Questões de Concurso Comentadas para prefeitura de recife - pe

Foram encontradas 1.540 questões

Resolva questões gratuitamente!

Junte-se a mais de 4 milhões de concurseiros!

Q1900891 Direitos Humanos
A Declaração Universal dos Direitos Humanos e o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos referem-se à religião para, expressamente,  
Alternativas
Q1900889 Português
Há certas definições que parecem desnecessárias. História é um termo com o qual convivemos diariamente desde a infância. A maior parte das pessoas ..I.. quem se fizer a pergunta “O que é história?” se considerará em condições de respondê-la. Mas, ao tentar uma resposta, a pessoa se enrolará, não chegando ..II.. nenhuma definição precisa, ou dirá, com certo desinteresse, refletindo um consenso mais ou menos geral: “A história é o que já aconteceu ..III.. muito tempo”.
(Adaptado de: BORGES, Vavy Pacheco. O que é história? São Paulo: Brasiliense, 2013, p. 7)


As lacunas I, II e III devem ser preenchidas, respectivamente, por: 
Alternativas
Q1900888 Português

    O dono do pequeno restaurante é amável, sem derrame, e a fregueses mais antigos oferece, antes do menu, o jornal do dia “facilitado”, isto é, com traços vermelhos cercando as notícias importantes. Vez por outra, indaga se a comida está boa, oferece cigarrinho, queixa-se do resfriado crônico e pergunta pelo nosso, se o temos; se não temos, por aquele regime começado em janeiro, e de que desistimos. Também pelos filmes de espionagem, que mexem com ele na alma.

     Espetar a despesa não tem problema, em dia de barra pesada. Chega a descontar o cheque a ser recebido no mês que vem (“Falta só uma semana, seu Adelino”).

    Além dessas delícias raras, seu Adelino faculta ao cliente dar palpites ao cozinheiro e beneficiar-se com o filé mais fresquinho, o palmito de primeira, a batata feita na hora, especialmente para os eleitos. Enfim, autêntico papo-firme.

    Uma noite dessas, o movimento era pequeno, seu Adelino veio sentar-se ao lado da antiga freguesa. Era hora do jantar dele, também. O garçom estendeu-lhe o menu e esperou. Seu Adelino, calado, olhava para a lista inexpressiva dos pratos do dia. A inspiração não vinha. O garçom já tinha ido e voltado duas vezes, e nada. A freguesa resolveu colaborar:

    − Que tal um fígado acebolado?

    − Acabou, madame − atalhou o garçom.

    − Deixe ver… Assada com coradas, está bem?

    − Não, não tenho vontade disso − e seu Adelino sacudiu a cabeça.

    − Bem, estou vendo aqui umas costeletas de porco com feijão-branco, farofa e arroz…

    − Não é mau, mas acontece que ainda ontem comi uma carnezita de porco, e há dois dias que me servem feijão ao almoço − ponderou.

    A freguesa de boa vontade virou-se para o garçom:

    − Aqui no menu não tem, mas quem sabe se há um bacalhau a qualquer coisa? − pois seu Adelino (refletiu ela) é português, e como todo lusíada que se preza, há de achar isso a pedida.

    Da cozinha veio a informação:

    − Tem bacalhau à Gomes de Sá. Quer?

    − Pode ser isso − concordou seu Adelino, sem entusiasmo.

    Ao cabo de dez minutos, veio o garçom brandindo o Gomes de Sá. A freguesa olhou o prato, invejando-o, e, para estimular o apetite de seu Adelino:

    − Está uma beleza!

    − Não acho muito não − retorquiu, inapetente.

    O prato foi servido, o azeite adicionado, e seu Adelino traçou o bacalhau, depois de lhe ser desejado bom apetite. Em silêncio.

    Vendo que ele não se manifestava, sua leal conviva interpelou-o:

    − Como é, está bom?

    Com um risinho meio de banda, fez a crítica:

    − Bom nada, madame. Isso não é bacalhau à Gomes de Sá nem aqui nem em Macau. É bacalhau com batatas. E vou lhe dizer: está mais para sem gosto do que com ele. A batata me sabe a insossa, e o bacalhau salgado em demasia, ai!

    A cliente se lembrou, com saudade vera, daquele maravilhoso Gomes de Sá que se come em casa de d. Concessa. E foi detalhando:

    − Lá em casa é que se prepara um legal, sabe? Muito tomate, pimentão, azeite de verdade, para fazer um molho pra lá de bom, e ainda acrescentam um ovo…

    Seu Adelino emergiu da apatia, comoveu-se, os olhos brilhando, desta vez em sorriso aberto:

    − Isso mesmo! Ovo cozido e ralado, azeitonas portuguesas, daquelas… Um santo, santíssimo prato!

    Mas, encarando o concreto:

    − Essa gente aqui não tem a ciência, não tem a ciência!

    − Espera aí, seu Adelino, vamos ver no jornal se tem um bom filme de espionagem para o senhor se consolar.

    Não tinha, infelizmente.


(Adaptado de: ANDRADE, Carlos Drummond de. 70 histórias. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 110-111)

Atenção: Leia a crônica para responder à questão


O verbo em negrito deve sua flexão ao termo sublinhado em:

Alternativas
Q1900887 Português

    O dono do pequeno restaurante é amável, sem derrame, e a fregueses mais antigos oferece, antes do menu, o jornal do dia “facilitado”, isto é, com traços vermelhos cercando as notícias importantes. Vez por outra, indaga se a comida está boa, oferece cigarrinho, queixa-se do resfriado crônico e pergunta pelo nosso, se o temos; se não temos, por aquele regime começado em janeiro, e de que desistimos. Também pelos filmes de espionagem, que mexem com ele na alma.

     Espetar a despesa não tem problema, em dia de barra pesada. Chega a descontar o cheque a ser recebido no mês que vem (“Falta só uma semana, seu Adelino”).

    Além dessas delícias raras, seu Adelino faculta ao cliente dar palpites ao cozinheiro e beneficiar-se com o filé mais fresquinho, o palmito de primeira, a batata feita na hora, especialmente para os eleitos. Enfim, autêntico papo-firme.

    Uma noite dessas, o movimento era pequeno, seu Adelino veio sentar-se ao lado da antiga freguesa. Era hora do jantar dele, também. O garçom estendeu-lhe o menu e esperou. Seu Adelino, calado, olhava para a lista inexpressiva dos pratos do dia. A inspiração não vinha. O garçom já tinha ido e voltado duas vezes, e nada. A freguesa resolveu colaborar:

    − Que tal um fígado acebolado?

    − Acabou, madame − atalhou o garçom.

    − Deixe ver… Assada com coradas, está bem?

    − Não, não tenho vontade disso − e seu Adelino sacudiu a cabeça.

    − Bem, estou vendo aqui umas costeletas de porco com feijão-branco, farofa e arroz…

    − Não é mau, mas acontece que ainda ontem comi uma carnezita de porco, e há dois dias que me servem feijão ao almoço − ponderou.

    A freguesa de boa vontade virou-se para o garçom:

    − Aqui no menu não tem, mas quem sabe se há um bacalhau a qualquer coisa? − pois seu Adelino (refletiu ela) é português, e como todo lusíada que se preza, há de achar isso a pedida.

    Da cozinha veio a informação:

    − Tem bacalhau à Gomes de Sá. Quer?

    − Pode ser isso − concordou seu Adelino, sem entusiasmo.

    Ao cabo de dez minutos, veio o garçom brandindo o Gomes de Sá. A freguesa olhou o prato, invejando-o, e, para estimular o apetite de seu Adelino:

    − Está uma beleza!

    − Não acho muito não − retorquiu, inapetente.

    O prato foi servido, o azeite adicionado, e seu Adelino traçou o bacalhau, depois de lhe ser desejado bom apetite. Em silêncio.

    Vendo que ele não se manifestava, sua leal conviva interpelou-o:

    − Como é, está bom?

    Com um risinho meio de banda, fez a crítica:

    − Bom nada, madame. Isso não é bacalhau à Gomes de Sá nem aqui nem em Macau. É bacalhau com batatas. E vou lhe dizer: está mais para sem gosto do que com ele. A batata me sabe a insossa, e o bacalhau salgado em demasia, ai!

    A cliente se lembrou, com saudade vera, daquele maravilhoso Gomes de Sá que se come em casa de d. Concessa. E foi detalhando:

    − Lá em casa é que se prepara um legal, sabe? Muito tomate, pimentão, azeite de verdade, para fazer um molho pra lá de bom, e ainda acrescentam um ovo…

    Seu Adelino emergiu da apatia, comoveu-se, os olhos brilhando, desta vez em sorriso aberto:

    − Isso mesmo! Ovo cozido e ralado, azeitonas portuguesas, daquelas… Um santo, santíssimo prato!

    Mas, encarando o concreto:

    − Essa gente aqui não tem a ciência, não tem a ciência!

    − Espera aí, seu Adelino, vamos ver no jornal se tem um bom filme de espionagem para o senhor se consolar.

    Não tinha, infelizmente.


(Adaptado de: ANDRADE, Carlos Drummond de. 70 histórias. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 110-111)

Atenção: Leia a crônica para responder à questão


Aqui no menu não tem, mas quem sabe se há um bacalhau a qualquer coisa? − pois seu Adelino (refletiu ela) é português, e como todo lusíada que se preza, há de achar isso a pedida.


Os termos sublinhados constituem, respectivamente,

Alternativas
Q1900886 Português

    O dono do pequeno restaurante é amável, sem derrame, e a fregueses mais antigos oferece, antes do menu, o jornal do dia “facilitado”, isto é, com traços vermelhos cercando as notícias importantes. Vez por outra, indaga se a comida está boa, oferece cigarrinho, queixa-se do resfriado crônico e pergunta pelo nosso, se o temos; se não temos, por aquele regime começado em janeiro, e de que desistimos. Também pelos filmes de espionagem, que mexem com ele na alma.

     Espetar a despesa não tem problema, em dia de barra pesada. Chega a descontar o cheque a ser recebido no mês que vem (“Falta só uma semana, seu Adelino”).

    Além dessas delícias raras, seu Adelino faculta ao cliente dar palpites ao cozinheiro e beneficiar-se com o filé mais fresquinho, o palmito de primeira, a batata feita na hora, especialmente para os eleitos. Enfim, autêntico papo-firme.

    Uma noite dessas, o movimento era pequeno, seu Adelino veio sentar-se ao lado da antiga freguesa. Era hora do jantar dele, também. O garçom estendeu-lhe o menu e esperou. Seu Adelino, calado, olhava para a lista inexpressiva dos pratos do dia. A inspiração não vinha. O garçom já tinha ido e voltado duas vezes, e nada. A freguesa resolveu colaborar:

    − Que tal um fígado acebolado?

    − Acabou, madame − atalhou o garçom.

    − Deixe ver… Assada com coradas, está bem?

    − Não, não tenho vontade disso − e seu Adelino sacudiu a cabeça.

    − Bem, estou vendo aqui umas costeletas de porco com feijão-branco, farofa e arroz…

    − Não é mau, mas acontece que ainda ontem comi uma carnezita de porco, e há dois dias que me servem feijão ao almoço − ponderou.

    A freguesa de boa vontade virou-se para o garçom:

    − Aqui no menu não tem, mas quem sabe se há um bacalhau a qualquer coisa? − pois seu Adelino (refletiu ela) é português, e como todo lusíada que se preza, há de achar isso a pedida.

    Da cozinha veio a informação:

    − Tem bacalhau à Gomes de Sá. Quer?

    − Pode ser isso − concordou seu Adelino, sem entusiasmo.

    Ao cabo de dez minutos, veio o garçom brandindo o Gomes de Sá. A freguesa olhou o prato, invejando-o, e, para estimular o apetite de seu Adelino:

    − Está uma beleza!

    − Não acho muito não − retorquiu, inapetente.

    O prato foi servido, o azeite adicionado, e seu Adelino traçou o bacalhau, depois de lhe ser desejado bom apetite. Em silêncio.

    Vendo que ele não se manifestava, sua leal conviva interpelou-o:

    − Como é, está bom?

    Com um risinho meio de banda, fez a crítica:

    − Bom nada, madame. Isso não é bacalhau à Gomes de Sá nem aqui nem em Macau. É bacalhau com batatas. E vou lhe dizer: está mais para sem gosto do que com ele. A batata me sabe a insossa, e o bacalhau salgado em demasia, ai!

    A cliente se lembrou, com saudade vera, daquele maravilhoso Gomes de Sá que se come em casa de d. Concessa. E foi detalhando:

    − Lá em casa é que se prepara um legal, sabe? Muito tomate, pimentão, azeite de verdade, para fazer um molho pra lá de bom, e ainda acrescentam um ovo…

    Seu Adelino emergiu da apatia, comoveu-se, os olhos brilhando, desta vez em sorriso aberto:

    − Isso mesmo! Ovo cozido e ralado, azeitonas portuguesas, daquelas… Um santo, santíssimo prato!

    Mas, encarando o concreto:

    − Essa gente aqui não tem a ciência, não tem a ciência!

    − Espera aí, seu Adelino, vamos ver no jornal se tem um bom filme de espionagem para o senhor se consolar.

    Não tinha, infelizmente.


(Adaptado de: ANDRADE, Carlos Drummond de. 70 histórias. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 110-111)

Atenção: Leia a crônica para responder à questão


Ao ser transposto para o discurso indireto, o trecho − Pode ser isso − concordou seu Adelino assume a seguinte redação:

Alternativas
Q1900885 Português

    O dono do pequeno restaurante é amável, sem derrame, e a fregueses mais antigos oferece, antes do menu, o jornal do dia “facilitado”, isto é, com traços vermelhos cercando as notícias importantes. Vez por outra, indaga se a comida está boa, oferece cigarrinho, queixa-se do resfriado crônico e pergunta pelo nosso, se o temos; se não temos, por aquele regime começado em janeiro, e de que desistimos. Também pelos filmes de espionagem, que mexem com ele na alma.

     Espetar a despesa não tem problema, em dia de barra pesada. Chega a descontar o cheque a ser recebido no mês que vem (“Falta só uma semana, seu Adelino”).

    Além dessas delícias raras, seu Adelino faculta ao cliente dar palpites ao cozinheiro e beneficiar-se com o filé mais fresquinho, o palmito de primeira, a batata feita na hora, especialmente para os eleitos. Enfim, autêntico papo-firme.

    Uma noite dessas, o movimento era pequeno, seu Adelino veio sentar-se ao lado da antiga freguesa. Era hora do jantar dele, também. O garçom estendeu-lhe o menu e esperou. Seu Adelino, calado, olhava para a lista inexpressiva dos pratos do dia. A inspiração não vinha. O garçom já tinha ido e voltado duas vezes, e nada. A freguesa resolveu colaborar:

    − Que tal um fígado acebolado?

    − Acabou, madame − atalhou o garçom.

    − Deixe ver… Assada com coradas, está bem?

    − Não, não tenho vontade disso − e seu Adelino sacudiu a cabeça.

    − Bem, estou vendo aqui umas costeletas de porco com feijão-branco, farofa e arroz…

    − Não é mau, mas acontece que ainda ontem comi uma carnezita de porco, e há dois dias que me servem feijão ao almoço − ponderou.

    A freguesa de boa vontade virou-se para o garçom:

    − Aqui no menu não tem, mas quem sabe se há um bacalhau a qualquer coisa? − pois seu Adelino (refletiu ela) é português, e como todo lusíada que se preza, há de achar isso a pedida.

    Da cozinha veio a informação:

    − Tem bacalhau à Gomes de Sá. Quer?

    − Pode ser isso − concordou seu Adelino, sem entusiasmo.

    Ao cabo de dez minutos, veio o garçom brandindo o Gomes de Sá. A freguesa olhou o prato, invejando-o, e, para estimular o apetite de seu Adelino:

    − Está uma beleza!

    − Não acho muito não − retorquiu, inapetente.

    O prato foi servido, o azeite adicionado, e seu Adelino traçou o bacalhau, depois de lhe ser desejado bom apetite. Em silêncio.

    Vendo que ele não se manifestava, sua leal conviva interpelou-o:

    − Como é, está bom?

    Com um risinho meio de banda, fez a crítica:

    − Bom nada, madame. Isso não é bacalhau à Gomes de Sá nem aqui nem em Macau. É bacalhau com batatas. E vou lhe dizer: está mais para sem gosto do que com ele. A batata me sabe a insossa, e o bacalhau salgado em demasia, ai!

    A cliente se lembrou, com saudade vera, daquele maravilhoso Gomes de Sá que se come em casa de d. Concessa. E foi detalhando:

    − Lá em casa é que se prepara um legal, sabe? Muito tomate, pimentão, azeite de verdade, para fazer um molho pra lá de bom, e ainda acrescentam um ovo…

    Seu Adelino emergiu da apatia, comoveu-se, os olhos brilhando, desta vez em sorriso aberto:

    − Isso mesmo! Ovo cozido e ralado, azeitonas portuguesas, daquelas… Um santo, santíssimo prato!

    Mas, encarando o concreto:

    − Essa gente aqui não tem a ciência, não tem a ciência!

    − Espera aí, seu Adelino, vamos ver no jornal se tem um bom filme de espionagem para o senhor se consolar.

    Não tinha, infelizmente.


(Adaptado de: ANDRADE, Carlos Drummond de. 70 histórias. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 110-111)

Atenção: Leia a crônica para responder à questão
por aquele regime começado em janeiro, e de que desistimos.
Se o verbo “desistimos” for substituído por “renunciamos”, o trecho sublinhado deve assumir a seguinte redação: 
Alternativas
Q1900884 Português

    O dono do pequeno restaurante é amável, sem derrame, e a fregueses mais antigos oferece, antes do menu, o jornal do dia “facilitado”, isto é, com traços vermelhos cercando as notícias importantes. Vez por outra, indaga se a comida está boa, oferece cigarrinho, queixa-se do resfriado crônico e pergunta pelo nosso, se o temos; se não temos, por aquele regime começado em janeiro, e de que desistimos. Também pelos filmes de espionagem, que mexem com ele na alma.

     Espetar a despesa não tem problema, em dia de barra pesada. Chega a descontar o cheque a ser recebido no mês que vem (“Falta só uma semana, seu Adelino”).

    Além dessas delícias raras, seu Adelino faculta ao cliente dar palpites ao cozinheiro e beneficiar-se com o filé mais fresquinho, o palmito de primeira, a batata feita na hora, especialmente para os eleitos. Enfim, autêntico papo-firme.

    Uma noite dessas, o movimento era pequeno, seu Adelino veio sentar-se ao lado da antiga freguesa. Era hora do jantar dele, também. O garçom estendeu-lhe o menu e esperou. Seu Adelino, calado, olhava para a lista inexpressiva dos pratos do dia. A inspiração não vinha. O garçom já tinha ido e voltado duas vezes, e nada. A freguesa resolveu colaborar:

    − Que tal um fígado acebolado?

    − Acabou, madame − atalhou o garçom.

    − Deixe ver… Assada com coradas, está bem?

    − Não, não tenho vontade disso − e seu Adelino sacudiu a cabeça.

    − Bem, estou vendo aqui umas costeletas de porco com feijão-branco, farofa e arroz…

    − Não é mau, mas acontece que ainda ontem comi uma carnezita de porco, e há dois dias que me servem feijão ao almoço − ponderou.

    A freguesa de boa vontade virou-se para o garçom:

    − Aqui no menu não tem, mas quem sabe se há um bacalhau a qualquer coisa? − pois seu Adelino (refletiu ela) é português, e como todo lusíada que se preza, há de achar isso a pedida.

    Da cozinha veio a informação:

    − Tem bacalhau à Gomes de Sá. Quer?

    − Pode ser isso − concordou seu Adelino, sem entusiasmo.

    Ao cabo de dez minutos, veio o garçom brandindo o Gomes de Sá. A freguesa olhou o prato, invejando-o, e, para estimular o apetite de seu Adelino:

    − Está uma beleza!

    − Não acho muito não − retorquiu, inapetente.

    O prato foi servido, o azeite adicionado, e seu Adelino traçou o bacalhau, depois de lhe ser desejado bom apetite. Em silêncio.

    Vendo que ele não se manifestava, sua leal conviva interpelou-o:

    − Como é, está bom?

    Com um risinho meio de banda, fez a crítica:

    − Bom nada, madame. Isso não é bacalhau à Gomes de Sá nem aqui nem em Macau. É bacalhau com batatas. E vou lhe dizer: está mais para sem gosto do que com ele. A batata me sabe a insossa, e o bacalhau salgado em demasia, ai!

    A cliente se lembrou, com saudade vera, daquele maravilhoso Gomes de Sá que se come em casa de d. Concessa. E foi detalhando:

    − Lá em casa é que se prepara um legal, sabe? Muito tomate, pimentão, azeite de verdade, para fazer um molho pra lá de bom, e ainda acrescentam um ovo…

    Seu Adelino emergiu da apatia, comoveu-se, os olhos brilhando, desta vez em sorriso aberto:

    − Isso mesmo! Ovo cozido e ralado, azeitonas portuguesas, daquelas… Um santo, santíssimo prato!

    Mas, encarando o concreto:

    − Essa gente aqui não tem a ciência, não tem a ciência!

    − Espera aí, seu Adelino, vamos ver no jornal se tem um bom filme de espionagem para o senhor se consolar.

    Não tinha, infelizmente.


(Adaptado de: ANDRADE, Carlos Drummond de. 70 histórias. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 110-111)

Atenção: Leia a crônica para responder à questão


O termo sublinhado em a fregueses mais antigos oferece, antes do menu, o jornal do dia “facilitado” exerce a mesma função sintática do termo sublinhado em:

Alternativas
Q1900883 Português

    O dono do pequeno restaurante é amável, sem derrame, e a fregueses mais antigos oferece, antes do menu, o jornal do dia “facilitado”, isto é, com traços vermelhos cercando as notícias importantes. Vez por outra, indaga se a comida está boa, oferece cigarrinho, queixa-se do resfriado crônico e pergunta pelo nosso, se o temos; se não temos, por aquele regime começado em janeiro, e de que desistimos. Também pelos filmes de espionagem, que mexem com ele na alma.

     Espetar a despesa não tem problema, em dia de barra pesada. Chega a descontar o cheque a ser recebido no mês que vem (“Falta só uma semana, seu Adelino”).

    Além dessas delícias raras, seu Adelino faculta ao cliente dar palpites ao cozinheiro e beneficiar-se com o filé mais fresquinho, o palmito de primeira, a batata feita na hora, especialmente para os eleitos. Enfim, autêntico papo-firme.

    Uma noite dessas, o movimento era pequeno, seu Adelino veio sentar-se ao lado da antiga freguesa. Era hora do jantar dele, também. O garçom estendeu-lhe o menu e esperou. Seu Adelino, calado, olhava para a lista inexpressiva dos pratos do dia. A inspiração não vinha. O garçom já tinha ido e voltado duas vezes, e nada. A freguesa resolveu colaborar:

    − Que tal um fígado acebolado?

    − Acabou, madame − atalhou o garçom.

    − Deixe ver… Assada com coradas, está bem?

    − Não, não tenho vontade disso − e seu Adelino sacudiu a cabeça.

    − Bem, estou vendo aqui umas costeletas de porco com feijão-branco, farofa e arroz…

    − Não é mau, mas acontece que ainda ontem comi uma carnezita de porco, e há dois dias que me servem feijão ao almoço − ponderou.

    A freguesa de boa vontade virou-se para o garçom:

    − Aqui no menu não tem, mas quem sabe se há um bacalhau a qualquer coisa? − pois seu Adelino (refletiu ela) é português, e como todo lusíada que se preza, há de achar isso a pedida.

    Da cozinha veio a informação:

    − Tem bacalhau à Gomes de Sá. Quer?

    − Pode ser isso − concordou seu Adelino, sem entusiasmo.

    Ao cabo de dez minutos, veio o garçom brandindo o Gomes de Sá. A freguesa olhou o prato, invejando-o, e, para estimular o apetite de seu Adelino:

    − Está uma beleza!

    − Não acho muito não − retorquiu, inapetente.

    O prato foi servido, o azeite adicionado, e seu Adelino traçou o bacalhau, depois de lhe ser desejado bom apetite. Em silêncio.

    Vendo que ele não se manifestava, sua leal conviva interpelou-o:

    − Como é, está bom?

    Com um risinho meio de banda, fez a crítica:

    − Bom nada, madame. Isso não é bacalhau à Gomes de Sá nem aqui nem em Macau. É bacalhau com batatas. E vou lhe dizer: está mais para sem gosto do que com ele. A batata me sabe a insossa, e o bacalhau salgado em demasia, ai!

    A cliente se lembrou, com saudade vera, daquele maravilhoso Gomes de Sá que se come em casa de d. Concessa. E foi detalhando:

    − Lá em casa é que se prepara um legal, sabe? Muito tomate, pimentão, azeite de verdade, para fazer um molho pra lá de bom, e ainda acrescentam um ovo…

    Seu Adelino emergiu da apatia, comoveu-se, os olhos brilhando, desta vez em sorriso aberto:

    − Isso mesmo! Ovo cozido e ralado, azeitonas portuguesas, daquelas… Um santo, santíssimo prato!

    Mas, encarando o concreto:

    − Essa gente aqui não tem a ciência, não tem a ciência!

    − Espera aí, seu Adelino, vamos ver no jornal se tem um bom filme de espionagem para o senhor se consolar.

    Não tinha, infelizmente.


(Adaptado de: ANDRADE, Carlos Drummond de. 70 histórias. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 110-111)

Atenção: Leia a crônica para responder à questão


Verifica-se o emprego de voz passiva no seguinte trecho:

Alternativas
Q1900882 Português

    O dono do pequeno restaurante é amável, sem derrame, e a fregueses mais antigos oferece, antes do menu, o jornal do dia “facilitado”, isto é, com traços vermelhos cercando as notícias importantes. Vez por outra, indaga se a comida está boa, oferece cigarrinho, queixa-se do resfriado crônico e pergunta pelo nosso, se o temos; se não temos, por aquele regime começado em janeiro, e de que desistimos. Também pelos filmes de espionagem, que mexem com ele na alma.

     Espetar a despesa não tem problema, em dia de barra pesada. Chega a descontar o cheque a ser recebido no mês que vem (“Falta só uma semana, seu Adelino”).

    Além dessas delícias raras, seu Adelino faculta ao cliente dar palpites ao cozinheiro e beneficiar-se com o filé mais fresquinho, o palmito de primeira, a batata feita na hora, especialmente para os eleitos. Enfim, autêntico papo-firme.

    Uma noite dessas, o movimento era pequeno, seu Adelino veio sentar-se ao lado da antiga freguesa. Era hora do jantar dele, também. O garçom estendeu-lhe o menu e esperou. Seu Adelino, calado, olhava para a lista inexpressiva dos pratos do dia. A inspiração não vinha. O garçom já tinha ido e voltado duas vezes, e nada. A freguesa resolveu colaborar:

    − Que tal um fígado acebolado?

    − Acabou, madame − atalhou o garçom.

    − Deixe ver… Assada com coradas, está bem?

    − Não, não tenho vontade disso − e seu Adelino sacudiu a cabeça.

    − Bem, estou vendo aqui umas costeletas de porco com feijão-branco, farofa e arroz…

    − Não é mau, mas acontece que ainda ontem comi uma carnezita de porco, e há dois dias que me servem feijão ao almoço − ponderou.

    A freguesa de boa vontade virou-se para o garçom:

    − Aqui no menu não tem, mas quem sabe se há um bacalhau a qualquer coisa? − pois seu Adelino (refletiu ela) é português, e como todo lusíada que se preza, há de achar isso a pedida.

    Da cozinha veio a informação:

    − Tem bacalhau à Gomes de Sá. Quer?

    − Pode ser isso − concordou seu Adelino, sem entusiasmo.

    Ao cabo de dez minutos, veio o garçom brandindo o Gomes de Sá. A freguesa olhou o prato, invejando-o, e, para estimular o apetite de seu Adelino:

    − Está uma beleza!

    − Não acho muito não − retorquiu, inapetente.

    O prato foi servido, o azeite adicionado, e seu Adelino traçou o bacalhau, depois de lhe ser desejado bom apetite. Em silêncio.

    Vendo que ele não se manifestava, sua leal conviva interpelou-o:

    − Como é, está bom?

    Com um risinho meio de banda, fez a crítica:

    − Bom nada, madame. Isso não é bacalhau à Gomes de Sá nem aqui nem em Macau. É bacalhau com batatas. E vou lhe dizer: está mais para sem gosto do que com ele. A batata me sabe a insossa, e o bacalhau salgado em demasia, ai!

    A cliente se lembrou, com saudade vera, daquele maravilhoso Gomes de Sá que se come em casa de d. Concessa. E foi detalhando:

    − Lá em casa é que se prepara um legal, sabe? Muito tomate, pimentão, azeite de verdade, para fazer um molho pra lá de bom, e ainda acrescentam um ovo…

    Seu Adelino emergiu da apatia, comoveu-se, os olhos brilhando, desta vez em sorriso aberto:

    − Isso mesmo! Ovo cozido e ralado, azeitonas portuguesas, daquelas… Um santo, santíssimo prato!

    Mas, encarando o concreto:

    − Essa gente aqui não tem a ciência, não tem a ciência!

    − Espera aí, seu Adelino, vamos ver no jornal se tem um bom filme de espionagem para o senhor se consolar.

    Não tinha, infelizmente.


(Adaptado de: ANDRADE, Carlos Drummond de. 70 histórias. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 110-111)

Atenção: Leia a crônica para responder à questão


Vendo que ele não se manifestava, sua leal conviva interpelou-o

Em relação à oração que o sucede, o trecho sublinhado exprime ideia de

Alternativas
Q1900881 Português

    O dono do pequeno restaurante é amável, sem derrame, e a fregueses mais antigos oferece, antes do menu, o jornal do dia “facilitado”, isto é, com traços vermelhos cercando as notícias importantes. Vez por outra, indaga se a comida está boa, oferece cigarrinho, queixa-se do resfriado crônico e pergunta pelo nosso, se o temos; se não temos, por aquele regime começado em janeiro, e de que desistimos. Também pelos filmes de espionagem, que mexem com ele na alma.

     Espetar a despesa não tem problema, em dia de barra pesada. Chega a descontar o cheque a ser recebido no mês que vem (“Falta só uma semana, seu Adelino”).

    Além dessas delícias raras, seu Adelino faculta ao cliente dar palpites ao cozinheiro e beneficiar-se com o filé mais fresquinho, o palmito de primeira, a batata feita na hora, especialmente para os eleitos. Enfim, autêntico papo-firme.

    Uma noite dessas, o movimento era pequeno, seu Adelino veio sentar-se ao lado da antiga freguesa. Era hora do jantar dele, também. O garçom estendeu-lhe o menu e esperou. Seu Adelino, calado, olhava para a lista inexpressiva dos pratos do dia. A inspiração não vinha. O garçom já tinha ido e voltado duas vezes, e nada. A freguesa resolveu colaborar:

    − Que tal um fígado acebolado?

    − Acabou, madame − atalhou o garçom.

    − Deixe ver… Assada com coradas, está bem?

    − Não, não tenho vontade disso − e seu Adelino sacudiu a cabeça.

    − Bem, estou vendo aqui umas costeletas de porco com feijão-branco, farofa e arroz…

    − Não é mau, mas acontece que ainda ontem comi uma carnezita de porco, e há dois dias que me servem feijão ao almoço − ponderou.

    A freguesa de boa vontade virou-se para o garçom:

    − Aqui no menu não tem, mas quem sabe se há um bacalhau a qualquer coisa? − pois seu Adelino (refletiu ela) é português, e como todo lusíada que se preza, há de achar isso a pedida.

    Da cozinha veio a informação:

    − Tem bacalhau à Gomes de Sá. Quer?

    − Pode ser isso − concordou seu Adelino, sem entusiasmo.

    Ao cabo de dez minutos, veio o garçom brandindo o Gomes de Sá. A freguesa olhou o prato, invejando-o, e, para estimular o apetite de seu Adelino:

    − Está uma beleza!

    − Não acho muito não − retorquiu, inapetente.

    O prato foi servido, o azeite adicionado, e seu Adelino traçou o bacalhau, depois de lhe ser desejado bom apetite. Em silêncio.

    Vendo que ele não se manifestava, sua leal conviva interpelou-o:

    − Como é, está bom?

    Com um risinho meio de banda, fez a crítica:

    − Bom nada, madame. Isso não é bacalhau à Gomes de Sá nem aqui nem em Macau. É bacalhau com batatas. E vou lhe dizer: está mais para sem gosto do que com ele. A batata me sabe a insossa, e o bacalhau salgado em demasia, ai!

    A cliente se lembrou, com saudade vera, daquele maravilhoso Gomes de Sá que se come em casa de d. Concessa. E foi detalhando:

    − Lá em casa é que se prepara um legal, sabe? Muito tomate, pimentão, azeite de verdade, para fazer um molho pra lá de bom, e ainda acrescentam um ovo…

    Seu Adelino emergiu da apatia, comoveu-se, os olhos brilhando, desta vez em sorriso aberto:

    − Isso mesmo! Ovo cozido e ralado, azeitonas portuguesas, daquelas… Um santo, santíssimo prato!

    Mas, encarando o concreto:

    − Essa gente aqui não tem a ciência, não tem a ciência!

    − Espera aí, seu Adelino, vamos ver no jornal se tem um bom filme de espionagem para o senhor se consolar.

    Não tinha, infelizmente.


(Adaptado de: ANDRADE, Carlos Drummond de. 70 histórias. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 110-111)

Atenção: Leia a crônica para responder à questão


Com um risinho meio de banda, fez a crítica:

− Bom nada, madame. Isso não é bacalhau à Gomes de Sá nem aqui nem em Macau. É bacalhau com batatas.

No contexto em que se insere, o termo “banda” deve ser entendido na seguinte acepção:

Alternativas
Q1900880 Português

    O dono do pequeno restaurante é amável, sem derrame, e a fregueses mais antigos oferece, antes do menu, o jornal do dia “facilitado”, isto é, com traços vermelhos cercando as notícias importantes. Vez por outra, indaga se a comida está boa, oferece cigarrinho, queixa-se do resfriado crônico e pergunta pelo nosso, se o temos; se não temos, por aquele regime começado em janeiro, e de que desistimos. Também pelos filmes de espionagem, que mexem com ele na alma.

     Espetar a despesa não tem problema, em dia de barra pesada. Chega a descontar o cheque a ser recebido no mês que vem (“Falta só uma semana, seu Adelino”).

    Além dessas delícias raras, seu Adelino faculta ao cliente dar palpites ao cozinheiro e beneficiar-se com o filé mais fresquinho, o palmito de primeira, a batata feita na hora, especialmente para os eleitos. Enfim, autêntico papo-firme.

    Uma noite dessas, o movimento era pequeno, seu Adelino veio sentar-se ao lado da antiga freguesa. Era hora do jantar dele, também. O garçom estendeu-lhe o menu e esperou. Seu Adelino, calado, olhava para a lista inexpressiva dos pratos do dia. A inspiração não vinha. O garçom já tinha ido e voltado duas vezes, e nada. A freguesa resolveu colaborar:

    − Que tal um fígado acebolado?

    − Acabou, madame − atalhou o garçom.

    − Deixe ver… Assada com coradas, está bem?

    − Não, não tenho vontade disso − e seu Adelino sacudiu a cabeça.

    − Bem, estou vendo aqui umas costeletas de porco com feijão-branco, farofa e arroz…

    − Não é mau, mas acontece que ainda ontem comi uma carnezita de porco, e há dois dias que me servem feijão ao almoço − ponderou.

    A freguesa de boa vontade virou-se para o garçom:

    − Aqui no menu não tem, mas quem sabe se há um bacalhau a qualquer coisa? − pois seu Adelino (refletiu ela) é português, e como todo lusíada que se preza, há de achar isso a pedida.

    Da cozinha veio a informação:

    − Tem bacalhau à Gomes de Sá. Quer?

    − Pode ser isso − concordou seu Adelino, sem entusiasmo.

    Ao cabo de dez minutos, veio o garçom brandindo o Gomes de Sá. A freguesa olhou o prato, invejando-o, e, para estimular o apetite de seu Adelino:

    − Está uma beleza!

    − Não acho muito não − retorquiu, inapetente.

    O prato foi servido, o azeite adicionado, e seu Adelino traçou o bacalhau, depois de lhe ser desejado bom apetite. Em silêncio.

    Vendo que ele não se manifestava, sua leal conviva interpelou-o:

    − Como é, está bom?

    Com um risinho meio de banda, fez a crítica:

    − Bom nada, madame. Isso não é bacalhau à Gomes de Sá nem aqui nem em Macau. É bacalhau com batatas. E vou lhe dizer: está mais para sem gosto do que com ele. A batata me sabe a insossa, e o bacalhau salgado em demasia, ai!

    A cliente se lembrou, com saudade vera, daquele maravilhoso Gomes de Sá que se come em casa de d. Concessa. E foi detalhando:

    − Lá em casa é que se prepara um legal, sabe? Muito tomate, pimentão, azeite de verdade, para fazer um molho pra lá de bom, e ainda acrescentam um ovo…

    Seu Adelino emergiu da apatia, comoveu-se, os olhos brilhando, desta vez em sorriso aberto:

    − Isso mesmo! Ovo cozido e ralado, azeitonas portuguesas, daquelas… Um santo, santíssimo prato!

    Mas, encarando o concreto:

    − Essa gente aqui não tem a ciência, não tem a ciência!

    − Espera aí, seu Adelino, vamos ver no jornal se tem um bom filme de espionagem para o senhor se consolar.

    Não tinha, infelizmente.


(Adaptado de: ANDRADE, Carlos Drummond de. 70 histórias. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 110-111)

Atenção: Leia a crônica para responder à questão

Considerando-se o contexto, a substituição do termo sublinhado pelo indicado entre parênteses altera o sentido do seguinte trecho: 
Alternativas
Q1900879 Português

    O dono do pequeno restaurante é amável, sem derrame, e a fregueses mais antigos oferece, antes do menu, o jornal do dia “facilitado”, isto é, com traços vermelhos cercando as notícias importantes. Vez por outra, indaga se a comida está boa, oferece cigarrinho, queixa-se do resfriado crônico e pergunta pelo nosso, se o temos; se não temos, por aquele regime começado em janeiro, e de que desistimos. Também pelos filmes de espionagem, que mexem com ele na alma.

     Espetar a despesa não tem problema, em dia de barra pesada. Chega a descontar o cheque a ser recebido no mês que vem (“Falta só uma semana, seu Adelino”).

    Além dessas delícias raras, seu Adelino faculta ao cliente dar palpites ao cozinheiro e beneficiar-se com o filé mais fresquinho, o palmito de primeira, a batata feita na hora, especialmente para os eleitos. Enfim, autêntico papo-firme.

    Uma noite dessas, o movimento era pequeno, seu Adelino veio sentar-se ao lado da antiga freguesa. Era hora do jantar dele, também. O garçom estendeu-lhe o menu e esperou. Seu Adelino, calado, olhava para a lista inexpressiva dos pratos do dia. A inspiração não vinha. O garçom já tinha ido e voltado duas vezes, e nada. A freguesa resolveu colaborar:

    − Que tal um fígado acebolado?

    − Acabou, madame − atalhou o garçom.

    − Deixe ver… Assada com coradas, está bem?

    − Não, não tenho vontade disso − e seu Adelino sacudiu a cabeça.

    − Bem, estou vendo aqui umas costeletas de porco com feijão-branco, farofa e arroz…

    − Não é mau, mas acontece que ainda ontem comi uma carnezita de porco, e há dois dias que me servem feijão ao almoço − ponderou.

    A freguesa de boa vontade virou-se para o garçom:

    − Aqui no menu não tem, mas quem sabe se há um bacalhau a qualquer coisa? − pois seu Adelino (refletiu ela) é português, e como todo lusíada que se preza, há de achar isso a pedida.

    Da cozinha veio a informação:

    − Tem bacalhau à Gomes de Sá. Quer?

    − Pode ser isso − concordou seu Adelino, sem entusiasmo.

    Ao cabo de dez minutos, veio o garçom brandindo o Gomes de Sá. A freguesa olhou o prato, invejando-o, e, para estimular o apetite de seu Adelino:

    − Está uma beleza!

    − Não acho muito não − retorquiu, inapetente.

    O prato foi servido, o azeite adicionado, e seu Adelino traçou o bacalhau, depois de lhe ser desejado bom apetite. Em silêncio.

    Vendo que ele não se manifestava, sua leal conviva interpelou-o:

    − Como é, está bom?

    Com um risinho meio de banda, fez a crítica:

    − Bom nada, madame. Isso não é bacalhau à Gomes de Sá nem aqui nem em Macau. É bacalhau com batatas. E vou lhe dizer: está mais para sem gosto do que com ele. A batata me sabe a insossa, e o bacalhau salgado em demasia, ai!

    A cliente se lembrou, com saudade vera, daquele maravilhoso Gomes de Sá que se come em casa de d. Concessa. E foi detalhando:

    − Lá em casa é que se prepara um legal, sabe? Muito tomate, pimentão, azeite de verdade, para fazer um molho pra lá de bom, e ainda acrescentam um ovo…

    Seu Adelino emergiu da apatia, comoveu-se, os olhos brilhando, desta vez em sorriso aberto:

    − Isso mesmo! Ovo cozido e ralado, azeitonas portuguesas, daquelas… Um santo, santíssimo prato!

    Mas, encarando o concreto:

    − Essa gente aqui não tem a ciência, não tem a ciência!

    − Espera aí, seu Adelino, vamos ver no jornal se tem um bom filme de espionagem para o senhor se consolar.

    Não tinha, infelizmente.


(Adaptado de: ANDRADE, Carlos Drummond de. 70 histórias. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 110-111)

Atenção: Leia a crônica para responder à questão


e pergunta pelo nosso, se o temos (1º parágrafo)

O garçom estendeu-lhe o menu (4º parágrafo)


Os termos sublinhados acima referem-se, respectivamente, a

Alternativas
Q1900878 Português

    O dono do pequeno restaurante é amável, sem derrame, e a fregueses mais antigos oferece, antes do menu, o jornal do dia “facilitado”, isto é, com traços vermelhos cercando as notícias importantes. Vez por outra, indaga se a comida está boa, oferece cigarrinho, queixa-se do resfriado crônico e pergunta pelo nosso, se o temos; se não temos, por aquele regime começado em janeiro, e de que desistimos. Também pelos filmes de espionagem, que mexem com ele na alma.

     Espetar a despesa não tem problema, em dia de barra pesada. Chega a descontar o cheque a ser recebido no mês que vem (“Falta só uma semana, seu Adelino”).

    Além dessas delícias raras, seu Adelino faculta ao cliente dar palpites ao cozinheiro e beneficiar-se com o filé mais fresquinho, o palmito de primeira, a batata feita na hora, especialmente para os eleitos. Enfim, autêntico papo-firme.

    Uma noite dessas, o movimento era pequeno, seu Adelino veio sentar-se ao lado da antiga freguesa. Era hora do jantar dele, também. O garçom estendeu-lhe o menu e esperou. Seu Adelino, calado, olhava para a lista inexpressiva dos pratos do dia. A inspiração não vinha. O garçom já tinha ido e voltado duas vezes, e nada. A freguesa resolveu colaborar:

    − Que tal um fígado acebolado?

    − Acabou, madame − atalhou o garçom.

    − Deixe ver… Assada com coradas, está bem?

    − Não, não tenho vontade disso − e seu Adelino sacudiu a cabeça.

    − Bem, estou vendo aqui umas costeletas de porco com feijão-branco, farofa e arroz…

    − Não é mau, mas acontece que ainda ontem comi uma carnezita de porco, e há dois dias que me servem feijão ao almoço − ponderou.

    A freguesa de boa vontade virou-se para o garçom:

    − Aqui no menu não tem, mas quem sabe se há um bacalhau a qualquer coisa? − pois seu Adelino (refletiu ela) é português, e como todo lusíada que se preza, há de achar isso a pedida.

    Da cozinha veio a informação:

    − Tem bacalhau à Gomes de Sá. Quer?

    − Pode ser isso − concordou seu Adelino, sem entusiasmo.

    Ao cabo de dez minutos, veio o garçom brandindo o Gomes de Sá. A freguesa olhou o prato, invejando-o, e, para estimular o apetite de seu Adelino:

    − Está uma beleza!

    − Não acho muito não − retorquiu, inapetente.

    O prato foi servido, o azeite adicionado, e seu Adelino traçou o bacalhau, depois de lhe ser desejado bom apetite. Em silêncio.

    Vendo que ele não se manifestava, sua leal conviva interpelou-o:

    − Como é, está bom?

    Com um risinho meio de banda, fez a crítica:

    − Bom nada, madame. Isso não é bacalhau à Gomes de Sá nem aqui nem em Macau. É bacalhau com batatas. E vou lhe dizer: está mais para sem gosto do que com ele. A batata me sabe a insossa, e o bacalhau salgado em demasia, ai!

    A cliente se lembrou, com saudade vera, daquele maravilhoso Gomes de Sá que se come em casa de d. Concessa. E foi detalhando:

    − Lá em casa é que se prepara um legal, sabe? Muito tomate, pimentão, azeite de verdade, para fazer um molho pra lá de bom, e ainda acrescentam um ovo…

    Seu Adelino emergiu da apatia, comoveu-se, os olhos brilhando, desta vez em sorriso aberto:

    − Isso mesmo! Ovo cozido e ralado, azeitonas portuguesas, daquelas… Um santo, santíssimo prato!

    Mas, encarando o concreto:

    − Essa gente aqui não tem a ciência, não tem a ciência!

    − Espera aí, seu Adelino, vamos ver no jornal se tem um bom filme de espionagem para o senhor se consolar.

    Não tinha, infelizmente.


(Adaptado de: ANDRADE, Carlos Drummond de. 70 histórias. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 110-111)

Atenção: Leia a crônica para responder à questão


Na crônica, a freguesa é caracterizada como

Alternativas
Ano: 2007 Banca: IPAD Órgão: Prefeitura de Recife - PE
Q1228829 Pedagogia
Os instrumentos de gestão que se caracterizam como ferramentas de planejamento técnico e financeiro da Política de Assistência Social e do SUAS, nas três esferas de governo são:
1. plano de assistência social. 2. orçamento. 3. monitoramento, avaliação e gestão da informação. 4. relatório anual de gestão. 5. conselhos de assistência social.
Estão corretas as afirmativas
Alternativas
Ano: 2007 Banca: IPAD Órgão: Prefeitura de Recife - PE
Q1226523 Administração Pública
De acordo com Vicente de Paula Faleiros (2006), os direitos dos cidadãos expressos em políticas sociais no âmbito dos Estados Nacionais resultam da:  
Alternativas
Ano: 2014 Banca: FGV Órgão: Prefeitura de Recife - PE
Q1211186 Engenharia de Software
No contexto da Análise e Projeto Estruturado, um Diagrama de Fluxo de Dados (DFD) é modelado como um grafo direcional onde os arcos e nós representam, respectivamente,
Alternativas
Ano: 2007 Banca: IPAD Órgão: Prefeitura de Recife - PE
Q1208491 Psicologia
No que concerne à relação cultura e subjetividade, é correto afirmar que: 
Alternativas
Ano: 2014 Banca: FGV Órgão: Prefeitura de Recife - PE
Q1204700 Geologia
Relacione as propriedades dos solos às respectivas definições. 
1. Plasticidade  2. Índice de vazios  3. Porosidade  4. Compactação 
( ) É a razão entre o volume de vazios e o volume de sólidos. 
( ) É o processo de aumentar a densidade de um solo agrupando as partículas com uma redução do volume de ar. 
( ) É a razão entre o volume de vazios e o volume total do solo. 
( ) Descreve a capacidade de um solo de sofrer deformação irreversível, sem se romper ou se esfarelar. 
Assinale a opção que indica a sequência correta, de cima para baixo. 
Alternativas
Ano: 2014 Banca: FGV Órgão: Prefeitura de Recife - PE
Q1193889 Segurança da Informação
Uma empresa deseja melhorar a sua segurança da informação, mas ainda não tem seus processos bem definidos. Consultores orientaram a implantação interna da norma ISO/IEC 27002, para que  
Alternativas
Ano: 2014 Banca: FGV Órgão: Prefeitura de Recife - PE
Q1193735 Segurança da Informação
A norma ISO/IEC 27.005 tem por objetivo 
Alternativas
Respostas
1121: D
1122: D
1123: B
1124: B
1125: A
1126: C
1127: E
1128: D
1129: E
1130: C
1131: B
1132: A
1133: C
1134: B
1135: D
1136: C
1137: E
1138: D
1139: B
1140: B