Antônio é professor, tem 50 anos, é casado e tem 3 filhos. ...
Antônio é professor, tem 50 anos, é casado e tem 3 filhos. Usou álcool pela primeira vez aos 11 anos, quando o pai ofereceu uma taça de champanhe no Natal. Quando entrou na faculdade, após as aulas, bebia até altas horas. No início, apenas nas sextas feiras. Depois, quartas e depois, todos os dias. Aos 30 anos, após ser demitido, passou a beber diariamente. Quando Antônio se casou, ele já bebia bastante e com o fim do casamento, seu comportamento de beber piorou bastante.
Hoje em dia só bebo pinga. A minha vida hoje se restringe ao álcool. Deixei de trabalhar. A “caninha” não me sai da cabeça. Parece que tenho um “encosto” que me faz beber, parece que já não sou dono de mim mesmo. Estou hoje aqui, com vocês, não conheço ninguém e vocês não me conhecem. Estou há dois dias sem beber, sem dormir, com o corpo todo tremendo e, às vezes, parece que tem uns bichos percorrendo o meu corpo. Por vezes, perco a noção do tempo e de onde estou. Acho que o álcool está me fazendo falta…
Após a leitura do caso do professor, qual seria o
diagnóstico mais adequado em relação aos problemas
relacionados ao uso de droga por ele apresentados?
E os delírios de ver "os bichos pelo corpo"?
Não é delírio e sim uma alucinação, típico do estado de abstinência.
A alternativa correta é a A:
F10.1 - Transtornos mentais e comportamentais decorrentes do uso de álcool / uso nocivo para saúde;
F10.2 - Transtornos mentais e comportamentais decorrentes do uso de álcool / síndrome de dependência;
F10.3 - Transtornos mentais e comportamentais decorrentes do uso de álcool / estado de abstinência.
Vamos analisar o caso do Antônio. Ele apresenta um histórico claro de uso nocivo de álcool, que evoluiu para a dependência e agora ele demonstra sintomas de abstinência. Para compreender melhor, vamos detalhar esses aspectos:
1. Uso nocivo para saúde (F10.1): Antônio começou a beber aos 11 anos e, ao longo da vida, seu consumo de álcool se intensificou, afetando negativamente sua vida pessoal e profissional. Ele reconhece que sua vida "se restringe ao álcool".
2. Síndrome de dependência (F10.2): A dependência é evidente quando Antônio declara que não é mais "dono de si mesmo" e que a "caninha" não lhe sai da cabeça. Isso indica uma perda de controle sobre o uso da substância.
3. Estado de abstinência (F10.3): Antônio está há dois dias sem beber, com sintomas físicos e psicológicos significativos como tremores, falta de sono e alucinações ("bichos percorrendo o corpo"). Esses são sinais clássicos de abstinência.
Agora, analisando as demais alternativas:
B - F10.0: Intoxicação aguda não é a mais adequada, pois não descreve o estado crônico de Antônio, mas sim um estado transitório de intoxicação.
C - F10.1 e F10.4: A inclusão de "estado de abstinência com delírio (F10.4)" não é completamente aplicável. Embora Antônio relate alucinações táteis, os sintomas relatados se alinham mais com a abstinência simples (F10.3).
D - F10.1, F10.2 e F10.5: Transtorno psicótico (F10.5) implica em uma desorganização severa do pensamento e comportamento, o que não é claramente indicado no caso de Antônio.
E - F10.2 e F10.3: Esta alternativa deixa de fora a fase inicial do uso nocivo (F10.1), que é crucial para entender a progressão do caso de Antônio.
Portanto, a alternativa A cobre de forma abrangente e adequada o desenvolvimento e o estado atual dos transtornos mentais e comportamentais do Antônio devido ao uso de álcool.