Questões de Concurso Para cefet-mg

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Q1960740 Português
A questão refere-se ao texto abaixo.


Já que minha fome não podia ser aplacada no jogo de interações sociais que eram inconcebíveis por minha própria condição – e compreendi isso mais tarde, essa compaixão nos olhos de minha salvadora, pois algum dia já se viu uma menina pobre penetrar na embriaguez da linguagem e nela se exercitar junto com os outros? –, ela o seria nos livros. Pela primeira vez toquei num livro. Eu tinha visto os maiores da turma olharem para traços invisíveis, como que movidos pela mesma força, e, mergulhado no silêncio, tirarem do papel morto alguma coisa que parecia viva.

Aprendi a ler sem ninguém saber. A professora ainda repetia as letras para as outras crianças, e eu já conhecia havia muito tempo a solidariedade que tece os sinais escritos, suas infinitas combinações e os sons maravilhosos que tinham me investido naquele local, no primeiro dia, quando ela dissera meu nome. Ninguém soube. Li como alucinada, primeiro escondido, depois, quando o tempo normal da aprendizagem me pareceu superado, na cara de todo mundo, mas tomando cuidado de dissimular o prazer e o interesse que tirava daquilo.

A criança fraca se tornara uma alma faminta.


BARBERY, Muriel. A elegância do ouriço. SP: Companhia das letras: 2008, p. 45. 
O texto inicia-se pela expressão “já que”, que tem como função
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Q1960739 Português
A questão refere-se ao texto a seguir.

O que pode um funk?

Ivana Bentes


  [...] Retomando essa figura meio arquetípica do Brasil, o funk feminino de Anitta incorporou as questões de gênero conjugando a malandragem com um feminino plural.

    Vai, Malandra, o clipe, traz verdadeiros memes visuais, culturais e musicais que valem por um tratado sociológico. Ainda não se escreveu, e faz falta, um tratado sobre os corpos pensantes das mulheres, para além do imaginário em torno da bunda, da raba, do bumbum, do traseiro da mulher brasileira, que virou um disparador de questões sensações! O corpo sexualizado na era da sua ressignificação pelas próprias mulheres!

    Um corpo que o funk, o samba, o biquíni de fita isolante, toda a cultura solar carioca já vem dizendo, tem tempo, que não precisa ser apenas objeto e signo de assujeitamento, toda vez que quiser se exibir.

   A bunda (e o corpo das mulheres) pode se deslocar da objetificação para a subjetivação! A bunda viva de Anitta com sua celulite sem photoshop é sujeito e não objeto. Se as mulheres fazem o que quiserem com seus corpos (a Marcha das Vadias explicou isso para a classe média), elas podem inclusive se “autoexplorarem”, ensina o funk. A bunda ostentação de Anitta no início do clipe já aponta para esse outro feminismo (de mulheres brancas, apenas? Acho que não!).


BENTES, Ivana. O que pode um funk? Disponível em: https://revistacult.uol.com.br/home/anittavai-malandra-ivana-bentes/. Acesso em 28 abr. 2022.
Para compor seu artigo de opinião, Ivana Bentes faz uso de
Alternativas
Q1960738 Português
A questão refere-se ao texto a seguir.

O que pode um funk?

Ivana Bentes


  [...] Retomando essa figura meio arquetípica do Brasil, o funk feminino de Anitta incorporou as questões de gênero conjugando a malandragem com um feminino plural.

    Vai, Malandra, o clipe, traz verdadeiros memes visuais, culturais e musicais que valem por um tratado sociológico. Ainda não se escreveu, e faz falta, um tratado sobre os corpos pensantes das mulheres, para além do imaginário em torno da bunda, da raba, do bumbum, do traseiro da mulher brasileira, que virou um disparador de questões sensações! O corpo sexualizado na era da sua ressignificação pelas próprias mulheres!

    Um corpo que o funk, o samba, o biquíni de fita isolante, toda a cultura solar carioca já vem dizendo, tem tempo, que não precisa ser apenas objeto e signo de assujeitamento, toda vez que quiser se exibir.

   A bunda (e o corpo das mulheres) pode se deslocar da objetificação para a subjetivação! A bunda viva de Anitta com sua celulite sem photoshop é sujeito e não objeto. Se as mulheres fazem o que quiserem com seus corpos (a Marcha das Vadias explicou isso para a classe média), elas podem inclusive se “autoexplorarem”, ensina o funk. A bunda ostentação de Anitta no início do clipe já aponta para esse outro feminismo (de mulheres brancas, apenas? Acho que não!).


BENTES, Ivana. O que pode um funk? Disponível em: https://revistacult.uol.com.br/home/anittavai-malandra-ivana-bentes/. Acesso em 28 abr. 2022.
O texto refuta a tese de que
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Q1960737 Português
Despertar para a realidade exige esforço e reflexão crítica.

Gabriela Lenz de Lacerda

A história do Brasil, como a própria história do mundo, é definida por uma sucessão de violências.

A subjugação das mulheres tem relação com o próprio processo de colonização, na medida em que se trata de formas de dominação e de exploração necessárias ao desenvolvimento do capitalismo. A fim de permitir a acumulação primitiva de capital, era necessário que as próprias relações sociais fossem pautadas na violência e na hierarquização dos seres humanos, com controle dos corpos que pudessem ser úteis ou prejudiciais ao sistema.

Mais de 500 anos depois, não conseguimos romper essa persistência história e, não por acaso, vivemos hoje no país mais desigual da América Latina e em um dos mais desiguais do mundo. As violências praticadas contra mulheres, contra descendentes dos africanos e indígenas escravizados e contra a natureza são a herança que recebemos. Nós, que habitamos essa porção de terra batizada de Brasil, fundada pela violência, precisamos ter em mente que o racismo, o sexismo e a desconexão com a natureza não apenas estruturam a nossa sociedade. São estruturantes também da nossa própria subjetividade.

Despertar para a realidade pressupõe, assim, refletirmos de forma crítica e profunda sobre o nosso próprio racismo, sexismo e colonialismo.

Se queremos realmente contribuir para a construção de um mundo melhor, mais justo e igualitário, temos que retomar a lição de Paulo Freire (2014): toda ação libertadora é necessariamente acompanhada de uma profunda reflexão. Somente compreendendo a nossa própria posição na estrutura social – nossos privilégios e vulnerabilidades – e lembrando que “ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho”, podemos, juntos, nos libertar em comunhão. A revolução começa – mas não termina – dentro de nós!...


LACERDA, Gabriela Lenz de. Despertar para a realidade exige esforço e reflexão crítica. Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/blogs/sororidade-em-pauta/despertar-para-a- -realidade-exige-esforco-e-reflexao-critica/. Acesso em 09 mai. 2022.
Sobre os articuladores textuais destacados no excerto de artigo de opinião, pode-se afirmar que:

I. A conjunção “como” estabelece relação de comparação entre a história do Brasil e a dos demais países do globo terrestre.
II. A locução “na medida em que” cria a relação de causalidade entre a subjugação das mulheres e as formas de dominação e de exploração próprias do capitalismo.
III. O conectivo “assim” introduz a conclusão sobre o que é necessário para o nosso despertar sobre a nossa própria realidade.
IV. O “se” estabelece a condição para recuperarmos os ensinamentos de Paulo Freire.

Estão corretas as afirmativas
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Q1960736 Português
A questão refere-se ao texto a seguir.

Raízes da intolerância
Racismo, injúria e preconceito revelam rejeição à própria
condição humana

Muniz Sodré

Dados oficiais do Instituto de Segurança Pública mostram que o Rio de Janeiro tem registrado aumento nos casos gerais de intolerância religiosa, em que se incluem episódios de “injúria por preconceito” e “preconceito de raça, cor, religião, etnia e procedência nacional”. Traduzindo: discriminam-se cada vez mais negros, nordestinos e praticantes de cultos afro-brasileiros.

Não é surpresa a inclusão de nordestinos nesse espectro. Na história do processo de seleção para a carreira diplomática, é possível deparar com episódios reveladores de uma oblíqua tradição “estética”, que não visava negativamente apenas os afro-brasileiros. Num desses, o Barão do Rio Branco (1845-1910) rejeitou a candidatura do poeta simbolista Antonio Francisco da Costa e Silva (1885-1950) por suposta inadequação estética: “nordestino e estrábico”.

Esse critério seletivo se alterou oficialmente, mas suas raízes sociais continuam à mostra em setores populares. Faz pouco tempo, o sotaque de uma jovem paraibana num reality show provocou ataques cruéis da audiência.

Sempre houve esse tipo de discriminação no Sul, porém de modo mais atenuado em cidades tradicionalmente acolhedoras, como o Rio de Janeiro, cuja institucionalidade popular foi tecida pelos migrantes nordestinos nos morros e subúrbios. O carioca era uma mistura branda, em que a dicotomia entre “nós” e “eles” não traduzia conflitos nem ressentimentos. Pelo contrário, graças aos cultos afros e ao samba, resultava numa originalidade civilizatória que até hoje garante à cidade um lugar de visibilidade na cena internacional.

Mas é evidente que a sublimação carnavalesca da cidade jamais conseguiu esconder o persistente racismo neocolonial. Sob a superfície da hipocrisia social, estão latentes velhos esquemas discriminatórios, que agora se exasperam na onda de um retrocesso mental frente à exposição pública de diferenças temidas pela consciência enferrujada de frações de classe “média”. Essas mesmas de olhos fechados às pequenas e grandes violências que desfiguraram o urbano remanescente na paisagem do Rio.


SODRÉ, Muniz. Raízes da intolerância. Disponível em: https://www.geledes.org.br/raizes-daintolerancia/. Acesso em: 01 mai. 2022. (Adaptado).
O último parágrafo do texto contrapõe-se ao argumento de que
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Respostas
376: B
377: D
378: D
379: A
380: A