Fogo: da catástrofe à conservação ambiental
O fogo em vegetação é um fator ecológico que pode ser
benéfico ou maléfico, dependendo de como, onde,
quando e por que ele ocorre. Se descontrolado, torna-se
incêndio florestal e causa destruição; se bem planejado,
pode contribuir para a manutenção do clima e conservar
a sociobiodivesidade. Assim, o manejo do fogo - que, no
Brasil, pode estar prestes a ganhar legislação federal
própria - deve considerar as necessidades ambientais e
sociais, para reduzir seus efeitos negativos.
O mundo enfrenta incêndios cada vez mais catastróficos,
com efeitos severos sobre clima, biodiversidade e
pessoas. Esse agravamento dos efeitos negativos do
fogo está relacionado às alterações climáticas (ventos
mais fortes, regime pluviométrico alterado e
temperaturas elevadas), associadas à ampliação das
fontes de ignição, provenientes do aumento populacional
e da ocupação irregular de novas áreas.
As alterações climáticas tornam a vegetação mais seca -
que se torna matéria combustível -, facilitam a
propagação do fogo e tornam mais difícil seu combate -
mesmo que este último conte com aumento de
investimentos financeiros, aporte de pessoal e mais
infraestrutura. Além disso, a meta de 'fogo-zero' em
vegetação gera um processo de retroalimentação
positiva aos incêndios, pois mais combustível fica
acumulado no ambiente.
Como exemplo, podem ser citados os incêndios: em
Portugal, em 2017; na Austrália, em 2019 e no ano
seguinte; no Pantanal brasileiro, em 2020; e na Grécia e
Califórnia, em 2021. Em 2022, também não faltaram
exemplos ruins: novamente na Califórnia (EUA), na
Sibéria, em Chernobyl (Ucrânia) e vários países da
Europa.
No Brasil, podemos citar o incêndio que atingiu o Parque
Nacional de Brasília, afetando aproximadamente 30% de
sua área, e os da Amazônia, onde o Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais registrou a maior quantidade de
focos de calor dos últimos 12 anos.
Situações extremas como essas atingiram vidas
humanas, geraram perda de solo fértil, alteraram a
qualidade e quantidade de água, bem como aumentaram
as emissões de gases de efeito estufa.
É inegável que o medo que o fogo exerce contribui para
sua predominante visão negativa. O fogo foi usado
indiscriminadamente em guerras, controle e dominação,
provocando devastação social e ambiental. O processo
de colonização do Brasil iniciou-se em um bioma
considerado sensível ao fogo, a Mata Atlântica, no litoral,
onde incêndios impactavam bens de consumo e
exportação, como lenha, pau-brasil e madeiras de
importância naval.
Há, porém, a possibilidade de empregá-lo como uma
forma de conservação ambiental embora, claro, seja
necessário tomar todo o cuidado e ter certificação de que
o uso do fogo é seguro tanto para pessoas quanto para
ecossistemas. Dessa forma, não se argumenta em favor
de queimadas em qualquer lugar, horário e feitas de
qualquer forma, visto que é justamente isso que se
busca prevenir por meio do uso do fogo como meio de
conservação ambiental.
SILVA, Camila Souza. Et al. Fogo: da catástrofe à conservação
ambiental. Ciência hoje. Disponível em: ental
://cienciahoje.org.br/artigo/fogo-da-catastrofe-a-conservacao-ambiental/
Acesso em: 04 nov., 2022.