A questão deve ser respondida a partir do
Texto.
A educação no Brasil precisa ser vista como um problema
social, a fim de que as suas deficiências educacionais sejam
enfrentadas através de técnicas sociais adequadas. Sem isso, a
sociedade sofre as consequências negativas de um ensino
insatisfatório, sem ter para combatê-lo o necessário
comportamento coletivo organizado. “Não existe um mínimo de
consenso, sequer, no reconhecimento das necessidades
educacionais prementes e na escolha das soluções que elas
parecem impor de forma inevitável.”
Esse é o teor de um artigo do sociólogo e professor da USP
Florestan Fernandes (1920-1995) publicado em 1960 na revista
Comentário, do Rio de Janeiro. Intitulado A Educação como
Problema Social, o artigo é um exemplo da atualidade do
pensamento de Florestan sobre um dos temas a que ele mais se
dedicou – a educação.
No artigo escrito há seis décadas, Florestan expõe problemas
ainda presentes na educação brasileira. Um deles se refere ao
“alheamento” a que os professores foram relegados no País. “O
mestre-escola (professor de instrução primária) e o professor
constituem a verdadeira mola-mestra de qualquer sistema de
ensino. Por maiores que sejam os progressos alcançados nas
esferas da teoria da educação e da reforma educacional, tudo
não passará de letra morta se os resultados não se evidenciarem
no campo do trabalho do mestre-escola e do professor”, defende
o sociólogo. Apesar de sua importância fundamental, continua
Florestan, os professores foram convertidos numa espécie de
“formiga-operária”, da qual se espera apenas uma produção
estereotipada, obtida por vias rotineiras. “Enquanto perdurar
essa situação, será impossível imprimir novos rumos à educação
brasileira. Haverá sempre um abismo intransponível entre os
objetivos educacionais, definidos pela teoria pedagógica posta
em prática através das reformas do ensino, e os processos
pedagógicos reais.”