Questões de Concurso Para prefeitura de milagres - ce

Foram encontradas 800 questões

Resolva questões gratuitamente!

Junte-se a mais de 4 milhões de concurseiros!

Q1798717 Português
TEXTO I

Ler pouco
Rubem Alves

   Jovem, eu sonhava ter uma grande biblioteca. E fui assim pela vida, comprando os livros que podia. Tive de desenvolver métodos para controlar minha voracidade, porque o dinheiro e o tempo eram poucos. Entrava na livraria, separava todos os livros que desejava comprar e, ao me aproximar do caixa, colocava-os sobre o balcão e me perguntava diante de cada um: ― Tenho necessidade imediata desse livro? Tenho outros, em casa, ainda não lidos? Posso esperar?‖ E assim ia pegando cada um deles e os devolvendo às prateleiras. A despeito desse método de controle cheguei a ter uma biblioteca significativa, mais do que suficiente para as minhas necessidades.
   Notei, à medida que envelhecia uma mudança nas minhas preferências: passei a ter mais prazer na seção dos livros de arte nas livrarias. Os livros de ciência a gente lê uma vez, fica sabendo e não tem necessidade de ler de novo. Com os livros de arte acontece diferente. Cada vez que os abrimos é um encantamento novo! Creio que meu amor pelos livros de arte tem a ver com experiências infantis.
   Talvez que os psicanalistas interpretem esse amor como uma manifestação neurótica de regressão. Não me incomodo. Pois, em oposição à psicanálise que considera a infância como um período de imaturidade que deve ser ultrapassado para que nos tornemos adultos, eu, inspirado por teólogos e poetas, considero a maturidade como uma doença a ser curada. Bem reza a Adélia Prado: ''Meu Deus, me dá cinco anos, me cura de ser grande…''E não pensem que isso é maluquice de poeta. Peter Berger, um sociólogo inteligente e com senso de humor, definiu ''maturidade'', essa qualidade tão valorizada, como '' um estado de mente que se acomodou, ajustou-se ao status quo e abandonou os sonhos selvagens de aventura e realização…'' Menino de cinco anos, eu passava horas vendo um livro da minha mãe, cheio de figuras. Lembro-me: uma delas era um prédio de dez andares com a seguinte explicação: ''Nos Estados Unidos há casas de dez andares.'' E havia a figura de um caçador de jacarés, e de crianças esquimós saudando a chegada do sol.
   O fato é que comecei a mudar os meus gostos e chegou um momento em que, olhando para aquelas estantes cheias de livros, eu me perguntei: ''Já sou velho. Terei tempo de ler todos esses livros? Eu quero ler todos esses livros?'' Não, nem tenho tempo e nem quero. Então, por que guardá-los? Resolvi dar os livros que eu não amava. Compreendi, então, que não se pode falar em amor pelos livros, em geral. Um homem que diz amar todas as mulheres na verdade não ama nenhuma. Nunca se apaixonará. O mesmo vale para os livros. Assim, fui aos meus livros com a pergunta: ''Você me ama?'' (Acha que estou louco? É Roland Barthes que declara que o texto tem de dar provas de que me deseja. Há muitos livros que dão provas de que me odeiam. Outros me ignoram totalmente, nada querem de mim…). ''Vou querer ler você de novo?'' Se as respostas eram negativas o livro era separado para ser dado.
   Essa coisa de ''amor universal aos livros'' fez-me lembrar um texto de Nietzsche sobre o filósofo Tales de Mileto, em que ele recorda que ''a palavra grega que designa o ''sábio'' se prende, etimologicamente, a sapio, eu saboreio, sapiens, o degustador, sisyphos, o homem de gosto mais apurado; um apurado degustar e distinguir, um significativo discernimento, constitui, pois, (…) a arte peculiar do filósofo. (…) A ciência, sem essa seleção, sem esse refinamento de gosto, precipita-se sobre tudo o que é possível saber, na cega avidez de querer conhecer a qualquer preço; enquanto o pensar filosófico está sempre no rastro das coisas dignas de serem sabidas…'' E depois, no Zaratustra, ele comenta com ironia: ''Mastigar e digerir tudo – essa é uma maneira suína.''
   O fato é que muitos estudantes são obrigados a ler à maneira suína, mastigando e engolindo o que não desejam. Depois, é claro, vomitam tudo… Como eu já passei dessa fase, posso me entregar ao prazer de ler os livros à maneira canina. Nenhum cachorro abocanha a comida. Primeiro ele cheira. Se o nariz não disser ''sim'' ele não come. Faço o mesmo com os livros. Primeiro cheiro. O que procuro? O cheiro do escritor. Se não tem cheiro humano, não como. Nietzsche também cheirava primeiro. Dizia só amar os livros escritos com sangue.
   Ler é um ritual antropofágico. Sabia disso Murilo Mendes quando escreveu: ''No tempo em que eu não era antropófago, isto é, no tempo em que eu não devorava livros – e os livros não são homens, não contém a substância, o próprio sangue do homem?'' A antropofagia não se fazia por razões alimentares. Fazia-se por razões mágicas. Quem come a carne do sacrificado se apropria das virtudes que moravam no seu corpo. Como na eucaristia cristã, que é um ritual antropofágico: ''Esse pão é a minha carne, esse vinho é o meu sangue…'' Cada livro é um sacramento. Cada leitura é um ritual mágico. Quem lê um livro escrito com sangue corre o risco de ficar parecido com o escritor. Já aconteceu comigo…

TEXTO II

(Concurso Milagres/2018) Sobre as informações contidas no texto:
I – Místico de relato de experiência com reflexões filosóficas, o texto fala dos processos de maturidade e preferências humanas; II – Utilizando recursos metonímicos, o texto acompanha todo o processo de evolução do ser humano, perpassando da avidez da juventude às limitações e seletividade da fase adulta; III – Apresenta profundo conhecimento de várias áreas do saber e utiliza-se da intertextualidade literal para fundamentar e justificar os argumentos.
Alternativas
Q1798486 Inglês

QUESTION


Technological change – from consumers to producers

Chris Pim

   Over the last 20 years, there has been a tremendous shift in the way that users integrate technology into their personal lives. These changes have taken time to filter down into the educational sector, but slowly teachers have realised the need to adapt their practice in order to reflect the changing nature of technological use in the wider world.

   In the past, technology has predominately been used to source and consume information, whereas today‟s learners have become particularly adept at creating and collaboratively developing content for a wide variety of purposes, for example so-called Web 2.0 tools such as blogs, forums and wikis. Moreover, children and young people are now becoming increasingly interested in the concept of „content curation‟ –selecting, sifting, showcasing and sharing content with friends, family and peers.

   The change from a „read Web‟ to a „read/write Web‟ has encouraged teachers to become increasingly inventive in their approach to engaging technologically savvy learners who want to publish their work within an ever expanding arena.

(…)

PIM, Chris. Emerging Technologies, emerging minds: digital innovations within the primary sector. In MOTTERAM, Gary (Ed.) Innovations in learning technologies for English language teaching. London: British Council, 2013. 

(Concurso Milagres/2018) The adjective savvy has the same idea of:
Alternativas
Q1798485 Inglês

QUESTION


Technological change – from consumers to producers

Chris Pim

   Over the last 20 years, there has been a tremendous shift in the way that users integrate technology into their personal lives. These changes have taken time to filter down into the educational sector, but slowly teachers have realised the need to adapt their practice in order to reflect the changing nature of technological use in the wider world.

   In the past, technology has predominately been used to source and consume information, whereas today‟s learners have become particularly adept at creating and collaboratively developing content for a wide variety of purposes, for example so-called Web 2.0 tools such as blogs, forums and wikis. Moreover, children and young people are now becoming increasingly interested in the concept of „content curation‟ –selecting, sifting, showcasing and sharing content with friends, family and peers.

   The change from a „read Web‟ to a „read/write Web‟ has encouraged teachers to become increasingly inventive in their approach to engaging technologically savvy learners who want to publish their work within an ever expanding arena.

(…)

PIM, Chris. Emerging Technologies, emerging minds: digital innovations within the primary sector. In MOTTERAM, Gary (Ed.) Innovations in learning technologies for English language teaching. London: British Council, 2013. 

(Concurso Milagres/2018) The word whereas indicates ___________ and can be substituted by ____________:
Alternativas
Q1798484 Inglês

QUESTION


Technological change – from consumers to producers

Chris Pim

   Over the last 20 years, there has been a tremendous shift in the way that users integrate technology into their personal lives. These changes have taken time to filter down into the educational sector, but slowly teachers have realised the need to adapt their practice in order to reflect the changing nature of technological use in the wider world.

   In the past, technology has predominately been used to source and consume information, whereas today‟s learners have become particularly adept at creating and collaboratively developing content for a wide variety of purposes, for example so-called Web 2.0 tools such as blogs, forums and wikis. Moreover, children and young people are now becoming increasingly interested in the concept of „content curation‟ –selecting, sifting, showcasing and sharing content with friends, family and peers.

   The change from a „read Web‟ to a „read/write Web‟ has encouraged teachers to become increasingly inventive in their approach to engaging technologically savvy learners who want to publish their work within an ever expanding arena.

(…)

PIM, Chris. Emerging Technologies, emerging minds: digital innovations within the primary sector. In MOTTERAM, Gary (Ed.) Innovations in learning technologies for English language teaching. London: British Council, 2013. 

(Concurso Milagres/2018) According to Chris Pim’s words:
Alternativas
Q1798483 Inglês

QUESTION


Source: https://www.offthemark.com/cartoon/medicalhealth/psychology/2007-12-13 Accessed on 19/06/2018

(Concurso Milagres/2018) The phrasal verb left out of could be replaced by:
Alternativas
Respostas
226: A
227: E
228: C
229: E
230: C