Leia o fragmento abaixo e responda a questão que segue: ...
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Q3074317
Pedagogia
Leia o fragmento abaixo e responda a questão que segue:
Durante a reunião pedagógica intermediária – que acontece próximo à metade de cada semestre – de um curso superior, discutia-se a situação de Arturo, um aluno atendido pelo Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Específicas (Napne). Arturo possui perda auditiva de 60% e ficou reprovado em quase todas as disciplinas nos dois primeiros semestres. Neste terceiro semestre, os professores temem que seu desempenho resulte ainda pior.
A professora de Comunicação e Expressão assinalou a dificuldade do aluno tanto na compreensão auditiva quanto na interpretação de texto. O professor de Sistemas Pneumáticos compartilhou as respostas que o aluno deu na prova, evidenciando a desconexão que havia entre o que era perguntado e o que era respondido. O professor de Eletrônica Digital fez o seguinte comentário:
“mas o problema dele não é só o ouvido. Tem uma desigualdade muito grande entre ele e o restante dos nossos alunos. É a terceira vez que ele faz a minha disciplina e pelo visto vai reprovar de novo. Já dei aula para aluno 100% surdo que dava de 10 a 0 nos outros colegas da turma. Mas sabe qual a diferença? Ele tinha base. Vinha de família boa, de escola boa. Arturo chegou aqui sem base nenhuma. Veja só: eu escuto de colegas dele que ele mora em um lugar que chega a dar pena, que só a mãe trabalha o dia inteiro pra ganhar salário mínimo, e o pai fica pela rua afora jogando baralho e falam ainda que é chegado numa pinga. Ele tem 2 irmãos e 1 irmã mais novos, e ela, inclusive, está com 14 anos e já está grávida. Então ele já vem de uma família desestruturada. É difícil a gente fazer alguma coisa por ele aqui. Eu acho que o melhor é orientar ele a procurar outra coisa que ele gosta de fazer. Encaminhar pra psicóloga, fazer uma orientação vocacional, mandar pra assistência social, qualquer coisa nesse sentido. Curso superior não é pra todo mundo, é pra quem tem condições de fazer. Sugestão de encaminhamento: o setor pedagógico chamar ele pra uma conversa e provocar nele esse senso crítico que Paulo Freire tanto fala, né, pra ele poder enxergar onde ele cabe e onde ele não cabe, onde é pra ele estar e onde não é. Não vou ficar aqui dando murro em ponta de faca”.
De acordo com Patto (1999), a interpretação equivocada que esse professor faz da reprovação do aluno se alinha com mais afinco:
Durante a reunião pedagógica intermediária – que acontece próximo à metade de cada semestre – de um curso superior, discutia-se a situação de Arturo, um aluno atendido pelo Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Específicas (Napne). Arturo possui perda auditiva de 60% e ficou reprovado em quase todas as disciplinas nos dois primeiros semestres. Neste terceiro semestre, os professores temem que seu desempenho resulte ainda pior.
A professora de Comunicação e Expressão assinalou a dificuldade do aluno tanto na compreensão auditiva quanto na interpretação de texto. O professor de Sistemas Pneumáticos compartilhou as respostas que o aluno deu na prova, evidenciando a desconexão que havia entre o que era perguntado e o que era respondido. O professor de Eletrônica Digital fez o seguinte comentário:
“mas o problema dele não é só o ouvido. Tem uma desigualdade muito grande entre ele e o restante dos nossos alunos. É a terceira vez que ele faz a minha disciplina e pelo visto vai reprovar de novo. Já dei aula para aluno 100% surdo que dava de 10 a 0 nos outros colegas da turma. Mas sabe qual a diferença? Ele tinha base. Vinha de família boa, de escola boa. Arturo chegou aqui sem base nenhuma. Veja só: eu escuto de colegas dele que ele mora em um lugar que chega a dar pena, que só a mãe trabalha o dia inteiro pra ganhar salário mínimo, e o pai fica pela rua afora jogando baralho e falam ainda que é chegado numa pinga. Ele tem 2 irmãos e 1 irmã mais novos, e ela, inclusive, está com 14 anos e já está grávida. Então ele já vem de uma família desestruturada. É difícil a gente fazer alguma coisa por ele aqui. Eu acho que o melhor é orientar ele a procurar outra coisa que ele gosta de fazer. Encaminhar pra psicóloga, fazer uma orientação vocacional, mandar pra assistência social, qualquer coisa nesse sentido. Curso superior não é pra todo mundo, é pra quem tem condições de fazer. Sugestão de encaminhamento: o setor pedagógico chamar ele pra uma conversa e provocar nele esse senso crítico que Paulo Freire tanto fala, né, pra ele poder enxergar onde ele cabe e onde ele não cabe, onde é pra ele estar e onde não é. Não vou ficar aqui dando murro em ponta de faca”.
De acordo com Patto (1999), a interpretação equivocada que esse professor faz da reprovação do aluno se alinha com mais afinco: