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Q1071619 Pedagogia

Poucas práticas profissionais terão pago um tributo tão alto às condições do tempo em que começaram a se desenvolver no Brasil tal como ocorreu com a supervisão escolar. Concebida como parte de um processo de dependência cultural e econômica e integrada a seguir um projeto militarista-tecnocrático de controle do povo e da nação, a supervisão escolar apenas recentemente passou a emitir sinais de que seu significado e seus propósitos tornavam-se objeto de discussão entre seus praticantes. [...] Para uma sociedade controlada, uma educação controlada; para uma educação controlada, um supervisor controlador e também controlado.

(Silva Jr. In: Silva Jr. e Rangel, 2007)


Com essas palavras, Celestino Silva Jr. faz uma revisão histórico-crítica da prática da supervisão escolar no Brasil e defende a necessidade de reelaboração do significado da ação supervisora. Para tanto, segundo ele, o supervisor terá que

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Essa questão envolve conhecimentos sobre supervisão escolar. Com base nas ideias do autor Celestino Silva Jr. sobre a prática da supervisão escolar, deve-se indicar a alternativa correta a respeito da função do supervisor. 
A)aprender a transmitir de maneira cordial a mensagem dos órgãos superiores que deve ser observada pelos professores. 
ERRADO – De acordo com o autor, o supervisor/educador foi se dando conta de que a verdade não estava pronta e depositada em suas mãos para que ele a distribuísse aos professores que só poderiam conhecê-la por seu intermédio. O supervisor/educador foi percebendo, enfim, que sua tarefa não era transmitir uma mensagem pronta e acabada, mas reunir os educadores para que eles pudessem elaborar sua própria mensagem e com ela tentar mudar para melhor a vida de todas as pessoas a quem a mensagem pudesse ser apresentada. De mensageiro oficial, o supervisor passa a assumir o papel de articulador voluntário. 
B)descobrir novos caminhos entre o seu papel de mensageiro oficial e especialista da educação. 
ERRADO - O supervisor/educador foi percebendo que sua tarefa não era transmitir uma mensagem pronta e acabada, mas reunir os educadores para que eles pudessem elaborar sua própria mensagem e com ela tentar mudar para melhor a vida de todas as pessoas a quem a mensagem pudesse ser apresentada. De mensageiro oficial, o supervisor passa a assumir o papel de articulador voluntário. O autor faz uma revisão crítica da questão da especialização em educação. Pontua que as escolas não existem para ser administradas ou inspecionadas. Elas existem para que as crianças aprendam. Ele não desqualificava a necessidade ou a possibilidade da administração da educação ou de sua supervisão. Estava preocupado com a significação social da escola, seus limites e suas possibilidades de contribuição para a resolução da questão maior da educação popular. Ele reforça sua posição, citando Luis Carlos de Freitas em 1989: “Centrar a discussão do problema na eleição do diretor ou em termos da presença ou não de especialistas na escola tem ofuscado este ponto central da questão, ou seja, o fato de o aluno ser o principal protagonista da escola; o fato de a escola existir para o aluno". 
C) repensar sua relação com os professores de modo a recredenciar-se em seu conceito. 
CORRETO – Para o autor, das funções burocráticas e controladoras do trabalho do professor, exercidas num passado recente, para a função articuladora do currículo e das relações na escola, há uma reinvenção, uma recriação da função desse profissional. Ele defende que, do “caos teórico-político-institucional" com que se debate o papel do supervisor, deverá emergir uma “práxis" essencialmente pedagógica na qual o ponto obrigatório de referência constituir-se-á no encaminhamento das soluções possíveis para as grandes questões do cotidiano do ensino. Essas soluções terão que ser construídas em conjunto pelos educadores. No processo dessa construção coletiva encontrará o supervisor os contornos desejáveis de sua prática profissional. Tornar-se-á ele o organizador dessa grande reflexão educativa da qual participará em igualdade de condições com os demais educadores. Para tanto, o supervisor terá que repensar sua relação com os professores de modo a recredenciar -se em seu conceito. Colocar-se a serviço do serviço que os professores devem prestar a seus alunos constitui-se na melhor maneira de superar o atual desencontro, transformando-o em um encontro necessariamente educativo, porque realizado entre educadores. 
D)demonstrar competência técnica suficiente que lhe dê credibilidade para liderar os professores. 
ERRADO – O autor criticava o papel do supervisor, formado numa escola “tecnicista", como executor eficiente de normas emanadas de um poder central marcadamente autoritário, ressaltando que, inicialmente, tal função foi criada no sentido de acrescentar à figura do inspetor um papel de orientador pedagógico e para estimular a sua competência técnica, até então restrita apenas a fiscalizar e aplicar punições. De acordo com Silva Jr., o supervisor não lidera os professores, ele deve dialogar com a equipe de direção e coordenação e participar das ações e projetos da escola. Deve compreender as propostas de ação, as dificuldades e facilidades vivenciadas pela equipe escolar, entre outros fatores. O supervisor deve respeitar os saberes e ações dos demais profissionais da escola. Caso faça imposições, desconsiderando a cultura escolar, suas ideias provavelmente serão desconsideradas. Assim, o supervisor de ensino não pode roubar a cena do diretor ou do coordenador pedagógico na condução do cotidiano escolar e, para tanto, o supervisor terá que repensar sua relação com os professores de modo a recredenciar-se em seu conceito. 
E)ser um trabalhador coletivo, uma vez que a orientação geral e o controle da produção constituem prerrogativas da administração escolar. 
ERRADO – De acordo com o autor, os trabalhadores da escola pública, sejam eles professores, administradores ou supervisores, vêm elaborando de forma crescente sua consciência e sua compreensão dos problemas referentes à questão democrática no horizonte da construção social da escola. A unificação de seus locais de trabalho, que começa a se manifestar como bandeira de suas lutas, constitui um requisito indispensável para a elaboração de sua vontade coletiva. Sem a presença física do trabalhador individual o “trabalhador coletivo" não se constitui, mas também o projeto político não se elabora. As relações de trabalho e o próprio trabalho são, pois, na escola pública, assim como têm sido na história da humanidade, a fonte e o princípio do processo de organização da vida democrática. O trabalho como princípio educativo deve passar de objeto de estudo, ou de referência formal na legislação do ensino, a princípio prático de ação no cotidiano dos trabalhadores da escola pública, no caminho de sua democratização. 
Fontes: SILVA JUNIOR, C. A.; RANGEL JUNIOR, Mary (Orgs.). Nove olhares sobre a supervisão. Campinas, SP: Papirus, 1997. (Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico). 
SILVA JUNIOR, C. A. Supervisão da educação: Especialização e especificidade. Didática, São Paulo, n.20, 1984. 
Portanto, a letra C é a alternativa correta. 
Gabarito do Professor: Letra C.

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