As teorias da política brasileira fornecem ferramentas analí...

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Q2287887 Ciência Política
As teorias da política brasileira fornecem ferramentas analíticas para compreender dinâmicas, estruturas e processos que permeiam o sistema político do país. Essas teorias abrangem uma ampla gama de abordagens e perspectivas, buscando explicar como o poder é exercido, as relações de poder entre os atores políticos e as influências que moldam as decisões políticas adotadas no contexto brasileiro. Ao explorar tais teorias, é possível obter insights sobre as características distintas da política brasileira e os desafios enfrentados na construção e governança de uma sociedade complexa e diversa como a do Brasil. Sobre as teorias da política brasileira, assinale a afirmativa INCORRETA.
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Alternativa correta: C - Teoria da modernização conservadora

A questão aborda as diferentes teorias políticas que ajudam a entender a dinâmica do sistema político brasileiro. Para responder corretamente, é necessário ter conhecimento sobre as características e fundamentos dessas teorias.

Alternativa C: Esta é a afirmativa incorreta. A Teoria da modernização conservadora não argumenta que o desenvolvimento econômico e social do Brasil está diretamente relacionado à modernização de suas políticas institucionais. Na verdade, essa teoria sugere que a modernização no Brasil ocorre de forma desigual e conservadora, mantendo estruturas de poder tradicionais e reproduzindo desigualdades sociais.

Vamos analisar as outras alternativas para entender por que estão corretas:

A - Teoria do clientelismo: Esta teoria sustenta que as relações políticas no Brasil são baseadas em trocas de favores e benefícios entre políticos e eleitores. Esta abordagem é amplamente reconhecida na literatura sobre política brasileira, destacando a prática de clientelismo como uma característica marcante do sistema político do país.

B - Teoria do homem cordial: Esta teoria, proposta por Sérgio Buarque de Holanda, argumenta que o brasileiro tende a buscar relações pessoais e íntimas, rejeitando formalismos e convencionalismos sociais. Este conceito é usado para explicar muitas das dinâmicas sociais e políticas do país, onde relações pessoais frequentemente influenciam decisões políticas e administrativas.

D - Teoria do neocorporativismo: Esta teoria defende que organizações de interesse, como sindicatos e associações empresariais, têm papel central na formulação de políticas públicas no Brasil. O neocorporativismo é uma característica do sistema político brasileiro, onde essas organizações participam ativamente na negociação e implementação de políticas.

Com essas análises, fica claro por que a alternativa C é a incorreta, enquanto as demais estão alinhadas com as teorias da política brasileira.

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a ‘estratégia de modernização conservadora’, assim chamada, porque, diferentemente da reforma agrária, tem por objetivo o crescimento da produção agropecuária mediante a renovação tecnológica, sem que seja tocada ou grandemente alterada a estrutura agrária.

letra C

fonte: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4207148/mod_resource/content/1/516_05_semin%C3%A1rio_PIRES_o%20termo%20moderniza%C3%A7%C3%A3o%20conservadora.pdf

Clientelismo é a troca de bens e serviços por apoio político, sendo a troca algo implícito ou não. O clientelismo denota a prática de distribuir empregos, favores e outros benefícios aos seguidores em troca de apoio político.

Homem cordial é um conceito desenvolvido pelo historiador e sociólogo brasileiro Sérgio Buarque de Holanda em seu livro Raízes do Brasil, cuja primeira edição foi publicada no ano de 1936. A cordialidade descrita por Holanda faz com que o brasileiro sinta, ao mesmo tempo, o desejo de estabelecer intimidade e o horror a qualquer convencionalismo ou formalismo social. Na prática, isto faz com que as relações familiares continuem a ser o modelo obrigatório de qualquer composição social entre nós. Por isso, em geral, os indivíduos não conseguem compreender a distinção fundamental entre as instâncias públicas e privadas, principalmente entre o Estado e a família.

O termo modernização conservadora foi cunhado primeiramente por Barrington Moore Junior para analisar as revoluções burguesas que aconteceram na Alemanha e no Japão na passagem das economias pré-industriais para as economias capitalistas e industriais. Assim, o processo de modernização de sua sociedade alicerçou-se sobre um processo de industrialização condicionado pelo pacto político tecido entre a burguesia e os proprietários de terra. Os pensadores nacionais, utilizam o termo modernização conservadora sem as devidas mediações históricas e críticas, mas tiveram uma importância primordial, pois mostraram que houve a penetração das forças produtivas tipicamente capitalistas na agropecuária nacional. Entretanto, estes autores chamam a atenção para o fato de que a estrutura fundiária, ao longo dos séculos, manteve-se concentrada, mormente nas grandes unidades de exploração agropecuária. 

Schmitter Classifica o neocorporativismo como o sistema de representação de interesses que advêm das relações entre os grupos sociais e o Estado, mantendo-se, porém, o forte papel do poder público nesses arranjos, pois ainda que haja maior autonomia e mais espaço de atuação dos grupos, esses devem ser reconhecidos e autorizados pelo Estado, que, com frequência, subsidia-os, confere-lhes poderes e monopólio de representação,

estabelece diferenciações funcionais e hierarquias entre eles, moldando seus graus de competitividade. Salienta o autor que o neocorporativismo é um componente concomitante da era pós-liberal, típico em países de capitalismo avançado, organizados democraticamente e com base na política do Walfare State.

  • Teoria do clientelismo: Esta teoria argumenta que as relações políticas no Brasil são baseadas em trocas de favores, nos quais políticos oferecem benefícios e serviços em troca de apoio eleitoral. É uma abordagem que enfatiza as relações pessoais e clientelistas na política brasileira.

  • Teoria do homem cordial: Esta não é uma teoria política, mas uma ideia cultural descrita por Sérgio Buarque de Holanda em seu livro "Raízes do Brasil." Ela descreve a tendência dos brasileiros em buscar relações pessoais e íntimas, ao mesmo tempo em que têm aversão a formalidades e normas sociais. Não é uma teoria política em si, mas sim uma análise sociocultural.

  • Teoria da modernização conservadora: Esta teoria argumenta que o desenvolvimento econômico e social do Brasil está diretamente relacionado à modernização de suas políticas institucionais. Ela sugere que as mudanças nas estruturas políticas e econômicas podem ocorrer dentro de um contexto conservador.

  • Teoria do neocorporativismo: Esta teoria sustenta que as organizações de interesse, como sindicatos e associações empresariais, desempenham um papel central na formulação de políticas públicas no Brasil. O neocorporativismo envolve negociações entre o Estado e grupos organizados para tomar decisões políticas.

revisar

A modernização conservadora ocorre quando mudanças políticas são pactuadas com as forças dominantes, de modo a não produzir uma ruptura completa. É, de fato, presente na história brasileira, sendo um excelente exemplo o que ocorreu com o fim da ditadura militar. A ditatura no Brasil não acabou a partir de um movimento popular que tenha derrubado o regime militar, mas a partir da percepção dos militares de que precisavam deixar o poder. O processo, como o próprio regime determinou, foi “lento e gradual”, de modo que a democracia foi reinstalada por meio de um pacto no qual os militares abriram mão do poder, porém conseguiram garantir a não punição pelas ações cometidas ao longo dos períodos mais duros da ditadura.

Não é que os movimentos populares não tenham tido qualquer impacto, mas a repressão foi eficiente na desarticulação das forças políticas de oposição, de modo que a redemocratização não foi “revolucionária”, mas “conservadora”.

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