Questões de Concurso Público Prefeitura de Ji-Paraná - RO 2018 para Enfermeiro de Saúde Mental

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Q1122703 Saúde Pública
O estado de Rondônia é considerado endêmico para hanseníase, sendo importante uma vigilância adequada da doença. A notificação faz parte dessa vigilância e, no caso da hanseníase, deve ser feita no prazo máximo (a partir do conhecimento da doença) de:
Alternativas
Q1122836 Português

Como não ser feliz

Nós não nascemos pra ser felizes.

Isso é uma descoberta, um anseio recente

 

       A moça aproximou-se após esperar alguns minutos na fila da tarde de autógrafos na livraria e disparou, com um sorriso entredentes, à queima-roupa:

– Você é feliz?

Respondi, afável mas secamente:

– Não!

– Jura? Não acredito!

    A essa altura, começava a pensar, pelo teor da conversa, tratar-se de pura gozação. Mas vi que era a sério quando ela tascou: – Você passa a impressão de que é bem feliz… Pedi breve licença às pessoas na fila. E avancei no debate:

     – Veja, nós não nascemos pra ser felizes. Isso é uma descoberta, um anseio recente… Há 200 anos, tudo que as pessoas queriam era sobreviver, chegar aos 30 anos... No começo dos tempos, você acha que o homem tinha tempo pra pensar em felicidade enquanto fugia dos dinossauros e outras ameaças? Ela ficou parada, certamente surpresa com argumento tão inusitado. Continuei:

       – Quantas “pessoas felizes” você conhece?

       – Não muitas – ela respondeu, já um tanto desolada.

     – Eu não conheço nenhuma – sentenciei, quase amargo. Ela riu um riso sem graça.Aliviei um pouco.

       – O que acontece é que algumas pessoas são bem resolvidas com seu trabalho, têm uma vida familiar relativamente tranquila… Essas pessoas talvez pareçam felizes, não demonstram amargura com a vida. E talvez eu seja uma delas. Prefiro acreditar nisso.

      Ela balançou a cabeça, resignada. E eu, concluindo meu pensamento:

     – “Ser feliz” hoje em dia tem mais a ver com poder financeiro, desejos de consumo sem-fim, que com qualquer outra coisa. Mas pense comigo: se você não vive desesperadamente pelo dinheiro, não tem sonhos impossíveis, fica mais fácil viver, mais fluente, mais tranquilo…

     A essa altura eu já me sentia protagonista da palestra “Lair Ribeiro para jovens que sonham com a felicidade”. Só que às avessas, ensinando não como ser feliz, mas como não ser.

        – Se você dedica mais tempo ao lúdico e vive menos pressionado pela corrida do ouro que virou nosso tempo, você terá mais tempo para o que importa… Isso, talvez, seja felicidade, vai saber.

        – É, mas… e o dinheiro? – ela retrucou, mostrando não ser tão avoada assim.

    – Se nos satisfizéssemos em ganhar apenas o necessário para viver bem, confortavelmente, sem sacrifícios, seria ótimo. Mas nossa natureza sempre pede mais… E isso torna as pessoas bastante infelizes, viram escravas do dinheiro…

      A fila já chiava, por conta da espera, interrompida por esse debate misterioso, para o qual os demais não foram convidados. Ainda ilustrei rapidamente, para finalizar, com um filme argentino obscuro que o vi há algum tempo, uma espécie de comédia surreal e filosófica em que dois funcionários de uma companhia elétrica ou de esgotos vagam pela cidade, vivendo situações estranhas e mesmo delirantes. Em dado momento, um fala ao outro: “Preciso ir, tenho que dormir, estou muito cansado.” Ao que o outro diz: “Ok, nos encontramos às sete então?” E o primeiro diz: “Não, preciso dormir pelo menos oito horas, senão não descanso.” O outro contra-ataca: “Essa história de dormir oito horas por dia é uma invenção burguesa. Você acha que no tempo das guerras as pessoas pensavam nisso? Na Idade Média, você acha que alguém dormia oito horas por dia?” O outro fica sem palavras.

       Para arrematar nossa conversa, disse-lhe:

     – É a mesma coisa. Um guerreiro assírio não devia pensar em felicidade, apenas em sobreviver à próxima guerra. Assim é que deveríamos pensar, em sobreviver à próxima guerra. E só.

     Sorri. Ela também sorriu.

    – Fiquei muito feliz de ter você aqui nesta tarde

 – ainda lhe disse (enfatizando a palavra feliz) à guisa de ironia, mas não sem verdade.

BALEIRO, Zeca. Como não ser feliz. IstoÉ, dez.2012. Disponível em http://istoe.com.br (Adaptado) 

Sobre o texto pode-se afirmar que o narrador:

I. considera que o desejo de consumir cria necessidades sem-fim, de modo que as pessoas se tornam muito preocupadas com o que querem alcançar.

II. explica que é essencial fazer projeções sobre a felicidade para que se possa, verdadeiramente, ser feliz.

III. afirma que, certamente, para que se possa ser feliz, basta não demonstrar suas amarguras.

IV. recomenda, para se encontrar a felicidade, assistir palestras de Lair Ribeiro para jovens que sonham a felicidade.

Está correto apenas o que se afirma em:

Alternativas
Q1122837 Português

Como não ser feliz

Nós não nascemos pra ser felizes.

Isso é uma descoberta, um anseio recente

 

       A moça aproximou-se após esperar alguns minutos na fila da tarde de autógrafos na livraria e disparou, com um sorriso entredentes, à queima-roupa:

– Você é feliz?

Respondi, afável mas secamente:

– Não!

– Jura? Não acredito!

    A essa altura, começava a pensar, pelo teor da conversa, tratar-se de pura gozação. Mas vi que era a sério quando ela tascou: – Você passa a impressão de que é bem feliz… Pedi breve licença às pessoas na fila. E avancei no debate:

     – Veja, nós não nascemos pra ser felizes. Isso é uma descoberta, um anseio recente… Há 200 anos, tudo que as pessoas queriam era sobreviver, chegar aos 30 anos... No começo dos tempos, você acha que o homem tinha tempo pra pensar em felicidade enquanto fugia dos dinossauros e outras ameaças? Ela ficou parada, certamente surpresa com argumento tão inusitado. Continuei:

       – Quantas “pessoas felizes” você conhece?

       – Não muitas – ela respondeu, já um tanto desolada.

     – Eu não conheço nenhuma – sentenciei, quase amargo. Ela riu um riso sem graça.Aliviei um pouco.

       – O que acontece é que algumas pessoas são bem resolvidas com seu trabalho, têm uma vida familiar relativamente tranquila… Essas pessoas talvez pareçam felizes, não demonstram amargura com a vida. E talvez eu seja uma delas. Prefiro acreditar nisso.

      Ela balançou a cabeça, resignada. E eu, concluindo meu pensamento:

     – “Ser feliz” hoje em dia tem mais a ver com poder financeiro, desejos de consumo sem-fim, que com qualquer outra coisa. Mas pense comigo: se você não vive desesperadamente pelo dinheiro, não tem sonhos impossíveis, fica mais fácil viver, mais fluente, mais tranquilo…

     A essa altura eu já me sentia protagonista da palestra “Lair Ribeiro para jovens que sonham com a felicidade”. Só que às avessas, ensinando não como ser feliz, mas como não ser.

        – Se você dedica mais tempo ao lúdico e vive menos pressionado pela corrida do ouro que virou nosso tempo, você terá mais tempo para o que importa… Isso, talvez, seja felicidade, vai saber.

        – É, mas… e o dinheiro? – ela retrucou, mostrando não ser tão avoada assim.

    – Se nos satisfizéssemos em ganhar apenas o necessário para viver bem, confortavelmente, sem sacrifícios, seria ótimo. Mas nossa natureza sempre pede mais… E isso torna as pessoas bastante infelizes, viram escravas do dinheiro…

      A fila já chiava, por conta da espera, interrompida por esse debate misterioso, para o qual os demais não foram convidados. Ainda ilustrei rapidamente, para finalizar, com um filme argentino obscuro que o vi há algum tempo, uma espécie de comédia surreal e filosófica em que dois funcionários de uma companhia elétrica ou de esgotos vagam pela cidade, vivendo situações estranhas e mesmo delirantes. Em dado momento, um fala ao outro: “Preciso ir, tenho que dormir, estou muito cansado.” Ao que o outro diz: “Ok, nos encontramos às sete então?” E o primeiro diz: “Não, preciso dormir pelo menos oito horas, senão não descanso.” O outro contra-ataca: “Essa história de dormir oito horas por dia é uma invenção burguesa. Você acha que no tempo das guerras as pessoas pensavam nisso? Na Idade Média, você acha que alguém dormia oito horas por dia?” O outro fica sem palavras.

       Para arrematar nossa conversa, disse-lhe:

     – É a mesma coisa. Um guerreiro assírio não devia pensar em felicidade, apenas em sobreviver à próxima guerra. Assim é que deveríamos pensar, em sobreviver à próxima guerra. E só.

     Sorri. Ela também sorriu.

    – Fiquei muito feliz de ter você aqui nesta tarde

 – ainda lhe disse (enfatizando a palavra feliz) à guisa de ironia, mas não sem verdade.

BALEIRO, Zeca. Como não ser feliz. IstoÉ, dez.2012. Disponível em http://istoe.com.br (Adaptado) 

Qual das afirmações a seguir traduz a ideia do trecho destacado em “Um guerreiro assírio não devia pensar em felicidade, apenas em SOBREVIVER À PRÓXIMA GUERRA.”?
Alternativas
Q1122838 Português

Como não ser feliz

Nós não nascemos pra ser felizes.

Isso é uma descoberta, um anseio recente

 

       A moça aproximou-se após esperar alguns minutos na fila da tarde de autógrafos na livraria e disparou, com um sorriso entredentes, à queima-roupa:

– Você é feliz?

Respondi, afável mas secamente:

– Não!

– Jura? Não acredito!

    A essa altura, começava a pensar, pelo teor da conversa, tratar-se de pura gozação. Mas vi que era a sério quando ela tascou: – Você passa a impressão de que é bem feliz… Pedi breve licença às pessoas na fila. E avancei no debate:

     – Veja, nós não nascemos pra ser felizes. Isso é uma descoberta, um anseio recente… Há 200 anos, tudo que as pessoas queriam era sobreviver, chegar aos 30 anos... No começo dos tempos, você acha que o homem tinha tempo pra pensar em felicidade enquanto fugia dos dinossauros e outras ameaças? Ela ficou parada, certamente surpresa com argumento tão inusitado. Continuei:

       – Quantas “pessoas felizes” você conhece?

       – Não muitas – ela respondeu, já um tanto desolada.

     – Eu não conheço nenhuma – sentenciei, quase amargo. Ela riu um riso sem graça.Aliviei um pouco.

       – O que acontece é que algumas pessoas são bem resolvidas com seu trabalho, têm uma vida familiar relativamente tranquila… Essas pessoas talvez pareçam felizes, não demonstram amargura com a vida. E talvez eu seja uma delas. Prefiro acreditar nisso.

      Ela balançou a cabeça, resignada. E eu, concluindo meu pensamento:

     – “Ser feliz” hoje em dia tem mais a ver com poder financeiro, desejos de consumo sem-fim, que com qualquer outra coisa. Mas pense comigo: se você não vive desesperadamente pelo dinheiro, não tem sonhos impossíveis, fica mais fácil viver, mais fluente, mais tranquilo…

     A essa altura eu já me sentia protagonista da palestra “Lair Ribeiro para jovens que sonham com a felicidade”. Só que às avessas, ensinando não como ser feliz, mas como não ser.

        – Se você dedica mais tempo ao lúdico e vive menos pressionado pela corrida do ouro que virou nosso tempo, você terá mais tempo para o que importa… Isso, talvez, seja felicidade, vai saber.

        – É, mas… e o dinheiro? – ela retrucou, mostrando não ser tão avoada assim.

    – Se nos satisfizéssemos em ganhar apenas o necessário para viver bem, confortavelmente, sem sacrifícios, seria ótimo. Mas nossa natureza sempre pede mais… E isso torna as pessoas bastante infelizes, viram escravas do dinheiro…

      A fila já chiava, por conta da espera, interrompida por esse debate misterioso, para o qual os demais não foram convidados. Ainda ilustrei rapidamente, para finalizar, com um filme argentino obscuro que o vi há algum tempo, uma espécie de comédia surreal e filosófica em que dois funcionários de uma companhia elétrica ou de esgotos vagam pela cidade, vivendo situações estranhas e mesmo delirantes. Em dado momento, um fala ao outro: “Preciso ir, tenho que dormir, estou muito cansado.” Ao que o outro diz: “Ok, nos encontramos às sete então?” E o primeiro diz: “Não, preciso dormir pelo menos oito horas, senão não descanso.” O outro contra-ataca: “Essa história de dormir oito horas por dia é uma invenção burguesa. Você acha que no tempo das guerras as pessoas pensavam nisso? Na Idade Média, você acha que alguém dormia oito horas por dia?” O outro fica sem palavras.

       Para arrematar nossa conversa, disse-lhe:

     – É a mesma coisa. Um guerreiro assírio não devia pensar em felicidade, apenas em sobreviver à próxima guerra. Assim é que deveríamos pensar, em sobreviver à próxima guerra. E só.

     Sorri. Ela também sorriu.

    – Fiquei muito feliz de ter você aqui nesta tarde

 – ainda lhe disse (enfatizando a palavra feliz) à guisa de ironia, mas não sem verdade.

BALEIRO, Zeca. Como não ser feliz. IstoÉ, dez.2012. Disponível em http://istoe.com.br (Adaptado) 

Sobre os elementos destacados do fragmento “Há 200 anos, tudo que as pessoas queriam era sobreviver, chegar aos 30 anos....”, leia as afirmativas.

I. De acordo com o novo acordo ortográfico, palavras monossílabas terminadas em A não recebem mais acento, sendo assim, a flexão verbal HÁ foi grafada de modo indevido.

II. TUDO é um pronome substantivo indefinido.

III. QUE é uma conjunção subordinativa adverbial.

Está correto apenas o que se afirma em:

Alternativas
Q1122839 Português

Como não ser feliz

Nós não nascemos pra ser felizes.

Isso é uma descoberta, um anseio recente

 

       A moça aproximou-se após esperar alguns minutos na fila da tarde de autógrafos na livraria e disparou, com um sorriso entredentes, à queima-roupa:

– Você é feliz?

Respondi, afável mas secamente:

– Não!

– Jura? Não acredito!

    A essa altura, começava a pensar, pelo teor da conversa, tratar-se de pura gozação. Mas vi que era a sério quando ela tascou: – Você passa a impressão de que é bem feliz… Pedi breve licença às pessoas na fila. E avancei no debate:

     – Veja, nós não nascemos pra ser felizes. Isso é uma descoberta, um anseio recente… Há 200 anos, tudo que as pessoas queriam era sobreviver, chegar aos 30 anos... No começo dos tempos, você acha que o homem tinha tempo pra pensar em felicidade enquanto fugia dos dinossauros e outras ameaças? Ela ficou parada, certamente surpresa com argumento tão inusitado. Continuei:

       – Quantas “pessoas felizes” você conhece?

       – Não muitas – ela respondeu, já um tanto desolada.

     – Eu não conheço nenhuma – sentenciei, quase amargo. Ela riu um riso sem graça.Aliviei um pouco.

       – O que acontece é que algumas pessoas são bem resolvidas com seu trabalho, têm uma vida familiar relativamente tranquila… Essas pessoas talvez pareçam felizes, não demonstram amargura com a vida. E talvez eu seja uma delas. Prefiro acreditar nisso.

      Ela balançou a cabeça, resignada. E eu, concluindo meu pensamento:

     – “Ser feliz” hoje em dia tem mais a ver com poder financeiro, desejos de consumo sem-fim, que com qualquer outra coisa. Mas pense comigo: se você não vive desesperadamente pelo dinheiro, não tem sonhos impossíveis, fica mais fácil viver, mais fluente, mais tranquilo…

     A essa altura eu já me sentia protagonista da palestra “Lair Ribeiro para jovens que sonham com a felicidade”. Só que às avessas, ensinando não como ser feliz, mas como não ser.

        – Se você dedica mais tempo ao lúdico e vive menos pressionado pela corrida do ouro que virou nosso tempo, você terá mais tempo para o que importa… Isso, talvez, seja felicidade, vai saber.

        – É, mas… e o dinheiro? – ela retrucou, mostrando não ser tão avoada assim.

    – Se nos satisfizéssemos em ganhar apenas o necessário para viver bem, confortavelmente, sem sacrifícios, seria ótimo. Mas nossa natureza sempre pede mais… E isso torna as pessoas bastante infelizes, viram escravas do dinheiro…

      A fila já chiava, por conta da espera, interrompida por esse debate misterioso, para o qual os demais não foram convidados. Ainda ilustrei rapidamente, para finalizar, com um filme argentino obscuro que o vi há algum tempo, uma espécie de comédia surreal e filosófica em que dois funcionários de uma companhia elétrica ou de esgotos vagam pela cidade, vivendo situações estranhas e mesmo delirantes. Em dado momento, um fala ao outro: “Preciso ir, tenho que dormir, estou muito cansado.” Ao que o outro diz: “Ok, nos encontramos às sete então?” E o primeiro diz: “Não, preciso dormir pelo menos oito horas, senão não descanso.” O outro contra-ataca: “Essa história de dormir oito horas por dia é uma invenção burguesa. Você acha que no tempo das guerras as pessoas pensavam nisso? Na Idade Média, você acha que alguém dormia oito horas por dia?” O outro fica sem palavras.

       Para arrematar nossa conversa, disse-lhe:

     – É a mesma coisa. Um guerreiro assírio não devia pensar em felicidade, apenas em sobreviver à próxima guerra. Assim é que deveríamos pensar, em sobreviver à próxima guerra. E só.

     Sorri. Ela também sorriu.

    – Fiquei muito feliz de ter você aqui nesta tarde

 – ainda lhe disse (enfatizando a palavra feliz) à guisa de ironia, mas não sem verdade.

BALEIRO, Zeca. Como não ser feliz. IstoÉ, dez.2012. Disponível em http://istoe.com.br (Adaptado) 

“ISSO é uma descoberta, um anseio recente.”

O uso da forma destacada do demonstrativo, no contexto, se justifica em razão de:

Alternativas
Q1122840 Português

Como não ser feliz

Nós não nascemos pra ser felizes.

Isso é uma descoberta, um anseio recente

 

       A moça aproximou-se após esperar alguns minutos na fila da tarde de autógrafos na livraria e disparou, com um sorriso entredentes, à queima-roupa:

– Você é feliz?

Respondi, afável mas secamente:

– Não!

– Jura? Não acredito!

    A essa altura, começava a pensar, pelo teor da conversa, tratar-se de pura gozação. Mas vi que era a sério quando ela tascou: – Você passa a impressão de que é bem feliz… Pedi breve licença às pessoas na fila. E avancei no debate:

     – Veja, nós não nascemos pra ser felizes. Isso é uma descoberta, um anseio recente… Há 200 anos, tudo que as pessoas queriam era sobreviver, chegar aos 30 anos... No começo dos tempos, você acha que o homem tinha tempo pra pensar em felicidade enquanto fugia dos dinossauros e outras ameaças? Ela ficou parada, certamente surpresa com argumento tão inusitado. Continuei:

       – Quantas “pessoas felizes” você conhece?

       – Não muitas – ela respondeu, já um tanto desolada.

     – Eu não conheço nenhuma – sentenciei, quase amargo. Ela riu um riso sem graça.Aliviei um pouco.

       – O que acontece é que algumas pessoas são bem resolvidas com seu trabalho, têm uma vida familiar relativamente tranquila… Essas pessoas talvez pareçam felizes, não demonstram amargura com a vida. E talvez eu seja uma delas. Prefiro acreditar nisso.

      Ela balançou a cabeça, resignada. E eu, concluindo meu pensamento:

     – “Ser feliz” hoje em dia tem mais a ver com poder financeiro, desejos de consumo sem-fim, que com qualquer outra coisa. Mas pense comigo: se você não vive desesperadamente pelo dinheiro, não tem sonhos impossíveis, fica mais fácil viver, mais fluente, mais tranquilo…

     A essa altura eu já me sentia protagonista da palestra “Lair Ribeiro para jovens que sonham com a felicidade”. Só que às avessas, ensinando não como ser feliz, mas como não ser.

        – Se você dedica mais tempo ao lúdico e vive menos pressionado pela corrida do ouro que virou nosso tempo, você terá mais tempo para o que importa… Isso, talvez, seja felicidade, vai saber.

        – É, mas… e o dinheiro? – ela retrucou, mostrando não ser tão avoada assim.

    – Se nos satisfizéssemos em ganhar apenas o necessário para viver bem, confortavelmente, sem sacrifícios, seria ótimo. Mas nossa natureza sempre pede mais… E isso torna as pessoas bastante infelizes, viram escravas do dinheiro…

      A fila já chiava, por conta da espera, interrompida por esse debate misterioso, para o qual os demais não foram convidados. Ainda ilustrei rapidamente, para finalizar, com um filme argentino obscuro que o vi há algum tempo, uma espécie de comédia surreal e filosófica em que dois funcionários de uma companhia elétrica ou de esgotos vagam pela cidade, vivendo situações estranhas e mesmo delirantes. Em dado momento, um fala ao outro: “Preciso ir, tenho que dormir, estou muito cansado.” Ao que o outro diz: “Ok, nos encontramos às sete então?” E o primeiro diz: “Não, preciso dormir pelo menos oito horas, senão não descanso.” O outro contra-ataca: “Essa história de dormir oito horas por dia é uma invenção burguesa. Você acha que no tempo das guerras as pessoas pensavam nisso? Na Idade Média, você acha que alguém dormia oito horas por dia?” O outro fica sem palavras.

       Para arrematar nossa conversa, disse-lhe:

     – É a mesma coisa. Um guerreiro assírio não devia pensar em felicidade, apenas em sobreviver à próxima guerra. Assim é que deveríamos pensar, em sobreviver à próxima guerra. E só.

     Sorri. Ela também sorriu.

    – Fiquei muito feliz de ter você aqui nesta tarde

 – ainda lhe disse (enfatizando a palavra feliz) à guisa de ironia, mas não sem verdade.

BALEIRO, Zeca. Como não ser feliz. IstoÉ, dez.2012. Disponível em http://istoe.com.br (Adaptado) 

Do ponto de vista da norma culta, a única substituição de posição e/ou uso pronominal que poderia ser feita, sem alteração de valor semântico e linguístico, seria:
Alternativas
Q1122841 Português

Como não ser feliz

Nós não nascemos pra ser felizes.

Isso é uma descoberta, um anseio recente

 

       A moça aproximou-se após esperar alguns minutos na fila da tarde de autógrafos na livraria e disparou, com um sorriso entredentes, à queima-roupa:

– Você é feliz?

Respondi, afável mas secamente:

– Não!

– Jura? Não acredito!

    A essa altura, começava a pensar, pelo teor da conversa, tratar-se de pura gozação. Mas vi que era a sério quando ela tascou: – Você passa a impressão de que é bem feliz… Pedi breve licença às pessoas na fila. E avancei no debate:

     – Veja, nós não nascemos pra ser felizes. Isso é uma descoberta, um anseio recente… Há 200 anos, tudo que as pessoas queriam era sobreviver, chegar aos 30 anos... No começo dos tempos, você acha que o homem tinha tempo pra pensar em felicidade enquanto fugia dos dinossauros e outras ameaças? Ela ficou parada, certamente surpresa com argumento tão inusitado. Continuei:

       – Quantas “pessoas felizes” você conhece?

       – Não muitas – ela respondeu, já um tanto desolada.

     – Eu não conheço nenhuma – sentenciei, quase amargo. Ela riu um riso sem graça.Aliviei um pouco.

       – O que acontece é que algumas pessoas são bem resolvidas com seu trabalho, têm uma vida familiar relativamente tranquila… Essas pessoas talvez pareçam felizes, não demonstram amargura com a vida. E talvez eu seja uma delas. Prefiro acreditar nisso.

      Ela balançou a cabeça, resignada. E eu, concluindo meu pensamento:

     – “Ser feliz” hoje em dia tem mais a ver com poder financeiro, desejos de consumo sem-fim, que com qualquer outra coisa. Mas pense comigo: se você não vive desesperadamente pelo dinheiro, não tem sonhos impossíveis, fica mais fácil viver, mais fluente, mais tranquilo…

     A essa altura eu já me sentia protagonista da palestra “Lair Ribeiro para jovens que sonham com a felicidade”. Só que às avessas, ensinando não como ser feliz, mas como não ser.

        – Se você dedica mais tempo ao lúdico e vive menos pressionado pela corrida do ouro que virou nosso tempo, você terá mais tempo para o que importa… Isso, talvez, seja felicidade, vai saber.

        – É, mas… e o dinheiro? – ela retrucou, mostrando não ser tão avoada assim.

    – Se nos satisfizéssemos em ganhar apenas o necessário para viver bem, confortavelmente, sem sacrifícios, seria ótimo. Mas nossa natureza sempre pede mais… E isso torna as pessoas bastante infelizes, viram escravas do dinheiro…

      A fila já chiava, por conta da espera, interrompida por esse debate misterioso, para o qual os demais não foram convidados. Ainda ilustrei rapidamente, para finalizar, com um filme argentino obscuro que o vi há algum tempo, uma espécie de comédia surreal e filosófica em que dois funcionários de uma companhia elétrica ou de esgotos vagam pela cidade, vivendo situações estranhas e mesmo delirantes. Em dado momento, um fala ao outro: “Preciso ir, tenho que dormir, estou muito cansado.” Ao que o outro diz: “Ok, nos encontramos às sete então?” E o primeiro diz: “Não, preciso dormir pelo menos oito horas, senão não descanso.” O outro contra-ataca: “Essa história de dormir oito horas por dia é uma invenção burguesa. Você acha que no tempo das guerras as pessoas pensavam nisso? Na Idade Média, você acha que alguém dormia oito horas por dia?” O outro fica sem palavras.

       Para arrematar nossa conversa, disse-lhe:

     – É a mesma coisa. Um guerreiro assírio não devia pensar em felicidade, apenas em sobreviver à próxima guerra. Assim é que deveríamos pensar, em sobreviver à próxima guerra. E só.

     Sorri. Ela também sorriu.

    – Fiquei muito feliz de ter você aqui nesta tarde

 – ainda lhe disse (enfatizando a palavra feliz) à guisa de ironia, mas não sem verdade.

BALEIRO, Zeca. Como não ser feliz. IstoÉ, dez.2012. Disponível em http://istoe.com.br (Adaptado) 

No fragmento “A moça aproximou-se (1) após esperar alguns minutos (2) na fila da tarde de autógrafos na livraria e disparou, (3) com um sorriso entredentes, (4) à queima-roupa”, as expressões numeradas, antes de cada uma delas, mostram, respectivamente, circunstâncias de:
Alternativas
Q1122842 Português

Como não ser feliz

Nós não nascemos pra ser felizes.

Isso é uma descoberta, um anseio recente

 

       A moça aproximou-se após esperar alguns minutos na fila da tarde de autógrafos na livraria e disparou, com um sorriso entredentes, à queima-roupa:

– Você é feliz?

Respondi, afável mas secamente:

– Não!

– Jura? Não acredito!

    A essa altura, começava a pensar, pelo teor da conversa, tratar-se de pura gozação. Mas vi que era a sério quando ela tascou: – Você passa a impressão de que é bem feliz… Pedi breve licença às pessoas na fila. E avancei no debate:

     – Veja, nós não nascemos pra ser felizes. Isso é uma descoberta, um anseio recente… Há 200 anos, tudo que as pessoas queriam era sobreviver, chegar aos 30 anos... No começo dos tempos, você acha que o homem tinha tempo pra pensar em felicidade enquanto fugia dos dinossauros e outras ameaças? Ela ficou parada, certamente surpresa com argumento tão inusitado. Continuei:

       – Quantas “pessoas felizes” você conhece?

       – Não muitas – ela respondeu, já um tanto desolada.

     – Eu não conheço nenhuma – sentenciei, quase amargo. Ela riu um riso sem graça.Aliviei um pouco.

       – O que acontece é que algumas pessoas são bem resolvidas com seu trabalho, têm uma vida familiar relativamente tranquila… Essas pessoas talvez pareçam felizes, não demonstram amargura com a vida. E talvez eu seja uma delas. Prefiro acreditar nisso.

      Ela balançou a cabeça, resignada. E eu, concluindo meu pensamento:

     – “Ser feliz” hoje em dia tem mais a ver com poder financeiro, desejos de consumo sem-fim, que com qualquer outra coisa. Mas pense comigo: se você não vive desesperadamente pelo dinheiro, não tem sonhos impossíveis, fica mais fácil viver, mais fluente, mais tranquilo…

     A essa altura eu já me sentia protagonista da palestra “Lair Ribeiro para jovens que sonham com a felicidade”. Só que às avessas, ensinando não como ser feliz, mas como não ser.

        – Se você dedica mais tempo ao lúdico e vive menos pressionado pela corrida do ouro que virou nosso tempo, você terá mais tempo para o que importa… Isso, talvez, seja felicidade, vai saber.

        – É, mas… e o dinheiro? – ela retrucou, mostrando não ser tão avoada assim.

    – Se nos satisfizéssemos em ganhar apenas o necessário para viver bem, confortavelmente, sem sacrifícios, seria ótimo. Mas nossa natureza sempre pede mais… E isso torna as pessoas bastante infelizes, viram escravas do dinheiro…

      A fila já chiava, por conta da espera, interrompida por esse debate misterioso, para o qual os demais não foram convidados. Ainda ilustrei rapidamente, para finalizar, com um filme argentino obscuro que o vi há algum tempo, uma espécie de comédia surreal e filosófica em que dois funcionários de uma companhia elétrica ou de esgotos vagam pela cidade, vivendo situações estranhas e mesmo delirantes. Em dado momento, um fala ao outro: “Preciso ir, tenho que dormir, estou muito cansado.” Ao que o outro diz: “Ok, nos encontramos às sete então?” E o primeiro diz: “Não, preciso dormir pelo menos oito horas, senão não descanso.” O outro contra-ataca: “Essa história de dormir oito horas por dia é uma invenção burguesa. Você acha que no tempo das guerras as pessoas pensavam nisso? Na Idade Média, você acha que alguém dormia oito horas por dia?” O outro fica sem palavras.

       Para arrematar nossa conversa, disse-lhe:

     – É a mesma coisa. Um guerreiro assírio não devia pensar em felicidade, apenas em sobreviver à próxima guerra. Assim é que deveríamos pensar, em sobreviver à próxima guerra. E só.

     Sorri. Ela também sorriu.

    – Fiquei muito feliz de ter você aqui nesta tarde

 – ainda lhe disse (enfatizando a palavra feliz) à guisa de ironia, mas não sem verdade.

BALEIRO, Zeca. Como não ser feliz. IstoÉ, dez.2012. Disponível em http://istoe.com.br (Adaptado) 

Na frase “Só que às avessas, ensinando não como ser feliz, mas como não ser.”, o acento indicativo de crase, presente em ÀS, foi usado porque:
Alternativas
Q1122843 Português

Como não ser feliz

Nós não nascemos pra ser felizes.

Isso é uma descoberta, um anseio recente

 

       A moça aproximou-se após esperar alguns minutos na fila da tarde de autógrafos na livraria e disparou, com um sorriso entredentes, à queima-roupa:

– Você é feliz?

Respondi, afável mas secamente:

– Não!

– Jura? Não acredito!

    A essa altura, começava a pensar, pelo teor da conversa, tratar-se de pura gozação. Mas vi que era a sério quando ela tascou: – Você passa a impressão de que é bem feliz… Pedi breve licença às pessoas na fila. E avancei no debate:

     – Veja, nós não nascemos pra ser felizes. Isso é uma descoberta, um anseio recente… Há 200 anos, tudo que as pessoas queriam era sobreviver, chegar aos 30 anos... No começo dos tempos, você acha que o homem tinha tempo pra pensar em felicidade enquanto fugia dos dinossauros e outras ameaças? Ela ficou parada, certamente surpresa com argumento tão inusitado. Continuei:

       – Quantas “pessoas felizes” você conhece?

       – Não muitas – ela respondeu, já um tanto desolada.

     – Eu não conheço nenhuma – sentenciei, quase amargo. Ela riu um riso sem graça.Aliviei um pouco.

       – O que acontece é que algumas pessoas são bem resolvidas com seu trabalho, têm uma vida familiar relativamente tranquila… Essas pessoas talvez pareçam felizes, não demonstram amargura com a vida. E talvez eu seja uma delas. Prefiro acreditar nisso.

      Ela balançou a cabeça, resignada. E eu, concluindo meu pensamento:

     – “Ser feliz” hoje em dia tem mais a ver com poder financeiro, desejos de consumo sem-fim, que com qualquer outra coisa. Mas pense comigo: se você não vive desesperadamente pelo dinheiro, não tem sonhos impossíveis, fica mais fácil viver, mais fluente, mais tranquilo…

     A essa altura eu já me sentia protagonista da palestra “Lair Ribeiro para jovens que sonham com a felicidade”. Só que às avessas, ensinando não como ser feliz, mas como não ser.

        – Se você dedica mais tempo ao lúdico e vive menos pressionado pela corrida do ouro que virou nosso tempo, você terá mais tempo para o que importa… Isso, talvez, seja felicidade, vai saber.

        – É, mas… e o dinheiro? – ela retrucou, mostrando não ser tão avoada assim.

    – Se nos satisfizéssemos em ganhar apenas o necessário para viver bem, confortavelmente, sem sacrifícios, seria ótimo. Mas nossa natureza sempre pede mais… E isso torna as pessoas bastante infelizes, viram escravas do dinheiro…

      A fila já chiava, por conta da espera, interrompida por esse debate misterioso, para o qual os demais não foram convidados. Ainda ilustrei rapidamente, para finalizar, com um filme argentino obscuro que o vi há algum tempo, uma espécie de comédia surreal e filosófica em que dois funcionários de uma companhia elétrica ou de esgotos vagam pela cidade, vivendo situações estranhas e mesmo delirantes. Em dado momento, um fala ao outro: “Preciso ir, tenho que dormir, estou muito cansado.” Ao que o outro diz: “Ok, nos encontramos às sete então?” E o primeiro diz: “Não, preciso dormir pelo menos oito horas, senão não descanso.” O outro contra-ataca: “Essa história de dormir oito horas por dia é uma invenção burguesa. Você acha que no tempo das guerras as pessoas pensavam nisso? Na Idade Média, você acha que alguém dormia oito horas por dia?” O outro fica sem palavras.

       Para arrematar nossa conversa, disse-lhe:

     – É a mesma coisa. Um guerreiro assírio não devia pensar em felicidade, apenas em sobreviver à próxima guerra. Assim é que deveríamos pensar, em sobreviver à próxima guerra. E só.

     Sorri. Ela também sorriu.

    – Fiquei muito feliz de ter você aqui nesta tarde

 – ainda lhe disse (enfatizando a palavra feliz) à guisa de ironia, mas não sem verdade.

BALEIRO, Zeca. Como não ser feliz. IstoÉ, dez.2012. Disponível em http://istoe.com.br (Adaptado) 

“No começo dos tempos, você acha que o homem tinha tempo pra pensar em felicidade enquanto fugia dos dinossauros e outras ameaças?” A respeito do trecho acima, quanto aos aspectos gramatical, sintático e semântico, analise as afirmativas a seguir.

I. A última oração poderia ser iniciada por AO MESMO TEMPO QUE.

II. QUE, no contexto, é um pronome relativo.

III. OUTRAS têm o mesmo valor significativo de ALGUMAS.

Está correto apenas o que se afirma em:

Alternativas
Q1122844 Português

Como não ser feliz

Nós não nascemos pra ser felizes.

Isso é uma descoberta, um anseio recente

 

       A moça aproximou-se após esperar alguns minutos na fila da tarde de autógrafos na livraria e disparou, com um sorriso entredentes, à queima-roupa:

– Você é feliz?

Respondi, afável mas secamente:

– Não!

– Jura? Não acredito!

    A essa altura, começava a pensar, pelo teor da conversa, tratar-se de pura gozação. Mas vi que era a sério quando ela tascou: – Você passa a impressão de que é bem feliz… Pedi breve licença às pessoas na fila. E avancei no debate:

     – Veja, nós não nascemos pra ser felizes. Isso é uma descoberta, um anseio recente… Há 200 anos, tudo que as pessoas queriam era sobreviver, chegar aos 30 anos... No começo dos tempos, você acha que o homem tinha tempo pra pensar em felicidade enquanto fugia dos dinossauros e outras ameaças? Ela ficou parada, certamente surpresa com argumento tão inusitado. Continuei:

       – Quantas “pessoas felizes” você conhece?

       – Não muitas – ela respondeu, já um tanto desolada.

     – Eu não conheço nenhuma – sentenciei, quase amargo. Ela riu um riso sem graça.Aliviei um pouco.

       – O que acontece é que algumas pessoas são bem resolvidas com seu trabalho, têm uma vida familiar relativamente tranquila… Essas pessoas talvez pareçam felizes, não demonstram amargura com a vida. E talvez eu seja uma delas. Prefiro acreditar nisso.

      Ela balançou a cabeça, resignada. E eu, concluindo meu pensamento:

     – “Ser feliz” hoje em dia tem mais a ver com poder financeiro, desejos de consumo sem-fim, que com qualquer outra coisa. Mas pense comigo: se você não vive desesperadamente pelo dinheiro, não tem sonhos impossíveis, fica mais fácil viver, mais fluente, mais tranquilo…

     A essa altura eu já me sentia protagonista da palestra “Lair Ribeiro para jovens que sonham com a felicidade”. Só que às avessas, ensinando não como ser feliz, mas como não ser.

        – Se você dedica mais tempo ao lúdico e vive menos pressionado pela corrida do ouro que virou nosso tempo, você terá mais tempo para o que importa… Isso, talvez, seja felicidade, vai saber.

        – É, mas… e o dinheiro? – ela retrucou, mostrando não ser tão avoada assim.

    – Se nos satisfizéssemos em ganhar apenas o necessário para viver bem, confortavelmente, sem sacrifícios, seria ótimo. Mas nossa natureza sempre pede mais… E isso torna as pessoas bastante infelizes, viram escravas do dinheiro…

      A fila já chiava, por conta da espera, interrompida por esse debate misterioso, para o qual os demais não foram convidados. Ainda ilustrei rapidamente, para finalizar, com um filme argentino obscuro que o vi há algum tempo, uma espécie de comédia surreal e filosófica em que dois funcionários de uma companhia elétrica ou de esgotos vagam pela cidade, vivendo situações estranhas e mesmo delirantes. Em dado momento, um fala ao outro: “Preciso ir, tenho que dormir, estou muito cansado.” Ao que o outro diz: “Ok, nos encontramos às sete então?” E o primeiro diz: “Não, preciso dormir pelo menos oito horas, senão não descanso.” O outro contra-ataca: “Essa história de dormir oito horas por dia é uma invenção burguesa. Você acha que no tempo das guerras as pessoas pensavam nisso? Na Idade Média, você acha que alguém dormia oito horas por dia?” O outro fica sem palavras.

       Para arrematar nossa conversa, disse-lhe:

     – É a mesma coisa. Um guerreiro assírio não devia pensar em felicidade, apenas em sobreviver à próxima guerra. Assim é que deveríamos pensar, em sobreviver à próxima guerra. E só.

     Sorri. Ela também sorriu.

    – Fiquei muito feliz de ter você aqui nesta tarde

 – ainda lhe disse (enfatizando a palavra feliz) à guisa de ironia, mas não sem verdade.

BALEIRO, Zeca. Como não ser feliz. IstoÉ, dez.2012. Disponível em http://istoe.com.br (Adaptado) 

Sobre as formas verbais destacadas nas frases “Isso, talvez, (1) SEJA felicidade, vai saber.” e “– Se nos satisfizéssemos em ganhar apenas o necessário para viver bem, confortavelmente, sem sacrifícios, (2) SERIA ótimo.”, é correto afirmar que a(s):
Alternativas
Q1122845 Português

Como não ser feliz

Nós não nascemos pra ser felizes.

Isso é uma descoberta, um anseio recente

 

       A moça aproximou-se após esperar alguns minutos na fila da tarde de autógrafos na livraria e disparou, com um sorriso entredentes, à queima-roupa:

– Você é feliz?

Respondi, afável mas secamente:

– Não!

– Jura? Não acredito!

    A essa altura, começava a pensar, pelo teor da conversa, tratar-se de pura gozação. Mas vi que era a sério quando ela tascou: – Você passa a impressão de que é bem feliz… Pedi breve licença às pessoas na fila. E avancei no debate:

     – Veja, nós não nascemos pra ser felizes. Isso é uma descoberta, um anseio recente… Há 200 anos, tudo que as pessoas queriam era sobreviver, chegar aos 30 anos... No começo dos tempos, você acha que o homem tinha tempo pra pensar em felicidade enquanto fugia dos dinossauros e outras ameaças? Ela ficou parada, certamente surpresa com argumento tão inusitado. Continuei:

       – Quantas “pessoas felizes” você conhece?

       – Não muitas – ela respondeu, já um tanto desolada.

     – Eu não conheço nenhuma – sentenciei, quase amargo. Ela riu um riso sem graça.Aliviei um pouco.

       – O que acontece é que algumas pessoas são bem resolvidas com seu trabalho, têm uma vida familiar relativamente tranquila… Essas pessoas talvez pareçam felizes, não demonstram amargura com a vida. E talvez eu seja uma delas. Prefiro acreditar nisso.

      Ela balançou a cabeça, resignada. E eu, concluindo meu pensamento:

     – “Ser feliz” hoje em dia tem mais a ver com poder financeiro, desejos de consumo sem-fim, que com qualquer outra coisa. Mas pense comigo: se você não vive desesperadamente pelo dinheiro, não tem sonhos impossíveis, fica mais fácil viver, mais fluente, mais tranquilo…

     A essa altura eu já me sentia protagonista da palestra “Lair Ribeiro para jovens que sonham com a felicidade”. Só que às avessas, ensinando não como ser feliz, mas como não ser.

        – Se você dedica mais tempo ao lúdico e vive menos pressionado pela corrida do ouro que virou nosso tempo, você terá mais tempo para o que importa… Isso, talvez, seja felicidade, vai saber.

        – É, mas… e o dinheiro? – ela retrucou, mostrando não ser tão avoada assim.

    – Se nos satisfizéssemos em ganhar apenas o necessário para viver bem, confortavelmente, sem sacrifícios, seria ótimo. Mas nossa natureza sempre pede mais… E isso torna as pessoas bastante infelizes, viram escravas do dinheiro…

      A fila já chiava, por conta da espera, interrompida por esse debate misterioso, para o qual os demais não foram convidados. Ainda ilustrei rapidamente, para finalizar, com um filme argentino obscuro que o vi há algum tempo, uma espécie de comédia surreal e filosófica em que dois funcionários de uma companhia elétrica ou de esgotos vagam pela cidade, vivendo situações estranhas e mesmo delirantes. Em dado momento, um fala ao outro: “Preciso ir, tenho que dormir, estou muito cansado.” Ao que o outro diz: “Ok, nos encontramos às sete então?” E o primeiro diz: “Não, preciso dormir pelo menos oito horas, senão não descanso.” O outro contra-ataca: “Essa história de dormir oito horas por dia é uma invenção burguesa. Você acha que no tempo das guerras as pessoas pensavam nisso? Na Idade Média, você acha que alguém dormia oito horas por dia?” O outro fica sem palavras.

       Para arrematar nossa conversa, disse-lhe:

     – É a mesma coisa. Um guerreiro assírio não devia pensar em felicidade, apenas em sobreviver à próxima guerra. Assim é que deveríamos pensar, em sobreviver à próxima guerra. E só.

     Sorri. Ela também sorriu.

    – Fiquei muito feliz de ter você aqui nesta tarde

 – ainda lhe disse (enfatizando a palavra feliz) à guisa de ironia, mas não sem verdade.

BALEIRO, Zeca. Como não ser feliz. IstoÉ, dez.2012. Disponível em http://istoe.com.br (Adaptado) 

No contexto, o sentido das palavras destacadas em “– Eu não conheço nenhuma – SENTENCIEI, quase AMARGO.” equivale, correta e respectivamente, ao de:
Alternativas
Q1122846 Português

Como não ser feliz

Nós não nascemos pra ser felizes.

Isso é uma descoberta, um anseio recente

 

       A moça aproximou-se após esperar alguns minutos na fila da tarde de autógrafos na livraria e disparou, com um sorriso entredentes, à queima-roupa:

– Você é feliz?

Respondi, afável mas secamente:

– Não!

– Jura? Não acredito!

    A essa altura, começava a pensar, pelo teor da conversa, tratar-se de pura gozação. Mas vi que era a sério quando ela tascou: – Você passa a impressão de que é bem feliz… Pedi breve licença às pessoas na fila. E avancei no debate:

     – Veja, nós não nascemos pra ser felizes. Isso é uma descoberta, um anseio recente… Há 200 anos, tudo que as pessoas queriam era sobreviver, chegar aos 30 anos... No começo dos tempos, você acha que o homem tinha tempo pra pensar em felicidade enquanto fugia dos dinossauros e outras ameaças? Ela ficou parada, certamente surpresa com argumento tão inusitado. Continuei:

       – Quantas “pessoas felizes” você conhece?

       – Não muitas – ela respondeu, já um tanto desolada.

     – Eu não conheço nenhuma – sentenciei, quase amargo. Ela riu um riso sem graça.Aliviei um pouco.

       – O que acontece é que algumas pessoas são bem resolvidas com seu trabalho, têm uma vida familiar relativamente tranquila… Essas pessoas talvez pareçam felizes, não demonstram amargura com a vida. E talvez eu seja uma delas. Prefiro acreditar nisso.

      Ela balançou a cabeça, resignada. E eu, concluindo meu pensamento:

     – “Ser feliz” hoje em dia tem mais a ver com poder financeiro, desejos de consumo sem-fim, que com qualquer outra coisa. Mas pense comigo: se você não vive desesperadamente pelo dinheiro, não tem sonhos impossíveis, fica mais fácil viver, mais fluente, mais tranquilo…

     A essa altura eu já me sentia protagonista da palestra “Lair Ribeiro para jovens que sonham com a felicidade”. Só que às avessas, ensinando não como ser feliz, mas como não ser.

        – Se você dedica mais tempo ao lúdico e vive menos pressionado pela corrida do ouro que virou nosso tempo, você terá mais tempo para o que importa… Isso, talvez, seja felicidade, vai saber.

        – É, mas… e o dinheiro? – ela retrucou, mostrando não ser tão avoada assim.

    – Se nos satisfizéssemos em ganhar apenas o necessário para viver bem, confortavelmente, sem sacrifícios, seria ótimo. Mas nossa natureza sempre pede mais… E isso torna as pessoas bastante infelizes, viram escravas do dinheiro…

      A fila já chiava, por conta da espera, interrompida por esse debate misterioso, para o qual os demais não foram convidados. Ainda ilustrei rapidamente, para finalizar, com um filme argentino obscuro que o vi há algum tempo, uma espécie de comédia surreal e filosófica em que dois funcionários de uma companhia elétrica ou de esgotos vagam pela cidade, vivendo situações estranhas e mesmo delirantes. Em dado momento, um fala ao outro: “Preciso ir, tenho que dormir, estou muito cansado.” Ao que o outro diz: “Ok, nos encontramos às sete então?” E o primeiro diz: “Não, preciso dormir pelo menos oito horas, senão não descanso.” O outro contra-ataca: “Essa história de dormir oito horas por dia é uma invenção burguesa. Você acha que no tempo das guerras as pessoas pensavam nisso? Na Idade Média, você acha que alguém dormia oito horas por dia?” O outro fica sem palavras.

       Para arrematar nossa conversa, disse-lhe:

     – É a mesma coisa. Um guerreiro assírio não devia pensar em felicidade, apenas em sobreviver à próxima guerra. Assim é que deveríamos pensar, em sobreviver à próxima guerra. E só.

     Sorri. Ela também sorriu.

    – Fiquei muito feliz de ter você aqui nesta tarde

 – ainda lhe disse (enfatizando a palavra feliz) à guisa de ironia, mas não sem verdade.

BALEIRO, Zeca. Como não ser feliz. IstoÉ, dez.2012. Disponível em http://istoe.com.br (Adaptado) 

A oração destacada em “Mas vi QUE ERA A SÉRIO.”, em relação à principal, exerce a função sintática de:
Alternativas
Q1122847 Português

Como não ser feliz

Nós não nascemos pra ser felizes.

Isso é uma descoberta, um anseio recente

 

       A moça aproximou-se após esperar alguns minutos na fila da tarde de autógrafos na livraria e disparou, com um sorriso entredentes, à queima-roupa:

– Você é feliz?

Respondi, afável mas secamente:

– Não!

– Jura? Não acredito!

    A essa altura, começava a pensar, pelo teor da conversa, tratar-se de pura gozação. Mas vi que era a sério quando ela tascou: – Você passa a impressão de que é bem feliz… Pedi breve licença às pessoas na fila. E avancei no debate:

     – Veja, nós não nascemos pra ser felizes. Isso é uma descoberta, um anseio recente… Há 200 anos, tudo que as pessoas queriam era sobreviver, chegar aos 30 anos... No começo dos tempos, você acha que o homem tinha tempo pra pensar em felicidade enquanto fugia dos dinossauros e outras ameaças? Ela ficou parada, certamente surpresa com argumento tão inusitado. Continuei:

       – Quantas “pessoas felizes” você conhece?

       – Não muitas – ela respondeu, já um tanto desolada.

     – Eu não conheço nenhuma – sentenciei, quase amargo. Ela riu um riso sem graça.Aliviei um pouco.

       – O que acontece é que algumas pessoas são bem resolvidas com seu trabalho, têm uma vida familiar relativamente tranquila… Essas pessoas talvez pareçam felizes, não demonstram amargura com a vida. E talvez eu seja uma delas. Prefiro acreditar nisso.

      Ela balançou a cabeça, resignada. E eu, concluindo meu pensamento:

     – “Ser feliz” hoje em dia tem mais a ver com poder financeiro, desejos de consumo sem-fim, que com qualquer outra coisa. Mas pense comigo: se você não vive desesperadamente pelo dinheiro, não tem sonhos impossíveis, fica mais fácil viver, mais fluente, mais tranquilo…

     A essa altura eu já me sentia protagonista da palestra “Lair Ribeiro para jovens que sonham com a felicidade”. Só que às avessas, ensinando não como ser feliz, mas como não ser.

        – Se você dedica mais tempo ao lúdico e vive menos pressionado pela corrida do ouro que virou nosso tempo, você terá mais tempo para o que importa… Isso, talvez, seja felicidade, vai saber.

        – É, mas… e o dinheiro? – ela retrucou, mostrando não ser tão avoada assim.

    – Se nos satisfizéssemos em ganhar apenas o necessário para viver bem, confortavelmente, sem sacrifícios, seria ótimo. Mas nossa natureza sempre pede mais… E isso torna as pessoas bastante infelizes, viram escravas do dinheiro…

      A fila já chiava, por conta da espera, interrompida por esse debate misterioso, para o qual os demais não foram convidados. Ainda ilustrei rapidamente, para finalizar, com um filme argentino obscuro que o vi há algum tempo, uma espécie de comédia surreal e filosófica em que dois funcionários de uma companhia elétrica ou de esgotos vagam pela cidade, vivendo situações estranhas e mesmo delirantes. Em dado momento, um fala ao outro: “Preciso ir, tenho que dormir, estou muito cansado.” Ao que o outro diz: “Ok, nos encontramos às sete então?” E o primeiro diz: “Não, preciso dormir pelo menos oito horas, senão não descanso.” O outro contra-ataca: “Essa história de dormir oito horas por dia é uma invenção burguesa. Você acha que no tempo das guerras as pessoas pensavam nisso? Na Idade Média, você acha que alguém dormia oito horas por dia?” O outro fica sem palavras.

       Para arrematar nossa conversa, disse-lhe:

     – É a mesma coisa. Um guerreiro assírio não devia pensar em felicidade, apenas em sobreviver à próxima guerra. Assim é que deveríamos pensar, em sobreviver à próxima guerra. E só.

     Sorri. Ela também sorriu.

    – Fiquei muito feliz de ter você aqui nesta tarde

 – ainda lhe disse (enfatizando a palavra feliz) à guisa de ironia, mas não sem verdade.

BALEIRO, Zeca. Como não ser feliz. IstoÉ, dez.2012. Disponível em http://istoe.com.br (Adaptado) 

“Para arrematar nossa conversa, disse-lhe” o trecho “Para arrematar nossa conversa” pode ser adequadamente substituída, sem mudança de seu sentido original, pela seguinte oração:
Alternativas
Q1122848 Português

Como não ser feliz

Nós não nascemos pra ser felizes.

Isso é uma descoberta, um anseio recente

 

       A moça aproximou-se após esperar alguns minutos na fila da tarde de autógrafos na livraria e disparou, com um sorriso entredentes, à queima-roupa:

– Você é feliz?

Respondi, afável mas secamente:

– Não!

– Jura? Não acredito!

    A essa altura, começava a pensar, pelo teor da conversa, tratar-se de pura gozação. Mas vi que era a sério quando ela tascou: – Você passa a impressão de que é bem feliz… Pedi breve licença às pessoas na fila. E avancei no debate:

     – Veja, nós não nascemos pra ser felizes. Isso é uma descoberta, um anseio recente… Há 200 anos, tudo que as pessoas queriam era sobreviver, chegar aos 30 anos... No começo dos tempos, você acha que o homem tinha tempo pra pensar em felicidade enquanto fugia dos dinossauros e outras ameaças? Ela ficou parada, certamente surpresa com argumento tão inusitado. Continuei:

       – Quantas “pessoas felizes” você conhece?

       – Não muitas – ela respondeu, já um tanto desolada.

     – Eu não conheço nenhuma – sentenciei, quase amargo. Ela riu um riso sem graça.Aliviei um pouco.

       – O que acontece é que algumas pessoas são bem resolvidas com seu trabalho, têm uma vida familiar relativamente tranquila… Essas pessoas talvez pareçam felizes, não demonstram amargura com a vida. E talvez eu seja uma delas. Prefiro acreditar nisso.

      Ela balançou a cabeça, resignada. E eu, concluindo meu pensamento:

     – “Ser feliz” hoje em dia tem mais a ver com poder financeiro, desejos de consumo sem-fim, que com qualquer outra coisa. Mas pense comigo: se você não vive desesperadamente pelo dinheiro, não tem sonhos impossíveis, fica mais fácil viver, mais fluente, mais tranquilo…

     A essa altura eu já me sentia protagonista da palestra “Lair Ribeiro para jovens que sonham com a felicidade”. Só que às avessas, ensinando não como ser feliz, mas como não ser.

        – Se você dedica mais tempo ao lúdico e vive menos pressionado pela corrida do ouro que virou nosso tempo, você terá mais tempo para o que importa… Isso, talvez, seja felicidade, vai saber.

        – É, mas… e o dinheiro? – ela retrucou, mostrando não ser tão avoada assim.

    – Se nos satisfizéssemos em ganhar apenas o necessário para viver bem, confortavelmente, sem sacrifícios, seria ótimo. Mas nossa natureza sempre pede mais… E isso torna as pessoas bastante infelizes, viram escravas do dinheiro…

      A fila já chiava, por conta da espera, interrompida por esse debate misterioso, para o qual os demais não foram convidados. Ainda ilustrei rapidamente, para finalizar, com um filme argentino obscuro que o vi há algum tempo, uma espécie de comédia surreal e filosófica em que dois funcionários de uma companhia elétrica ou de esgotos vagam pela cidade, vivendo situações estranhas e mesmo delirantes. Em dado momento, um fala ao outro: “Preciso ir, tenho que dormir, estou muito cansado.” Ao que o outro diz: “Ok, nos encontramos às sete então?” E o primeiro diz: “Não, preciso dormir pelo menos oito horas, senão não descanso.” O outro contra-ataca: “Essa história de dormir oito horas por dia é uma invenção burguesa. Você acha que no tempo das guerras as pessoas pensavam nisso? Na Idade Média, você acha que alguém dormia oito horas por dia?” O outro fica sem palavras.

       Para arrematar nossa conversa, disse-lhe:

     – É a mesma coisa. Um guerreiro assírio não devia pensar em felicidade, apenas em sobreviver à próxima guerra. Assim é que deveríamos pensar, em sobreviver à próxima guerra. E só.

     Sorri. Ela também sorriu.

    – Fiquei muito feliz de ter você aqui nesta tarde

 – ainda lhe disse (enfatizando a palavra feliz) à guisa de ironia, mas não sem verdade.

BALEIRO, Zeca. Como não ser feliz. IstoÉ, dez.2012. Disponível em http://istoe.com.br (Adaptado) 

Sintaxe corresponde a um dos níveis de análise de uma língua, que tem como objetivo principal descrever as regras responsáveis pela formação de uma sentença, ou seja, estuda a disposição das palavras na frase e a das frases no discurso, bem como a relação lógica das frases entre si. Sintaticamente, o segmento destacado está corretamente analisado em:
Alternativas
Q1122849 Português

Como não ser feliz

Nós não nascemos pra ser felizes.

Isso é uma descoberta, um anseio recente

 

       A moça aproximou-se após esperar alguns minutos na fila da tarde de autógrafos na livraria e disparou, com um sorriso entredentes, à queima-roupa:

– Você é feliz?

Respondi, afável mas secamente:

– Não!

– Jura? Não acredito!

    A essa altura, começava a pensar, pelo teor da conversa, tratar-se de pura gozação. Mas vi que era a sério quando ela tascou: – Você passa a impressão de que é bem feliz… Pedi breve licença às pessoas na fila. E avancei no debate:

     – Veja, nós não nascemos pra ser felizes. Isso é uma descoberta, um anseio recente… Há 200 anos, tudo que as pessoas queriam era sobreviver, chegar aos 30 anos... No começo dos tempos, você acha que o homem tinha tempo pra pensar em felicidade enquanto fugia dos dinossauros e outras ameaças? Ela ficou parada, certamente surpresa com argumento tão inusitado. Continuei:

       – Quantas “pessoas felizes” você conhece?

       – Não muitas – ela respondeu, já um tanto desolada.

     – Eu não conheço nenhuma – sentenciei, quase amargo. Ela riu um riso sem graça.Aliviei um pouco.

       – O que acontece é que algumas pessoas são bem resolvidas com seu trabalho, têm uma vida familiar relativamente tranquila… Essas pessoas talvez pareçam felizes, não demonstram amargura com a vida. E talvez eu seja uma delas. Prefiro acreditar nisso.

      Ela balançou a cabeça, resignada. E eu, concluindo meu pensamento:

     – “Ser feliz” hoje em dia tem mais a ver com poder financeiro, desejos de consumo sem-fim, que com qualquer outra coisa. Mas pense comigo: se você não vive desesperadamente pelo dinheiro, não tem sonhos impossíveis, fica mais fácil viver, mais fluente, mais tranquilo…

     A essa altura eu já me sentia protagonista da palestra “Lair Ribeiro para jovens que sonham com a felicidade”. Só que às avessas, ensinando não como ser feliz, mas como não ser.

        – Se você dedica mais tempo ao lúdico e vive menos pressionado pela corrida do ouro que virou nosso tempo, você terá mais tempo para o que importa… Isso, talvez, seja felicidade, vai saber.

        – É, mas… e o dinheiro? – ela retrucou, mostrando não ser tão avoada assim.

    – Se nos satisfizéssemos em ganhar apenas o necessário para viver bem, confortavelmente, sem sacrifícios, seria ótimo. Mas nossa natureza sempre pede mais… E isso torna as pessoas bastante infelizes, viram escravas do dinheiro…

      A fila já chiava, por conta da espera, interrompida por esse debate misterioso, para o qual os demais não foram convidados. Ainda ilustrei rapidamente, para finalizar, com um filme argentino obscuro que o vi há algum tempo, uma espécie de comédia surreal e filosófica em que dois funcionários de uma companhia elétrica ou de esgotos vagam pela cidade, vivendo situações estranhas e mesmo delirantes. Em dado momento, um fala ao outro: “Preciso ir, tenho que dormir, estou muito cansado.” Ao que o outro diz: “Ok, nos encontramos às sete então?” E o primeiro diz: “Não, preciso dormir pelo menos oito horas, senão não descanso.” O outro contra-ataca: “Essa história de dormir oito horas por dia é uma invenção burguesa. Você acha que no tempo das guerras as pessoas pensavam nisso? Na Idade Média, você acha que alguém dormia oito horas por dia?” O outro fica sem palavras.

       Para arrematar nossa conversa, disse-lhe:

     – É a mesma coisa. Um guerreiro assírio não devia pensar em felicidade, apenas em sobreviver à próxima guerra. Assim é que deveríamos pensar, em sobreviver à próxima guerra. E só.

     Sorri. Ela também sorriu.

    – Fiquei muito feliz de ter você aqui nesta tarde

 – ainda lhe disse (enfatizando a palavra feliz) à guisa de ironia, mas não sem verdade.

BALEIRO, Zeca. Como não ser feliz. IstoÉ, dez.2012. Disponível em http://istoe.com.br (Adaptado) 

Considere as seguintes afirmações sobre aspectos da construção do texto:

I. Na frase “se você não vive desesperadamente pelo dinheiro, não tem sonhos impossíveis, fica mais fácil viver, mais fluente, mais tranquilo…”, FLUENTE E TRANQUILO concordam com a palavra SONHOS.

II. A preposição destacada em “Ser feliz” hoje em dia tem mais a ver COM poder financeiro” estabelece, no contexto, uma relação de consequência.

III. Na frase “Pedi breve licença ÀS PESSOAS na fila.”, o elemento destacado pode ser substituído por -LHES.

Está correto apenas o que se afirma em:

Alternativas
Q1122850 Português

Como não ser feliz

Nós não nascemos pra ser felizes.

Isso é uma descoberta, um anseio recente

 

       A moça aproximou-se após esperar alguns minutos na fila da tarde de autógrafos na livraria e disparou, com um sorriso entredentes, à queima-roupa:

– Você é feliz?

Respondi, afável mas secamente:

– Não!

– Jura? Não acredito!

    A essa altura, começava a pensar, pelo teor da conversa, tratar-se de pura gozação. Mas vi que era a sério quando ela tascou: – Você passa a impressão de que é bem feliz… Pedi breve licença às pessoas na fila. E avancei no debate:

     – Veja, nós não nascemos pra ser felizes. Isso é uma descoberta, um anseio recente… Há 200 anos, tudo que as pessoas queriam era sobreviver, chegar aos 30 anos... No começo dos tempos, você acha que o homem tinha tempo pra pensar em felicidade enquanto fugia dos dinossauros e outras ameaças? Ela ficou parada, certamente surpresa com argumento tão inusitado. Continuei:

       – Quantas “pessoas felizes” você conhece?

       – Não muitas – ela respondeu, já um tanto desolada.

     – Eu não conheço nenhuma – sentenciei, quase amargo. Ela riu um riso sem graça.Aliviei um pouco.

       – O que acontece é que algumas pessoas são bem resolvidas com seu trabalho, têm uma vida familiar relativamente tranquila… Essas pessoas talvez pareçam felizes, não demonstram amargura com a vida. E talvez eu seja uma delas. Prefiro acreditar nisso.

      Ela balançou a cabeça, resignada. E eu, concluindo meu pensamento:

     – “Ser feliz” hoje em dia tem mais a ver com poder financeiro, desejos de consumo sem-fim, que com qualquer outra coisa. Mas pense comigo: se você não vive desesperadamente pelo dinheiro, não tem sonhos impossíveis, fica mais fácil viver, mais fluente, mais tranquilo…

     A essa altura eu já me sentia protagonista da palestra “Lair Ribeiro para jovens que sonham com a felicidade”. Só que às avessas, ensinando não como ser feliz, mas como não ser.

        – Se você dedica mais tempo ao lúdico e vive menos pressionado pela corrida do ouro que virou nosso tempo, você terá mais tempo para o que importa… Isso, talvez, seja felicidade, vai saber.

        – É, mas… e o dinheiro? – ela retrucou, mostrando não ser tão avoada assim.

    – Se nos satisfizéssemos em ganhar apenas o necessário para viver bem, confortavelmente, sem sacrifícios, seria ótimo. Mas nossa natureza sempre pede mais… E isso torna as pessoas bastante infelizes, viram escravas do dinheiro…

      A fila já chiava, por conta da espera, interrompida por esse debate misterioso, para o qual os demais não foram convidados. Ainda ilustrei rapidamente, para finalizar, com um filme argentino obscuro que o vi há algum tempo, uma espécie de comédia surreal e filosófica em que dois funcionários de uma companhia elétrica ou de esgotos vagam pela cidade, vivendo situações estranhas e mesmo delirantes. Em dado momento, um fala ao outro: “Preciso ir, tenho que dormir, estou muito cansado.” Ao que o outro diz: “Ok, nos encontramos às sete então?” E o primeiro diz: “Não, preciso dormir pelo menos oito horas, senão não descanso.” O outro contra-ataca: “Essa história de dormir oito horas por dia é uma invenção burguesa. Você acha que no tempo das guerras as pessoas pensavam nisso? Na Idade Média, você acha que alguém dormia oito horas por dia?” O outro fica sem palavras.

       Para arrematar nossa conversa, disse-lhe:

     – É a mesma coisa. Um guerreiro assírio não devia pensar em felicidade, apenas em sobreviver à próxima guerra. Assim é que deveríamos pensar, em sobreviver à próxima guerra. E só.

     Sorri. Ela também sorriu.

    – Fiquei muito feliz de ter você aqui nesta tarde

 – ainda lhe disse (enfatizando a palavra feliz) à guisa de ironia, mas não sem verdade.

BALEIRO, Zeca. Como não ser feliz. IstoÉ, dez.2012. Disponível em http://istoe.com.br (Adaptado) 

A frase, a seguir, que exemplifica o emprego da vírgula por inserção de um segmento entre sujeito e verbo é:
Alternativas
Q1122851 Direito Constitucional
No que tange aos remédios constitucionais, assinale a assertiva correta.
Alternativas
Q1122852 Direito Administrativo
A Administração Pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá ao seguinte:
Alternativas
Q1122853 Direito Administrativo
Pode-se afirmar, corretamente, que Pregão é a modalidade de licitação:
Alternativas
Q1122854 Direito Penal
Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente, incorrerá na prática do crime de:
Alternativas
Respostas
1: C
2: B
3: C
4: E
5: D
6: A
7: C
8: B
9: A
10: E
11: D
12: C
13: B
14: A
15: E
16: D
17: B
18: C
19: E
20: D