca uma bala ainda inteira, para chupar depois, só para fazê-la durar mais. E eis-me com aquela coisa cor-de-rosa, de aparência tão inocente, tornando possível o mundo impossível do qual eu já começara a me dar conta. 
    Com delicadeza, terminei afinal pondo o chicle na boca. 
    − E agora que é que eu faço? − perguntei para não errar no ritual que certamente deveria haver. 
    − Agora chupe o chicle para ir gostando do docinho dele, e só depois que passar o gosto você começa a mastigar. E aí mastiga a vida inteira. A menos que você perca, eu já perdi vários. 
    Perder a eternidade? Nunca. 
    O adocicado do chicle era bonzinho, não podia dizer que era ótimo. E, ainda perplexa, encaminhávamo-nos para a escola. 
    − Acabou-se o docinho. E agora? 
    − Agora mastigue para sempre. 
    Assustei-me, não saberia dizer por quê. Comecei a mastigar e em breve tinha na boca aquele puxa-puxa cinzento de borracha que não tinha gosto de nada. Mastigava, mastigava. Mas me sentia contrafeita. Na verdade eu não estava gostando do gosto. E a vantagem de ser bala eterna me enchia de uma espécie de medo, como se tem diante da ideia de eternidade ou de infinito. 
    Eu não quis confessar que não estava à altura da eternidade. Que só me dava era aflição. Enquanto isso, eu mastigava obedientemente, sem parar. 
    Até que não suportei mais, e, atravessando o portão da escola, dei um jeito de o chicle mastigado cair no chão de areia. 
    − Olha só o que me aconteceu! – disse eu em fingidos espanto e tristeza. Agora não posso mastigar mais! A bala acabou! 
    − Já lhe disse, repetiu minha irmã, que ela não acaba nunca. Mas a gente às vezes perde. Até de noite a gente pode ir mastigando, mas para não engolir no sono a gente prega o chicle na cama. Não fique triste, um dia lhe dou outro, e esse você não perderá. 
    Eu estava envergonhada diante da bondade de minha irmã, envergonhada da mentira que pregara dizendo que o chicle caíra da boca por acaso. Mas aliviada. Sem o peso da eternidade sobre mim.

06 de junho de 1970

(LISPECTOR, Clarice. A descoberta do mundo – crônicas. Rio de Janeiro: Rocco, 1999, p.289-91)

Ainda que se saiba da liberdade com que Clarice Lispector lidava com esse gênero, pode-se assegurar que Medo da eternidade é uma crônica na medida em que se trata
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Respostas
61: D
62: A
63: C
64: C
65: B