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AS QUESTÕES DE 1 A 15 ESTÃO RELACIONADAS AO TEXTO ABAIXO
TEXTO
1 [...] Cientistas, intelectuais e cientistas sociais esperavam que o avanço da ciência moderna incentivaria a
2 secularização – que a ciência seria uma força da secularização. Mas isso simplesmente não vem acontecendo. As
3 características principais que as sociedades em que a religião continua forte têm em comum estão ligadas menos à
4 ciência do que a sentimentos de segurança existencial e proteção contra algumas das incertezas fundamentais da vida,
5 sob a forma de bens públicos.
6 Uma rede de seguridade social pode estar correlacionada a avanços científicos, mas apenas de maneira fraca,
7 e, mais uma vez, o caso dos Estados Unidos é instrutivo. Os EUA podem ser descritos como a sociedade científica e
8 tecnologicamente mais avançada do mundo, mas, ao mesmo tempo, é a mais religiosa das sociedades ocidentais. Como
9 concluiu o sociólogo britânico David Martin em "The Future of Christianity" (o futuro do cristianismo, 2011), "não
10 existe uma relação consistente entre o grau de avanço científico e um perfil reduzido de influência de crenças e práticas
11 religiosas".
12 A história da ciência e da secularização torna-se ainda mais intrigante quando refletimos sobre as sociedades
13 em que ocorreram reações importantes contra agendas secularistas.
14 O primeiro premiê da Índia, Jawaharlal Nehru (1889-1964), defendeu ideais seculares e científicos e incluiu a
15 educação científica no projeto de modernização do país. Nehru acreditava que as visões hindus de um passado védico
16 e ossonhos muçulmanos de uma teocracia islâmica sucumbiriam diante do avanço histórico inexorável da secularização.
17 "O tempo avança apenas em mão única", declarou. Mas, como atesta a subsequente ascensão dos
18 fundamentalismos hindu e islâmico, Nehru se equivocou. Além disso, a vinculação da ciência com uma agenda de
19 secularização teve efeito contrário ao desejado; uma das baixas colaterais da resistência ao secularismo foi a ciência.
20 [...]
21 Os Estados Unidos representam um contexto cultural diferente, onde pode parecer que a questão crucial é um
22 conflito entre as leituras literais do Livro de Gênesis e aspectos chaves da história da evolução. Na realidade, porém,
23 boa parte do discurso criacionista trata de valores morais. Também no caso dos EUA, vemos o antievolucionismo sendo
24 motivado, pelo menos em parte, pela ideia de que a teoria da evolução é um pretexto para a promoção do materialismo
25 secular e seus valores. Como acontece na Índia e na Turquia, o secularismo está, na realidade, prejudicando a ciência.
26 Para resumir, a secularização global não é inevitável, e, quando acontece, não é causada pela ciência. Além
27 disso, quando se procura usar a ciência para promover o secularismo, os resultados podem prejudicar a ciência. A tese
28 de que "a ciência causa secularização" não passa no teste empírico, e recrutar a ciência como instrumento de
29 secularização é uma estratégia que deixa a desejar. A combinação de ciência e secularização é tão inapta que levanta a
30 pergunta de por que alguém chegou a pensar que não fosse. [...]
31 Hoje as pessoas sentem menos certeza de que a história avança rumo a um destino único, passando por uma
32 série determinada de etapas. E, apesar da persistência popular da ideia de um conflito duradouro entre ciência e religião,
33 a maioria dos historiadores da ciência não defende essa visão.
34 Colisões renomadas, como o caso de Galileu, foram determinadas pela política e pelas personalidades
35 envolvidas, não apenas pela ciência e pela religião. Darwin teve defensores religiosos importantes e detratores
36 científicos, além de detratores religiosos e defensores científicos. Muitas outras supostas instâncias de conflito entre
37 ciência e religião foram expostas como sendo pura invenção.
38 Na realidade, contrariando o conflito, a norma histórica muitas vezes tem sido de apoio mútuo entre ciência e
39 religião. Em seus anos formativos, no século 17, a ciência moderna dependeu da legitimação religiosa. Nos séculos 18
40 e 19, a teologia natural ajudou a popularizar a ciência.
41 O modelo de conflito ciência-religião nos deu uma visão equivocada do passado e, quando somado a
42 expectativas de secularização, levou a uma visão falha do futuro. A teoria da secularização fracassou como descrição e
43 como previsão. A pergunta real é por que continuamos a nos deparar com proponentes do conflito entre ciência e
44 religião.
45 Muitos são cientistas renomados. Seria supérfluo repetir as reflexões de Richard Dawkins sobre esse tema, mas
46 ele está longe de ser uma voz solitária. Stephen Hawking acha que "a ciência vai sair ganhando porque ela funciona";
47 Sam Harris declarou que "a ciência precisa destruir a religião"; Stephen Weinberg pensa que a ciência enfraqueceu as
48 certezas religiosas; Colin Blakemore prevê que, com o tempo, a ciência acabará tornando a religião desnecessária. As
49 evidências históricas não fundamentam essas alegações. Na realidade, sugerem que elas são equivocadas.
50 Então por que elas persistem? As respostas são políticas. Deixando de lado qualquer apreço remanescente por
51 visões oitocentistas ultrapassadas da história, precisamos pensar no medo do fundamentalismo islâmico, na rejeição ao
52 criacionismo, na aversão às alianças entre a direita religiosa e a negação da mudança climática e nos temores de erosão
53 da autoridade científica. Podemos nos solidarizar com essas preocupações, mas não há como disfarçar o fato de que elas
54 nascem de uma intrusão indesejável de compromissos normativos na discussão.
55 O pensamento fantasioso, pautado pelo que se deseja – esperar que a ciência seja vitoriosa sobre a religião –
56 não substitui uma avaliação sóbria e refletida das realidades atuais. Levar essa defesa da causa da ciência adiante
57 provavelmente terá efeito oposto ao pretendido.
58 A religião não vai desaparecer no futuro próximo, e a ciência não vai destruí-la. Na realidade, é a ciência que
59 sofre ameaças crescentes à sua autoridade e legitimidade social. Em vista disso, a ciência precisa de todos os aliados
60 possíveis. Seus defensores fariam bem em parar de retratar a religião como sua inimiga ou de insistir que o único
61 caminho para um futuro seguro está no casamento entre ciência e secularismo.
POR PETER HARRISON - Tradução de CLARA ALLAIN. FONTE: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2017/09/1917894-a-religiao-nao-vai-desaparecer-e-a-ciencianao-vai-acabar-com-ela.shtml
Sobre os mecanismos linguísticos usados no texto, é verdadeiro o que se afirma em
AS QUESTÕES DE 1 A 15 ESTÃO RELACIONADAS AO TEXTO ABAIXO
TEXTO
1 [...] Cientistas, intelectuais e cientistas sociais esperavam que o avanço da ciência moderna incentivaria a
2 secularização – que a ciência seria uma força da secularização. Mas isso simplesmente não vem acontecendo. As
3 características principais que as sociedades em que a religião continua forte têm em comum estão ligadas menos à
4 ciência do que a sentimentos de segurança existencial e proteção contra algumas das incertezas fundamentais da vida,
5 sob a forma de bens públicos.
6 Uma rede de seguridade social pode estar correlacionada a avanços científicos, mas apenas de maneira fraca,
7 e, mais uma vez, o caso dos Estados Unidos é instrutivo. Os EUA podem ser descritos como a sociedade científica e
8 tecnologicamente mais avançada do mundo, mas, ao mesmo tempo, é a mais religiosa das sociedades ocidentais. Como
9 concluiu o sociólogo britânico David Martin em "The Future of Christianity" (o futuro do cristianismo, 2011), "não
10 existe uma relação consistente entre o grau de avanço científico e um perfil reduzido de influência de crenças e práticas
11 religiosas".
12 A história da ciência e da secularização torna-se ainda mais intrigante quando refletimos sobre as sociedades
13 em que ocorreram reações importantes contra agendas secularistas.
14 O primeiro premiê da Índia, Jawaharlal Nehru (1889-1964), defendeu ideais seculares e científicos e incluiu a
15 educação científica no projeto de modernização do país. Nehru acreditava que as visões hindus de um passado védico
16 e ossonhos muçulmanos de uma teocracia islâmica sucumbiriam diante do avanço histórico inexorável da secularização.
17 "O tempo avança apenas em mão única", declarou. Mas, como atesta a subsequente ascensão dos
18 fundamentalismos hindu e islâmico, Nehru se equivocou. Além disso, a vinculação da ciência com uma agenda de
19 secularização teve efeito contrário ao desejado; uma das baixas colaterais da resistência ao secularismo foi a ciência.
20 [...]
21 Os Estados Unidos representam um contexto cultural diferente, onde pode parecer que a questão crucial é um
22 conflito entre as leituras literais do Livro de Gênesis e aspectos chaves da história da evolução. Na realidade, porém,
23 boa parte do discurso criacionista trata de valores morais. Também no caso dos EUA, vemos o antievolucionismo sendo
24 motivado, pelo menos em parte, pela ideia de que a teoria da evolução é um pretexto para a promoção do materialismo
25 secular e seus valores. Como acontece na Índia e na Turquia, o secularismo está, na realidade, prejudicando a ciência.
26 Para resumir, a secularização global não é inevitável, e, quando acontece, não é causada pela ciência. Além
27 disso, quando se procura usar a ciência para promover o secularismo, os resultados podem prejudicar a ciência. A tese
28 de que "a ciência causa secularização" não passa no teste empírico, e recrutar a ciência como instrumento de
29 secularização é uma estratégia que deixa a desejar. A combinação de ciência e secularização é tão inapta que levanta a
30 pergunta de por que alguém chegou a pensar que não fosse. [...]
31 Hoje as pessoas sentem menos certeza de que a história avança rumo a um destino único, passando por uma
32 série determinada de etapas. E, apesar da persistência popular da ideia de um conflito duradouro entre ciência e religião,
33 a maioria dos historiadores da ciência não defende essa visão.
34 Colisões renomadas, como o caso de Galileu, foram determinadas pela política e pelas personalidades
35 envolvidas, não apenas pela ciência e pela religião. Darwin teve defensores religiosos importantes e detratores
36 científicos, além de detratores religiosos e defensores científicos. Muitas outras supostas instâncias de conflito entre
37 ciência e religião foram expostas como sendo pura invenção.
38 Na realidade, contrariando o conflito, a norma histórica muitas vezes tem sido de apoio mútuo entre ciência e
39 religião. Em seus anos formativos, no século 17, a ciência moderna dependeu da legitimação religiosa. Nos séculos 18
40 e 19, a teologia natural ajudou a popularizar a ciência.
41 O modelo de conflito ciência-religião nos deu uma visão equivocada do passado e, quando somado a
42 expectativas de secularização, levou a uma visão falha do futuro. A teoria da secularização fracassou como descrição e
43 como previsão. A pergunta real é por que continuamos a nos deparar com proponentes do conflito entre ciência e
44 religião.
45 Muitos são cientistas renomados. Seria supérfluo repetir as reflexões de Richard Dawkins sobre esse tema, mas
46 ele está longe de ser uma voz solitária. Stephen Hawking acha que "a ciência vai sair ganhando porque ela funciona";
47 Sam Harris declarou que "a ciência precisa destruir a religião"; Stephen Weinberg pensa que a ciência enfraqueceu as
48 certezas religiosas; Colin Blakemore prevê que, com o tempo, a ciência acabará tornando a religião desnecessária. As
49 evidências históricas não fundamentam essas alegações. Na realidade, sugerem que elas são equivocadas.
50 Então por que elas persistem? As respostas são políticas. Deixando de lado qualquer apreço remanescente por
51 visões oitocentistas ultrapassadas da história, precisamos pensar no medo do fundamentalismo islâmico, na rejeição ao
52 criacionismo, na aversão às alianças entre a direita religiosa e a negação da mudança climática e nos temores de erosão
53 da autoridade científica. Podemos nos solidarizar com essas preocupações, mas não há como disfarçar o fato de que elas
54 nascem de uma intrusão indesejável de compromissos normativos na discussão.
55 O pensamento fantasioso, pautado pelo que se deseja – esperar que a ciência seja vitoriosa sobre a religião –
56 não substitui uma avaliação sóbria e refletida das realidades atuais. Levar essa defesa da causa da ciência adiante
57 provavelmente terá efeito oposto ao pretendido.
58 A religião não vai desaparecer no futuro próximo, e a ciência não vai destruí-la. Na realidade, é a ciência que
59 sofre ameaças crescentes à sua autoridade e legitimidade social. Em vista disso, a ciência precisa de todos os aliados
60 possíveis. Seus defensores fariam bem em parar de retratar a religião como sua inimiga ou de insistir que o único
61 caminho para um futuro seguro está no casamento entre ciência e secularismo.
POR PETER HARRISON - Tradução de CLARA ALLAIN. FONTE: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2017/09/1917894-a-religiao-nao-vai-desaparecer-e-a-ciencianao-vai-acabar-com-ela.shtml
No texto, o pronome
AS QUESTÕES DE 1 A 15 ESTÃO RELACIONADAS AO TEXTO ABAIXO
TEXTO
1 [...] Cientistas, intelectuais e cientistas sociais esperavam que o avanço da ciência moderna incentivaria a
2 secularização – que a ciência seria uma força da secularização. Mas isso simplesmente não vem acontecendo. As
3 características principais que as sociedades em que a religião continua forte têm em comum estão ligadas menos à
4 ciência do que a sentimentos de segurança existencial e proteção contra algumas das incertezas fundamentais da vida,
5 sob a forma de bens públicos.
6 Uma rede de seguridade social pode estar correlacionada a avanços científicos, mas apenas de maneira fraca,
7 e, mais uma vez, o caso dos Estados Unidos é instrutivo. Os EUA podem ser descritos como a sociedade científica e
8 tecnologicamente mais avançada do mundo, mas, ao mesmo tempo, é a mais religiosa das sociedades ocidentais. Como
9 concluiu o sociólogo britânico David Martin em "The Future of Christianity" (o futuro do cristianismo, 2011), "não
10 existe uma relação consistente entre o grau de avanço científico e um perfil reduzido de influência de crenças e práticas
11 religiosas".
12 A história da ciência e da secularização torna-se ainda mais intrigante quando refletimos sobre as sociedades
13 em que ocorreram reações importantes contra agendas secularistas.
14 O primeiro premiê da Índia, Jawaharlal Nehru (1889-1964), defendeu ideais seculares e científicos e incluiu a
15 educação científica no projeto de modernização do país. Nehru acreditava que as visões hindus de um passado védico
16 e ossonhos muçulmanos de uma teocracia islâmica sucumbiriam diante do avanço histórico inexorável da secularização.
17 "O tempo avança apenas em mão única", declarou. Mas, como atesta a subsequente ascensão dos
18 fundamentalismos hindu e islâmico, Nehru se equivocou. Além disso, a vinculação da ciência com uma agenda de
19 secularização teve efeito contrário ao desejado; uma das baixas colaterais da resistência ao secularismo foi a ciência.
20 [...]
21 Os Estados Unidos representam um contexto cultural diferente, onde pode parecer que a questão crucial é um
22 conflito entre as leituras literais do Livro de Gênesis e aspectos chaves da história da evolução. Na realidade, porém,
23 boa parte do discurso criacionista trata de valores morais. Também no caso dos EUA, vemos o antievolucionismo sendo
24 motivado, pelo menos em parte, pela ideia de que a teoria da evolução é um pretexto para a promoção do materialismo
25 secular e seus valores. Como acontece na Índia e na Turquia, o secularismo está, na realidade, prejudicando a ciência.
26 Para resumir, a secularização global não é inevitável, e, quando acontece, não é causada pela ciência. Além
27 disso, quando se procura usar a ciência para promover o secularismo, os resultados podem prejudicar a ciência. A tese
28 de que "a ciência causa secularização" não passa no teste empírico, e recrutar a ciência como instrumento de
29 secularização é uma estratégia que deixa a desejar. A combinação de ciência e secularização é tão inapta que levanta a
30 pergunta de por que alguém chegou a pensar que não fosse. [...]
31 Hoje as pessoas sentem menos certeza de que a história avança rumo a um destino único, passando por uma
32 série determinada de etapas. E, apesar da persistência popular da ideia de um conflito duradouro entre ciência e religião,
33 a maioria dos historiadores da ciência não defende essa visão.
34 Colisões renomadas, como o caso de Galileu, foram determinadas pela política e pelas personalidades
35 envolvidas, não apenas pela ciência e pela religião. Darwin teve defensores religiosos importantes e detratores
36 científicos, além de detratores religiosos e defensores científicos. Muitas outras supostas instâncias de conflito entre
37 ciência e religião foram expostas como sendo pura invenção.
38 Na realidade, contrariando o conflito, a norma histórica muitas vezes tem sido de apoio mútuo entre ciência e
39 religião. Em seus anos formativos, no século 17, a ciência moderna dependeu da legitimação religiosa. Nos séculos 18
40 e 19, a teologia natural ajudou a popularizar a ciência.
41 O modelo de conflito ciência-religião nos deu uma visão equivocada do passado e, quando somado a
42 expectativas de secularização, levou a uma visão falha do futuro. A teoria da secularização fracassou como descrição e
43 como previsão. A pergunta real é por que continuamos a nos deparar com proponentes do conflito entre ciência e
44 religião.
45 Muitos são cientistas renomados. Seria supérfluo repetir as reflexões de Richard Dawkins sobre esse tema, mas
46 ele está longe de ser uma voz solitária. Stephen Hawking acha que "a ciência vai sair ganhando porque ela funciona";
47 Sam Harris declarou que "a ciência precisa destruir a religião"; Stephen Weinberg pensa que a ciência enfraqueceu as
48 certezas religiosas; Colin Blakemore prevê que, com o tempo, a ciência acabará tornando a religião desnecessária. As
49 evidências históricas não fundamentam essas alegações. Na realidade, sugerem que elas são equivocadas.
50 Então por que elas persistem? As respostas são políticas. Deixando de lado qualquer apreço remanescente por
51 visões oitocentistas ultrapassadas da história, precisamos pensar no medo do fundamentalismo islâmico, na rejeição ao
52 criacionismo, na aversão às alianças entre a direita religiosa e a negação da mudança climática e nos temores de erosão
53 da autoridade científica. Podemos nos solidarizar com essas preocupações, mas não há como disfarçar o fato de que elas
54 nascem de uma intrusão indesejável de compromissos normativos na discussão.
55 O pensamento fantasioso, pautado pelo que se deseja – esperar que a ciência seja vitoriosa sobre a religião –
56 não substitui uma avaliação sóbria e refletida das realidades atuais. Levar essa defesa da causa da ciência adiante
57 provavelmente terá efeito oposto ao pretendido.
58 A religião não vai desaparecer no futuro próximo, e a ciência não vai destruí-la. Na realidade, é a ciência que
59 sofre ameaças crescentes à sua autoridade e legitimidade social. Em vista disso, a ciência precisa de todos os aliados
60 possíveis. Seus defensores fariam bem em parar de retratar a religião como sua inimiga ou de insistir que o único
61 caminho para um futuro seguro está no casamento entre ciência e secularismo.
POR PETER HARRISON - Tradução de CLARA ALLAIN. FONTE: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2017/09/1917894-a-religiao-nao-vai-desaparecer-e-a-ciencianao-vai-acabar-com-ela.shtml
Está contida no texto uma
AS QUESTÕES DE 1 A 15 ESTÃO RELACIONADAS AO TEXTO ABAIXO
TEXTO
1 [...] Cientistas, intelectuais e cientistas sociais esperavam que o avanço da ciência moderna incentivaria a
2 secularização – que a ciência seria uma força da secularização. Mas isso simplesmente não vem acontecendo. As
3 características principais que as sociedades em que a religião continua forte têm em comum estão ligadas menos à
4 ciência do que a sentimentos de segurança existencial e proteção contra algumas das incertezas fundamentais da vida,
5 sob a forma de bens públicos.
6 Uma rede de seguridade social pode estar correlacionada a avanços científicos, mas apenas de maneira fraca,
7 e, mais uma vez, o caso dos Estados Unidos é instrutivo. Os EUA podem ser descritos como a sociedade científica e
8 tecnologicamente mais avançada do mundo, mas, ao mesmo tempo, é a mais religiosa das sociedades ocidentais. Como
9 concluiu o sociólogo britânico David Martin em "The Future of Christianity" (o futuro do cristianismo, 2011), "não
10 existe uma relação consistente entre o grau de avanço científico e um perfil reduzido de influência de crenças e práticas
11 religiosas".
12 A história da ciência e da secularização torna-se ainda mais intrigante quando refletimos sobre as sociedades
13 em que ocorreram reações importantes contra agendas secularistas.
14 O primeiro premiê da Índia, Jawaharlal Nehru (1889-1964), defendeu ideais seculares e científicos e incluiu a
15 educação científica no projeto de modernização do país. Nehru acreditava que as visões hindus de um passado védico
16 e ossonhos muçulmanos de uma teocracia islâmica sucumbiriam diante do avanço histórico inexorável da secularização.
17 "O tempo avança apenas em mão única", declarou. Mas, como atesta a subsequente ascensão dos
18 fundamentalismos hindu e islâmico, Nehru se equivocou. Além disso, a vinculação da ciência com uma agenda de
19 secularização teve efeito contrário ao desejado; uma das baixas colaterais da resistência ao secularismo foi a ciência.
20 [...]
21 Os Estados Unidos representam um contexto cultural diferente, onde pode parecer que a questão crucial é um
22 conflito entre as leituras literais do Livro de Gênesis e aspectos chaves da história da evolução. Na realidade, porém,
23 boa parte do discurso criacionista trata de valores morais. Também no caso dos EUA, vemos o antievolucionismo sendo
24 motivado, pelo menos em parte, pela ideia de que a teoria da evolução é um pretexto para a promoção do materialismo
25 secular e seus valores. Como acontece na Índia e na Turquia, o secularismo está, na realidade, prejudicando a ciência.
26 Para resumir, a secularização global não é inevitável, e, quando acontece, não é causada pela ciência. Além
27 disso, quando se procura usar a ciência para promover o secularismo, os resultados podem prejudicar a ciência. A tese
28 de que "a ciência causa secularização" não passa no teste empírico, e recrutar a ciência como instrumento de
29 secularização é uma estratégia que deixa a desejar. A combinação de ciência e secularização é tão inapta que levanta a
30 pergunta de por que alguém chegou a pensar que não fosse. [...]
31 Hoje as pessoas sentem menos certeza de que a história avança rumo a um destino único, passando por uma
32 série determinada de etapas. E, apesar da persistência popular da ideia de um conflito duradouro entre ciência e religião,
33 a maioria dos historiadores da ciência não defende essa visão.
34 Colisões renomadas, como o caso de Galileu, foram determinadas pela política e pelas personalidades
35 envolvidas, não apenas pela ciência e pela religião. Darwin teve defensores religiosos importantes e detratores
36 científicos, além de detratores religiosos e defensores científicos. Muitas outras supostas instâncias de conflito entre
37 ciência e religião foram expostas como sendo pura invenção.
38 Na realidade, contrariando o conflito, a norma histórica muitas vezes tem sido de apoio mútuo entre ciência e
39 religião. Em seus anos formativos, no século 17, a ciência moderna dependeu da legitimação religiosa. Nos séculos 18
40 e 19, a teologia natural ajudou a popularizar a ciência.
41 O modelo de conflito ciência-religião nos deu uma visão equivocada do passado e, quando somado a
42 expectativas de secularização, levou a uma visão falha do futuro. A teoria da secularização fracassou como descrição e
43 como previsão. A pergunta real é por que continuamos a nos deparar com proponentes do conflito entre ciência e
44 religião.
45 Muitos são cientistas renomados. Seria supérfluo repetir as reflexões de Richard Dawkins sobre esse tema, mas
46 ele está longe de ser uma voz solitária. Stephen Hawking acha que "a ciência vai sair ganhando porque ela funciona";
47 Sam Harris declarou que "a ciência precisa destruir a religião"; Stephen Weinberg pensa que a ciência enfraqueceu as
48 certezas religiosas; Colin Blakemore prevê que, com o tempo, a ciência acabará tornando a religião desnecessária. As
49 evidências históricas não fundamentam essas alegações. Na realidade, sugerem que elas são equivocadas.
50 Então por que elas persistem? As respostas são políticas. Deixando de lado qualquer apreço remanescente por
51 visões oitocentistas ultrapassadas da história, precisamos pensar no medo do fundamentalismo islâmico, na rejeição ao
52 criacionismo, na aversão às alianças entre a direita religiosa e a negação da mudança climática e nos temores de erosão
53 da autoridade científica. Podemos nos solidarizar com essas preocupações, mas não há como disfarçar o fato de que elas
54 nascem de uma intrusão indesejável de compromissos normativos na discussão.
55 O pensamento fantasioso, pautado pelo que se deseja – esperar que a ciência seja vitoriosa sobre a religião –
56 não substitui uma avaliação sóbria e refletida das realidades atuais. Levar essa defesa da causa da ciência adiante
57 provavelmente terá efeito oposto ao pretendido.
58 A religião não vai desaparecer no futuro próximo, e a ciência não vai destruí-la. Na realidade, é a ciência que
59 sofre ameaças crescentes à sua autoridade e legitimidade social. Em vista disso, a ciência precisa de todos os aliados
60 possíveis. Seus defensores fariam bem em parar de retratar a religião como sua inimiga ou de insistir que o único
61 caminho para um futuro seguro está no casamento entre ciência e secularismo.
POR PETER HARRISON - Tradução de CLARA ALLAIN. FONTE: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2017/09/1917894-a-religiao-nao-vai-desaparecer-e-a-ciencianao-vai-acabar-com-ela.shtml
A partir da leitura do texto como um todo, para o autor,
AS QUESTÕES DE 1 A 15 ESTÃO RELACIONADAS AO TEXTO ABAIXO
TEXTO
1 ____ Segundo um dicionário, ciência é o “conjunto de conhecimentos exatos e sistemáticos da realidade, decorrente
2 de estudos, observações [e] experimentos”. Esse processo é trabalhoso e, às vezes, frustrante. Cientistas passam
3 semanas, meses e até anos observando e realizando experiências. Algumas vezes, eles se deparam com problemas sem
4 solução, mas em muitos casos seu trabalho traz benefícios para a humanidade.
5 ____ Uma empresa europeia criou um purificador de água portátil constituído de um tubo de plástico e filtros
6 avançados. Usando esse purificador, uma pessoa pode evitar doenças causadas por água contaminada. Aparelhos como
7 esse foram usados após desastres naturais, como o terremoto no Haiti em 2010.
8 ____ Bem acima da Terra, redes de satélites formam o chamado Sistema de Posicionamento Global (GPS, sigla em
9 inglês). Inicialmente projetado para fins militares, o GPS ajuda motoristas, pilotos de aeronaves, navegadores e até
10 caçadores e montanhistas a se orientar. Graças aos cientistas que criaram o GPS, ficou mais fácil chegar a seu destino.
11 ___ Você usa celular, computador ou internet? A medicina avançada contribuiu para você ter uma saúde melhor?
12 Você viaja de avião? Nesses casos, você está se beneficiando da ciência. De várias formas, a ciência tem uma influência
13 positiva na vida de todos nós.
14 ___ Para expandir seu conhecimento, cientistas modernos estão pesquisando cada vez mais a fundo a natureza e o
15 Universo. Físicos nucleares investigam o interior do átomo, e astrofísicos tentam entender a origem do Universo, como
16 que voltando bilhões de anos no tempo. À medida que as pesquisas científicas avançam, conseguindo até mesmo
17 investigar domínios invisíveis e intocáveis, alguns cientistas acham que, se o Deus da Bíblia existe, eles vão conseguir
18 encontrá-lo.
19 ___ Alguns cientistas e filósofos de destaque vão mais além. Eles promovem o que o escritor científico Amir Aczel
20 chamou de “argumentação científica contra a existência de Deus”. Por exemplo, um físico mundialmente famoso
21 afirmou que “a ausência de evidências de algum deus que exerça um papel importante no Universo certamente prova
22 que esse deus não existe”. Outros descrevem as atividades do Deus da Bíblia como “artifíciossobrenaturais” e “mágica”.
23 ___ Mas isso gera uma dúvida: o que a ciência aprendeu sobre a natureza é suficiente para se chegar a conclusões
24 definitivas? Na verdade não. A ciência tem avançado de forma extraordinária, mas diversos cientistas reconhecem que
25 ainda há muitas coisas desconhecidas e talvez outras impossíveis de saber. Ao falar sobre a natureza, o físico e vencedor
26 do Prêmio Nobel Steven Weinberg disse: “Nunca saberemos o porquê de tudo.” O professor universitário Martin Rees,
27 Astrônomo Real da Grã-Bretanha, escreveu: “Talvez haja coisas que os humanos nunca entenderão.” A verdade é que
28 muito do que existe na natureza, da minúscula célula ao vasto Universo, ainda está além da compreensão da ciência
29 moderna.
30 ___ Biólogos não entendem plenamente os processos que ocorrem nas células. Como elas consomem energia, como
31 produzem proteínas e como se dividem são dúvidas para as quais a ciência ainda não tem todas as respostas.
32 ___ A gravidade nos afeta em cada segundo de nossa vida. Mesmo assim, de certa forma ela continua um mistério
33 para os físicos. Eles não entendem completamente como a gravidade puxa você para baixo quando você pula ou como
34 ela mantém a Lua orbitando a Terra.
35 ___ Cosmologistas calculam que uns 95% dos elementos que compõem o Universo são invisíveis e indetectáveis
36 por instrumentos científicos. Eles dividem esses elementos em duas categorias: matéria escura e energia escura. Ainda
37 não se conhece a natureza deles.
38 ___ Existem outras coisas desconhecidas que confundem os cientistas. O que isso indica? Um conhecido escritor
39 científico escreveu: “Nossa ignorância ultrapassa muito nosso conhecimento. Para mim, uma vida dedicada à ciência
40 não deve levar a uma atitude de certeza absoluta, mas a uma profunda admiração e a um desejo de investigar mais.”
FONTE: https://www.jw.org/pt/publicacoes/revistas/wp20150601/impacto-ciencia-sua-vida/
É comprovável no texto a afirmação.
AS QUESTÕES DE 1 A 15 ESTÃO RELACIONADAS AO TEXTO ABAIXO
TEXTO
1 Não existe um único espaço por excelência para a política educacional. Ela se processa onde há pessoas imbuídas
2 da intenção de aos poucos conduzir a criança a ser o modelo social de adolescente e, posteriormente, de jovem e adulto
3 idealizado pelo grupo social em que está situado.
4 A intenção de uma política educacional pode ser clara e visível, ou então obscura e camuflada. Conhecendo a
5 intenção de uma política educacional, poderá ser compreendido outro aspecto que a envolve – o poder. Esse aspecto da
6 elaboração da política educacional permite associá-la, para uma melhor interpretação, a duas antiquíssimas e também muito
7 atuais vertentes da práxis política.
8 Pelo fato de a política educacional ser estabelecida por meio do poder de definição do processo pedagógico, em
9 função de um grupo, de uma comunidade ou de setores dessa comunidade, ela tanto pode ser resultado de um amplo
10 processo participativo, em que todos os membros envolvidos com a tarefa pedagógica (professores (as), alunos (as) e seus
11 pais) debatem e opinem sobre como ela é, como deverá ser e a que fim deverá atender, como também pode ser imposição
12 de um pequeno grupo que exerce o poder sobre a grande maioria coletiva.
13 Atualmente, existem duas versões de política educacional correspondentes às práxis políticas aristotélicas e
14 platônicas. Na linha platônica, há a política educacional tecnocrática, e, na vertente aristotélica, há a política educacional
15 municipalizante.
16 Na vertente platônica, aqueles que elaboram a política educacionalsão representantes do Estado – um pequeno grupo
17 de pessoas que também desenvolve a atividade normativa sobre o sistema de ensino público, sem, contudo, ser responsável
18 pelo fornecimento do ensino.
19 Essa elite é conhecida como representante da tecnocracia. Na esfera educacional, a tecnocracia tem um perfil
20 antidemocrático, já que continuamente reserva para si o monopólio das virtudes necessárias para a direção da educação.
21 O planejamento, um instrumento para a concretização da política educacional, quando é tecnocrático, obedece a
22 uma orientação platônica, ou seja, não é flexível e não sofre mudanças de acordo com a dinâmica da realidade.
23 A legislação educacional é outro instrumento técnico da política educacional, que garante a homogeneização
24 ideológica na educação e a centralização administrativa.
25 Uma alternativa à política educacional tecnocrática de inspiração platônica é a política municipalizante. Ela implica
26 um poder maior em favor doslocais onde se estabelece a autonomia do complexo escolar, o que comumente é compreendido
27 como municipalização do ensino.
28 A política educacional municipalizante assegura recursos públicos desvinculados de posições político-partidárias e
29 pressupõe participação, controle e comprometimento por parte da comunidade com o motivo educacional.
30 Essa descentralização não requer a existência da dispendiosa burocracia. Há bastante flexibilidade nos currículos
31 escolares, permitindo que ocorram mudanças quando e onde elas se fizerem necessárias. A gestão de cada unidade escolar
32 é bastante democrática, pois os (as) diretores (as) de cada escola pertencem à comunidade em que ela está localizada, o que
33 faz da figura do administrador escolar uma espécie de ponte entre a instituição e o contexto em que ela está inserida.
34 Assim, a política educacional tem muito a ver com o contexto e a organização política de cada sociedade, e o seu
35 perfil depende em grande parte desse aspecto da sociedade em que ela existe.
36 Se a cultura de um povo é democrática e ele atua nas decisões políticas, é provável que sua política educacional
37 acate as sugestões e os anseios da população, mas em contextos autoritários, nos quais o povo é subjugado por uma cultura
38 extremamente dominadora, é comum predominar uma política educacional de cunho platônico.
Por Eliane da Costa Bruini - Colaboradora Brasil Escola Graduada em Pedagogia Pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo – UNISAL FONTE: https://educador.brasilescola.uol.com.br/politica-educacional/o-que-politica-educacional.htm |
No texto, o articulista
O arroz cru pode apresentar bactérias na forma esporulada, que permite a sua sobrevivência no alimento seco. Após o cozimento do arroz, se este alimento for mantido à temperatura ambiente por algum tempo, a bactéria volta a sua forma natural e pode se multiplicar rapidamente.
Sobre o assunto, identifique o microrganismo que forma esporo e pode voltar a sua forma natural após o cozimento do arroz, se esse for mantido na zona de perigo.
A respeito da administração de UAN por autogestão e terceirização, identifique uma característica da autogestão.
As hortaliças podem ser classificadas de acordo com a parte que pode ser consumida. Nesse caso, são classificadas como frutos
Uma unidade produtora de refeições programou uma preparação que utiliza 18 kg de beterraba ralada crua, considerando que o fator de correção deste alimento é de 1,35, quantos quilos são necessários?
Dada a ausência de medida padrao-ouro do estado nutricional, índices que combinam diversas variáveis são muito utilizados na prática clínica para avaliação nutricional. No que concerne ao assunto, identifique o índice que além de ser amplamente utilizado, é o mais conhecido para uso em idoso hospitalizado e tem se mostrado preditivo de eventos clínicos adversos e mortalidade.
Algumas estratégias nutricionais para o paciente disfágico melhoram a aceitação alimentar. Considerando a sentença acima, pode-se afirmar que a estratégia que NÃO melhora a aceitação alimentar do paciente com dieta modificada em consistência para disfagia é:
A doença neurológica proveniente de deficiência nutricional de tiamina, que causa encefalopatia, movimentos involuntários dos olhos, movimentos debilitados, amnésia e requer suplementação com tiamina e hidratação adequada é:
Sobre as intervenções nutricionais na doença de Crohn (DC), marque a alternativa correta.
A adoção de um plano de vida saudável é indispensável no tratamento de indivíduos hipertensos e o controle alimentar é uma dessas medidas terapêuticas para reduzir a morbimortalidade. Sobre consumo de alimentos específicos na redução da hipertensão arterial, marque a alternativa INCORRETA.
Em geral, a terapia de nutrição enteral (TNE) deve ser instituída em pacientes com:
A respeito da nutrição parenteral periférica, marque a opção correta.
Identifique o alimento que NÃO compõe a dieta de líquidos claros.
Sobre o envelhecimento e a influencia dos fatores que podem atuar de forma negativa na nutrição do idoso, marque a alternativa correta.
Fases em que a nutrição deve ser cuidadosamente avaliada e instituída, por presentarem determinantes de risco de fraturas: