Questões de Concurso Para prefeitura de camaçari - ba
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Texto 42A2-II
Cunhantã
Vinha do Pará.
Chamava Siquê.
Quatro anos. Escurinha. O riso gutural da raça.
Piá branca nenhuma corria mais do que ela.
Tinha uma cicatriz no meio da testa:
― Que foi isto, Siquê?
Com voz de detrás da garganta, a boquinha tuíra:
― Minha mãe (a madrasta) estava costurando
Disse vai ver se tem fogo
Eu soprei eu soprei eu soprei não vi fogo
Aí ela se levantou e esfregou com minha cabeça na brasa
Riu, riu, riu
Uêrêquitáua.
O ventilador era a coisa que roda.
Quando se machucava, dizia: Ai Zizus!
Manuel Bandeira. Libertinagem. In: Manuel Bandeira: poesia completa e prosa.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1990, p. 216.
Vocabulário:
cunhantã – (tupi-guarani) menina, moça.
piá – menino(a) mestiço(a) de indígena com branco.
tuíra – de cor indefinida, preto desbotado, pardo.
Texto 42A2-II
Cunhantã
Vinha do Pará.
Chamava Siquê.
Quatro anos. Escurinha. O riso gutural da raça.
Piá branca nenhuma corria mais do que ela.
Tinha uma cicatriz no meio da testa:
― Que foi isto, Siquê?
Com voz de detrás da garganta, a boquinha tuíra:
― Minha mãe (a madrasta) estava costurando
Disse vai ver se tem fogo
Eu soprei eu soprei eu soprei não vi fogo
Aí ela se levantou e esfregou com minha cabeça na brasa
Riu, riu, riu
Uêrêquitáua.
O ventilador era a coisa que roda.
Quando se machucava, dizia: Ai Zizus!
Manuel Bandeira. Libertinagem. In: Manuel Bandeira: poesia completa e prosa.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1990, p. 216.
Vocabulário:
cunhantã – (tupi-guarani) menina, moça.
piá – menino(a) mestiço(a) de indígena com branco.
tuíra – de cor indefinida, preto desbotado, pardo.
A um poeta
Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino*, escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!
Mas que na forma se disfarce o emprego
Do esforço; e a trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua,
Rica mas sóbria, como um templo grego.
Não se mostre na fábrica o suplício
Do mestre. E, natural, o efeito agrade,
Sem lembrar os andaimes do edifício:
Porque a Beleza, gêmea da Verdade,
Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade.
Olavo Bilac. Tarde. In: Olavo Bilac: obra reunida (org. Alexei Bueno).
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1996. p. 268.
*monge da ordem de S. Bento