MUNDO ESTÁ FALHANDO NA PROTEÇÃO E NA
RESTAURAÇÃO DE FLORESTAS, APONTA RELATÓRIO
DA REDE WWF
outubro, 24 2023
Instituição estabelece plano de ação para colocar o
planeta de volta no caminho certo para reduzir o
desmatamento e a conversão e cumprir as metas globais
até 2030.
Por WWF-Brasil
Novos dados alarmantes de relatórios inéditos
mostram que o mundo não está no caminho certo para
proteger e restaurar as florestas até 2030 e o fracasso
em cumprir as metas florestais globais terá impactos
catastróficos para o nosso planeta. O relatório Forest
Pathways 2023, lançado nesta terça-feira (24) pelo WWF,
argumenta que se os líderes e as empresas mantiverem
as suas promessas de ação, ainda será possível inverter
esta tendência e garantir um futuro com florestas mais
prósperas que beneficiem a humanidade e o nosso
planeta.
Os dados da nova FDA (sigla em inglês para
Avaliação da Declaração Florestal) mostram que a
conversão e o desmatamento atingiram 6,6 milhões de
hectares em 2022, com a perda de floresta tropical
primária em 4,1 milhões de hectares. Uma porcentagem
alarmante de 96% do desmatamento global ocorre em
regiões tropicais. A Ásia Tropical é a única região que
está perto do caminho para atingir o desmatamento
bruto zero.
O WWF alerta que as florestas tropicais estão
começando a funcionar como fonte de carbono, e não
como sumidouro, sob as pressões de um clima cada vez
mais extremo, quente e seco. O desmatamento e a
degradação generalizadas e crescentes nas três maiores
bacias florestais tropicais do planeta – a Amazônia, o
Congo e o Sudeste Asiático – poderão provocar uma
catástrofe climática global.
Programa de áreas protegidas e restauração no
Brasil
O Programa de áreas protegidas (ARPA), uma
iniciativa entre governo federal, órgãos estaduais,
instituições privadas e sociedade civil, é destaque no
relatório como um sucesso em questão de preservação
de florestas. Entre os anos de 2008 e 2020, cerca de 264 mil hectares não foram desmatados, pois estavam em
áreas protegidas pelo Programa.
Já o Pacto Trinacional da Mata Atlântica é citado
como case de restauração. A iniciativa foi reconhecida
como uma das 10 bandeiras mundiais de restauração da
Década das Nações Unidas para a Restauração de
Ecossistemas em 2022. As mais de 390 instituições
envolvidas já alcançaram cerca de 1 milhão de hectares
em restauração, geraram 126 mil empregos, apoiaram
mais de 4.400 famílias e envolveram 7.500 crianças em
programas de educação ambiental.
A restauração é apontada no relatório como um
potencial a ser desenvolvido para o caminho do
desenvolvimento verde, gerando até 2,5 milhões de
empregos até 2030, se o Brasil implementar
efetivamente essa agenda.
Para Edegar de Oliveira, diretor de Conservação e
Restauração do WWF-Brasil, muito ainda precisa ser
feito, pois a floresta já está afetada especialmente pelo
desmatamento e pela degradação. “A floresta amazônica
já vem dando sinais de declínio em algumas áreas, como
por exemplo no sul e no sudeste do bioma. Algumas
áreas já não absorvem carbono como antes, não por
acaso essas localidades são mais quentes, desmatadas e
com a floresta mais degradada. É urgente pararmos o
desmatamento e investirmos em restauração de áreas,
do contrário a seca que vemos agora, pode ser mais
recorrente nos próximos anos”, alerta Oliveira.
Alerta global
[...]
Os relatórios surgem antes da Cúpula das Três Bacias
(que será realizada no Congo entre os dias 26 e 28 de
outubro), que representa uma oportunidade importante
para os governos apresentarem uma agenda robusta e
orientada para a ação que demonstre responsabilidade e
transparência, no prazo necessário para enfrentar a
urgência na escala necessária. Isso inclui aumentar e
canalizar o financiamento de uma forma transparente e
equitativa para florestas tropicais de elevada integridade,
e para que os governos e as empresas voltem ao bom
caminho, cumpram os seus compromissos públicos de
travar a perda de florestas, proteger, gerir e restaurar de
forma sustentável as florestas, de forma a começar a
fazer um progresso anual contínuo e significativo em
direção às metas florestais globais.
Fonte: Disponível em