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Texto 2
CÔNSUL!
Domício da Gama
No café de Londres, às onze horas da noite.
Chove desabridamente. Entre a zoada dos aguaceiros,
que lavam a rua, ouvem-se raros passos apressados de
transeuntes invisíveis na sombra. A espaços um ronco
5 rápido e surdo, como um rufo de tambor molhado,
assinala a passagem de um guarda-chuva por baixo do
jorro de uma goteira que transborda. Corre um sopro
glacial de tédio e desconforto pelo café profusamente
iluminado, em que já pouca gente resta. O silêncio só é
10 quebrado pelo ruído dos talheres e da conversa de três
rapazes cavaqueando numa ceia econômica ao fundo.
O homem do contador cochila. Sentado a uma mesinha,
em frente ao prato vazio, em que um osso descarnado
de galinha comemora a passagem de uma canja, está
15 um homem que cisma sobre um jornal.
GAMA, Domício. Apud SANDANELLO, F. B. Domício da Gama e o impressionismo literário no Brasil. São Luís, MA: EDUFMA, 2017. p. 169.
“Sentado a uma mesinha, em frente ao prato vazio, em que um osso descarnado de galinha comemora a passagem de uma canja, está um homem que cisma sobre um jornal.” (linhas 12-15). Pode substituir a expressão sublinhada, sem alteração do sentido:
Texto 1
DOMÍCIO DA GAMA
Domício da Gama (Domício Afonso Forneiro,
adotou do padrinho o Gama), jornalista, diplomata,
contista e cronista, nasceu em Maricá, RJ, em 23 de
outubro de 1862 e faleceu no Rio de Janeiro, RJ,
5 em 8 de novembro de 1925. Foi um dos dez
acadêmicos eleitos na sessão de 28 de janeiro de 1897,
para completar o quadro de fundadores da Academia.
Escolheu Raul Pompeia como patrono, ocupando a
cadeira no 33. Foi recebido na sessão de 1º de julho de
10 1900, por Lúcio de Mendonça.
Fez estudos preparatórios no Rio de Janeiro e
ingressou na Escola Politécnica, mas não chegou a
terminar o curso. Seguiu para o estrangeiro em missões
diplomáticas. A sua primeira missão foi a de secretário
15 do Serviço de Imigração, e o contato, nessa época, com
o Barão do Rio Branco, valeu-lhe ser nomeado
secretário da missão Rio Branco para a questão de
limites Brasil-Argentina (1893-1895), com a Guiana
Francesa (1895-1900) e com a Guiana Inglesa
20 (1900-1901). Foi secretário de Legação na Santa Sé,
em 1900, e ministro em Lima, em 1906. Embaixador em
missão especial, em 1910, representou o Brasil no
centenário da independência da Argentina e nas festas
centenárias do Chile. Embaixador do Brasil em
25 Washington, de 1911 a 1918, foi o digno sucessor de
Joaquim Nabuco, por escolha do próprio Barão do Rio
Branco. Ao celebrar-se a paz europeia de Versalhes,
Domício, como ministro das Relações Exteriores,
pretendeu representar o Brasil naquela conferência,
30 propósito que suscitou divergências na imprensa
brasileira. Convidado para a mesma embaixada, Rui
Barbosa recusou, e o chefe da representação brasileira
foi, afinal, Epitácio Pessoa, eleito pouco depois, em
seguida à morte de Rodrigues Alves, presidente da
35 República. Domício foi substituído na Chancelaria por
Azevedo Marques, seguindo como embaixador em
Londres, em 1920-21. Foi posto em disponibilidade
durante a Presidência Bernardes.
Em 1919 foi Presidente da Academia Brasileira
40 de Letras, em substituição a Rui Barbosa.
Domício da Gama era colaborador da Gazeta de
Notícias ao tempo de Ferreira de Araújo e, ainda no
início da carreira, escreveu contos, crônicas e críticas
literárias.
Texto editado. Disponível em: http://www.academia.org.br/academicos/ domicio-da-gama/biografia. Acesso em: 10 jul.2018.
Na Reforma Ortográfica de 2009, deixou de receber acento gráfico a seguinte palavra:
Texto 1
DOMÍCIO DA GAMA
Domício da Gama (Domício Afonso Forneiro,
adotou do padrinho o Gama), jornalista, diplomata,
contista e cronista, nasceu em Maricá, RJ, em 23 de
outubro de 1862 e faleceu no Rio de Janeiro, RJ,
5 em 8 de novembro de 1925. Foi um dos dez
acadêmicos eleitos na sessão de 28 de janeiro de 1897,
para completar o quadro de fundadores da Academia.
Escolheu Raul Pompeia como patrono, ocupando a
cadeira no 33. Foi recebido na sessão de 1º de julho de
10 1900, por Lúcio de Mendonça.
Fez estudos preparatórios no Rio de Janeiro e
ingressou na Escola Politécnica, mas não chegou a
terminar o curso. Seguiu para o estrangeiro em missões
diplomáticas. A sua primeira missão foi a de secretário
15 do Serviço de Imigração, e o contato, nessa época, com
o Barão do Rio Branco, valeu-lhe ser nomeado
secretário da missão Rio Branco para a questão de
limites Brasil-Argentina (1893-1895), com a Guiana
Francesa (1895-1900) e com a Guiana Inglesa
20 (1900-1901). Foi secretário de Legação na Santa Sé,
em 1900, e ministro em Lima, em 1906. Embaixador em
missão especial, em 1910, representou o Brasil no
centenário da independência da Argentina e nas festas
centenárias do Chile. Embaixador do Brasil em
25 Washington, de 1911 a 1918, foi o digno sucessor de
Joaquim Nabuco, por escolha do próprio Barão do Rio
Branco. Ao celebrar-se a paz europeia de Versalhes,
Domício, como ministro das Relações Exteriores,
pretendeu representar o Brasil naquela conferência,
30 propósito que suscitou divergências na imprensa
brasileira. Convidado para a mesma embaixada, Rui
Barbosa recusou, e o chefe da representação brasileira
foi, afinal, Epitácio Pessoa, eleito pouco depois, em
seguida à morte de Rodrigues Alves, presidente da
35 República. Domício foi substituído na Chancelaria por
Azevedo Marques, seguindo como embaixador em
Londres, em 1920-21. Foi posto em disponibilidade
durante a Presidência Bernardes.
Em 1919 foi Presidente da Academia Brasileira
40 de Letras, em substituição a Rui Barbosa.
Domício da Gama era colaborador da Gazeta de
Notícias ao tempo de Ferreira de Araújo e, ainda no
início da carreira, escreveu contos, crônicas e críticas
literárias.
Texto editado. Disponível em: http://www.academia.org.br/academicos/ domicio-da-gama/biografia. Acesso em: 10 jul.2018.
O conectivo sublinhado no período “Fez estudos preparatórios no Rio de Janeiro e ingressou na Escola Politécnica, mas não chegou a terminar o curso.” (linhas 11-13) pode ser substituído, sem alterar seu sentido, por:
Texto 1
DOMÍCIO DA GAMA
Domício da Gama (Domício Afonso Forneiro,
adotou do padrinho o Gama), jornalista, diplomata,
contista e cronista, nasceu em Maricá, RJ, em 23 de
outubro de 1862 e faleceu no Rio de Janeiro, RJ,
5 em 8 de novembro de 1925. Foi um dos dez
acadêmicos eleitos na sessão de 28 de janeiro de 1897,
para completar o quadro de fundadores da Academia.
Escolheu Raul Pompeia como patrono, ocupando a
cadeira no 33. Foi recebido na sessão de 1º de julho de
10 1900, por Lúcio de Mendonça.
Fez estudos preparatórios no Rio de Janeiro e
ingressou na Escola Politécnica, mas não chegou a
terminar o curso. Seguiu para o estrangeiro em missões
diplomáticas. A sua primeira missão foi a de secretário
15 do Serviço de Imigração, e o contato, nessa época, com
o Barão do Rio Branco, valeu-lhe ser nomeado
secretário da missão Rio Branco para a questão de
limites Brasil-Argentina (1893-1895), com a Guiana
Francesa (1895-1900) e com a Guiana Inglesa
20 (1900-1901). Foi secretário de Legação na Santa Sé,
em 1900, e ministro em Lima, em 1906. Embaixador em
missão especial, em 1910, representou o Brasil no
centenário da independência da Argentina e nas festas
centenárias do Chile. Embaixador do Brasil em
25 Washington, de 1911 a 1918, foi o digno sucessor de
Joaquim Nabuco, por escolha do próprio Barão do Rio
Branco. Ao celebrar-se a paz europeia de Versalhes,
Domício, como ministro das Relações Exteriores,
pretendeu representar o Brasil naquela conferência,
30 propósito que suscitou divergências na imprensa
brasileira. Convidado para a mesma embaixada, Rui
Barbosa recusou, e o chefe da representação brasileira
foi, afinal, Epitácio Pessoa, eleito pouco depois, em
seguida à morte de Rodrigues Alves, presidente da
35 República. Domício foi substituído na Chancelaria por
Azevedo Marques, seguindo como embaixador em
Londres, em 1920-21. Foi posto em disponibilidade
durante a Presidência Bernardes.
Em 1919 foi Presidente da Academia Brasileira
40 de Letras, em substituição a Rui Barbosa.
Domício da Gama era colaborador da Gazeta de
Notícias ao tempo de Ferreira de Araújo e, ainda no
início da carreira, escreveu contos, crônicas e críticas
literárias.
Texto editado. Disponível em: http://www.academia.org.br/academicos/ domicio-da-gama/biografia. Acesso em: 10 jul.2018.
Considerando os fragmentos “Foi um dos dez acadêmicos eleitos na sessão de 28 de janeiro de 1897, para completar o quadro de fundadores da Academia” (linhas 5-7) e “Seguiu para o estrangeiro em missões diplomáticas” (linhas 13-14), pode-se afirmar que, em cada ocorrência, a preposição “para” significa, respectivamente:
Texto 1
DOMÍCIO DA GAMA
Domício da Gama (Domício Afonso Forneiro,
adotou do padrinho o Gama), jornalista, diplomata,
contista e cronista, nasceu em Maricá, RJ, em 23 de
outubro de 1862 e faleceu no Rio de Janeiro, RJ,
5 em 8 de novembro de 1925. Foi um dos dez
acadêmicos eleitos na sessão de 28 de janeiro de 1897,
para completar o quadro de fundadores da Academia.
Escolheu Raul Pompeia como patrono, ocupando a
cadeira no 33. Foi recebido na sessão de 1º de julho de
10 1900, por Lúcio de Mendonça.
Fez estudos preparatórios no Rio de Janeiro e
ingressou na Escola Politécnica, mas não chegou a
terminar o curso. Seguiu para o estrangeiro em missões
diplomáticas. A sua primeira missão foi a de secretário
15 do Serviço de Imigração, e o contato, nessa época, com
o Barão do Rio Branco, valeu-lhe ser nomeado
secretário da missão Rio Branco para a questão de
limites Brasil-Argentina (1893-1895), com a Guiana
Francesa (1895-1900) e com a Guiana Inglesa
20 (1900-1901). Foi secretário de Legação na Santa Sé,
em 1900, e ministro em Lima, em 1906. Embaixador em
missão especial, em 1910, representou o Brasil no
centenário da independência da Argentina e nas festas
centenárias do Chile. Embaixador do Brasil em
25 Washington, de 1911 a 1918, foi o digno sucessor de
Joaquim Nabuco, por escolha do próprio Barão do Rio
Branco. Ao celebrar-se a paz europeia de Versalhes,
Domício, como ministro das Relações Exteriores,
pretendeu representar o Brasil naquela conferência,
30 propósito que suscitou divergências na imprensa
brasileira. Convidado para a mesma embaixada, Rui
Barbosa recusou, e o chefe da representação brasileira
foi, afinal, Epitácio Pessoa, eleito pouco depois, em
seguida à morte de Rodrigues Alves, presidente da
35 República. Domício foi substituído na Chancelaria por
Azevedo Marques, seguindo como embaixador em
Londres, em 1920-21. Foi posto em disponibilidade
durante a Presidência Bernardes.
Em 1919 foi Presidente da Academia Brasileira
40 de Letras, em substituição a Rui Barbosa.
Domício da Gama era colaborador da Gazeta de
Notícias ao tempo de Ferreira de Araújo e, ainda no
início da carreira, escreveu contos, crônicas e críticas
literárias.
Texto editado. Disponível em: http://www.academia.org.br/academicos/ domicio-da-gama/biografia. Acesso em: 10 jul.2018.
No trecho “... pretendeu representar o Brasil naquela conferência, propósito que suscitou divergências na imprensa brasileira” (linhas 29-31), a forma verbal “suscitou” pode ser substituída, sem alterar o sentido, por:
Texto 1
DOMÍCIO DA GAMA
Domício da Gama (Domício Afonso Forneiro,
adotou do padrinho o Gama), jornalista, diplomata,
contista e cronista, nasceu em Maricá, RJ, em 23 de
outubro de 1862 e faleceu no Rio de Janeiro, RJ,
5 em 8 de novembro de 1925. Foi um dos dez
acadêmicos eleitos na sessão de 28 de janeiro de 1897,
para completar o quadro de fundadores da Academia.
Escolheu Raul Pompeia como patrono, ocupando a
cadeira no 33. Foi recebido na sessão de 1º de julho de
10 1900, por Lúcio de Mendonça.
Fez estudos preparatórios no Rio de Janeiro e
ingressou na Escola Politécnica, mas não chegou a
terminar o curso. Seguiu para o estrangeiro em missões
diplomáticas. A sua primeira missão foi a de secretário
15 do Serviço de Imigração, e o contato, nessa época, com
o Barão do Rio Branco, valeu-lhe ser nomeado
secretário da missão Rio Branco para a questão de
limites Brasil-Argentina (1893-1895), com a Guiana
Francesa (1895-1900) e com a Guiana Inglesa
20 (1900-1901). Foi secretário de Legação na Santa Sé,
em 1900, e ministro em Lima, em 1906. Embaixador em
missão especial, em 1910, representou o Brasil no
centenário da independência da Argentina e nas festas
centenárias do Chile. Embaixador do Brasil em
25 Washington, de 1911 a 1918, foi o digno sucessor de
Joaquim Nabuco, por escolha do próprio Barão do Rio
Branco. Ao celebrar-se a paz europeia de Versalhes,
Domício, como ministro das Relações Exteriores,
pretendeu representar o Brasil naquela conferência,
30 propósito que suscitou divergências na imprensa
brasileira. Convidado para a mesma embaixada, Rui
Barbosa recusou, e o chefe da representação brasileira
foi, afinal, Epitácio Pessoa, eleito pouco depois, em
seguida à morte de Rodrigues Alves, presidente da
35 República. Domício foi substituído na Chancelaria por
Azevedo Marques, seguindo como embaixador em
Londres, em 1920-21. Foi posto em disponibilidade
durante a Presidência Bernardes.
Em 1919 foi Presidente da Academia Brasileira
40 de Letras, em substituição a Rui Barbosa.
Domício da Gama era colaborador da Gazeta de
Notícias ao tempo de Ferreira de Araújo e, ainda no
início da carreira, escreveu contos, crônicas e críticas
literárias.
Texto editado. Disponível em: http://www.academia.org.br/academicos/ domicio-da-gama/biografia. Acesso em: 10 jul.2018.
Na biografia do maricaense, dentre os recursos coesivos apresentados a seguir, aquele que foi utilizado para manter o foco em “Domício da Gama” é:
Uma carne submetida a cocção apresenta uma perda de 25%. Logo, para um porcionamento de 150 g e um fator de correção 1,25, o per capita liquido e bruto serão, respectivamente:
Leia o texto abaixo transcrito e, em seguida, responda às questões a ele referentes:
É ético fazer a cabeça de nossos alunos?
Alguns dos livros de história mais usados nas escolas brasileiras carregam na ideologia, que divide o mundo entre os capitalistas malvados e os heróis da resistência
As aulas voltaram, por estas semanas, e decidi tirar a limpo uma velha questão: há ou não doutrinação ideológica em nossos livros didáticos? Para responder à pergunta, analisei alguns dos livros de história e sociologia mais adotados no país. Entre os dez livros que analisei, não encontrei, infelizmente, nenhum “pluralista” ou particularmente cuidadoso ao tratar de temas de natureza política ou econômica.
O viés político surge no recorte dos fatos, na seleção das imagens, nas indicações de leituras, de filmes e de links culturais. A coisa toda opera à moda Star wars: o lado negro da força é a “globalização neoliberal”. O lado bom é a “resistência” do Fórum Social Mundial, de Porto Alegre, e dos “movimentos sociais”. No Brasil contemporâneo, Fernando Henrique Cardoso é Darth Vader, Lula é Luke Skywalker.
No livro Estudos de história, da Editora FTD, por exemplo, nossos alunos aprenderão que Fernando Henrique era neoliberal (apesar de “tentar negar”) e seguiu a cartilha de Collor de Melo; e que os “resultados dessas políticas foram desastrosos”. Em sua época, havia “denúncias de subornos, favorecimentos e corrupção” por todos os lados, mas “pouco se investigou”.
Nossos adolescentes saberão que “as privatizações produziram desemprego” e que o país assistia ao aumento da violência urbana e da concentração de renda e à “diminuição dos investimentos”. E que, de quebra, o MST pressionava pela reforma agrária, “sem sucesso”.
Na página seguinte, a luz. Ilustrado com o decalque vermelho da campanha “Lula Rede Brasil Popular”, o texto ensina que, em 2002, “pela primeira vez” no país, alguém que “não era da elite” é eleito presidente. E que, “graças à política social do governo Lula”, 20 milhões de pessoas saíram da miséria. Isso tudo fez a economia crescer e “telefones celulares, eletrodomésticos sofisticados e computadores passaram a fazer parte do cotidiano de milhões de pessoas, que antes estavam à margem desse perfil de consumo”.
Na leitura seguinte, do livro História geral e do Brasil, da Editora Scipione, o quadro era o mesmo. O PSDB é um partido “supostamente ético e ideológico” e os anos de Fernando Henrique são o cão da peste. Foram tempos de desemprego crescente, de “compromissos com as finanças internacionais”, em que “o crime organizado expandiu-se em torno do tráfico de drogas, convertendo-se em poder paralelo nas favelas”.
Com o governo Lula, tudo muda, ainda que com alguns senões. Numa curiosa aula de economia, os autores tentam explicar por que a “expansão econômica” foi “limitada”: pela adoção de uma “política amigável aos interesses estrangeiros, simbolizada pela liberdade ao capital especulativo”; pela “manutenção, até 2005, dos acordos com o FMI” e dos “pagamentos da dívida externa”.
O livro História conecte, da Editora Saraiva, segue o mesmo roteiro. O governo Fernando Henrique é “neoliberal”. Privatizou “a maioria das empresas estatais” e os US$ 30 bilhões arrecadados “não foram investidos em saúde e educação, mas em lucros aos investidores e especuladores, com altas taxas de juros”. A frase mais curiosa vem no final: em seu segundo mandato, Fernando Henrique não fez “nenhuma reforma” nem tomou “nenhuma medida importante”. Imaginei o presidente deitado em uma rede, enquanto o país aprovava a Lei de Responsabilidade Fiscal (2000), o fator previdenciário (1999) ou o Bolsa Escola (2001).
No livro História para o ensino médio, da Atual Editora, é curioso o tratamento dado ao “mensalão”. Nossos alunos saberão apenas que houve “denúncias de corrupção” contra o governo Lula, incluindo-se um caso conhecido como mensalão, “amplamente explorado pela imprensa liberal de oposição ao petismo”.
Sobre a América Latina, nossos alunos aprenderão que o Paraguai foi excluído do Mercosul em 2012, por causa do “golpe de Estado”, que tirou do poder Fernando Hugo. Saberão que, com a eleição de Hugo Chávez, a Venezuela torna-se o “centro de contestação à política de globalização da economia liderada pelos Estados Unidos”. Que “a classe média e as elites conservadoras” não aceitaram as transformações produzidas pelo chavismo, mas que o comandante “conseguiu se consolidar”. Sobre a situação econômica da Venezuela, alguma informação? Algum dado crítico para dar uma equilibrada e permitir aos alunos que formem uma opinião? Nada.
Curioso é o tratamento dado às ditaduras da América Latina. Para os casos da Argentina, Uruguai e Chile, um capítulo (merecido) mostrando os horrores do autoritarismo e seus heróis: extratos de As veias abertas da América Latina, de Eduardo Galeano; as mães da Praça de Maio, na Argentina; o músico Víctor Jara, executado pelo regime de Pinochet. Tudo perfeito.
Quando, porém, se trata de Cuba, a conversa é inteiramente diferente. A única ditadura que aparece é a de Fulgêncio Batista. Em vez de filmes como Antes do anoitecer, sobre a repressão ao escritor homossexual Reynaldo Arenas, nossos estudantes são orientados a assistir a Diários de Motocicleta, Che e Personal Che.
As restrições do castrismo à “liberdade de pensamento” surgem como “contradições” da revolução. Alguma palavra sobre os balseiros cubanos? Alguma fotografia, sugestão de filme ou link cultural? Alguma coisa sobre o paredón cubano? Alguma coisa sobre Yoane Sánchez ou as Damas de Branco? Zero. Nossos estudantes não terão essas informações para produzir seu próprio juízo. É precisamente isso que se chama ideologização.
A doutrinação torna-se ainda mais aguda quando passamos para os manuais de sociologia. Em plena era das sociedades de rede, da revolução maker, da explosão dos coworkings e da economia colaborativa, nossos jovens aprendem uma rudimentar visão binária de mundo, feita de capitalistas malvados versus heróis da “resistência”. Em vez de encarar o século XXI e suas incríveis perspectivas, são conduzidos de volta à Manchester do século XIX.
Superar esse problema não é uma tarefa trivial. Há um “mercado” de produtores de livros didáticos bem estabelecido no país, agindo sob a inércia de nossas editoras e a passividade de pais, professores e autoridades de educação. Sob o argumento malandro de que “tudo é ideologia”, essas pessoas prejudicam o desenvolvimento do espírito crítico de nossos alunos. E com isso fazem muito mal à educação brasileira.
Artigo escrito pelo filósofo Fernando L. Schüler. Revista Época. Edição de 07 de março de 2016. Número 925
A passagem a seguir servirá de base para as questões 14 e 15.
“E que, de quebra, o MST pressionava pela reforma agrária, “sem sucesso”.”
De acordo com as regras de acentuação gráfica, a palavra sublinhada agrária é:
Leia o texto abaixo transcrito e, em seguida, responda às questões a ele referentes:
É ético fazer a cabeça de nossos alunos?
Alguns dos livros de história mais usados nas escolas brasileiras carregam na ideologia, que divide o mundo entre os capitalistas malvados e os heróis da resistência
As aulas voltaram, por estas semanas, e decidi tirar a limpo uma velha questão: há ou não doutrinação ideológica em nossos livros didáticos? Para responder à pergunta, analisei alguns dos livros de história e sociologia mais adotados no país. Entre os dez livros que analisei, não encontrei, infelizmente, nenhum “pluralista” ou particularmente cuidadoso ao tratar de temas de natureza política ou econômica.
O viés político surge no recorte dos fatos, na seleção das imagens, nas indicações de leituras, de filmes e de links culturais. A coisa toda opera à moda Star wars: o lado negro da força é a “globalização neoliberal”. O lado bom é a “resistência” do Fórum Social Mundial, de Porto Alegre, e dos “movimentos sociais”. No Brasil contemporâneo, Fernando Henrique Cardoso é Darth Vader, Lula é Luke Skywalker.
No livro Estudos de história, da Editora FTD, por exemplo, nossos alunos aprenderão que Fernando Henrique era neoliberal (apesar de “tentar negar”) e seguiu a cartilha de Collor de Melo; e que os “resultados dessas políticas foram desastrosos”. Em sua época, havia “denúncias de subornos, favorecimentos e corrupção” por todos os lados, mas “pouco se investigou”.
Nossos adolescentes saberão que “as privatizações produziram desemprego” e que o país assistia ao aumento da violência urbana e da concentração de renda e à “diminuição dos investimentos”. E que, de quebra, o MST pressionava pela reforma agrária, “sem sucesso”.
Na página seguinte, a luz. Ilustrado com o decalque vermelho da campanha “Lula Rede Brasil Popular”, o texto ensina que, em 2002, “pela primeira vez” no país, alguém que “não era da elite” é eleito presidente. E que, “graças à política social do governo Lula”, 20 milhões de pessoas saíram da miséria. Isso tudo fez a economia crescer e “telefones celulares, eletrodomésticos sofisticados e computadores passaram a fazer parte do cotidiano de milhões de pessoas, que antes estavam à margem desse perfil de consumo”.
Na leitura seguinte, do livro História geral e do Brasil, da Editora Scipione, o quadro era o mesmo. O PSDB é um partido “supostamente ético e ideológico” e os anos de Fernando Henrique são o cão da peste. Foram tempos de desemprego crescente, de “compromissos com as finanças internacionais”, em que “o crime organizado expandiu-se em torno do tráfico de drogas, convertendo-se em poder paralelo nas favelas”.
Com o governo Lula, tudo muda, ainda que com alguns senões. Numa curiosa aula de economia, os autores tentam explicar por que a “expansão econômica” foi “limitada”: pela adoção de uma “política amigável aos interesses estrangeiros, simbolizada pela liberdade ao capital especulativo”; pela “manutenção, até 2005, dos acordos com o FMI” e dos “pagamentos da dívida externa”.
O livro História conecte, da Editora Saraiva, segue o mesmo roteiro. O governo Fernando Henrique é “neoliberal”. Privatizou “a maioria das empresas estatais” e os US$ 30 bilhões arrecadados “não foram investidos em saúde e educação, mas em lucros aos investidores e especuladores, com altas taxas de juros”. A frase mais curiosa vem no final: em seu segundo mandato, Fernando Henrique não fez “nenhuma reforma” nem tomou “nenhuma medida importante”. Imaginei o presidente deitado em uma rede, enquanto o país aprovava a Lei de Responsabilidade Fiscal (2000), o fator previdenciário (1999) ou o Bolsa Escola (2001).
No livro História para o ensino médio, da Atual Editora, é curioso o tratamento dado ao “mensalão”. Nossos alunos saberão apenas que houve “denúncias de corrupção” contra o governo Lula, incluindo-se um caso conhecido como mensalão, “amplamente explorado pela imprensa liberal de oposição ao petismo”.
Sobre a América Latina, nossos alunos aprenderão que o Paraguai foi excluído do Mercosul em 2012, por causa do “golpe de Estado”, que tirou do poder Fernando Hugo. Saberão que, com a eleição de Hugo Chávez, a Venezuela torna-se o “centro de contestação à política de globalização da economia liderada pelos Estados Unidos”. Que “a classe média e as elites conservadoras” não aceitaram as transformações produzidas pelo chavismo, mas que o comandante “conseguiu se consolidar”. Sobre a situação econômica da Venezuela, alguma informação? Algum dado crítico para dar uma equilibrada e permitir aos alunos que formem uma opinião? Nada.
Curioso é o tratamento dado às ditaduras da América Latina. Para os casos da Argentina, Uruguai e Chile, um capítulo (merecido) mostrando os horrores do autoritarismo e seus heróis: extratos de As veias abertas da América Latina, de Eduardo Galeano; as mães da Praça de Maio, na Argentina; o músico Víctor Jara, executado pelo regime de Pinochet. Tudo perfeito.
Quando, porém, se trata de Cuba, a conversa é inteiramente diferente. A única ditadura que aparece é a de Fulgêncio Batista. Em vez de filmes como Antes do anoitecer, sobre a repressão ao escritor homossexual Reynaldo Arenas, nossos estudantes são orientados a assistir a Diários de Motocicleta, Che e Personal Che.
As restrições do castrismo à “liberdade de pensamento” surgem como “contradições” da revolução. Alguma palavra sobre os balseiros cubanos? Alguma fotografia, sugestão de filme ou link cultural? Alguma coisa sobre o paredón cubano? Alguma coisa sobre Yoane Sánchez ou as Damas de Branco? Zero. Nossos estudantes não terão essas informações para produzir seu próprio juízo. É precisamente isso que se chama ideologização.
A doutrinação torna-se ainda mais aguda quando passamos para os manuais de sociologia. Em plena era das sociedades de rede, da revolução maker, da explosão dos coworkings e da economia colaborativa, nossos jovens aprendem uma rudimentar visão binária de mundo, feita de capitalistas malvados versus heróis da “resistência”. Em vez de encarar o século XXI e suas incríveis perspectivas, são conduzidos de volta à Manchester do século XIX.
Superar esse problema não é uma tarefa trivial. Há um “mercado” de produtores de livros didáticos bem estabelecido no país, agindo sob a inércia de nossas editoras e a passividade de pais, professores e autoridades de educação. Sob o argumento malandro de que “tudo é ideologia”, essas pessoas prejudicam o desenvolvimento do espírito crítico de nossos alunos. E com isso fazem muito mal à educação brasileira.
Artigo escrito pelo filósofo Fernando L. Schüler. Revista Época. Edição de 07 de março de 2016. Número 925
Releia o trecho e, em seguida, responda ao que se pede: “Imaginei o presidente deitado em uma rede, enquanto o país aprovava a Lei de Responsabilidade Fiscal (2000), o fator previdenciário (1999) ou o Bolsa Escola (2001).” Que tipo de figura de linguagem é possível identificar nesse trecho?
Com relação a edificação, instalações, equipamentos, móveis e utensílios, a RDC 216/2004 estabelece que as portas que devem ser dotadas de fechamento automático são aquelas que se encontram na área
De acordo com a RDC 216/2004, o responsável pelas atividades de manipulação dos alimentos deve ser comprovadamente submetido a curso de capacitação. Esse curso aborda, no mínimo, os temas:
Numere a segunda coluna de acordo com a primeira, associando as fibras alimentares às respectivas características.
(1) Heteropolissacarídeos
(2) Pectina
(3) Prebióticos
(4) Frutanos
(5) Lignana
( ) Encontrada em maçãs, frutas cítricas, morangos e outras frutas.
( ) Produzido pela modificação da estrutura básica da celulose para formar compostos com diferentes solubilidades em água.
( ) Não é um carboidrato, mas é um polímero composto de álcoois e ácidos fenilpropílicos.
( ) Substância alimentar não digerível que estimula seletivamente o crescimento ou a atividade de bactérias presentes no cólon.
( ) Composto de polímeros de frutose, frequentemente ligado a uma glicose inicial.
A sequência numérica correta de preenchimento dos parênteses da segunda coluna, de cima para baixo, é
Segundo o Professor Guy Durant, a Bioética é
Assinale a alternativa INCORRETA em relação a ética, lei e/ou moral.
Assinale a opção correta a respeito da Terapia Nutricional Parenteral - TNP.
Observe os itens a seguir sobre a terapia nutricional enteral:
I. É indicada para pacientes impossibilitados de ingerir alimentos pela via oral, seja por patologias do trato gastrointestinal alto, por intubação orotraqueal, por distúrbios neurológicos com comprometimento do nível de consciência ou dos movimentos mastigatórios.
II. Não é indicada para pacientes com baixa ingesta via oral e anorexia de diversas etiologias.
III. A administração de nutrição por sonda enteral não contraindica a alimentação oral, se esta não implicar em riscos para o paciente (pacientes com nível de consciência rebaixado ou disfágicos).
É correto o que se afirma em:
Os pacientes incapazes de atender às necessidades nutricionais por meio de dieta oral precisam de formas alternativas de nutrição. Uma dessas alternativas é a Nutrição Enteral (NE). A NE, apesar de ser a técnica preferida quando o intestino funciona normalmente, tendo em vista que causa menos complicações, é contraindicada na seguinte situação:
O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) oferece alimentação escolar e ações de educação alimentar e nutricional a estudantes de todas as etapas da educação básica pública. O governo federal repassa a estados, municípios e escolas federais valores financeiros de caráter suplementar efetuados em 10 parcelas mensais para cobertura de 200 dias letivos. Atualmente, o valor repassado pelo governo federal a estados e municípios, para cada aluno, é definido, de acordo com a etapa e modalidade de ensino, da seguinte forma:
Dona Terezinha, 80 anos, passou por consulta com a nutricionista da Unidade Básica de Saúde (UBS) Amigos para Sempre. Ela está com um IMC de 21Kg/m² e perímetro da panturrilha de 28cm. Sobre a avaliação de Dona Terezinha, assinale a alternativa correta.
A avaliação nutricional é uma ferramenta muito importante, pois orienta os profissionais da saúde a conduzir diagnósticos e intervenções propostas. É uma ferramenta importante no diagnóstico, na identificação de situações de risco nutricional e no planejamento de ações de promoção à saúde e prevenção de doenças. Sobre a análise de indicadores diretos, utilizados na avaliação nutricional, assinale a alternativa incorreta.